Se tem algo que não perdoa é o tempo. Ele passa no seu ritmo e tem força suficiente para arrastar tudo consigo. E nós não podemos fazer nada, a não ser tentar acompanhar.
Não é algo simples. É difícil largar conceitos, ideias e comportamentos que fizeram sentido e proporcionaram ganhos e alegrias. Queremos acreditar que nada vai mudar, que as coisas permanecerão do jeito que conhecemos. Mas aí vem o tempo, implacável, e muda tudo. Uma roda viva, que segue em frente sem parar.
No mundo dos negócios, a passagem do tempo pode ser ainda mais cruel. Ele se junta à destruição criativa típica do capitalismo e faz com que um produto considerado inovador cinco minutos atrás se torne obsoleto. Uma empresa dominante hoje pode sumir amanhã num piscar de olhos.
Sinônimo de inovação automotiva desde que popularizou o conceito de linha de montagem no começo do século XX, possibilitando a venda de carros para a classe média, a Ford vê o tempo cobrar a conta.
Estagnada no sucesso do passado, a montadora não se atualizou. Produzindo carros só pensando no presente, ela rifou seu futuro, e agora tenta correr atrás do prejuízo reestruturando suas atividades em todo o mundo, como vimos esta semana, quando anunciou o encerramento de suas atividades no Brasil.
Não será fácil. Além das dificuldades inerentes ao processo de mudança de paradigmas, a Ford começa a ver pelo retrovisor a chegada de uma empresa nova, moderna, pronta para os novos tempos.
Ainda que não tenha o mesmo porte e venda muito menos veículos que as montadoras tradicionais, a Tesla parece pronta para o futuro. E o mercado já está precificando isso – recentemente, o valor da empresa de Elon Musk superou o da Ford em 20 vezes, mesmo tendo receitas cinco vezes menores.
Em sua tradicional coluna de sexta-feira, Ruy Hungria fala sobre a derrocada da Ford, da ascensão da Tesla, a necessidade de se adaptar ao tempo e os perigos de comprar expectativas.
O que você precisa saber hoje
MERCADOS
•O Ibovespa fechou ontem em alta de 1,27%, aos 123.481 pontos, com o pacote de estímulos fiscais que o presidente eleito dos Estados Unidos, Joe Biden, pretende enviar para aprovação do Congresso ofuscando os ruídos políticos domésticos. O dólar caiu 1,9%, a R$ 5,2097.
•O que mexe com os mercados hoje? A repercussão ao estímulo trilionário anunciado por Biden deve concentrar as atenções dos investidores. Mas o dia também é marcado por uma agenda carregada de indicadores, aqui e lá fora, e pela divulgação de balanços de grandes bancos nos EUA.
EMPRESAS
• Mesmo com a pandemia, a MRV registrou o maior volume de vendas anual de sua história em 2020. Confira os detalhes da prévia operacional do grupo de construção e incorporação, divulgada ontem.
• O conselho de administração do Itaú Unibanco aprovou ontem o pagamento de juros sobre capital próprio (JCP). Veja como receber os valores.
ECONOMIA
• Principal catalisador das bolsas nestes últimos dias, o pacote de estímulos fiscais de US$ 1,9 trilhão planejado por Joe Biden foi anunciado ontem. Veja como o dinheiro será gasto.
• O número de novos diagnósticos de covid-19 alcançou 67.758 nas últimas 24 horas, segunda maior marca do ano, segundo o Ministério da Saúde. A quantidade de mortes ficou acima de 1,1 mil pelo terceiro dia consecutivo.
Este artigo foi publicado primeiramente no "Seu Dinheiro na sua manhã". Para receber esse conteúdo no seu e-mail, cadastre-se gratuitamente neste link.