O que esperar da reabertura das economias e quais setores da bolsa devem se destacar
Com a retomada econômica, as três grandes teses que guiam os mercados atualmente devem continuar ganhando espaço nos próximos 12 meses

Confesso ter uma atração esquisita por assistir anualmente à cerimônia do Oscar.
A edição de 2021 guardou várias surpresas, a começar pela estatueta de melhor ator, que foi para Anthony Hopkins. Não tem jeito, o galês é soberano quando se trata de atuação e, ainda que as críticas não esperassem a vitória do senhor de 83 anos, a pessoa mais velha a ganhar o prêmio, sua vitória foi incontestável.
Não foi surpresa, porém, o triunfo de Nomadland como melhor filme. O movimento da academia já era amplamente aguardado - por sinal, foi merecidíssimo. Curiosamente, em tempos de reabertura econômica e realocação da força de trabalho, o tema da obra nunca esteve tão próximo.
Para quem não viu, prometo não revelar nenhum spoiler.
Em linhas gerais, a história narra a trajetória de Fern, que depois de perder o emprego, ingressa em uma vida nômade. A ideia do filme é linda e foi brilhantemente executada tanto pela diretora, a chinesa Chloé Zhao, como pela atriz principal, Frances McDormand. Ambas, vale destacar, ganharam os prêmios em suas respectivas posições também.
Veja, estamos no final do primeiro mês do segundo trimestre de 2021, o ano da recuperação econômica mundial. Ao longo de 2020 assistimos muitas famílias tendo que passar pelo que Fern passou: o desemprego. Nos EUA, porém, houve grandes estímulos à economia, de modo a não permitir que o desfecho das famílias fosse uma realidade nômade.
Leia Também
A dieta do Itaú para não recorrer ao Ozempic
O mercado, por sua vez, parece ter adotado tal estilo, mudando sua temática constante, sem permanecer em um só tema por muito tempo.
Novas, velhas ideias
Em grande parte, podemos dividir o mercado hoje em três grandes teses:
- crescimento, tecnologia e nova economia;
- valor, de modo a capturar o que ficou para trás; e
- reabertura, para surfar a onda de setores que se beneficiam de uma normalização econômica.
Desde o final do ano passado, vemos o mercado rodar por entre essas teses incessantemente, feito um nômade.
Num dia, é para comprar tecnologia; afinal, esse é o grande vencedor de longo prazo. A tendência estrutural ainda é a estagnação secular. Logo, é preciso comprar a Nova Economia em detrimento da Velha.
Em um segundo momento, há uma possibilidade real de superaquecimento cíclico da economia norte-americana. Assim, é a hora dos bancos (financials em geral) e das commodities. De volta à Velha Economia!
Por fim, mas não menos importante, percebe-se que, na verdade, o que ficou barato mesmo foram os nomes de abertura doméstica, muito castigados na crise. Precisam subir as aéreas, os shoppings, o varejo físico e as educacionais.
A isso, minhas amigas e meus amigos, se dá o nome de rotação setorial.
Excesso de liquidez
Hoje, contudo, o resultado é que temos um sistema financeiro crescido demais em relação à economia real. Seria necessário uma correção, mas o apetite de risco para um maior crescimento de capital está de volta ao normal; ou seja, altista. Isso é sustentável? A princípio, não. Entretanto, com taxa de juros tão baixa, não há uma alternativa.
Quando o sistema corrigirá? Provavelmente nos apertos monetários mais bruscos. Se estes não acontecerem, poderemos ter entrado em um novo paradigma para as finanças. Por ora, a equação oportunidades de construção de riqueza (crescimento) igual a cidadãos contentes (estabilidade social) parece manter o sistema de pé.
Atualmente, há bastante liquidez para elevar os preços das ações sem uma correção significativa. O M2 (agregado monetário composto por papel moeda e depósitos à vista) aumentou em US$ 4,2 trilhões sem precedentes até fevereiro.
Além disso, nos últimos 12 meses até fevereiro, a poupança pessoal totalizou um recorde de US$ 3,1 trilhões. Tudo o que ocorreu antes da terceira rodada de cheques de alívio nos EUA (US$ 1.400 por pessoa elegível) foi enviado pelo Tesouro a mais de 250 milhões de americanos desde meados de março.
Assim sendo, entendo que as três ideias sigam ganhando espaço nos próximos 12 meses, com o devido destaque para a reabertura, com possibilidade de fortes ganhos nos cíclicos domésticos, varejo, shoppings, serviços e construção civil.
Claro, o ideal mesmo é combinar teses descontadas com reabertura, devendo tomar entre 50% a 75% do portfólio de ações, deixando os outros 25% a 50% para teses relacionadas à Nova Economia, o grande cabelo de longo prazo.
Note que minha ponderação se dá para o portfólio de ações, que não deve ser 100% de sua carteira de investimentos e deve sempre ser função em percentual de sua aceitação ao risco, a depender de seu perfil de investimentos.
Dessa forma, tudo isso, claro, deve ser feito sob o devido dimensionamento das posições, conforme seu perfil de risco, e a devida diversificação de carteira, com as respectivas proteções associadas.
Commodities em destaque
Os preços à vista das commodities aumentaram em 77%, em média durante os últimos 12 meses. Crucialmente, todos os mercados e setores estão em alta, o que é indicativo de um surto inflacionário de base ampla. Mesmo os retornos do ouro são positivos.
No coração do boom contínuo está a recuperação do setor cíclico de petróleo, especialmente o petróleo WTI (+ 351%) e Brent (+ 224%). Dois mercados menores, madeira e suínos magros, também puderam se desvincular do padrão de preço mais amplo e se recuperaram intensamente.
O resto da classe de ativos, como agricultura e metais, seguiu uma tendência mais comum, apoiada pela fraqueza do dólar americano (USD), intensificação do nacionalismo da segurança alimentar, interrupção do fornecimento de COVID-19 e recuperação da demanda suportada pela dívida.
Os próximos meses devem ser especiais para as empresas com fluxo de caixa relacionado às commodities. Captura reabertura da economia e teses de valor!
Se você gostou deste insight, não pode deixar de ler mais na série "Palavra do Estrategista", best-seller da Empiricus. Nela, Felipe Miranda, Estrategista-Chefe da casa de análise, apresenta suas melhores ideias de investimento para os mais diferentes tipos de investidores. Saber a melhor forma de surfar esta onda que descrevi acima pode ser encontrada por lá nos mais profundos detalhes.
Convido a todos os leitores a conferir!
A derrota de Milei: um tropeço local que não apaga o projeto nacional
Fora da região metropolitana de Buenos Aires, o governo de Milei pode encontrar terreno mais favorável e conquistar resultados que atenuem a derrota provincial. Ainda assim, a trajetória dos ativos argentinos permanece vinculada ao desfecho das eleições de outubro.
Felipe Miranda: Tarcisiômetro
O mercado vai monitorar cada passo dos presidenciáveis, com o termômetro no bolso, diante da possível consolidação da candidatura de Tarcísio de Freitas como o nome da centro-direita e da direita.
A tentativa de retorno do IRB, e o que move os mercados nesta segunda-feira (8)
Após quinta semana seguida de alta, Ibovespa tenta manter bom momento em meio a agenda esvaziada
Entre o diploma e a dignidade: por que jovens atingidos pelo desemprego pagam para fingir que trabalham
Em meio a uma alta taxa de desemprego em sua faixa etária, jovens adultos chineses pagam para ir a escritórios de “mentirinha” e fingir que estão trabalhando
Recorde atrás de recorde na bolsa brasileira, e o que move os mercados nesta sexta-feira (5)
Investidores aguardam dados de emprego nos EUA e continuam de olho no tarifaço de Trump
Ibovespa renova máxima histórica, segue muito barato e a próxima parada pode ser nos 200 mil pontos. Por que você não deve ficar fora dessa?
Juros e dólar baixos e a renovação de poder na eleição de 2026 podem levar a uma das maiores reprecificações da bolsa brasileira. Os riscos existem, mas pode fazer sentido migrar parte da carteira para ações de empresas brasileiras agora.
BRCR11 conquista novos locatários para edifício em São Paulo e reduz vacância; confira os detalhes da operação
As novas locações colocam o empreendimento como um dos destaques do portfólio do fundo imobiliário
O que fazer quando o rio não está para peixe, e o que esperar dos mercados hoje
Investidores estarão de olho no julgamento da legalidade das tarifas aplicadas por Donald Trump e em dados de emprego nos EUA
Rodolfo Amstalden: Se setembro der errado, pode até dar certo
Agosto acabou rendendo uma grata surpresa aos tomadores de risco. Para este mês, porém, as apostas são de retomada de algum nível de estresse
A ação do mês na gangorra do mundo dos negócios, e o que mexe com os mercados hoje
Investidores acompanham o segundo dia do julgamento de Bolsonaro no STF, além de desdobramentos da taxação dos EUA
Hoje é dia de rock, bebê! Em dia cheio de grandes acontecimentos, saiba o que esperar dos mercados
Terça-feira terá dados do PIB e início do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, além de olhos voltados para o tarifaço de Trump
Entre o rali eleitoral e o malabarismo fiscal: o que já está nos preços?
Diante de uma âncora fiscal frágil e de gastos em expansão contínua, a percepção de risco segue elevada. Ainda assim, fatores externos combinados ao rali eleitoral e às apostas de mudança de rumo em 2026, oferecem algum suporte de curto prazo aos ativos brasileiros.
Tony Volpon: Powell Pivot 3.0
Federal Reserve encara pressão do presidente dos EUA, Donald Trump, por cortes nos juros, enquanto lida com dominância fiscal sobre a política monetária norte-americana
Seu cachorrinho tem plano de saúde? A nova empreitada da Petz (PETZ3), os melhores investimentos do mês e a semana dos mercados
Entrevistamos a diretora financeira da rede de pet shops para entender a estratégia por trás da entrada no segmento de plano de saúde animal; após recorde do Ibovespa na sexta-feira (29), mercados aguardam julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, que começa na terça (2)
O importante é aprender a levantar: uma seleção de fundos imobiliários (FIIs) para capturar a retomada do mercado
Com a perspectiva de queda de juros à frente, a Empiricus indica cinco FIIs para investir; confira
Uma ação que pode valorizar com a megaoperação de ontem, e o que deve mover os mercados hoje
Fortes emoções voltam a circular no mercado após o presidente Lula autorizar o uso da Lei da Reciprocidade contra os EUA
Operação Carbono Oculto fortalece distribuidoras — e abre espaço para uma aposta menos óbvia entre as ações
Essa empresa negocia atualmente com um desconto de holding superior a 40%, bem acima da média e do que consideramos justo
A (nova) mordida do Leão na sua aposentadoria, e o que esperar dos mercados hoje
Mercado internacional reage ao balanço da Nvidia, divulgado na noite de ontem e que frustrou as expectativas dos investidores
Rodolfo Amstalden: O Dinizismo tem posição no mercado financeiro?
Na bolsa, assim como em campo, devemos ficar particularmente atentos às posições em que cada ação pode atuar diante das mudanças do mercado
O lixo que vale dinheiro: o sonho grande da Orizon (ORVR3), e o que esperar dos mercados hoje
Investidores ainda repercutem demissão de diretora do Fed por Trump e aguardam balanço da Nvidia; aqui no Brasil, expectativa pelos dados do Caged e falas de Haddad