Entre tapas e beijos: Mesmo com trégua na crise política local, há espaço para internacionalização de investimentos
Após instabilidade política ter restringido o Brasil cada vez mais aos amadores, boas oportunidades tornam os investimentos no exterior mais atraentes ao investidor brasileiro
Existe no mercado um jargão clichê que aponta para o fato de o Brasil não ser para amadores.
Pode até ter contornos de verdade, mas como não costumo gostar desses racionais curtos pseudointelectuais, me valho do pensamento esboçado por Felipe Miranda, estrategista-chefe da Empiricus, em carta para seus assinantes no início do segundo semestre deste ano:
"[...] no caso das finanças, porém, parece haver justamente o contrário. O Brasil é só para os amadores. Os profissionais já saíram há muito tempo. O investidor estrangeiro não quer nem estudar o Brasil. As alocações de grandes gestoras de fortunas, [...], estão lotadas de investimentos no exterior, com pouca exposição local.
Os fundos macro brasileiros são agora grandes hedge funds globais e detentores de big techs americanas ou ações de alto potencial de crescimento no Sudeste Asiático.
Objetivamente, há hoje correlação positiva entre amadorismo e exposição local. Quanto mais profissional e sofisticado o investidor, maior sua internacionalização. Foco interno dominado por amadores. [...]"
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADECONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADEFelipe Miranda, estrategista-chefe da Empiricus
Acontecimentos dois últimos meses comprovam o argumento
Os dois últimos meses, especialmente retratados de maneira fidedigna na semana passada, serviram para provar este ponto. Com tanto vai e vem, poucas são as chances de gerarmos atratividade para investimentos no Brasil frente ao mar de oportunidades que enxergamos lá fora. Não à toa, investimentos no exterior passaram a fazer parte da realidade do investidor brasileiro cada vez mais.
Leia Também
As vantagens da holding familiar para organizar a herança, a inflação nos EUA e o que mais afeta os mercados hoje
Rodolfo Amstalden: De Flávio Day a Flávio Daily…
Como conversamos no dia 7 de setembro, não houve conflito durante as manifestações realizadas no feriado da independência. Contudo, os movimentos serviram para mostrar o apoio que o presidente ainda consegue sustentar em sua base, afastando a possibilidade de um fim terrível em um impeachment ou em qualquer outra forma de inelegibilidade.
Os reflexos de uma continuidade dos atritos verificados entre os Poderes foram sentidos na quarta-feira, na volta do feriado, quando o mercado começou a precificar a possibilidade dessa tensão em Brasília perdurar até as eleições do ano que vem.
Simplesmente, o Brasil não aguentaria.
Ou o presidente e o STF param de se estapear ou perderemos total aderência entre a realidade da economia real e os ativos financeiros.
Uma chance de afrouxar a corda...
O grande passo dado na quinta-feira (9) em direção a um apaziguamento das relações na capital federal serviu justamente para endereçar a questão de insalubridade em termos de perspectivas para o país, que lutava para atrair estrangeiros mesmo estando barato. Ainda, a crise político-institucional somou-se ao problema da crise hídrica e à dinâmica fiscal frágil brasileira.
Deu no que deu.
Agora, porém, vemos uma janela de abertura que poderia servir de trampolim nestes três meses e meio que ainda temos em 2021 para recuperarmos pelo menos parcela do valor que perdemos no terceiro trimestre até aqui, que não foi pouco.
Com a "Declaração à Nação" escrita pelo ex-presidente Temer em nome de Bolsonaro, temos uma chance de afrouxarmos a corda, tão esticada, e endereçar o que sobrou da agenda econômica, ainda que desnutrida.
... e olhar pra frente
Agora, podemos direcionar, entre outras coisas, a reforma administrativa, que pode encontrar discussão e votação na Câmara dos Deputados ainda em setembro de 2021, repetindo o procedimento no Senado até novembro deste ano.
Não somente isso, mas poderemos também, junto ao judiciário se necessário (melhor assim), ajustar a questão dos precatórios, que caíram como uma bomba no colo do investidor, não só pelo impacto no Orçamento, mas também pelas estratégias pouco ortodoxas propostas pelo governo para lidar com a cifra de R$ 89 bilhões, R$ 30 bilhões acima do previsto.
Há também a reforma tributária, que deve ser bem revisada no Senado, depois do "tratoraço" que aconteceu na Câmara para o texto em específico que trata do Imposto de Renda.
Provavelmente, a Casa vai avaliar minuciosamente, pinçando alguns pontos de interesse e dispensando o resto. Fora isso, podemos pensar em outros temas tributários como: o passaporte tributário (novo Refis) e a reforma do ICMS e ISS.
A discussão do Orçamento
Se limparmos os dois últimos parágrafos acima do radar de Brasília, chegaremos a outubro muito mais preparados para discutir o Orçamento da União de 2022, depois da entrega da peça ficcional pelo governo.
Propostas complementares incluem avanços nos marcos legais da ferrovia e do câmbio, além da privatização dos Correios. Todas estas são matérias já aprovadas pela Câmara dos Deputados. Isto, claro, considerando que iremos solucionar a questão dos precatórios, dando espaço para o Novo Bolsa Família pensado pelo governo para 2022.
Note, porém, que, apesar de a agenda ainda existir para 2021, ela está sujeita a muitas condições, com o risco da paz instaurada por Temer não durar na mão do presidente. Francamente, acredito ser mais provável que ele assuma uma postura mais cautelosa a partir de agora, já pensando em um ano eleitoral polarizado em que os polos tenderão a convergir para o centro.
Ainda assim, compreendo o gringo, que prefere outras opções em mercados emergentes que não o Brasil, apesar do nosso desconto frente ao próprio histórico e versus pares internacionais.
Há espaço para internacionalização do patrimônio
Dessa forma, entendo que ainda haja espaço para internacionalização de patrimônio, principalmente se você ainda não começou. Enquanto a Bolsa voltou dos 130 mil pontos e os juros mais longos alcançaram os dois dígitos, o dólar ficou ao redor de R$ 5,20.
Não é o hedge mais barato do mundo, definitivamente, até mesmo porque o câmbio de equilíbrio roda ao redor de R$ 4,80, mas não é de se jogar fora, principalmente se você ainda não tem nada lá fora.
Miro algo de 15% a 30% de seu dinheiro lá fora, pelo menos. Se você já tem algo por volta deste patamar, aproveitaria eventuais arrefecimentos da moeda americana para elevar marginalmente sua posição.
Não exageradamente ou com desespero, uma vez que o Brasil está relativamente barato e haja espaço para aprimoramento da percepção de risco nos próximos meses, mas que há espaço adicional, de fato há.
Se você gostou desta avaliação, não pode perder o trabalho que temos conduzido na série best-seller da Empiricus, a "Palavra do Estrategista", na qual Felipe Miranda, estrategista-chefe da casa, e eu trabalhamos nas melhores ideias de investimento para os mais variados perfis de investidores.
Por ali, também indicamos investimento no exterior, pelos quais o investidor consegue elevar sua alocação internacional em sua carteira.
Vale conferir.
Felipe Miranda: Uma visão de Brasil, por Daniel Goldberg
O fundador da Lumina Capital participou de um dos episódios de ‘Hello, Brasil!’ e faz um diagnóstico da realidade brasileira
Dividendos em 2026, empresas encrencadas e agenda da semana: veja tudo que mexe com seu bolso hoje
O Seu Dinheiro traz um levantamento do enorme volume de dividendos pagos pelas empresas neste ano e diz o que esperar para os proventos em 2026
Como enterrar um projeto: você já fez a lista do que vai abandonar em 2025?
Talvez você ou sua empresa já tenham sua lista de metas para 2026. Mas você já fez a lista do que vai abandonar em 2025?
Flávio Day: veja dicas para proteger seu patrimônio com contratos de opções e escolhas de boas ações
Veja como proteger seu patrimônio com contratos de opções e com escolhas de boas empresas
Flávio Day nos lembra a importância de ter proteção e investir em boas empresas
O evento mostra que ainda não chegou a hora de colocar qualquer ação na carteira. Por enquanto, vamos apenas com aquelas empresas boas, segundo a definição de André Esteves: que vão bem em qualquer cenário
A busca pelo rendimento alto sem risco, os juros no Brasil, e o que mais move os mercados hoje
A janela para buscar retornos de 1% ao mês na renda fixa está acabando; mercado vai reagir à manutenção da Selic e à falta de indicações do Copom sobre cortes futuros de juros
Rodolfo Amstalden: E olha que ele nem estava lá, imagina se estivesse…
Entre choques externos e incertezas eleitorais, o pregão de 5 de dezembro revelou que os preços já carregavam mais política do que os investidores admitiam — e que a Bolsa pode reagir tanto a fatores invisíveis quanto a surpresas ainda por vir
A mensagem do Copom para a Selic, juros nos EUA, eleições no Brasil e o que mexe com seu bolso hoje
Investidores e analistas vão avaliar cada vírgula do comunicado do Banco Central para buscar pistas sobre o caminho da taxa básica de juros no ano que vem
Os testes da família Bolsonaro, o sonho de consumo do Magalu (MGLU3), e o que move a bolsa hoje
Veja por que a pré-candidatura de Flávio Bolsonaro à presidência derrubou os mercados; Magazine Luiza inaugura megaloja para turbinar suas receitas
O suposto balão de ensaio do clã Bolsonaro que furou o mercado: como fica o cenário eleitoral agora?
Ainda que o processo eleitoral esteja longe de qualquer definição, a reação ao anúncio da candidatura de Flávio Bolsonaro deixou claro que o caminho até 2026 tende a ser marcado por tensão e volatilidade
Felipe Miranda: Os últimos passos de um homem — ou, compre na fraqueza
A reação do mercado à possível candidatura de Flávio Bolsonaro reacende memórias do Joesley Day, mas há oportunidade
Bolha nas ações de IA, app da B3, e definições de juros: veja o que você precisa saber para investir hoje
Veja o que especialista de gestora com mais de US$ 1,5 trilhão em ativos diz sobre a alta das ações de tecnologia e qual é o impacto para o mercado brasileiro. Acompanhe também a agenda da semana
É o fim da pirâmide corporativa? Como a IA muda a base do trabalho, ameaça os cargos de entrada e reescreve a carreira
As ofertas de emprego para posições de entrada tiveram fortes quedas desde 2024 em razão da adoção da IA. Como os novos trabalhadores vão aprender?
As dicas para quem quer receber dividendos de Natal, e por que Gerdau (GGBR4) e Direcional (DIRR3) são boas apostas
O que o investidor deve olhar antes de investir em uma empresa de olho dos proventos, segundo o colunista do Seu Dinheiro
Tsunami de dividendos extraordinários: como a taxação abre uma janela rara para os amantes de proventos
Ainda que a antecipação seja muito vantajosa em algumas circunstâncias, é preciso analisar caso a caso e não se animar com qualquer anúncio de dividendo extraordinário
Quais são os FIIs campeões de dezembro, divulgação do PIB e da balança comercial e o que mais o mercado espera para hoje
Sete FIIs disputam a liderança no mês de dezembro; veja o que mais você precisa saber hoje antes de investir
Copel (CPLE3) é a ação do mês, Ibovespa bate novo recorde, e o que mais movimenta os mercados hoje
Empresa de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica, a Copel é a favorita para investir em dezembro. Veja o que mais você precisa saber sobre os mercados hoje
Mais empresas no nó do Master e Vorcaro, a escolha do Fed e o que move as bolsas hoje
Titan Capital surge como peça-chave no emaranhado de negócios de Daniel Vorcaro, envolvendo mais de 30 empresas; qual o risco da perda da independência do Fed, e o que mais o investidor precisa saber hoje
A sucessão no Fed: o risco silencioso por trás da queda dos juros
A simples possibilidade de mudança no comando do BC dos EUA já começou a mexer na curva de juros, refletindo a percepção de que o “jogo” da política monetária em 2026 será bem diferente do atual
Tony Volpon: Bolhas não acabam assim
Wall Street vivencia hoje uma bolha especulativa no mercado de ações? Entenda o que está acontecendo nas bolsas norte-americanas, e o que a inteligência artificial tem a ver com isso