🔴 HERANÇA EM VIDA? NOVO EPISÓDIO DE A DINHEIRISTA! VEJA AQUI

Sobre o que aconteceu com a perpetuidade

Pode-se dizer que o Value Investing morreu, ou que sua clássica receita de fronteira entre a barganha e a não barganha ficou mais maleável

7 de janeiro de 2021
11:55
investimentos
Imagem: Shutterstock

Estamos começando o ano um pouco mais técnicos.

Peço desculpas aos leitores, mas trata-se de um caminho natural. Começamos o ano técnicos e terminamos o ano bêbados.

Aos professores de Finanças que costumam mandar e-mails pedindo autorização para citar nossos textos em suas aulas, exponho de antemão a orientação geral de que está liberado. No questions asked.

Pois bem, vamos lá.

Pode-se dizer que o Value Investing morreu, ou que sua clássica receita de fronteira entre a barganha e a não barganha ficou mais maleável.

É um debate interessante para os acadêmicos, mas de pouco apelo para investidores práticos.

A nós, o que interessa é exercitar mente e bolso para pagar caro por crescimento exponencial, que é o mesmo que o antigo pagar barato por crescimento linear.

Junto à morte universal das taxas de juros, há um motivo metodológico para toparmos aceitar múltiplos maiores across the board.

Esse motivo é:

"O horizonte de expectativas adiantáveis está aumentando ao longo da história".

Antigamente, planilheiro montava DCF com cinco anos explícitos, e todo o resto na perpetuidade.

Os mais nerds costuravam dez anos explícitos, pra ganhar elogio do professor, mas não fazia tanta diferença no resultado final.

Por quê?

Ora, quando elevados à enésima potência, os juros altos no denominador tratavam de desidratar o numerador, especialmente diante de um crescimento apenas linear para os fluxos de caixa.

Compensava MUITO pular direto para a perpetuidade.

Agora, não só os juros derreteram, como o numerador — nos certos casos especiais que realmente interessam — ganhou a capacidade de crescer exponencialmente (!).

Cada vez mais, rumamos metodologicamente para extirpar a perpetuidade da conta do DCF e capturar, exercício após exercício, toda a beleza dos fluxos de caixa intertemporais.

Essa é a obrigação que a realidade nos impõe.

Naturalmente, não estou falando de uma obrigação do tipo: "Caramba, precisamos atualizar nossas macros do Excel!".

A obrigação é de atualizarmos nossa intuição numérica, e até mesmo nossos crivos morais.

O investidor que pleiteava pagar barato por um etcetera gigantesco oculto na perpetuidade deve se adaptar para pagar caro por um único ano futuro cujo fluxo de caixa corresponde a toda uma perpetuidade de antigamente.

Seguindo essa argumentação, eu poderia ponderar que "veja bem, caro e barato são conceitos relativos, o caro de antigamente agora é barato, o Value Investing não morreu, blá-blá-blá".

Mas nós sabemos que eu estaria sendo apenas mais um financista babaca ao dizer isso.

O caro é caro mesmo.

Você paga barato para ter uma bosta de ativo, cheio de riscos de desaparecer num futuro próximo.

E paga caro para comprar uma chance de perpetuidade das perpetuidades.

É como funciona agora.

Compartilhe

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: ChatGPT resiste às tentações de uma linda narrativa?

17 de abril de 2024 - 20:11

Não somos perfeitos em tarefas de raciocínio lógico, mas tudo bem: inventamos a inteligência artificial justamente para cuidar desses problemas mais chatos, não é verdade?

INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

Ataque do Irã poderia ter sido muito pior: não estamos diante da Terceira Guerra Mundial — mas saiba como você pode proteger seu dinheiro

16 de abril de 2024 - 6:17

Em outubro, após o ataque do Hamas, apontei para um “Kit Geopolítico” para auxiliar investidores a navegar por esse ambiente incerto

EXILE ON WALL STREET

Felipe Miranda: Cinco coisas que deveriam acabar no mercado financeiro

15 de abril de 2024 - 20:01

O sócio-fundador da Empiricus lista práticas do universo dos investimentos que gostaria de ver eliminadas

DE REPENTE NO MERCADO

O que Elon Musk, Javier Milei, Alexandre de Moraes, o halving do bitcoin e a China têm em comum? 

14 de abril de 2024 - 12:00

Acredite: tudo isso movimentou o mercado financeiro esta semana; veja os destaques

Especial IR 2024

Meu dependente paga pensão alimentícia; posso abatê-la no imposto de renda?

13 de abril de 2024 - 8:00

Titular da declaração de imposto de renda declara o pai como dependente, e ele paga pensão alimentícia à mãe dela. E agora?

SEXTOU COM O RUY

Enquanto você se preocupa com a Oi (OIBR3), esta empresa da B3 virou a campeã de qualidade no serviço de internet – e ainda está barata na bolsa

12 de abril de 2024 - 6:07

Para se diferenciar, essa companhia construiu uma infraestrutura de qualidade, que tem proporcionado prêmios de internet fixa mais rápida do Estado de São Paulo, à frente das gigantes de telecom

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: Quintal da China, quintal do mundo

10 de abril de 2024 - 19:15

Se a economia chinesa sofre, nós necessariamente compartilhamos dessa desgraça?

INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

Juro real de volta aos 6%: com bolsa na pior e dólar nas alturas, essa é uma nova oportunidade?

9 de abril de 2024 - 6:40

Uma regra prática comum para investimentos em renda fixa no Brasil sugere vender títulos quando os juros reais atingem 3% e comprá-los a 6%

EXILE ON WALL STREET

Além do bitcoin (BTC): esta carteira já rendeu 447% acima da maior criptomoeda do mercado

8 de abril de 2024 - 20:01

Acredito que exista uma forma melhor de pensar sobre a ciclicidade do preço do bitcoin (BTC), que historicamente nos ajudou a gerar alfa neste mercado

BOMBOU NO SD

Argentina entra na rota de ‘paraíso fiscal’, China encara mesma crise do Japão e inteligência artificial “sugando” o Ibovespa — veja tudo o que foi destaque na semana

6 de abril de 2024 - 13:36

A crise e os seus reflexos no país vizinho no Brasil despertaram o interesse dos leitores do Seu Dinheiro nos últimos dias

Fechar
Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Continuar e fechar