🔴 NO AR: ONDE INVESTIR EM DEZEMBRO – CONFIRA MAIS DE 30 RECOMENDAÇÕES – VEJA AQUI

Felipe Miranda: o paradoxo da diversificação

30 de agosto de 2021
12:00
renda fixa variável carteira diversificada
Alocação entre classes de ativos /Imagem: Shutterstock

A frase: "Todos falam que querem uma fatia de torta, bom, eu não! Eu quero a receita!" está no filme “Uma Noite em Miami”, indicado ao Oscar com a narrativa do encontro entre Cassius Clay (e sua conversão a Muhammad Ali), Malcolm X, Sam Cooke e Jim Brown.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

A divisão da torta é tratada no contexto sócio-econômico, mas talvez seja a questão mais importante no escopo dos investimentos. A alocação entre as classes de ativos é a maior responsável pela construção patrimonial ao longo dos anos, muito mais do que o picking específico desta ou daquela ação.

O filme “Uma Noite em São Paulo”, indicado ao Kikito de Ouro com a narrativa do encontro entre mim, Ray Dalio, Warren Buffett e Nassim Taleb, traz uma reflexão sobre o tema.

Calma. É obviamente uma brincadeira. Sei meu lugarzinho no mundo. A conversa só poderia acontecer em sonho. E foi assim que ela ocorreu:

-Ray Dalio: A diversificação é o Santo Graal dos investimentos. A partir dela, você pode reduzir brutalmente seu risco e preservar seu retorno potencial.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

-Warren Buffett: Ray, nada reduz mais o risco do investidor do que se concentrar no seu círculo de competências, comprar uma ação muito barata, aqui entendida como um preço muito inferior a seu valor intrínseco, calculado com a devida margem de segurança. Isso é saber o que você está fazendo. A diversificação nada mais é do que a arma daqueles que não sabem o que estão fazendo.

Leia Também

-Nassim Taleb: F**cking idiots. Não tem essa história de otimização. Não existe Santo Graal pra nada. E, ao mesmo tempo, se a diversificação é a arma daqueles que não sabem o que estão fazendo, vamos adotá-la, porque ninguém nunca sabe mesmo o que está fazendo. “Como viver num mundo que não entendemos?” Esse é o nosso desafio.

-Felipe: Calma, Nassim. Sempre agressivo e brigão. Pra que isso? Estamos aqui conversando numa boa. Bebe aqui o seu Kefraya e relaxa um pouco. Eu concordo com você que não sabemos nada do mundo. Ele é e continuará sendo ininteligível para muitas coisas. O futuro continuará somente no futuro mesmo. Mas estamos aqui diante de um paradoxo. Se não sabemos nada, não podemos sequer saber qual a diversificação certa. 

-Nassim Taleb: F**cking idiot. You too. A diversificação que proponho é diferente daquela sugerida pelo Markowitz ou pelo Ray Dalio, de que podemos identificar variâncias, covariâncias e retornos esperados, fingindo que elas são parâmetros ou variáveis com algum tipo de heterocedasticidade modelável. Por isso proponho o Barbell Strategy. De um lado, muito dinheiro em pouco risco; de outro, pouco dinheiro em muito risco, com a estratégia 1/N, em que N tende ao infinito — ou seja, você diversifica como uma distribuição uniforme, um pouquinho de dinheiro em vários ativos de perfil de retorno assimétrico. Assim persegue a convexidade.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

-Felipe: Ah, na teoria, até o socialismo funciona, né? Aliás, a turma costuma dizer que, como filósofo e escritor, você é ótimo, mas como gestor a banda toca diferente, né? Calma, calma. Eu continuo seu fã. Mas, veja: temos problema com a implementação pragmática da proposta. Acho legal você ter popularizado essa ideia de assimetria e convexidade — aqui no Brasil, quando algum analista (ou tentativa de analista) começa a perder uma discussão, ele logo apela: “Mas, ainda assim, vejo uma assimetria convidativa”. É um jeito fácil de ele dizer: se eu estiver errado, tudo bem. 

-Nassim Taleb: Você não entendeu nada…

-Felipe: Que mania chata essa! Se o outro discorda de você, não significa que ele não entendeu. Ele entendeu. Ele só discorda mesmo.

-Nassim Taleb: Você não entendeu…

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

-Felipe: Olha, essa história de convexidade é bonita, mas tem outro problema lógico aqui. Você assume que a matriz de payoff pode ser conhecida ex-ante, o que não é necessariamente verdade. Como atribuir probabilidades aos possíveis cenários à frente, se também não conhecemos o futuro? E se não conhecemos minimamente as probabilidades, aquilo pode ser uma falsa assimetria. Você já viu quanto custa o prêmio das opções no Brasil? É um roubo. Aliás, os fundos de tail hedging têm perdido bastante dinheiro mesmo no longo prazo.

-Nassim Taleb: Insisto: vocês aí no Brasil não entenderam muito bem como eu trabalho. Essa história de “fundo que tem Taleb como conselheiro rendeu X%” não para em pé. Minha estratégia de tail hedging é feita caso a caso. O investidor me passa o portfólio dele e eu e o Mark montamos o hedge mais adequado para ele. Vocês acham que existe um hedge ideal para um portfólio genérico qualquer.

-Felipe: Não, não. Eu não acho nada. Você, de fato, ficou muito popular por aqui. O Protágoras moderno. Eu esbarro num problema prático. Vamos seguir sua proposição e fazer uma conta simples. Se eu separo 90% do meu portfólio para o lado sem risco. Vamos supor que isso renda igual à inflação. Do outro lado do Barbell, eu divido os 10% remanescentes em 30 ativos de altíssimo risco. Desses, vamos supor que 10 deles vão pra zero. Outros 10 também rendem inflação. E 10 são black swans positivos (o que me parece bem generoso com a conta), tendo um retorno médio de 300% no ano. Aqueles 3,3% investidos nos black swans positivos viraram 13,2%. Legal, bacana, mas o impacto no consolidado ainda é pouco relevante, dado que todo o resto da carteira, na melhor das hipóteses, rendeu em linha com a inflação (fora os 3% perdidos nos ativos de alto risco que não deram certo). Isso porque fui bastante complacente aqui nas premissas. 

-Nassim Taleb: Idiot. O que você propõe então? 

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

-Felipe: Irmos para casa ou bebermos esse Kefraya. O Barbell Strategy é só mais um Santo Graal como outro qualquer: mais umas lendas que nos são vendidas como fórmulas prontas e mágicas. A verdade é que elas funcionam muito bem. Para vender livros. Só para vender livros.

-Nassim Taleb: Você já viu o meu PnL?

-Felipe: Ué, você nunca mostrou, como eu posso ver? Mas posso te garantir: estou aguardando ansiosamente a sua biografia. Vou adorar ler e devorá-la, assim como fiz com todos os seus outros livros.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

A sucessão no Fed: o risco silencioso por trás da queda dos juros

2 de dezembro de 2025 - 7:08

A simples possibilidade de mudança no comando do BC dos EUA já começou a mexer na curva de juros, refletindo a percepção de que o “jogo” da política monetária em 2026 será bem diferente do atual

EXILE ON WALL STREET

Tony Volpon: Bolhas não acabam assim

1 de dezembro de 2025 - 19:55

Wall Street vivencia hoje uma bolha especulativa no mercado de ações? Entenda o que está acontecendo nas bolsas norte-americanas, e o que a inteligência artificial tem a ver com isso

DÉCIMO ANDAR

As lições da Black Friday para o universo dos fundos imobiliários e uma indicação de FII que realmente vale a pena agora

30 de novembro de 2025 - 8:00

Descontos na bolsa, retorno com dividendos elevados, movimentos de consolidação: que tipo de investimento realmente compensa na Black Friday dos FIIs?

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Os futuros dividendos da Estapar (ALPK3), o plano da Petrobras (PETR3), as falas de Galípolo e o que mais move o mercado

28 de novembro de 2025 - 8:25

Com mudanças contábeis, Estapar antecipa pagamentos de dividendos. Petrobras divulga seu plano estratégico, e presidente do BC se mantém duro em sua política de juros

SEXTOU COM O RUY

Jogada de mestre: proposta da Estapar (ALPK3) reduz a espera por dividendos em até 8 anos, ações disparam e esse pode ser só o começo

28 de novembro de 2025 - 6:01

A companhia possui um prejuízo acumulado bilionário e precisaria de mais 8 anos para conseguir zerar esse saldo para distribuir dividendos. Essa espera, porém, pode cair drasticamente se duas propostas forem aprovadas na AGE de dezembro.

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

A decisão de Natal do Fed, os títulos incentivados e o que mais move o mercado hoje

27 de novembro de 2025 - 8:23

Veja qual o impacto da decisão de dezembro do banco central dos EUA para os mercados brasileiros e o que deve acontecer com as debêntures incentivadas, isentas de IR

INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

Corte de juros em dezembro? O Fed diz talvez, o mercado jura que sim

27 de novembro de 2025 - 7:49

Embora a maioria do mercado espere um corte de 25 pontos-base, as declarações do Fed revelam divisão interna: há quem considere a inflação o maior risco e há quem veja a fragilidade do mercado de trabalho como a principal preocupação

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: O mercado realmente subestima a Selic?

26 de novembro de 2025 - 19:30

Dentro do arcabouço de metas de inflação, nosso Bacen dá mais cavalos de pau do que a média global. E o custo de se voltar atrás para um formulador de política monetária é quase que proibitivo. Logo, faz sentido para o mercado cobrar um seguro diante de viradas possíveis.

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

As projeções para a economia em 2026, inflação no Brasil e o que mais move os mercados hoje

26 de novembro de 2025 - 8:36

Seu Dinheiro mostra as projeções do Itaú para os juros, inflação e dólar para 2026; veja o que você precisa saber sobre a bolsa hoje

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Os planos e dividendos da Petrobras (PETR3), a guerra entre Rússia e Ucrânia, acordo entre Mercosul e UE e o que mais move o mercado

25 de novembro de 2025 - 8:20

Seu Dinheiro conversou com analistas para entender o que esperar do novo plano de investimentos da Petrobras; a bolsa brasileira também reflete notícias do cenário econômico internacional

EXILE ON WALL STREET

Felipe Miranda: O paradoxo do banqueiro central

24 de novembro de 2025 - 19:59

Se você é explicitamente “o menino de ouro” do presidente da República e próximo ao ministério da Fazenda, é natural desconfiar de sua eventual subserviência ao poder Executivo

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Hapvida decepciona mais uma vez, dados da Europa e dos EUA e o que mais move a bolsa hoje

24 de novembro de 2025 - 7:58

Operadora de saúde enfrenta mais uma vez os mesmos problemas que a fizeram despencar na bolsa há mais dois anos; investidores aguardam discurso da presidente do Banco Central Europeu (BCE) e dados da economia dos EUA

BOMBOU NO SD

CDBs do Master, Oncoclínicas (ONCO3), o ‘terror dos vendidos’ e mais: as matérias mais lidas do Seu Dinheiro na semana

23 de novembro de 2025 - 17:13

Matéria sobre a exposição da Oncoclínicas aos CDBs do Banco Master foi a mais lida da semana; veja os destaques do SD

MERCADOS HOJE

A debandada da bolsa, pessimismo global e tarifas de Trump: veja o que move os mercados hoje

21 de novembro de 2025 - 9:27

Nos últimos anos, diversas empresas deixaram a B3; veja o que está por trás desse movimento e o que mais pode afetar o seu bolso

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Planejamento, pé no chão e consciência de que a realidade pode ser dura são alguns dos requisitos mais importantes de quem quer ser dono da própria empresa

20 de novembro de 2025 - 8:36

Milhões de brasileiros sonham em abrir um negócio, mas especialistas alertam que a realidade envolve insegurança financeira, mais trabalho e falta de planejamento

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: Será que o Fed já pode usar AI para cortar juros?

19 de novembro de 2025 - 20:00

Chegamos à situação contemporânea nos EUA em que o mercado de trabalho começa a dar sinais em prol de cortes nos juros, enquanto a inflação (acima da meta) sugere insistência no aperto

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

A nova estratégia dos FIIs para crescer, a espera pelo balanço da Nvidia e o que mais mexe com seu bolso hoje

19 de novembro de 2025 - 8:01

Para continuarem entregando bons retornos, os Fundos de Investimento Imobiliários adaptaram sua estratégia; veja se há riscos para o investidor comum. Balanço da Nvidia e dados de emprego dos EUA também movem os mercados hoje

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

O recado das eleições chilenas para o Brasil, prisão de dono e liquidação do Banco Master e o que mais move os mercados hoje

18 de novembro de 2025 - 8:29

Resultado do primeiro turno mostra que o Chile segue tendência de virada à direita já vista em outros países da América do Sul; BC decide liquidar o Banco Master, poucas horas depois que o banco recebeu uma proposta de compra da holding Fictor

INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

Eleição no Chile confirma a guinada política da América do Sul para a direita; o Brasil será o próximo?

18 de novembro de 2025 - 6:03

Após a vitória de Javier Milei na Argentina em 2023 e o avanço da direita na Bolívia em 2025, o Chile agora caminha para um segundo turno amplamente favorável ao campo conservador

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Os CDBs que pagam acima da média, dados dos EUA e o que mais movimenta a bolsa hoje

17 de novembro de 2025 - 7:53

Quando o retorno é maior que a média, é hora de desconfiar dos riscos; investidores aguardam dados dos EUA para tentar entender qual será o caminho dos juros norte-americanos

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar