O mercado imobiliário americano segue vencedor: confira uma nova opção na B3 para investir na área
Mesmo com a perspectiva de aumento dos juros no exterior, o mercado imobiliário americano segue forte na alta dos preços; veja um ativo para investir sem sair da B3

O mercado doméstico segue no clima de tensão, baseado nas atualizações envolvendo inflação, política fiscal e questões relacionadas à pandemia no ambiente global. No acumulado de novembro, em um total de 18 pregões, o Ifix — principal índice de fundos imobiliários da B3 — teve desempenho positivo em apenas dois deles.
Mesmo com a queda relevante do índice neste mês – que, particularmente, considero bastante exagerada – sigo enxergando fundamentos construtivos para o longo prazo dos FIIs, tal como descrito em nossa última coluna.
O tema de hoje será o mercado imobiliário americano, que apresenta praticamente o ambiente inverso do brasileiro.
REITs - Os fundos imobiliários “made in USA”
Conforme tratamos em coluna de abril deste ano, essa indústria é representada na bolsa de valores pelos REIT’s (Real Estate Investment Trust), também conhecidos como “fundos imobiliários americanos”.
Na época, comentei que, em função da crise sanitária, muitos segmentos ainda estavam sendo negociados por preços muito inferiores àqueles observados no período pré-pandemia, especialmente aqueles ligados a hospedagem e varejo físico.
Então para aproveitar essa possível oportunidade, indiquei a exposição no Vanguard Real Estate ETF (NYSE: VNQ), desenvolvido pela gestora Vanguard – gestora focada em fundos de baixo custo, com mais de US$ 7,5 trilhões sob gestão.
Leia Também
Dinheiro na mão é solução: Medidas para cumprimento do arcabouço testam otimismo com o Ibovespa
Apenas relembrando, o VNQ tem como objetivo seguir a performance do índice MSCI US Investable Market Real Estate 25/50. Sua carteira é composta por 170 papéis (REITs), que, somados, totalizam US$ 84,4 bilhões.
Desde a publicação, o ativo sobe cerca de 14% em dólares (19% em reais). Mesmo com o ativo próximo da máxima histórica, sigo confiante na categoria para o longo prazo – afinal, estamos tratando de uma tese com retorno médio de 10,9% a.a. na última década.
Em nossa visão, mesmo com a perspectiva de aumento dos juros no exterior (estimada para 2022/2023), o mercado imobiliário americano segue forte na alta dos preços.
Aliás, de acordo com estudo do S&P Dow Jones Indices, na história, desde 1970, houve seis períodos nos quais o retorno (yield) do Treasury de 10 anos (título do Tesouro americano) aumentou significativamente.
Em quatro deles, os REITs (representados pelo índice Nareit All Equity Total Return) tiveram retornos positivos, superando com folga inclusive as ações (representadas pelo Dow Jones e pelo S&P 500) em alguns deles.
Performance dos REITs em períodos de alta das taxas de juros longos
Período | Variação no Yield do US 10 Year Treasury | Retorno REITs | Retorno Ações |
Dez/76 - Set/81 | 8,5p.p. | 137,4% | 46,0% |
Jan/83 - Jun/84 | 3,1p.p. | 35,6% | 16,5% |
Ago/86 - Out/87 | 2,4p.p. | -10,1% | 10,9% |
Out/93 - Nov/94 | 2,6p.p. | -10,3% | 0,1% |
Out/89 - Jan/01 | 2,1p.p. | 27,4% | 27,8% |
Jun/03 - Jun/06 | 1,8p.p. | 108,2% | 37,6% |
Sem dúvida, a elevação das taxas de juros apresenta desafios para o mercado imobiliário – em condições normais e estáveis, os imóveis tendem a se desvalorizar (estamos observando essa dinâmica nos FIIs neste momento).
Entretanto, esse tipo de aumento normalmente é associado a outros fatores, tal como crescimento econômico e a alta da inflação, que também são capturados pelos imóveis, seja na redução da vacância ou na correção dos preços dos aluguéis.
Como resultado dessa situação, os REITs superaram o efeito adverso dos juros em vários dos cenários acima.
Nova alternativa de exposição ao VNQ
Infelizmente, o VNQ é um ETF negociado apenas na bolsa americana, acessada apenas via corretora internacional por brasileiros (Avenue, TD Ameritrade e Interactive Brokers são alguns exemplos).
Por mais que seja bem simples realizar o cadastro nessas instituições, nem sempre é o ideal para o investidor local em função de questões burocráticas e tributárias.
Dito isso, gostaria de chamar atenção para uma nova opção no mercado local: o Investo MSCI US Real Estate (ALUG11).
Trata-se de um ETF elaborado pela Investo Gestão de Recursos, primeira gestora independente no Brasil especializada em ETFs. A casa realizou o IPO do ativo no último mês, com as cotas negociadas na B3 a partir do final de outubro.
O fundo replica justamente o Vanguard Real Estate ETF (NYSE: VNQ), mencionado anteriormente.
É interessante comentar que além do ganho proveniente da renda das propriedades, o investimento em REITs também tem gerado ganho de capital relevante para os investidores que possuem esses ativos em seus portfólios.
O índice FTSE Nareit All Equity REITs (uma das referências do mercado) teve uma performance melhor do que o S&P 500 em 15 dos últimos 25 anos, com um retorno total (considerando os dividendos) de aproximadamente 10% ao ano no período.
Agora, fazendo um comparativo do retorno do índice Nareit com o VNQ, percebemos que ambos são correlacionados. Mas o Vanguard apresenta melhor resultado desde o seu início. Quando colocamos o Ifix (em dólar) na brincadeira, notamos uma grande discrepância.
Falando sobre a composição setorial do VNQ, o fundo possui uma maior participação em REITs especializados (data centers, torres, terras, depósitos, entre outros), seguidos pelos REITs residenciais e industriais.
Então é importante notar as várias opções de investimento lá fora, permitindo ao investidor se posicionar em tendências como o 5G – algo ainda distante das opções do mercado brasileiro, restrito a poucos segmentos da economia.
Bom, mas sem dividendos
É importante salientar que, ao contrário do que o nome sugere, o ALUG11 não paga aluguéis para o cotista, mas o gestor irá utilizar todos os dividendos recebidos pelo ETF para aumentar sua posição em ativos que compõem a carteira do fundo.
O ETF possui uma taxa de administração de 0,48% ao ano, além da taxa de administração do VNQ de 0,12% ao ano, totalizando uma taxa consolidada de 0,60% ao ano.
Trata-se de uma taxa um pouco acima da média do mercado, mas condizente com o tamanho atual da Investo e o momento do mercado de ETFs – onde não encontramos outros fundos nesse segmento.
Porém, caso gestoras como Itaú ou BlackRock decidam desenvolver um ativo similar, será possível apresentar uma taxa de administração mais competitiva, o que seria bem-vindo para os investidores. Então vale reforçar que, para quem possui conta lá fora, é mais econômico ter uma exposição direta ao ETF americano.
De forma geral, considero o investimento em ALUG11 uma maneira inteligente de diversificação em outras classes de ativos no mercado imobiliário, como também em moedas (uma vez que o ETF mantém a exposição cambial), fator muito importante para gerenciamento do portfólio no longo prazo.
Até a próxima,
Caio
Leia também:
- Meu principal fundo imobiliário para capturar a retomada dos escritórios é um legítimo FII de lajes corporativas triple A
- Onde investir para os próximos 3 anos: Uma trinca de fundos imobiliários para quem busca renda com isenção de imposto
- Os FoFs de fundos imobiliários foram muito castigados durante o ano? Confira uma opção atrativa para investir
Preços dos imóveis residenciais vendidos em São Paulo crescem abaixo da inflação no 1T25; no Rio de Janeiro, preços têm queda forte
Segundo levantamento do Quinto Andar, juros elevados limitam a alta dos preços; veja onde os imóveis foram vendidos mais caro e onde houve maior valorização
BTG Pactual Logística (BTLG11) quer colocar o portfólio do SARE11 na carteira; cotistas são convocados para decidir futuro do FII
Para a aquisição do portfólio completo do fundo imobiliário, o BTLG11 propõe duas possibilidades de pagamento
Vai declarar ações ou fundos imobiliários no imposto de renda 2025? Saiba como obter o CNPJ de todas as empresas e FIIs da B3
Informar no imposto de renda o CNPJ da empresa emissora da ação ou do fundo emissor da cota é obrigatório
Pátria Escritórios (HGRE11) vai lucrar milhões com venda de imóvel em região quente de São Paulo
A venda do ativo já estava no radar dos investidores, mas o anúncio dá fôlego às cotas do fundo imobiliário nesta sexta-feira (16)
Desdobramento de cotas: ALZR11, HFOF11 e HGBS11 estão em nova tendência entre FIIs; descubra qual está no Top 5 da Empiricus para investir em maio
Movimento recente de desdobramentos nos fundos imobiliários pode aumentar liquidez e atrair novos investidores. Veja o que muda e qual FII ganhou destaque na Empiricus.
Show de talentos na bolsa: Ibovespa busca novos recordes em dia de agenda fraca
Ibovespa acaba de renovar sua máxima histórica em termos nominais e hoje depende do noticiário corporativo para continuar subindo
FIIs oferecem retorno de IPCA+9%, com isenção de IR e desconto na bolsa; especialistas indicam dois ativos para investir
No podcast Touros e Ursos desta semana, Caio Araujo, da Empiricus, e Mauro Lima, da Inter Asset, comentam sobre oportunidades e momento do setor imobiliário
RBVA11 vende imóvel em São Paulo, cotistas lucram quase R$ 5 milhões e sinaliza mudança de perfil
O FII assinou um contrato para a alienação de um imóvel localizado no bairro Santa Cecília e que é locado para a Caixa Econômica Federal atualmente
Um acordo para buscar um acordo: Ibovespa repercute balanço da Petrobras, ata do Copom e inflação nos EUA
Ibovespa não aproveitou ontem a euforia com a trégua na guerra comercial e andou de lado pelo segundo pregão seguido
Descontos no aluguel de imóveis no Rio e em São Paulo atingem mínimas históricas, e inquilinos têm dificuldade em negociar
Índice de Aluguel QuintoAndar Imovelweb mostra descontos zerados em negociações de novos aluguéis no Rio de Janeiro e menor média para São Paulo em quatro anos
É o ano dos FIIs de papel? Fundos imobiliários do segmento renderam 4,4% em 2025, mas FIIs de tijolo cresceram no último mês
Na relação de preço pelo valor patrimonial dos fundos imobiliários, os dois setores seguem negociados com desconto neste ano
Onda de euforia nas bolsas: Ibovespa busca novos recordes na esteira do acordo entre EUA e China
Investidores também estão de olho no andamento da temporada de balanços e na agenda da semana
Por que os FIIs de shoppings estão bem e os FIIs de lajes corporativas seguem na lanterna — e em qual desses segmentos ainda vale investir
Fundos imobiliários de ambos os segmentos sofreram na pandemia e permanecem descontados na bolsa em relação ao valor dos seus imóveis, mas enquanto os FIIs de shoppings pegaram tração na recuperação, FIIs de escritórios apresentam fôlego menor
Uma janela para a bolsa: Ibovespa busca novos recordes em dia de IPCA e sinais de novo estágio da guerra comercial de Trump
Investidores também repercutem a temporada de balanços do primeiro trimestre, com destaque para os números do Itaú e do Magazine Luiza
Dividendo em risco: FII PVBI11 aumenta vacância e cotas caem forte em 2025, mas BTG vê valorização no horizonte
O fundo imobiliário vive momentos difíceis na bolsa; nos últimos 12 meses, acumula uma queda de 15,50%, mas nem tudo está perdido
Devedor de taxa de condomínio pode ter imóvel penhorado mesmo que o bem ainda esteja em nome do banco, em financiamento
Decisão do STJ reforça que dívida de condomínio é do imóvel, o que traz mais segurança aos condôminos que batalham com moradores inadimplentes
Fundo imobiliário campeão perde espaço e oito FIIs ficam entre os favoritos para investir em maio; confira o ranking
A saída de um gigante de shoppings abriu uma oportunidade única para os investidores: os dez bancos e corretoras procurados pelo Seu Dinheiro indicaram cinco fundos de tijolo e três FIIs de papéis neste mês
Bola de cristal monetária: Ibovespa busca um caminho em dia de Super Quarta, negociações EUA-China e mais balanços
Investidores estão em compasso de espera não só pelas decisões de juros, mas também pelas sinalizações do Copom e do Fed
A ‘xepa’ dos fundos listados: FIIs, FI-Infras e fiagros estão tão descontados na bolsa que gestores preferem comprar cotas a outros ativos
Em painel na TAG Summit, gestores afirmaram que está valendo mais a pena para os hedge funds imobiliários e FI-Infras comprar cotas de outros fundos da sua classe do que investir diretamente em ativos individuais
Fundo imobiliário Santander Renda de Aluguéis (SARE11) ganha inquilino e reduz vacância; confira quanto o FII vai embolsar com a locação
Até então, o imóvel localizado em Santo André apresentava vacância de 100%. O FII ainda prevê um impacto positivo com o aluguel