Como fica a bolsa se o plano de paz na política de Michel Temer funcionar
O que caminhava para ser mais uma semana ruim terminou com um alívio trazido pelo “Meu Malvado Favorito”. Qual a consequência para a bolsa?

Mesmo com feriado nos Estados Unidos (Dia do Trabalho, segunda-feira) e no Brasil (Independência, na terça), a semana foi agitada para os mercados. O que caminhava para ser mais uma semana ruim para a bolsa, em uma baixa intensificada pelas declarações do presidente no Sete de Setembro, terminou com um alívio trazido pelo "Meu Malvado Favorito": Michel Temer.
O ex-presidente abordou Bolsonaro em uma tentativa de influenciá-lo para abrandar o tom. Deu certo. O Planalto publicou uma nota oficial do presidente, em que ele declara respeito à Constituição e até tece elogios ao Ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.
As considerações ao ministro são notáveis especialmente porque este está diretamente envolvido ao inquérito das fake news.
O Ibovespa reverteu uma queda, que era de 0,5% na quinta-feira até o momento do comunicado, para fechar o dia em alta de 1,7% - coisa rara nos últimos dias, em que a bolsa vinha sofrendo com a incerteza gerada pelo ruído político. O mercado gostou e passou a precificar (parcialmente) um cenário de mais estabilidade.
Podemos discutir se a bandeira branca é sustentável ou não, e até que ponto o presidente conseguirá segurar o tom beligerante das suas falas.
Podemos especular, também, se o “Meu Malvado Favorito”, com o movimento, está se apresentando como uma alternativa de terceira via para as eleições de 2022. Entretanto, reconheço minha ignorância nesta seara e deixo o debate para os cientistas políticos.
Leia Também
Armistício
Meu foco, aqui, é analisar as consequências desse armistício para o investidor brasileiro. Porque, bem ou mal, o fato é que o presidente ouviu, aceitou e permitiu a intervenção.
Essa postura estava quase descartada pelos financistas, a julgar pelos preços de tela que vigoravam até o comunicado e pela reação vigorosa da bolsa depois dele.
Na matriz de probabilidades, os investidores estavam precificando uma chance não desprezível de ruptura institucional. Passado o comunicado, essa chance diminuiu e os preços reagiram de acordo.
Então, em um cenário de paz institucional, qual a consequência para a bolsa brasileira?
A relação causal mais direta vem simplesmente do sentimento dos investidores, tanto brasileiros quanto estrangeiros, em relação às empresas nacionais.
Porque, se um presidente que ameaçava romper com os outros poderes lança uma mensagem de paz, a segurança do ambiente de negócios aumenta para quaisquer (e todas) as empresas com operações em solo brasileiro.
Afinal de contas, se o respeito à Constituição não estava garantido, o que dizer sobre o respeito às emendas constitucionais e às leis comuns que regem os diversos setores da economia?
Quanto mais dias conseguirmos contar de uma postura moderada por parte do presidente, mais positivo é o efeito no sentimento dos investidores. É capital entrando no país e na bolsa, com efeitos diretos na rentabilidade dos ativos de risco.
O efeito de segunda ordem vem da oscilação da curva de juros. Funciona assim: quanto maior o risco do ambiente de negócio de um país (o que inclui riscos de regime político, de descontrole fiscal, de inflação, entre outros), mais retorno o investidor exige para entrar naquele mercado.
Com isso, as taxas pagas pelos títulos do Tesouro Nacional, principalmente os de vencimento longo, ficam mais altas — porque o investidor não topa entrar caso contrário.
Se o ambiente de negócios melhora, o investidor topa entrar com uma rentabilidade menor, simplesmente porque a segurança aumentou. Com isso, o preço dos títulos do Tesouro Nacional aumenta.
Observe, abaixo, como o valor da NTN-B 2035 — título público corrigido pelo IPCA — vinha caindo no ano, por causa das turbulências políticas, e aumentou abruptamente desde o fechamento de quarta-feira (mais de 1% até meio-dia de sexta-feira).
(Fonte: Bloomberg em 10 de setembro de 2021)
Essa melhora no juro longo causa uma diminuição no custo de capital do investidor, principalmente quando olhamos para horizontes de investimentos longos — caso das empresas de tecnologia. A taxa de desconto para cálculo de valuations diminui, fazendo o valor justo das empresas aumentar.
A reação das techs tupiniquins não poderia ser diferente: o comunicado, publicado por volta das 16h, causou um efeito nos 45 do segundo tempo, e fez com que Méliuz (CASH3), Enjoei (ENJU3), ClearSale (CLSA3) e Inter (BIDI11) fechassem o pregão com valorizações de 5%, 3%, 2% e 5%, respectivamente.
A afirmação sobre sustentar a postura moderada também vale aqui: quanto mais tempo de moderação, mais a reação positiva no juro longo se acumula, dia após dia.
Os benefícios de uma democracia estável são inúmeros, não só para nós como cidadãos, como também para o nosso bolso. O movimento da bolsa na semana foi uma demonstração perfeita disso.
Do nosso lado, torcemos para que a bandeira de paz se perpetue, e continuamos buscando as empresas que prosperam independentemente do cenário – ou o mais independentemente possível.
Um abraço,
Larissa
Braskem (BRKM5) na panela de pressão: petroquímica cai no conceito de duas das maiores agências de classificação de risco do mundo
A Fitch e a S&P Global rebaixaram a nota de crédito da Braskem de ‘BB+’ para ‘BB’ na última terça-feira. O que está por trás das revisões?
Época de provas na bolsa: Ibovespa tenta renovar máximas em dia de Caged, ata do Fed e recuperação judicial da Azul
No noticiário corporativo, o BTG Pactual anunciou a compra de R$ 1,5 bilhão em ativos de Daniel Vorcaro; dinheiro será usado para capitalizar o Banco Master
Azul (AZUL4) entra com pedido de recuperação judicial nos Estados Unidos e completa a lista de empresas em apuros no setor aéreo
Reestruturação da Azul contempla US$ 1,6 bilhão em financiamento, eliminação de US$ 2 bilhões em dívidas e até US$ 950 milhões em novos aportes de capital quando o processo se encerrar
BTG Pactual (BPAC11) compra R$ 1,5 bilhão em ativos de Daniel Vorcaro, e recursos serão usados para capitalizar o Banco Master
Operação faz parte do processo da venda do Master para o BRB e inclui a compra de participações na Light (LIGT3) e no Méliuz (CASH3)
Sem OPA na Braskem (BRKM5)? Por que a compra do controle por Nelson Tanure não acionaria o mecanismo de tag along
Especialistas consultados pelo Seu Dinheiro avaliam que não necessariamente há uma obrigatoriedade de oferta pública de Tanure pelas ações dos minoritários da Braskem; entenda
Ibovespa vai sustentar tendência mesmo com juros altos e risco fiscal? Sócio fundador da Polo Capital vê bom momento para a bolsa — mas há outros perigos no radar
No podcast Touros e Ursos desta semana, Cláudio Andrade, sócio fundador da gestora Polo Capital, fala sobre as perspectivas para a bolsa brasileira
Xô, penny stock: PDG Realty (PDGR3) recebe novo enquadro da B3 e terá que fazer mais um grupamento de ações
Após meses negociando as ações PDGR3 na casa dos centavos na bolsa brasileira, a incorporadora tentará outra vez aumentar as cotações dos papéis
Não dá mais para adiar: Ibovespa repercute IPCA-15 enquanto mudanças no IOF seguem causando tensão
Bolsas de Nova York voltam de feriado ainda reagindo ao mais recente recuo de Trump na guerra comercial
Subimos apesar do governo: quando a pior decisão é sempre a próxima
O Brasil parece ter desenvolvido uma habilidade peculiar — quase artística — de desperdiçar momentos estratégicos. Quando o mercado estende a mão em sinal de trégua, Brasília responde com um tropeço
Felipe Miranda: O último trem do sertão (ou do bull market)
Seja lá qual for a razão, os mercados atropelaram a notícia ruim do IOF, mostrando que há forças maiores em curso em favor do kit Brasil. Talvez essa seja a última parada do trem antes do verdadeiro bull market.
Sequoia (SEQL3) inicia execução de plano de recuperação extrajudicial com aumento de capital de R$ 104 milhões para quitar dívidas
Operação já vinha sendo discutida desde abril deste ano, após a Justiça ter dado sinal verde para a reestruturação de dívidas não financeiras da empresa
Grupo Toky, antiga Mobly (MBLY3), adia estreia do novo ticker TOKY3 para suas ações na B3; veja nova data
Estreia do código TOKY3 era para ter ocorrido nesta segunda (26); empresa alega questões técnicas da B3
Raízen (RAIZ4) dá mais um passo no processo de reestruturação, mas ações tombam mais de 7% na B3
A superintendência do Cade aprovou a venda de um grupo de projetos de usinas solares distribuídas (GD) para o Patria Investimentos
Nubank (ROXO34), Mercado Livre (MELI34) e XP (XPBR34): B3 seleciona os BDRs elegíveis para compor o novo índice que é um Ibovespa estendido
Novos ativos poderão compor o índice Bovespa B3 BR+ a partir do rebalanceamento de setembro
Bradesco (BBDC4) faz Banco do Brasil (BBAS3) comer poeira na disputa por valor de mercado após balanços do 1T25. O que fazer com as ações?
Após entregar um balanço mais forte que o esperado, o Bradesco ganhou fôlego e superou a avaliação do Banco do Brasil na bolsa brasileira
Por que o maior acionista da dona do Burger King no Brasil (ZAMP3) quer tirar de vez a Zamp da bolsa brasileira
Após quase três anos desde a última tentativa, a discussão sobre uma potencial OPA pelas ações da Zamp voltou à mesa do fundo árabe Mubadala
Tijolo por tijolo: Ibovespa busca caminho de volta a novos recordes em meio ao morde-assopra de Trump e feriado nos EUA
Depois de ameaçar com antecipação de tarifas mais altas à UE, agora Trump diz que vai negociar até 9 de julho
Novo IOF pode diminuir lucro de varejistas: JP Morgan avalia Magazine Luiza (MGLU3), Assaí (ASAI3) e Natura (NTCO3) como as mais afetadas
O maior impacto, segundo os analistas, é para os fornecedores das empresas, mas repasse pela cadeia é uma possibilidade que deságua em maiores preços para os clientes na ponta
Nelson Tanure quer abocanhar a Braskem (BRKM5)? Ações da petroquímica sobem forte na B3 com rumores de oferta
A performance da petroquímica hoje vem na esteira de notícias de que Nelson Tanure quer abocanhar um pedaço da empresa
Foi com emoção: JBS (JBSS3) consegue aprovar dupla listagem, após votação apertada
Votação parcial divulgada na véspera mostrava uma pequena diferença de 3,43 pontos percentuais pela rejeição da proposta