Antes da pior fase da crise de 2008, que culminou com a quebra do banco Lehman Brothers, o médico Michael Burry fez um diagnóstico que ia na contramão do consenso. Ele apostou em uma quebra do mercado imobiliário americano — enredo que é contado no filme A Grande Aposta (The Big Short, em inglês).
Meses depois, a bolha estourou e Burry entrou para a história com alguns milhões no bolso.
Mais recentemente, o mesmo Burry começou a criticar mais intensamente o mercado de criptomoedas, alegando que existe uma alavancagem muito alta com as stablecoins, as moedas com lastro em uma divisa real, como o dólar.
Em outras palavras, as pessoas tomam dinheiro emprestado para investir em criptomoedas, o que, na visão dele, pode levar a uma implosão do mercado durante um ciclo de baixa.
Será que Burry vai acertar novamente? E quais os efeitos do estouro dessa possível "bolha" para o mundo cripto?
“Se o mercado entrar em um bear market momentâneo, a gente pode ver esse efeito dominó grave, mas eu ainda não vejo nenhum sinal de que isso está prestes a acontecer”, afirma Marcelo Miranda, fundador da holding Finchain e com mais de 20 anos de experiência no mercado financeiro tradicional.
Em entrevista ao Papo Cripto, ele destaca o otimismo do mercado de criptomoedas para o final do ano, mas ressalta que um momento de baixa nas cotações pode ser mais duro do que o “grande inverno” de 2018 e 2019.
Os perigos de uma regra dura
Os Estados Unidos estão em um momento de discussão sobre a regulamentação de stablecoins. Na visão das autoridades, essas moedas são muito parecidas com os bancos, portanto deveriam ser enquadradas nas mesmas regras de instituições financeiras.
Mas as leis que regulam os bancos nos Estados Unidos são consideradas muito rígidas, o que pode fazer com que algumas empresas busquem outros países para desenvolver seus projetos em stablecoins — e essa movimentação pode afetar diretamente o preço de criptomoedas como o bitcoin (BTC) e o ethereum (ETH).
No Papo Cripto #006, o fundador da holding Finchain e eu comentamos os principais assuntos que movimentaram o mercado de criptomoedas. Na entrevista, Miranda também comenta o motivo pelo qual prefere o ethereum (ETH) ao bitcoin (BTC).