Uma das expressões preferidas do meu pai é o “bode na sala”. Sempre que algum assunto desperta ódio ou paixão, está lá o caprino entre o sofá e a televisão.
Goste dele ou não, está ali, atrapalhando a passagem e fazendo as necessidades onde bem entende e, é claro, gerando incômodo. Em geral, falamos do tal bode sempre que não dá para ignorar um tema espinhoso — ou, no caso, “chifroso”.
Então vamos colocar o bode na sala e falar do bitcoin (BTC), que desperta dores e amores dos investidores. A principal criptomoeda do mercado já foi chamada de “dinheiro de tráfico”, “moeda que não existe” e “bolha” desde a sua criação lá nos idos de 2009.
É verdade que o mercado das criptomoedas é muito volátil. As altas e baixas do mercado atingem os dois dígitos com facilidade e assustam os pequenos e grandes investidores. Não dá para negar que é um verdadeiro “teste para cardíaco”, ao melhor estilo Galvão Bueno.
Alguns figurões e gurus do mercado não querem nem saber: não olham a alta do bitcoin nos últimos anos e têm calafrios só de pensar em criptomoeda.
Por outro lado, existem outros que são entusiastas do bitcoin, como o bilionário Elon Musk, que frequentemente chacoalha os mercados com sua conta no Twitter.
Além dele, confira aqui outros três céticos e três "convertidos" ao bitcoin:
Luiz Barsi, o brasileiro do contra
Um dos maiores investidores pessoa física da bolsa brasileira, Luiz Barsi é um conhecido cético das criptomoedas. Em uma fala polêmica em seu canal do YouTube, ele afirmou que “bitcoin não existe” e que as criptomoedas não passam de “fantasmas”.
Aqui no Seu Dinheiro, nós já falamos sobre o mito de que o bitcoin e outras criptomoedas não existem. É verdade que o bitcoin não tem lastro, mas dizer que um investimento que acumula US$ 617 bilhões em valor de mercado não existe é outra história…
Warren Buffet, o gigante do contra
O Oráculo de Omaha também é outro grande investidor que não acredita na existência do bitcoin. Um dos sócios de Buffet, Charlie Munger, disse que todo o "maldito desenvolvimento" do bitcoin e outras criptomoedas "é repugnante e contrário aos interesses da civilização".
Mas para além do ceticismo, alguns atribuem a desconfiança que o bilionário tem do bitcoin a um de seus princípios como investidor: “não invisto no que não conheço”. Além disso, o investimento em criptomoedas é altamente especulativo, e o guru não é fã de especular em ativos.
Bill Ackman, do contra, mas...
O fundador da Pershing Square Capital Management, uma gestora de fundos hedge, também acredita que o bitcoin é puramente especulativo. "Só vale quando alguém vai comprar de você", disse Ackman em um webinar apresentado pela Sinagoga da Quinta Avenida, com sede em Nova York.
Entretanto, o gestor investe em criptoativos, em especial o token Helium (HNT), uma rede de conexão de internet descentralizada.
"Ao implantar um dispositivo simples na sua casa ou escritório, você pode fornecer à sua cidade quilômetros de cobertura de rede de baixo consumo de energia para bilhões de dispositivos e ganhar uma nova criptomoeda, o HNT", diz o site da Helium. Ackman disse que o Helium pode "motivar as pessoas a construir uma rede sem fio global".
Steve Cohen, o convertido
O chefe da Point72 Asset Management, bilionário estrategista e um dos traders mais bem-sucedidos da atual geração, Steve Cohen é um dos convertidos à criptomoeda.
“Eu estou completamente convertido às criptomoedas. Você tem que pagar para aprender, não tem outro jeito. Você pode falar o quanto quiser falar, mas você tem que entrar no jogo para valer”, comentou ele em uma entrevista com Jawad Mian, autor e fundador do Stray Reflections.
Carl Icahn, um convertido agressivo
Dono de uma fortuna de mais de US$ 15 bilhões, Carl Icahn é um ex-conselheiro do ex-presidente norte-americano, Donald Trump.
Ele chegou a afirmar, em dezembro de 2017, que o bitcoin era uma bolha financeira, e que, de fato, não entendia como funcionava — e que foge de coisas que não entende.
Mas em maio deste ano, o grupo dos convertidos ganhou mais um membro quando Icahn falou, em uma entrevista à Bloomberg, que estaria disposto a colocar até US$ 1,5 bilhão em criptomoedas.
Ele mencionou que queria fazer uma entrada massiva no mercado e acredita que alguns ativos podem ser mais duradouros do que outros. Ele acrescentou que ativos criptográficos podem ser uma proteção contra a inflação.
Mark Lasry, o arrependido
Esse não é exatamente um caso de conversão, mas de excesso de cautela. Em uma entrevista à CNBC, Lasry afirmou que deveria ter comprado mais bitcoins em 2018, quando o preço da criptomoeda estava em aproximadamente US$ 7.500.
Ele chegou a prever que mais gente usaria a moeda e que ela se tornaria realmente um sucesso de mercado. Entretanto, a falta de informações e interesse dos investidores na época o fez colocar pouco dinheiro nesse novo investimento.
Lasry não chegou a dizer o quanto havia investido, mas chegou a prever que a criptomoeda poderia chegar a valer até US$ 100 mil.