Auditoria em contrato com a Odebrecht pode ser abortada
Após a auditoria do BNDES nas operações da JBS apontar inexistência de indícios de irregularidade e gastar R$ 48 milhões, avaliação é que “não faz mais sentido” gastar recursos
A conclusão da auditoria nas operações do BNDES com a JBS levaria a instituição a um segundo passo nas investigações: a apuração de eventuais indícios de irregularidades nos contratos com a Odebrecht. Esse era o cronograma original acertado pelo banco de fomento no ápice dos escândalos de corrupção e acusações de "caixa-preta", em 2017. O plano, porém, pode ser abortado, segundo apurou o jornal O Estado de São Paulo/Broadcast.
Após a auditoria nas operações da JBS apontar inexistência de indícios de irregularidade e, ao mesmo tempo, gerar polêmica pelo custo de R$ 48 milhões revelado pelo jornal O Estado de São Paulo, a avaliação interna no banco é que "não faz mais sentido" gastar recursos com esse tipo de auditoria externa.
O acerto foi feito em 2017 entre o BNDES e a KPMG, seu auditor independente. Na esteira das delações de executivos da Odebrecht e da JBS, a KPMG sinalizou que não estava confortável com os resultados das apurações internas do banco (com comissões instauradas pela ex-presidente Maria Silvia Bastos Marques) e que poderia não assinar as demonstrações contábeis da instituição.
A assinatura do auditor funciona como uma espécie de "selo" de que os registros são fidedignos e confiáveis. No auge das investigações da Operação Lava Jato, no fim de 2014, a Petrobrás deixou de publicar o seu balanço após o auditor independente se recusar a assinar o documento. O episódio teve repercussão extremamente negativa sobre a companhia, que acabou divulgando, no início de 2015, um balanço não auditado ainda sem registrar as perdas com a corrupção na empresa.
Diante do ocorrido com a Petrobrás, o BNDES avaliou que teria muito a perder caso a KPMG não assinasse seu balanço. Como o auditor sinalizou que o compromisso com uma auditoria externa sobre as operações mais problemáticas resolveria o impasse, o banco acertou o cronograma.
A JBS foi o foco inicial porque a delação dos irmãos Joesley e Wesley Batista era a mais recente e explosiva. Para isso, foi aproveitado um contrato já existente com a Cleary Gottlieb Steen & Hamilton LLC, que assumiu a auditoria forense após o primeiro escritório internacional que tinha contrato com o BNDES alegar impossibilidade por "conflito de interesse". O banco optou por uma consultoria do exterior para garantir que os resultados seriam reconhecidos pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos, que também voltou suas atenções para as operações suspeitas.
Auditoria. Ao fim do trabalho com as operações da JBS, viria a auditoria sobre as operações com a Odebrecht. Em uma reunião do conselho de administração do BNDES, em 12 de novembro de 2018, a diretoria do banco destacou que a auditoria forense em relação às exportações relacionadas à Odebrecht "não foi incluída no escopo do contrato em epígrafe, pois o volume já conhecido de dados a analisar extrapola a margem (de custo) existente no contrato OCS n.° 270/2015". De acordo com a ata da reunião, a diretoria citou a necessidade de contratar uma nova auditoria, em separado, para a avaliação das operações com a Odebrecht.
Segundo apurou a reportagem, o BNDES chegou a fazer uma pesquisa de preços para a nova auditoria, mas não houve avanço. Agora, a avaliação é de que esse segundo passo não deve vingar "por não ser necessário".
De acordo com uma fonte ouvida pelo jornal O Estado de São Paulo/Broadcast, a contratação do Cleary para analisar as operações com a JBS foi feita porque após a KPMG demandar uma avaliação externa, nenhuma outra empresa quis assumir o trabalho de auditar o BNDES em meio ao furacão das delações por temer "riscos na reputação".
Procurada, a KPMG no Brasil informou que "por motivos de cláusulas de confidencialidade está impedida de se manifestar". O BNDES não se pronunciou.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
BNDES vai comprar R$ 8,7 milhões em créditos de carbono; conheça os detalhes deste mercado
A ideia do BNDES é realizar novas chamadas, investindo de R$ 100 a R$ 300 milhões na compra de créditos de carbono nos próximos dois anos
Oi (OIBR3) reverte lucro e tem prejuízo de R$ 1,669 bilhão no 4T21; veja os destaques do balanço
No negócio de fibra, um dos focos da “nova Oi”, a empresa chegou a 3,4 milhões de casas conectadas, com uma receita anual de R$ 2,9 bilhões
Oi (OIBR3) usa dinheiro de venda a rivais para quitar dívida bilionária com o BNDES; valor foi o maior já recuperado na história do banco
A operadora desembolsou R$ 4,6 bilhões para liquidar dívidas de contratos celebrados em 2009 e 2012
BNDES segue plano estratégico e vende mais 50 milhões de ações da JBS (JBSS3) nesta quarta-feira (16); papéis recuam mais de 3%
O primeiro block trade do BNDES foi feito em dezembro, com a venda de 70 milhões de ações. Após a finalização da operação, o BNDES ainda deterá 19,5% do capital da JBS
BNDES vai emprestar R$ 200 milhões para concessão rodoviária, garantia será o próprio projeto; entenda
Embora o valor seja pequeno para os padrões do banco de fomento, é mais um passo para diversificar os instrumentos de crédito à infraestrutura, já que o empréstimo foi estruturado com um “project finance non recourse”
A crônica de uma saída anunciada: BNDES vende 12% de sua participação na JBS (JBSS3) e inicia desinvestimento
Operação de block trade ocorreu na manhã de hoje e movimentou R$ 2,66 bilhões
‘Não é função de um banco público ficar carregando R$ 120 bilhões em ações’, diz presidente do BNDES
Gustavo Montezano afirmou que banco seguirá vendendo participações em empresas, hoje estimadas em R$ 70 bilhões, e redirecionará recursos para financiar projetos de infraestrutura e de apoio a micro e pequenas empresas
BNDES abre linha de mais de US$ 500 milhões para financiar exportação de 24 jatos da Embraer
A entrega dos jatos à SkyWest Airlines começou em agosto do ano passado e deve se estender até abril do ano que vem
AES Brasil (AESB3) levanta R$ 1,1 bilhão em oferta restrita de ações
Oferta poderia ter ultrapassado a marca de R$ 1,5 bi, mas lote secundário acabou retirado a pedido do BNDESPar
BNDES vira ‘sócio’ da Mesbla e de outras empresas que não existem mais
O BNDES ressaltou que as ações de firmas “em processos de recuperação ou falência ou outras situações inoperantes” foram “incorporadas” ao balanço da BNDESPar, a empresa de participações do banco, “sem nenhum custo para sua aquisição”
Leia Também
Mais lidas
-
1
Tchau, Vale (VALE3)? Por que a Cosan (CSAN3) vendeu 33,5 milhões de ações da mineradora
-
2
Meu pai me ajudou a comprar um imóvel; agora ele faleceu, e meu irmão quer uma parte do valor; foi adiantamento de herança?
-
3
Sabesp (SBSP3): governo Tarcísio define modelo de privatização e autoriza aumento de capital de até R$ 22 bilhões; saiba como vai funcionar