O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) selecionou cinco propostas em uma chamada piloto que previa a compra de até R$ 10 milhões em créditos de carbono. A chamada foi lançada em março e os projetos selecionados somam R$ 8,7 milhões em créditos.
Os cinco projetos selecionados na chamada piloto do BNDES foram desenvolvidos por Biofílica, Solví, Sustainable Carbon, Carbonext e Tembici.
A chamada pública contemplava projetos de conservação de florestas, recuperação de áreas degradadas ou de energia limpa. Os projetos selecionados incluem conservação de florestas, substituição de veículos e geração de energia.
As propostas são desenvolvidas por consultorias especializadas, junto a proprietários de terras com mata nativa, entidades sem fins lucrativos que trabalhem com comunidades locais ou empresas que detenham plantas de geração de energia, entre outros.
A ideia do BNDES é repetir a dose em novas chamadas para comprar créditos de carbono. Quando anunciou a chamada piloto, em março, o diretor de Participações, Mercado de Capitais e Crédito Indireto do BNDES, Bruno Lascowsky, disse que o plano da instituição de fomento é fazer um movimento "robusto e substancial", investindo de R$ 100 milhões a R$ 300 milhões na compra de créditos nos próximos dois anos.
Como funcionam os créditos de carbono
O crédito de carbono funciona como uma ferramenta utilizada por empresas para compensar sua pegada de carbono, ou seu impacto negativo sobre o ambiente derivado de atividades que emitam gases de efeito estufa.
O crédito certifica que uma tonelada desses gases prejudiciais teve sua emissão evitada ou capturada por meio de algum projeto em algum lugar do mundo.
Por sinal, vale destacar que os processos de certificação são muito longos e costumam levar pelo menos de três a quatros anos.
Sendo assim, muita gente entende o crédito de carbono como uma commodity do futuro ou até mesmo uma possível nova grande moeda global, já que o crédito é um ativo digital, dolarizado, perene (não expira no mercado voluntário) e globalmente reconhecido, tornando-se, assim, uma espécie de reserva de valor.
Para saber mais sobre o funcionamento deste mercado, vale ler a coluna completa de Matheus Spiess, que trata do assunto com maior profundidade:
- O futuro bate à nossa porta: entenda a importância da regulamentação do mercado de carbono no Brasil
Conheça os projetos selecionados pelo BNDES
Dos onze projetos que ofereceram créditos de carbono ao banco de fomento, cinco foram escolhidos. O projeto da Biofílica Investimentos Ambientais prevê a conservação ambiental numa área de 94.289 hectares nos municípios de Machadionho d'Oeste e Cujubum, em Rondônia, em conjunto com a Associação dos Moradores de Reserva Extrativista Rio Preto - Jacundá e Ribeirinhos do Rio Machado - Asmorex.
A Carbonext Tecnologia em Soluções Ambientais também apresentou um projeto de conservação florestal e ações de desenvolvimento social e de biodiversidade em Bujari (Acre), em uma área de 20.669 hectares, em parceria com a Copacabana Agropecuária, Leblon Agropecuária, Ipanema Agropecuária e Bela Aliança Agropecuária.
A Revita Engenharia foi selecionada com um projeto de geração de energia a partir de metano em aterro sanitário localizado em Quatá (São Paulo). A Sustainable Carbon, em parceria com a Cerâmica Gomes de Mattos, propuseram um projeto de substituição de combustível por biomassa renovável em Crato (Ceará).
A Tembici Participações é a empresa que opera os sistemas de aluguel compartilhado de bicicletas em diversas cidades, incluindo São Paulo e Rio. Seu projeto, em parceria com a Transportes Sustentáveis e a M2 Soluções em Engenharia, gerará créditos de carbono com a "troca de combustível na matriz de transporte", informou o BNDES. A poluição provocada pelos veículos que transportam as bicicletas entre as estações de aluguel está entre as maiores fontes de emissões de gases do efeito estufa da empresa.
*Com informações do Estadão Conteúdo