‘O País tem condições de zerar a pobreza’
Para o economista Renato Paes de Barros, além de um programa que garanta uma renda mínima às camadas mais vulneráveis, é necessário fazer a inclusão produtiva para que o trabalhador incremente sua renda e alcance autonomia.
A unificação de benefícios como abono salarial, seguro-desemprego, Bolsa Família e salário família poderia abrir caminho a um programa social que transfira R$ 100 bilhões a R$ 120 bilhões à população mais vulnerável, com uma renda que vá de R$ 200 a R$ 300 por pessoa, diz o economista Ricardo Paes de Barros ao Estadão/Broadcast. "O Brasil tem condições de zerar a pobreza", afirma ele, que é professor do Insper, economista-chefe do Instituto Ayrton Senna e um dos formuladores do programa Bolsa Família.
Para Paes de Barros, além de um programa que garanta uma renda mínima às camadas mais vulneráveis, é necessário fazer a inclusão produtiva para que o trabalhador incremente sua renda e alcance autonomia. Confira os principais trechos da entrevista.
Qual o perfil mais adequado para a reformulação dos programas sociais, dada a realidade brasileira?
Tem um aspecto que talvez todo mundo concorde, a gente tem de aproveitar o momento para unificar todos os programas. Ao longo das últimas décadas, criamos uma potente rede de proteção social. Se juntarmos tudo, Bolsa Família, abono salarial, salário família e seguro-desemprego, entre outros programinhas, chegamos a mais de R$ 100 bilhões por ano. Quem tem R$ 100 bilhões, dá para fazer uma rede de proteção social bastante significativa, se tentarmos fazer isso de maneira focalizada. Ou seja, chegar prioritariamente com mais recursos para quem mais precisa.
Qual é o caminho depois do auxílio emergencial?
Todo mundo está de acordo que tem de unificar. Essa unificação é importante por dois fatores. Um fator é que vai ficar mais fácil para cada trabalhador perceber o quanto ele está seguro, porque existe uma rede de proteção. Com uma rede fragmentada como é hoje, dependendo da situação, ele recebe um benefício ou outro. A transição entre os programas não é muito clara. O trabalhador está sempre com medo de perder o Bolsa Família com carteira assinada. À medida que unifica e a transição é mais disciplinada e garantida, vai dar mais segurança. O segundo ponto é que, com a fragmentação, o trabalhador fica mais na defensiva, e depois que ele está recebendo o benefício fica reticente a mudar.
Leia Também
Como é o foguete que o Brasil vai lançar em dezembro (se não atrasar de novo)
Liquidação do Banco Master não traz risco sistêmico, avalia Comitê de Estabilidade Financeira do BC
O que fazer?
Tem de ajustar a legislação de tal maneira que esse cara se torne visível, protegido. Ele é incentivado a trabalhar e não com desestímulo, cobrando impostos igual cobramos hoje contribuição previdenciária daquele trabalhador que ganha um salário mínimo. A ideia é: vamos juntar tudo que temos, o grau de proteção fica mais visível, simplifica as regras do jogo e cria incentivos para ele buscar autonomia financeira. Esse é o futuro.
E o financiamento?
Dá para fazer isso com o dinheiro que já gastávamos antes do auxílio emergencial, R$ 100 bilhões por ano. Lembrando que a metade dos trabalhadores, cerca de 50 milhões, vive mais ou menos com R$ 350 bilhões por ano (soma da renda total desses trabalhadores). O Brasil tem 100 milhões de trabalhadores. Nossa rede é um quarto dos trabalhadores. Se ela for focada, é poderosa. Hoje, o Brasil facilmente conseguiria garantir R$ 200 per capita para todos os brasileiros. Até mais, talvez. Isso se quiser focalizar. Se não quiser, no máximo R$ 100. Não mais do que isso.
A focalização é importante?
Como na focalização só se transfere renda para quem realmente precisa, tem de transferir menos renda para quem não precisa. A desvantagem é que a focalização funciona com um imposto. Quanto menos vulnerável e mais rico você é, menos recebe. Isso é uma espécie de Imposto de Renda negativo.
O que o sr. inclui nesses R$ 100 bilhões a R$ 120 bilhões do que a gente tem para unificar e colocar de pé o programa?
Bolsa Família, abono salarial, seguro-desemprego, salário família, esses são os principais. E pode pegar um pedaço do FGTS que vai para os trabalhadores pobres. Isso dá mais de R$ 100 bilhões.
Qual pode ser o impacto do novo programa na pobreza e na extrema pobreza, considerando que a crise deve aumentar o número de famílias nessas situações?
Vai depender muito de qual é o programa. O Brasil tem condições de praticamente zerar a pobreza e a extrema pobreza. Não é muito difícil para o Brasil não ter nenhuma pessoa com renda abaixo de R$ 200. Do ponto de vista fiscal, do que a gente gasta hoje, isso é possível. Envolve um conhecimento de quem é mais pobre e de quem é menos pobre, identificar exatamente quem está com uma renda muito abaixo de R$ 200 e transferir uma quantidade de renda significativa para essas pessoas. É uma questão de a gente se organizar e conseguir ter a informação necessária de quem são essas pessoas. Obviamente tem pessoas que vão perder para aquelas que mais precisam ganharem.
Qual é o valor do cadastro do auxílio emergencial nesse contexto? Ao mesmo tempo em que o governo detectou milhões de invisíveis, vemos uma série de casos de pessoas recebendo indevidamente.
Neste momento, isso era impossível ser evitado. A gente sabe que é um momento emergencial, de praticamente transferir renda para quem declarar que precisa sem perguntar muito mais. Mas certamente existem pessoas que vão tentar usar essa emergência para obter aquilo que elas não estão precisando. No longo prazo, tem de montar um sistema de informações de tal maneira que você conheça essa população para não cometer erros de forma significativa.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
A proposta do FGC para impedir um novo caso ‘Banco Master’ sem precisar aumentar o colchão do fundo
Com maior resgate da história do FGC, o caso Banco Master acelera discussões sobre mudanças nas regras do fundo e transparência na venda de CDBs
Pagamentos do Bolsa Família e Gás do Povo chegam a beneficiários com NIS final 8 nesta quarta (26)
O pagamento do benefício ocorre entre os dias 14 e 28 deste mês e segue ordem definida pelo último número do NIS
Quanto vai ser o salário mínimo de 2026 e o que ainda falta para ele entrar em vigor
O novo piso salarial nacional para 2026 já foi proposto, mas ainda aguarda aprovação; saiba o que ainda falta
Mega-Sena paga prêmio de quase R$ 15 milhões na ‘capital nacional do arroz’; bola dividida deixa Lotofácil em segundo plano
Enquanto a Mega-Sena saiu para uma aposta simples, a Lotofácil premiou um total de 11 apostadores; as demais loterias da Caixa acumularam ontem (25).
2026 sem alívio: projeções do Itaú indicam juros altos, inflação resistente e dólar quase parado
Cenário deve repetir 2025, apesar de R$ 200 bilhões em impulsos fiscais que turbinam o PIB, mas mantêm pressão nos preços
Um problema para o sistema elétrico? Por que a Aneel quer cortar o excedente de energia renovável
Agência aprova plano emergencial para evitar instabilidade elétrica em a excesso de energia solar e eólica
Uma vaca de R$ 54 milhões? Entenda o que faz Donna valer mais que um avião a jato
Entenda como Donna FIV CIAV alcançou R$ 54 milhões e por que matrizes Nelore se tornaram os ativos mais disputados da pecuária de elite
Foi vítima de golpe no Pix? Nova regra do Banco Central aumenta suas chances de reembolso; entenda como funciona
Nova regra do Banco Central reforça o MED, acelera o processo de contestação e aumenta a recuperação de valores após fraudes
BRB no centro da crise do Master: B3 exige explicações sobre possíveis operações irregulares, e banco responde
Em março, o banco estatal de Brasília havia anunciado a compra do Master, mas a operação foi vetada pelo Banco Central
Nova lei do setor elétrico é sancionada, com 10 vetos do governo: veja o que muda agora
Governo vetou mudança na forma de averiguar o preço de referência do petróleo, pois a redefinição da base de cálculo “contraria o interesse público”
Um conto de Black Friday: como uma data que antes era restrita aos Estados Unidos transformou o varejo brasileiro
Data que nasceu no varejo norte-americano ganhou força no Brasil e moldou uma nova lógica de promoções, competição e transparência de preços.
Lotofácil tem 24 ganhadores, mas só 3 vão receber o dinheiro todo; Timemania pode pagar (bem) mais que a Mega-Sena hoje
Seis bilhetes cravaram as dezenas válidas pela Lotofácil 3545, sendo três apostas simples e três bolões; todas as demais loterias sorteadas ontem acumularam
13º salário atrasou? Saiba o que fazer se o empregador não realizar o pagamento da primeira parcela até sexta-feira (28)
O prazo limite da primeira parcela do 13° é até a próxima sexta-feira (28), veja o que fazer caso o empregador atrase o pagamento
Seu Dinheiro figura no Prêmio +Admirados da Imprensa de Economia, Negócios e Finanças 2025
Site contou com três jornalistas na primeira seleção que escolhe os 50 mais admirados do país
“O Banco Central não se emociona”, diz Galípolo; juro vai se manter restritivo até que inflação chegue à meta de 3%
Em evento da Febraban, o presidente do BC destacou o papel técnico da autarquia para controlar a inflação, sem influência da “questão midiática”
Defesa de Daniel Vorcaro, dono do Banco Master, pede habeas corpus para o banqueiro ao STJ
Ele recebeu voz de prisão de um policial federal à paisana no momento em que passava no raio-x do Aeroporto de Guarulhos para sair do Brasil na segunda-feira passada (17)
STF mantém prisão preventiva de Bolsonaro; entenda o que acontece agora
A ministra Cármen Lúcia foi a última a votar e apenas acompanhou o relator, sem apresentar voto escrito. Além dela, Alexandre de Moraes, Flávio Dino e Cristiano Zanin votaram para confirmar prisão preventiva
Taxa Selic vai voltar para um dígito, segundo economistas, mas só em 2028 — já a inflação deve continuar acima da meta por bastante tempo
Boletim Focus desta segunda diminuiu a projeção de juros para 2026 e 2028, projetando pela primeira a Selic em 9,75% em 2028
Agenda da semana tem IPCA-15, inflação nos Estados Unidos e feriado de Ação de Graças em Wall Street
Semana traz agenda intensa de indicadores que incluem a prévia da inflação local e o PCE, índice de inflação favorito do Federal Reserve
Balanço do G20: Lula defende governança soberana em minerais críticos e IA e promete data para assinatura de acordo Mercosul-UE
Presidente discursou no evento sobre minerais como terras raras e inteligência artificial; a jornalistas, prometeu assinatura de acordo comercial para 20 de dezembro