🔴 ESTA FERRAMENTA PODE MULTIPLICAR SEU INVESTIMENTO EM ATÉ 285% – SAIBA MAIS

Estadão Conteúdo
As consequências da crise

‘Crise pode levar Estado a ter papel maior na economia’, diz economista-chefe do Banco Mundial na AL

Economista-chefe do Banco Mundial para América Latina e Caribe, Martin Rama, diz que a maior preocupação não deve ser o número recorde de queda do PIB brasileiro, mas sim as consequências para empresas e para a população

Símbolo do Banco Mundial
Banco Mundial - Imagem: Shutterstock

Com a tarefa de medir os impactos econômicos e sociais de uma crise sem precedentes, o economista-chefe do Banco Mundial para América Latina e Caribe, Martin Rama, diz que a maior preocupação não deve ser o número recorde de queda do PIB brasileiro (a instituição projeta uma retração de 5% em 2020, que seria a maior em 120 anos), mas sim as consequências para empresas e para a população. "É como se pensa: esperemos o melhor, projetemos o pior", diz ele em entrevista ao Estadão/Broadcast.

Segundo ele, não se trata de confrontar "custos humanos" com a pandemia do novo coronavírus e "custos materiais" com a perda de empregos. Ele adverte, porém, que os países devem se preparar para uma série de riscos econômicos decorrentes da crise, como a necessidade de dar suporte direto a empresas e bancos.

O Banco Mundial projeta uma queda forte da atividade na América Latina em 2020, mas uma recuperação já em 2021. Há risco de frustração?

A base da projeção da recuperação é a seguinte: as três maiores economias do mundo têm os meios para enfrentar a crise. Estados Unidos e Europa colocaram em marcha programas muito amplos de estímulo fiscal, monetário, com garantias. Isso nos faz pensar que é uma parada temporária, que podemos recuperar. China também tem capacidade de organizar uma recuperação e já estamos começando a ver isso aos poucos. Essas três economias são muito importantes para América Latina.

Em 2020, as quedas são expressivas. Só no Brasil, um tombo de 5%. A que se deve isso?

As razões para sermos tão pessimistas em 2020 são que agora estamos vendo a primeira onda do choque. A primeira onda é um choque de demanda, um choque financeiro, que vem de fora, e um choque de oferta porque muitas pessoas não podem sair para trabalhar. Se isso se prolonga e começamos a ter queda na demanda por gente que perde o emprego, começa a ter empresas sem condições de pagar suas dívidas e que geram problemas no setor financeiro. Neste caso, podemos ter um impacto mais forte do que vemos por agora.

Nos Estados Unidos, o número de vítimas e mortes é um alerta do impacto que a pandemia ainda pode ter nesse país?

Se (o governo) decide atacar a epidemia fortemente, há menos mortes, mas ao mesmo tempo há menos atividade econômica. Os países têm lidado com essas opções de maneiras diferentes. Em países grandes como Estados Unidos e Brasil, tem mais sentido diferenciar por Estados. A forma de lidar com um Estado com alta densidade de população não é a mesma do que em Estados onde os contatos naturais entre as pessoas são muito menores mesmo em tempos normais. Há muita incerteza sobre como lidar com os dois custos, e a receita pode mudar muito de acordo com a característica do lugar, qual é a capacidade do sistema de saúde nesse Estado.

Em alguns países, a discussão entre o combate à pandemia o combate à crise econômica é colocado como um dilema. Isso é um dilema de fato?

Não é uma questão de confrontar custos humanos e custos materiais. Uma crise (econômica) também tem custos humanos, quando as pessoas ficam sem emprego, sem renda, quando as crianças não podem continuar estudando ou fazer outras coisas. Quando o mercado de trabalho está desaquecido, é um custo a mais. Portanto, é uma decisão entre os custos.

Países como o Brasil desenharam programas de apoio a trabalhadores e cidadãos com duração de três meses. É suficiente ou será necessário ampliar?

Parece prudente começar com um tempo de duração curto, exatamente pela incerteza. Se lança agora um apoio muito duradouro e depois não se prova necessário, estamos todos em nossos países com espaço fiscal reduzido, seriam recursos que poderiam ser utilizados de outro modo.

Já se fala em como agir no pós-crise. Que medidas podem ser tomadas?

Há muitas linhas de medidas. Mas uma questão que enfatizamos muito é a necessidade de fazer mais que simplesmente ajudar os excluídos. Há setores que são estratégicos, importantes para o País, que estão em dificuldades. Como, por exemplo, o setor aeronáutico, as companhias de aviação. O mesmo vale para o sistema financeiro. Se começa a haver muitas falências... Hoje, na América Latina os bancos estão em uma boa posição, mas se muita gente deixa de pagar suas dívidas, isso pode não se manter. Em muitas crises vimos necessidade de se capitalizar banco. Tudo isso pode levar o Estado a ter um papel maior na economia.

A queda de 5% no PIB do Brasil seria a pior em 120 anos. Isso dá a dimensão correta do tamanho da crise?

São projeções. Mas estamos lidando com uma crise que não se parece em nada com as anteriores. Não devemos dar demasiada importância aos números em si, mas à preocupação caso algo assim ocorra, como lidar com isso. Não consigo me lembrar de nada similar.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Compartilhe

perspectivas

Banco Mundial prevê PIB global em alta de 5,6% e emergentes em dificuldade; Brasil deve crescer 4,5%

8 de junho de 2021 - 12:04

Em seu relatório Perspectivas Econômicas Globais de junho, contudo, a entidade nota que o avanço é puxado por algumas poucas das principais economias

em recuperação

Banco mundial prevê avanço de 4% no PIB global e de 3% no Brasil em 2021

6 de janeiro de 2021 - 7:25

Para este ano, organismo estima queda de 4,5% da economia brasileira, menos que a contração de 8% projetada anteriormente

Crise vindo aí?

FMI e Banco Mundial adiam reuniões anuais para 2022 por conta da Covid-19

5 de novembro de 2020 - 14:08

As reuniões do FMI e do Banco Mundial normalmente são realizadas por dois anos consecutivos em suas sedes, em Washington (EUA), e no terceiro ano em algum outro país-membro.

ex-ministro

Funcionários do Banco Mundial sobre indicação de Weintraub: ‘Risco de reputação’

25 de junho de 2020 - 18:38

A associação de funcionários subiu o tom. O grupo que representa os trabalhadores do banco afirma que o código de conduta interno prevê recomendações sobre problemas de conduta mesmo em situações prévias ao futuro emprego

ex-ministro da educação

Banco Mundial recebe indicação de Weintraub, mas diz que mandato dura três meses

19 de junho de 2020 - 20:38

O tempo de seu mandato, no entanto, não passaria de três meses. “Se eleito pelo seu constituency, ele cumprirá o restante do atual mandato que termina em 31 de outubro de 2020”

ministro demissionário

Governo oficializa indicação de Weintraub para diretor-executivo no Banco Mundial

18 de junho de 2020 - 20:45

Em nota, a pasta comunicou que o ministro da Educação demissionário foi indicado para a cadeira na diretoria liderada pelo Brasil que representa Colômbia, Equador, Trinidad e Tobago, Filipinas, Suriname, Haiti, República Dominicana e Panamá

crise coronavírus

Banco Mundial projeta queda de 8% do PIB do Brasil em 2020

8 de junho de 2020 - 13:28

Queda dessa magnitude no PIB brasileiro seria a maior em 120 anos, período para o qual o IBGE dispõe de estatísticas

DADO ALARMANTE

Taxa de pobreza deve avançar pela primeira vez desde 1998, diz Banco Mundial

28 de maio de 2020 - 13:14

Em evento virtual organizado pela Organização das Nações Unidas (ONU), o presidente do Grupo Banco Mundial estimou que a pandemia deve empurrar 60 milhões de pessoas à pobreza.

Análise

Banco Mundial: países com mais dívida têm menos espaço para agir contra covid-19

13 de abril de 2020 - 7:42

O Banco Mundial destacou a necessidade de ampliar programas sociais para abarcar o maior número possível de trabalhadores que perderão sua fonte de renda devido à paralisação das atividades decorrente do isolamento social recomendado por autoridades de saúde.

Países pobres

FMI e Banco Mundial pedem que credores suspendam dívida de países pobres

25 de março de 2020 - 13:21

entidades dizem que a pandemia de coronavírus deve ter “consequências econômicas e sociais severas” para essas nações, que abrigam um quarto da população mundial

Fechar
Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Continuar e fechar