O Banco Central avaliou nesta terça-feira (12), por meio da ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que o primeiro semestre deve ser de forte queda do Produto Interno Bruto (PIB) e que considera um último corte da Selic, de 0,75 p.p..
Segundo a ata, os membros do Copom avaliaram que, embora haja poucos dados disponíveis para o mês de abril, há evidência suficiente de que a economia sofrerá forte contração no segundo trimestre deste ano. Para o grupo, é plausível um cenário em que a retomada seja gradual e caraterizada por idas e vindas.
A maioria dos membros disse que há um limite para a redução na taxa de juros, que é menor em economias emergentes do que em países desenvolvidos por causa de um prêmio de risco — que tende a ser maior no Brasil, "dadas a sua relativa fragilidade fiscal e as incertezas quanto à sua trajetória fiscal prospectiva".
"Nesse contexto, já estaríamos próximos do nível onde reduções adicionais na taxa de juros poderiam ser acompanhadas de instabilidade nos mercados financeiros e nos preços de ativos", diz o documento.
Segundo a ata, todo o Comitê reconheceu a importância de gradualismo na condução da política monetária para avaliação da resposta dos preços de ativos financeiros.
Para a próxima reunião, o Copom considera um último ajuste, "não maior do que o atual", para complementar o grau de estímulo necessário como
reação às consequências econômicas da pandemia da Covid-19.
Na semana passada, o BC anunciou um corte de 0,75 ponto percentual da taxa básica de juros (Selic), de 3,75% para 3% ao ano. Uma nova redução, conforme sinalizada pela autoridade monetária, levaria a taxa básica juros a 2,25% ao ano.
Em março, o Copom sinalizou que poderia encerrar o ciclo de cortes com a Selic em 3,75% ao ano. Mas a postura da autoridade monetária mudou com a piora do quadro econômico nas últimas semanas.
A pandemia do novo coronavírus mudou radicalmente as perspectivas para a economia brasileira, impondo uma redução da oferta e da demanda. Segundo o Focus, publicação do BC que reúne estimativas de instituições financeiras, o Brasil deve ter uma queda de 4,11% do PIB neste ano.
A crise tem um movimento desinflacionário. O IPCA recuou 0,31% em abril, segundo o IBGE. Para o BC, a projeção de alta dos preços no ano é de 2,3%.