Quincas Borba nos propõe imaginar duas tribos famintas e um campo de batatas, que são suficientes para alimentar apenas uma delas. Para chegar ao outro lado, onde há tubérculos em abundância, uma das tribos precisa exterminar a outra.
“Ao vencedor as batatas”, diz o criador da filosofia do Humanitismo, no clássico romance de Machado de Assis.
Os investidores no mercado financeiro em muitos momentos parecem seguir o Humanitismo de Quincas Borba. Com a pandemia do coronavírus, eles elegeram imediatamente as empresas de tecnologia como as grandes vencedoras.
É fato que as ações ligadas à economia digital foram as que menos sentiram os efeitos das medidas isolamento social — e em alguns casos até foram beneficiadas.
Essa convicção fez disparar o valor das empresas do setor e também os índices das bolsas de Nova York, em particular o Nasdaq e o S&P 500.
Nos últimos dois dias, porém, a confiança do mercado na vitória da tribo da tecnologia foi abalada com a queda em bloco das ações do setor.
O mais provável é que o movimento seja uma mera correção depois da disparada recente. Mas reforça a importância de não se colocar todos os ovos — ou batatas — numa única cesta na hora de investir.
A queda das ações em Nova York voltou a pesar nos mercados aqui no Brasil. Mas com a relativa melhora ao longo da tarde, o Ibovespa encontrou espaço para encerrar a sexta-feira em alta. Saiba com o Ricardo Gozzi tudo o que rolou no pregão de véspera de feriado.
EMPRESAS
• O BNDES vai dar continuidade ao processo de venda das participações em empresas. Depois de Petrobras e Vale, o banco quer vender as ações que detém na Suzano. A operação poderá movimentar R$ 7,2 bilhões na B3.
• As ações da Tesla estão entre as que mais sentiram a forte queda das bolsas nos EUA. Mas a empresa do polêmico bilionário Elon Musk conseguiu recuperar parte dos estragos e fechou em alta depois de três pregões no vermelho.
• Alvo de aquisição por Stone e Totvs, a Linx foi às compras. A empresa de tecnologia para o varejo anunciou a aquisição da Humanus, que atua com software de gestão de folha de pagamento. Saiba mais detalhes (inclusive o valor) do negócio.
ECONOMIA
• As contas do governo vão fechar o ano ainda mais no vermelho em 2020. O déficit estimado do setor público piorou para 12,4% do PIB, o equivalente a R$ 891,1 bilhões. A última previsão era de um déficit de 11,3% do PIB.
• Subiu no telhado? O governo pediu a retirada da urgência de tramitação para a reforma tributária. A proposta cria uma Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS), unificando o PIS/Cofins. Saiba por que isso aconteceu.
• Enquanto isso, a economia segue tentando se recuperar. A produção de veículos subiu 24% em agosto ante julho, de acordo com a Anfavea. Mas o poço é fundo: na comparação anual, a produção caiu 22%. Saiba quantos veículos foram fabricados no mês passado.
• Uma no cravo, outra na ferradura. O Asa Bank passou a prever uma queda menor do PIB em 2020. O porém: espera um crescimento menor em 2021, citando a falta de eficiência do auxílio emergencial e as dificuldades no mercado de trabalho. Veja os números.
COLUNISTAS
• Nunca aposte contra os Estados Unidos. Warren Buffett desmentiu a própria frase quando investiu em cinco grandes tradings no Japão? Não! O exemplo do bilionário só mostra que o seu portfólio têm que ser como um tabuleiro de War, como escreve a Ana Westphalen.
Este artigo foi publicado primeiramente no "Seu Dinheiro na sua noite", a newsletter diária do Seu Dinheiro. Para receber esse conteúdo no seu e-mail, cadastre-se gratuitamente neste link.