Caro leitor,
Também não foi tão bom assim. Falo do desempenho dos mercados nesta semana. Apesar de o Ibovespa ter acumulado alta pela segunda semana consecutiva, mantendo-se perto dos 80 mil pontos, bem que poderia ter sido melhor.
Lá fora, o otimismo com o início da flexibilização das políticas de isolamento em várias economias importantes, os dados econômicos melhores que o esperado na China e os avanços nas buscas por tratamentos para a covid-19 levaram os índices americanos para cima numa intensidade muito maior do que o que vimos na bolsa brasileira.
É que, por aqui, pesaram as tensões políticas em Brasília, que se refletiram na demissão do ministro da Saúde, na troca de farpas entre Executivo e Legislativo e em medidas que podem comprometer de vez o lado fiscal do país.
Num momento de pandemia, em que o brasileiro teme pela própria saúde e sustento, bem que poderíamos passar sem essa. E este fator complicador não apenas refreou uma recuperação mais forte nos preços das ações. Ele se refletiu sobretudo no dólar que, é claro, subiu.
O Victor Aguiar traz os detalhes do pregão de hoje e o balanço da semana na sua cobertura de mercados.
Bancos na berlinda
A agência de classificação de risco Moody’s baixou de estável para negativa sua perspectiva para os bancos brasileiros por conta da crise desencadeada pela pandemia de coronavírus. A agência prevê uma piora na qualidade dos ativos das instituições financeiras, devido à deterioração das condições econômicas no próximo ano e meio.
Redução na demanda
As refinarias da Petrobras reduziram a produção em meio à crise e agora priorizam o gás liquefeito de petróleo (GLP), único produto da petroleira que viu aumento na demanda. Os empregados da estatal, no entanto, protestam contra a queda na produção e a atual política de preços da Petrobras.
Coronavírus avança
No mesmo dia em que o Brasil bateu novo recorde de casos e mortes pela covid-19, o presidente Jair Bolsonaro voltou a defender a reabertura do comércio e das fronteiras brasileiras aos países vizinhos. Sua fala ocorreu durante a posse do novo ministro da Saúde, Nelson Teich.
Tensão política
Mesmo depois da demissão de Luiz Henrique Mandetta, as tensões em Brasília continuam. Em entrevista à revista “Veja”, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, acusou o ministro da Economia, Paulo Guedes, de passar informações falsas à sociedade sobre a crise de estados e municípios frente ao coronavírus. Na véspera, Maia já tinha sido alvo de críticas de Bolsonaro e seus aliados. Entenda em detalhes os conflitos.
Revés para o Executivo
As tensões entre Executivo e Legislativo se estenderam também para o Senado, que reagiu à demissão de Mandetta tirando da pauta a votação da Medida Provisória do contrato Verde e Amarelo. Se não for aprovada até segunda-feira, a MP, que é uma grande aposta do governo para a geração de empregos após a pandemia, vai caducar.
A economia real sangra
Os efeitos da pandemia de coronavírus já começaram a aparecer nos números da economia real. O varejo teve uma queda de 11,7% em março, descontada a inflação, segundo índice da Cielo. E o dado ainda foi ajudado pela base de comparação menor, já que em 2019 o Carnaval caiu em março, o que já havia reduzido as vendas naquele mês. A Cielo também listou os setores que perderam e ganharam no período.
Alerta, alívio, estresse e novidade
Esta foi uma semana cheia para os mercados. Menos pelos dados econômicos e corporativos e mais pela política, que roubou a cena. No podcast Touros e Ursos desta sexta, o Vinícius Pinheiro e o Victor Aguiar discutem a demissão de Mandetta e os avanços no combate ao coronavírus no mundo. E hoje trazemos uma novidade: a partir de agora, você pode conferir o nosso podcast também em vídeo. Vem ver — e ouvir — a gente agora!
Um abraço e um ótimo fim de semana para você!