Ainda dá para comprar ouro?
Se o ouro performa muito bem em períodos de inflação elevada, ele também performa bem em momento de inflação baixa; veja por quê

O ouro não para de subir. Continua batendo máximas subsequentes e já ultrapassa a marca de US$ 1.810,00 a onça troy. No passado, lá atrás, reforcei diversas vezes sobre a necessidade imperativa de se ter ouro. Mais notadamente, ainda em fevereiro de 2020, trouxe para os leitores da coluna os motivos para nos assentarmos em metais preciosos com uma parcela de 5% a 10% do patrimônio financeiro investido.
Existem fatores estruturais muito fortes hoje que apontam para um mundo deflacionário. Estou falando da demografia e da tecnologia. No primeiro, a população mais velha tem uma preferência cada vez maior em poupar e em postergar consumo, aliviando pressões na demanda presente e jogando a inflação para baixo. No segundo, por sua vez, a tecnologia possibilita produções de custo cada vez mais reduzido, levando tal impacto para os preços, de modo a jogá-los para baixo. Vivemos em um mundo deflacionário.
Em geral, o ouro costuma performar bem em momento de alta da inflação, uma vez que, por ser a mais clássica reserva de valor, os agentes costumam alocar recursos no ouro em momentos de inflação elevada. Ora, se o mundo é deflacionário, então não deveríamos naturalmente gostar cada vez menos de ouro?
Negativo. Aí que entra a coisa interessante.
Se o ouro performa muito bem em períodos de inflação elevada, ele também performa bem em momento de inflação baixa. Isso porque, como o mundo é deflacionário, as autoridades monetárias têm estímulo para jogar as taxas de juro para baixo, de modo a tentar engajar a economia.
Historicamente, o ouro é negativamente correlacionado com o juros real de 10 anos nos EUA, uma vez que, com juros cadentes, mais vale deixar dinheiro parado em ouro, cotado internacionalmente e sujeito a fluxo positivo (oferta e demanda), do que alocar dinheiro pagando juros negativo, como já acontece em muitos lugares do mundo.
Leia Também

Além disso, vivemos uma época em que, por mais que haja forças deflacionárias, também passamos por uma elevada e sem precedentes expansão da base monetária em âmbito global, provocando uma distorção dos ativos financeiros e uma atual injeção infinita de liquidez - grande oferta de moeda (vide Teoria Monetária Moderna).
No limite, se há infinita expansão monetária (Quantitative Easing - QE ao redor do mundo), podemos falar que as moedas valerão cada vez menos, em um processo de curva quase que assíntota. Resultado? Inflação.
Ou seja, vivemos um momento que aparenta ser inexoravelmente positivo para o ouro em diversos sentidos. Já podemos ver sinais de fraqueza no dólar ao redor do mundo quando o comparamos com outras moedas. Provavelmente, o rali do DXY acabou e pode começar a ser um novo momento para as moedas consideradas fortes.


Como se não bastasse, fazia tempo que não era tão convidativo manter posições protetivas no portfólio, como ouro e moedas fortes (dólar, franco suíço, iene…). Note abaixo a desproporcionalidade entre ações de tecnologia (growth) e ações regulares (value/fundamento).
Por conta da expansão de liquidez e falta de fundamentos no presente, os agentes foram em peso para growth - se não tem value, vamos para crescimento. O problema é o crowded trade gerado pelos fenômenos de TINA e FOMO. Medo de bolha faz com que agentes procurem proteções. O ouro acaba sendo uma solução bem evidente.

Por fim, mas não menos importante, existem dados que provam o benefício de se manter ouro em proporções controladas dentro do portfólio. Tudo isso, claro, feito sob o devido dimensionamento das posições, conforme seu perfil de risco, e a devida diversificação de carteira, com as respectivas proteções associadas.
A presença do metal, quando bem cadenciada, acaba equilibrando e tornando mais atrativa a relação de risco e retorno do portfólio. Abaixo, como já falei aqui, podemos ver benefícios do ouro na carteira para algo entre 5% e 10%.

Devido aos preços historicamente já bem altos do metal, acredito que a fase de se carregar 10% da carteira, como disse lá atrás, já passou. Ainda assim, 5% ainda se mostra bastante interessante por tudo o apresentado acima.
Ideias como essa são sempre muito bem exploradas na série Palavra do Estrategista, best-seller da Empiricus. Recentemente, inclusive, Felipe Miranda e eu destrinchamos por completo o mercado de ouro nacional e internacional, esmiuçando cada um dos detalhes telegraficamente exibidos aqui. Quem acompanha o Palavra, acaba ficando na frente por estar sempre bem informado. Convido-os a conferir, não vão se arrepender.
Deixo também o convite para você se cadastrar de graça no Telegram da Empiricus e receber as principais atualizações do mercado em tempo real.
Agenda econômica: Inflação, Livro Bege, G20 e PIB chinês; confira os indicadores mais importantes da semana
Com o mercado ainda digerindo as tarifas de Trump, dados econômicos movimentam a agenda local e internacional
É improvável que tarifa de 50% dos EUA às importações brasileiras se torne permanente, diz UBS WM
Para estrategistas do banco, é difícil justificar taxação anunciada por Trump, mas impacto na economia brasileira deve ser limitado
Bolsonaro é a razão da tarifa mais alta para o Brasil, admite membro do governo dos EUA — mas ele foge da pergunta sobre déficit comercial
Kevin Hassett, diretor do Conselho Econômico Nacional dos Estados Unidos, falou em “frustração” de Trump em relação à situação do ex-presidente Jair Bolsonaro ante a Justiça brasileira, mas evitou responder sobre o fato de os EUA terem superávit comercial com o Brasil
Sem milionários, só Lotofácil fez ganhadores neste sábado (12); Mega-Sena acumula em R$ 46 milhões. Veja resultados das loterias
Lotofácil fez quatro ganhadores, que levaram R$ 475 mil cada um. Prêmio da +Milionária agora chega a R$ 128 milhões
Banco do Brasil (BBAS3), ataque hacker, FII do mês e tarifas de 50% de Trump: confira as notícias mais lidas da semana
Temas da semana anterior continuaram emplacando matérias entre as mais lidas da semana, ao lado do anúncio da tarifa de 50% dos EUA ao Brasil
Tarifas de Trump podem afastar investimentos estrangeiros em países emergentes, como o Brasil
Taxação pode ter impacto indireto na economia de emergentes ao afastar investidor gringo, mas esse risco também é limitado
Lula afirma que pode taxar EUA após tarifa de 50%; Trump diz que não falará com brasileiro ‘agora’
Presidente brasileiro disse novamente que pode acionar Lei de Reciprocidade Econômica para retaliar taxação norte-americana
Moody’s vê estatais como chave para impulsionar a economia com eleições no horizonte — e isso não será bom no longo prazo
A agência avalia que, no curto prazo, crédito das empresas continua sólida, embora a crescente intervenção política aumenta riscos de distorções
O UBS WM reforça que tarifas de Trump contra o Brasil terão impacto limitado — aqui estão os 4 motivos para o otimismo
Na última quarta-feira (9), o presidente dos EUA anunciou uma tarifa de 50% sobre os produtos brasileiros, que devem entrar em vigor em 1º de agosto
Governo vai abrir crédito de R$ 3 bilhões para ressarcir vítimas da fraude do INSS; confira como vai funcionar o reembolso
Entre os R$ 3 bilhões em crédito extraordinário, R$ 400 milhões vão servir para ressarcir as vítimas em situação de vulnerabilidade e que não tenham questionado os valores descontados
Trump é a maior fonte de imprevisibilidade geopolítica e econômica da atualidade — e quem diz isso pode surpreender
Gustavo Loyola, ex-presidente do BC, falou com exclusividade ao Seu Dinheiro sobre a imposição, por Donald Trump, da sobretaxa de 50% às exportações brasileiras para os EUA
De Galípolo para Haddad: a carta do presidente do BC ao ministro da Fazenda deixa alerta sobre inflação
Embora Galípolo tenha reforçado o compromisso com a convergência, foi o que ele não disse que chamou atenção
O Brasil pode escapar dos impactos das tarifas de Trump: economista-chefe da ARX revela estratégias — e diz por que a retaliação não é uma delas
Segundo Gabriel Barros, Lula teria uma série de opções estratégicas para mitigar os efeitos negativos dessa medida sobre a economia; confira a visão do especialista
Tarifa de Trump sobre produtos do Brasil acirra guerra política: PT mira Eduardo Bolsonaro, e oposição culpa Lula e STF
Sobretaxa de 50% vira munição em Brasília; governo estuda retaliação e Eduardo, nos EUA, celebra medida como resposta ao ‘autoritarismo do STF’
Trump cortou as asinhas do Brasil? Os efeitos escondidos da tarifa de 50% chegam até as eleições de 2026
A taxação dos EUA não mexe apenas com o volume de exportações brasileiras, mas com o cenário macroeconômico e político do país
Dólar disparou, alerta de inflação acendeu: tarifa de Trump é cavalo de troia que Copom terá que enfrentar
Depois de meses de desvalorização frente ao real, o dólar voltou a subir diante dos novos riscos comerciais para o Brasil e tende a pressionar os preços novamente, revertendo o alívio anterior
Meta de inflação de 3% é plausível para o Brasil? Veja o que dizem economistas sobre os preços que não cedem no país
Com juros nas alturas e IPCA a 5,35%, o Banco Central se prepara para mais uma explicação oficial, sem a meta de 3% no horizonte próximo
Lotofácil, Quina e Dupla Sena dividem os holofotes com 8 novos milionários (e um quase)
Enquanto isso, começa a valer hoje o reajuste dos preços para as apostas na Lotofácil, na Quina, na Mega-Sena e em outras loterias da Caixa
De Lula aos representantes das indústrias: as reações à tarifa de 50% de Trump sobre o Brasil
O presidente brasileiro promete acionar a lei de reciprocidade brasileira para responder à taxa extra dos EUA, que deve entrar em vigor em 1 de agosto
Tarifa de 50% de Trump contra o Brasil vem aí, derruba a bolsa, faz juros dispararem e provoca reação do governo Lula
O Ibovespa futuro passou a cair mais de 2,5%, enquanto o dólar para agosto renovou máxima a R$ 5,603, subindo mais de 2%