A Reforma Tributária será aprovada em 2020?
Nessa primeira fase, será encaminhado um projeto de lei que prevê a fusão de OS e Cofins em um único tributo, o IVA Federal, com alíquota entre 11% e 12%

A novela da Reforma Tributária ganhou novos capítulos na última semana. As boas novas começaram com a reaproximação do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e o ministro da Economia, Paulo Guedes, que há muito não se falavam, nem pessoalmente, nem virtualmente. Concordaram que a agenda de reformas precisa ser retomada e que o governo precisa participar ativamente das discussões.
Na terça-feira está prevista a entrega ao Congresso Nacional da primeira etapa da reforma proposta pelo governo. Há grande ceticismo entre parlamentares, afinal, não é a primeira vez que o governo promete enviar o texto. No entanto, agora parece que é para valer. Fontes no Ministério da Economia afirmam que Guedes entregará pessoalmente a proposta a Maia e ao presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP).
Nessa primeira fase, será encaminhado um projeto de lei que prevê a fusão de OS e Cofins em um único tributo, o IVA Federal, com alíquota entre 11% e 12%. A ideia é que o projeto seja um complemento ao debate sobre as duas Propostas de Emenda à Constituição que já tramitam no Congresso.
Há motivos para otimismo. Congresso e governo federal estão de fato interessados em retomar a agenda de reformas e há consenso de que a tributária é a mais madura para avançar. O protagonismo do Congresso também é motivo de comemoração. Estando à frente do debate, o Parlamento tem ainda mais motivos para tratar o assunto como prioridade. O argumento de que falta articulação ao governo federal também não poderá ser usado tão facilmente, afinal, a proposta é de tão ou maior interesse do Legislativo do que do Executivo.
Mas, afinal, a reforma será aprovada em 2020? Muito provavelmente, não. Há vários obstáculos que precisam ser vencidos. Alguns estruturais, outros conjunturais.
Estruturalmente, uma Reforma Tributária em um ambiente normal já é difícil. Primeiro: é uma proposta de emenda constitucional, ou seja, do ponto de vista regimental, é a proposta legislativa mais complicada. Requer mais votos e mais votações. Segundo: Reformas Tributárias são intrinsecamente complexas. O corporativismo do setor público, o lobby do setor privado e o interesse dos estados fazem da busca de consenso uma tarefa hercúlea. Ninguém quer sair perdendo e, no final das discussões, alguém será penalizado.
Do ponto de vista conjuntural, o Brasil passa por um momento difícil. A pandemia gerou uma crise sanitária sem precedentes, aprofundando a crise econômica e a fiscal. O governo, já fiscalmente em dificuldades, se viu obrigado a fortalecer medidas assistencialistas e a socorrer diversos estados, munícipios e setores da economia.
A situação política também gera incertezas. O presidente Jair Bolsonaro tenta construir uma base aliada no Congresso. Apesar de avanços, ainda não podemos afirmar que a coalizão do governo com parlamentares é robusta e coesa.
Há também eleições municipais em novembro, motivo histórico para maior lentidão na pauta legislativa. Mais de 120 deputados vão concorrer. De 31 de agosto a 16 de setembro serão realizadas as convenções partidárias. No dia 26 de setembro começa a campanha eleitoral.
Por último, temos uma pauta cheia. Podemos citar a prorrogação do Fundeb, a Lei de Diretrizes Orçamentárias, o Orçamento da União de 2021 (chega em 31 de agosto), a Renda Brasil (a ser enviada), a PEC dos Fundos, entre outros temas.
Muitos parlamentares têm dito que este não é o momento de discutir uma Reforma Tributária. Para eles, por estarmos em meio a uma pandemia, o Congresso deveria se concentrar em aprovar medidas que minimizem seus impactos na renda e no emprego.
Avanços podem acontecer este ano. No melhor cenário, poderia ser concluído o texto na Câmara. O mais provável, contudo, é que o tema seja concluído apenas em 2021. Num novo ano, sem eleições e sem pandemia.
Saneamento e Petrobras podem movimentar mercados
A votação dos vetos vem sendo prorrogada desde o dia 2 e um novo adiamento não pode ser descartado
O futuro do Renda Brasil
Apesar do discurso otimista da equipe econômica de que a atividade na economia já voltou em V, ainda há muitas dúvidas sobre a velocidade e a consistência dessa retomada.
Sucessão de Maia e Alcolumbre movimenta Brasília
Proposta que abre caminho para reeleição tem resistências na Câmara – dificilmente será aprovada na Casa; teria de haver uma definição do STF
Batalha dos Vetos
Cenário no momento é adverso para o Planalto e vai requerer empenho e jogo de cintura por parte dos articuladores até o início da votação
E o Guedes, hein?
A grande questão polêmica hoje envolvendo Guedes está na manutenção, ou não, do teto de gastos para 2021.
Atritos no Centrão atrapalham reformas?
Existem outras motivações além da sucessão na Câmara para a saída de DEM e MDB do Centrão. Uma delas é a necessidade eleitoral de buscar uma maior independência em relação ao governo de Bolsonaro
Bomba fiscal bilionária exigirá coordenação política apurada; saneamento volta ao radar
Acredito que o resultado final dos vetos será positivo para o governo, com a manutenção daqueles que representam maior risco fiscal
Reformas na mão do Congresso. Boa ou má notícia?
Com a agenda de reformas que o governo pretende implementar em 2021 o tom conciliador é ainda mais crucial.
Queiroz é a bala de prata contra Bolsonaro?
O caso Queiroz aumenta a temperatura política, alimenta o noticiário negativo e gera maior dependência ainda do governo ao Congresso Nacional
LIVE: Lucas de Aragão e Felipe Miranda debatem o cenário político e os mercados
Acompanhe ao vivo às 17h
Leia Também
Mais lidas
-
1
Filme ‘Som da Liberdade’ lidera bilheterias no Brasil e produtora libera ingressos gratuitos
-
2
3 sortudos faturam a Lotofácil, mas nenhum fica milionário; Quina e Mega-Sena acumulam
-
3
O que a Natura (NTCO3) está fazendo para recuperar a “beleza” perdida na bolsa após o fracasso na tentativa de virar uma holding global