Alocação não vende; e isso é um bom motivo para comprá-la
Se o leitor soubesse quantos dos clientes mais ricos do país cultivam o hábito de conferir sua conta na corretora diariamente, não acreditaria.
Durante mais de cinco anos de minha vida, o que eu ganhava com aulas particulares de matemática para alunos do Ensino Fundamental à pós-graduação contribuiu de maneira relevante para minha renda – que não era lá muita coisa na época da faculdade.
Sempre fui fascinado por aprender e ensinar. Acreditava e ainda acredito que, ao ser convidado a entrar na casa de estranhos levando um caderno e algum conhecimento acumulado, eu poderia mudar para sempre o interesse de uma criança sobre aquele tema. De bônus, aprendia junto, reforçando os próprios conceitos que ensinava.
Porém, havia um dilema na profissão que sempre me intrigou – e a partir do momento em que o percebi como relevante, passei a enxergá-lo em outros campos do conhecimento: quanto melhor o desempenho dos alunos, menos precisavam de mim.
Quanto mais queijo suíço, mais buracos. Quanto mais buracos, menos queijo suíço. Logo, quanto mais queijo, menos queijo.
O sofisma acima – que também poderia ser igualmente representado pela ideia recente de um ex-candidato a prefeito sobre o rombo da Previdência – indicava a finitude e a baixa escalabilidade do modelo, sob a ótica capitalista.
Como conciliar dar o seu melhor para que o aluno aprenda e garantir um certo número de recorrência nas aulas ou de indicações entre seus colegas? Por sorte, a vocação sempre venceu o incentivo dúbio, mas isso diz um pouco sobre a indústria de mercado de capitais.
Leia Também
Guardadas as devidas proporções, quanto mais o investidor aprende e se informa, menor é seu desejo de delegar a gestão de recursos a um profissional e mais ele arrisca ser “gestor” de seu próprio fundo.
É natural que seja assim, afinal a curva da autoconfiança passa, necessariamente, por altos e baixos: não sabemos, depois sabemos que não sabemos e, por fim, aprendemos. No meio do processo, achamos que sabemos – e esse é o momento mais desafiador.
Pessoalmente, caminho na direção contrária. Quanto mais aprendo diariamente (e há, disparado, mais coisas das quais não sei do que sei), mais escolho confiar meu patrimônio e o da minha família aos benefícios da diversificação de longo prazo.
O problema é que não há sex appeal na alocação entre classes de ativos. O investidor quer saber o melhor cavalo para 2021, a ação, fundo imobiliário ou criptomoeda que vai dar a grande porrada da vida no ano que vem.
E muitas vezes essa procura é feita sem uma política de investimentos bem construída, essencial na alocação dos grandes investidores não apenas para saber onde se quer chegar e como fazê-lo, mas para não permitir que os vieses comportamentais que todos temos na relação com o dinheiro nos desviem do trilho.
Se o leitor soubesse quantos dos clientes mais ricos do país cultivam o hábito de conferir sua conta na corretora diariamente, não acreditaria.
Por isso, faço questão de dividir com vocês a metodologia que guia nossas decisões de alocação em fundos desde abril deste ano.
De maneira simplificada, só há três formas de ganhar dinheiro, e todas as decisões que tomamos diariamente podem ser encaixadas em uma – e apenas uma – delas.
No primeiro nível, o investidor disciplinado decide qual é o modelo de alocação no longo prazo em que irá basear sua carteira. O quanto você deveria ter de cada classe de ativos para garantir o futuro da sua família e das próximas gerações, aconteça o que acontecer?
É o que chamamos de alocação estratégica. Nesta decisão inicial, maior sofisticação é maior diversificação: quanto menos concentrado – em ações, por exemplo – e mais exposto a diferentes fatores de risco, classes de ativos, geografias e moedas, mais próximo o investidor estará da consistência e da cabeça dos grandes profissionais.
Na sequência, é natural que também existam irracionalidades e oportunidades temporárias no mercado e que o investidor queira e deva se aproveitar delas, caso as identifique no momento certo. Quando é válido aumentar a exposição em Bolsa, reduzir a parcela em caixa ou comprar mais dólar como proteção, por exemplo?
Os desvios temporários à sua carteira da vida inteira são chamados de alocação tática e representam apostas de curto e médio prazo, bem mais difíceis do que o nível anterior.
Por fim, a implementação. É só após as decisões de alocação estratégica e tática que o investidor deveria pensar no que comprar: ao decidir ter 10% em títulos indexados à inflação ou 3% em small caps, em que fundo investir?
Já a seleção de gestores pode ser onde o leitor mais identifique a essência da série Os Melhores Fundos de Investimento, por exemplo. E, de fato, o relacionamento com a indústria e a busca pelos melhores gestores em cada classe de ativo é um trabalho de dedicação infinita.
As três decisões se completam e são independentes entre si: é possível montar uma alocação de longo prazo justa, errar no call de que a Bolsa subirá, por exemplo, mas estar investido em um fundo que bata o Ibovespa, tudo ao mesmo tempo.
Alocação não vende, eu sei. Não tem o charme das ações, fundos imobiliários, opções ou criptomoedas, mas como eu poderia deixar de sugerir aquilo em que mais acredito?
Para o investidor delegador, que prefere confiar sua grana a gestores de bilhões de reais, o investimento em fundos pode ser uma ótima opção, especialmente se considerados os três níveis de tomada de decisão.
Desde que incluímos a classe de juros reais no portfólio, por exemplo, o investidor já ganhou mais de 12% nesse book em pouco mais de oito meses.
Já o FoF Melhores Fundos, fundo da Vitreo que se inspira em nossa principal carteira de fundos, acumula ganhos superiores a 18% em pouco mais de um ano e meio, ante CDI de 6,97%.
Então, agora que você já conhece a Empiricus e os princípios de alocação que nos guiam, deixo o convite para conhecer mais da nossa alocação em fundos.
Crônica de uma tragédia anunciada: a recuperação judicial da Ambipar, a briga dos bancos pelo seu dinheiro e o que mexe com o mercado hoje
Empresa de gestão ambiental finalmente entra com pedido de reestruturação. Na reportagem especial de hoje, a estratégia dos bancões para atrair os clientes de alta renda
Entre o populismo e o colapso fiscal: Brasília segue improvisando com o dinheiro que não tem
O governo avança na implementação de programas com apelo eleitoral, reforçando a percepção de que o foco da política econômica começa a se deslocar para o calendário de 2026
Felipe Miranda: Um portfólio para qualquer clima ideológico
Em tempos de guerra, os generais não apenas são os últimos a morrer, mas saem condecorados e com mais estrelas estampadas no peito. A boa notícia é que a correção de outubro nos permite comprar alguns deles a preços bastante convidativos.
A temporada de balanços já começa quente: confira o calendário completo e tudo que mexe com os mercados hoje
Liberamos o cronograma completo dos balanços do terceiro trimestre, que começam a ser divulgados nesta semana
CNH sem autoescola, CDBs do Banco Master e loteria +Milionária: confira as mais lidas do Seu Dinheiro na semana
Matérias sobre o fechamento de capital da Gol e a opinião do ex-BC Arminio Fraga sobre os investimentos isentos de IR também integram a lista das mais lidas
Como nasceu a ideia de R$ 60 milhões que mudou a história do Seu Dinheiro — e quais as próximas apostas
Em 2016, quando o Seu Dinheiro ainda nem existia, vi um gráfico em uma palestra que mudou minha carreira e a história do SD
A Eletrobras se livrou de uma… os benefícios da venda da Eletronuclear, os temores de crise de crédito nos EUA e mais
O colunista Ruy Hungria está otimista com Eletrobras; mercados internacionais operam no vermelho após fraudes reveladas por bancos regionais dos EUA. Veja o que mexe com seu bolso hoje
Venda da Eletronuclear é motivo de alegria — e mais dividendos — para os acionistas da Eletrobras (ELET6)
Em um único movimento a companhia liberou bilhões para investir em outros segmentos que têm se mostrado bem mais rentáveis e menos problemáticos, além de melhorar o potencial de pagamento de dividendos neste e nos próximos anos
Projeto aprovado na Câmara permite divórcio após a morte de um dos cônjuges, com mudança na divisão da herança
Processos iniciados antes do falecimento poderão ter prosseguimento a pedido dos herdeiros, deixando cônjuge sobrevivente de fora da herança
A solidez de um tiozão de Olympikus: a estratégia vencedora da Vulcabras (VULC3) e o que mexe com os mercados hoje
Conversamos com o CFO da Vulcabras, dona das marcas Olympikus e Mizuno, que se tornou uma queridinha entre analistas e gestores e paga dividendos mensais
Rodolfo Amstalden: O que o Nobel nos ensina sobre decisões de capex?
Bebendo do alicerce teórico de Mokyr, Philippe Aghion e Peter Howitt se destacaram por estudar o papel das inovações tecnológicas nas economias modernas
A fome de aquisições de um FII que superou a crise da Americanas e tudo que mexe com o seu bolso nesta quarta (15)
A história e a estratégia de expansão do GGRC11, prestes a se tornar um dos cinco maiores FIIs da bolsa, são os destaques do dia; nos mercados, atenção para a guerra comercial, o Livro Bege e balanços nos EUA
Um atalho para a bolsa: os riscos dos IPOs reversos, da imprevisibilidade de Trump e do que mexe com o seu bolso hoje
Reportagem especial explora o caminho encontrado por algumas empresas para chegarem à bolsa com a janela de IPOs fechada; colunista Matheus Spiess explora o que está em jogo com a nova tarifa à China anunciada por Trump
100% de tarifa, 0% de previsibilidade: Trump reacende risco global com novo round da guerra comercial com a China
O republicano voltou a impor tarifas de 100% aos produtos chineses. A decisão foi uma resposta direta ao endurecimento da postura de Pequim
Felipe Miranda: Perdidos no espaço-tempo
Toda a Ordem Mundial dos últimos anos dá lugar a uma nova orientação, ao menos, por enquanto, marcada pela Desordem
Abuse, use e invista: C&A queridinha dos analistas e Trump de volta ao morde-assopra com a China; o que mexe com o mercado hoje?
Reportagem especial do Seu Dinheiro aborda disparada da varejista na bolsa. Confira ainda a agenda da semana e a mais nova guerra tarifária do presidente norte-americano
ThIAgo e eu: uma conversa sobre IA, autenticidade e o futuro do trabalho
Uma colab entre mim e a inteligência artificial para refletir sobre três temas quentes de carreira — coffee badging, micro-shifting e as demissões por falta de produtividade no home office
A pequena notável que nos conecta, e o que mexe com os mercados nesta sexta-feira (10)
No Brasil, investidores avaliam embate após a queda da MP 1.303 e anúncio de novos recursos para a construção civil; nos EUA, todos de olho nos índices de inflação
Esta ação subiu mais de 50% em menos de um mês – e tem espaço para ir bem mais longe
Por que a aquisição da Desktop (DESK3) pela Claro faz sentido para a compradora e até onde pode ir a Microcap
Menos leão no IR e mais peru no Natal, e o que mexe com os mercados nesta quinta-feira (9)
No cenário local, investidores aguardam inflação de setembro e repercutem derrota do governo no Congresso; nos EUA, foco no discurso de Powell
