🔴 EVENTO GRATUITO: COMPRAR OU VENDER VALE3? INSCREVA-SE

Victor Aguiar
Victor Aguiar
Jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e com MBA em Informações Econômico-Financeiras e Mercado de Capitais pelo Instituto Educacional BM&FBovespa. Trabalhou nas principais redações de economia do país, como Bloomberg, Agência Estado/Broadcast e Valor Econômico. Em 2020, foi eleito pela Jornalistas & Cia como um dos 10 profissionais de imprensa mais admirados no segmento de economia, negócios e finanças.
Crise do coronavírus

Caos nos mercados, semana 2: Ibovespa desaba 13% e dólar dispara a R$ 5,05 com tensão crescente no mundo

A tensão ligada ao surto de coronavírus e a cautela com o novo corte surpresa de juros nos EUA derrubou o Ibovespa e as bolsas globais; no câmbio, o dólar rompeu os R$ 5,00 pela primeira vez

Victor Aguiar
Victor Aguiar
16 de março de 2020
18:04
Bear market Ibovespa dólar juros
Imagem: Shutterstock

Um circuit breaker — o mecanismo que interrompe as negociações na bolsa durante um forte movimento de baixa — é um evento incomum. Afinal, em condições normais, os mercados acionários não entram numa espiral negativa. O Ibovespa pode ter um dia ruim e cair muito, mas é quase uma aberração ver o índice desabar mais de 10%.

Infelizmente, não estamos em condições normais, dado o surto global de coronavírus. Desde a semana passada, a bolsa brasileira precisou apertar o botão do pânico cinco vezes — a última delas logo na abertura do pregão desta segunda-feira (16). E foi por um triz que o sexto circuit breaker não foi acionado hoje.

Indo aos números: ao fim da sessão, o Ibovespa desabou 13,92%, aos 71.168,05 pontos — uma nova mínima de encerramento em 2020. Agora, o índice acumula perdas de mais de 30% apenas em março; no ano, a baixa já supera os 38%.

Logo no início da sessão, ficou evidente que teríamos mais um longo dia pela frente: em poucos minutos, o Ibovespa superou os 10% de queda, acionando o circuit breaker. E, passados os 30 minutos de pausa, o índice piorou ainda mais, chegando a 14,3% de recuo — caso a baixa atingisse os 15%, teríamos uma segunda parada, desta vez de uma hora.

Apenas como base de comparação: durante a grande crise financeira de 2008, o circuit breaker foi acionado seis vezes na bolsa brasileira.

A situação nos mercados acionários globais não foi muito melhor: os índices da Europa caíram mais de 5% e, nos Estados Unidos, o Dow Jones (-12,93%), o S&P 500 (-11,98%) e o Nasdaq (-12,32%) tiveram perdas massivas.

Toda essa forte aversão ao risco segue sendo ditada pelo avanço do coronavírus pelo mundo. A situação na Europa é cada vez mais grave — Itália e Espanha estão em quarentena total, e a França está praticamente toda fechada.

Do outro lado do oceano, os Estados Unidos veem um aumento cada vez maior no número de contaminados — por lá, há enorme incerteza quanto à capacidade de o sistema de saúde lidar com um surto em grandes proporções, o que aumenta a sensação de pânico.

No câmbio, o dólar à vista disparou e bateu mais um recorde: a moeda americana rompeu a barreira dos R$ 5,00 e fechou cotada a R$ 5,0523 (+4,90%). Desde o começo do ano, a divisa já acumula ganhos de 26,15%.

No mundo, já são mais de 7 mil mortos e cerca de 180 mil infectados. E, pela primeira vez, o número de casos fora da China superou o total de ocorrências no país asiático, conforme revelam dados compilados pela universidade John Hopkins:

No gráfico, a linha laranja representa os casos na China, enquanto a amarela mostra o avanço no restante do mundo. O traço verde indica o total de casos recuperados

Fed queima a largada

O humor nos mercados está bastante ruim desde a noite de domingo (15), quando o Federal Reserve (Fed) voltou a cortar os juros do país de maneira extraordinária, desta vez em um ponto: agora, as taxas estão entre 0% e 0,25% ao ano.

  • Eu gravei um vídeo para comentar essa ação drástica do Fed — e o efeito negativo que ela desencadeou no mercado. Veja abaixo:

A ideia do Fed era dar estímulo extra à economia americana, blindando-a dos impactos do surto de coronavírus. No entanto, a medida drástica foi interpretada como um sinal de que a situação nos Estados Unidos está muito pior do que o imaginado.

Assim, o efeito foi o contrário: a aversão ao risco acabou subindo e os investidores ficaram ainda mais tensos, temendo que a situação vista na Europa seja vista em breve também nos Estados Unidos.

No meio da tarde, a notícia de que o Canadá fechou suas fronteiras para a entrada de cidadãos estrangeiros contribuiu para trazer uma dose extra de cautela às negociações. Em sequência, o anúncio de que a França entrará num estado de isolamento quase completo, muito próximo do visto na Itália e na Espanha, contribuiu para mexer ainda mais com o sentimento do mercado.

Cautela no Brasil

Por aqui, a escalada nos atritos entre governo e Congresso também contribui para trazer pessimismo aos investidores. No domingo, apesar da preocupação com o coronavírus, foram vistas diversas manifestações populares em defesa da administração Bolsonaro — protestos que contaram com o apoio e presença do presidente.

Tanto o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, quanto do Senado, Davi Alcolumbre, manifestaram-se publicamente contra esses protestos e mostraram que o ambiente em Brasília está cada vez mais deteriorado.

E, nesse cenário, o mercado mostra-se cada vez mais pessimista quanto aos prognósticos para a economia doméstica e para a continuidade da agenda de reformas — além, é claro, da preocupação crescente quanto à saúde pública no país.

Dólar dispara, juros curtos caem

No mercado de câmbio, o dia foi de intensa pressão sobre o dólar à vista: a moeda americana terminou em forte alta de 4,90%, a R$ 5,0523 — a divisa nunca tinha fechado uma sessão acima de R$ 5,00.

As turbulências vistas no exterior e no Brasil mexeram diretamente com a cotação da moeda americana, mas a incerteza em relação ao futuro da taxa Selic também foi determinante para estressar as negociações da divisa. Com o corte agressivo de juros nos EUA, há quem aposte que o Copom deve seguir caminho semelhante.

E juros mais baixos, naturalmente, se traduzem em pressão sobre o dólar à vista, uma vez que o diferencial em relação às taxas dos EUA permaneceria estreito — o que afasta investidores que buscam rentabilidade fácil.

O comportamento das curvas curtas de juros mostrou que o mercado realmente aposta num cenário de redução da Selic, ao menos no curto prazo. Os DIs com vencimentos mais próximos tiveram forte baixa, enquanto os mais longos mostraram oscilações menos intensas, dada a incerteza ligada a horizontes maiores de tempo.

Veja abaixo como ficaram as curvas de juros nesta segunda-feira:

  • Janeiro/2021: de 4,26% para 3,82%;
  • Janeiro/2022: de 5,31% para 4,91%;
  • Janeiro/2023: de 6,14% para 5,96%;
  • Janeiro/2025: de 7,17% para 7,10%.

Instabilidade no petróleo

No mercado de commodities, o dia foi de desvalorização expressiva do petróleo: o Brent caiu 11,20% e o WTI recuou 9,55%, ambos abaixo da faixa de US$ 30 o barril. No exterior, há relatos de que a Saudi Aramco irá ampliar a produção da commodity, dando continuidade à guerra de preços travada entre o governo saudita e a Rússia.

Nesse cenário, as ações da Petrobras foram diretamente afetadas: as ONs (PETR3) desabaram 17,21%, enquanto as PNs (PETR4) fecharam em forte queda de 15%%.

Top 5

Nenhuma ação do Ibovespa aparece no campo positivo nesta segunda-feira. Sendo assim, veja quais eram as cinco maiores quedas do índice por volta de 15h50:

CÓDIGONOME PREÇO (R$)VARIAÇÃO
AZUL4Azul PN15,60-36,87%
CVCB3CVC ON10,40-32,25%
SMLS3Smiles ON17,95-28,20%
GOLL4Gol PN8,04-28,02%
YDUQ3Yduqs ON25,74-25,17%

Compartilhe

DESTAQUES DA BOLSA

Exame bem feito: Fleury (FLRY3) acerta o diagnóstico com aquisição milionária e ações sobem 4%

23 de abril de 2024 - 14:04

A aquisição marca a entrada do Grupo Fleury em Santa Catarina com a estratégia B2C, o modelo de negócio direto ao consumidor

MERCADOS HOJE

Bolsa hoje: Ibovespa recua com pressão de Vale (VALE3) na véspera do balanço; dólar cai após dados nos EUA

23 de abril de 2024 - 7:06

RESUMO DO DIA: O Ibovespa até começou a semana com o pé direito, mas hoje faltou impulso para sustentar a continuidade de ganhos da véspera O Ibovespa fechou com queda de 0,34%, aos 125.148 pontos. O dólar à vista segue enfraquecido e terminou o dia a R$ 5,1304, com baixa de 0,74%. Por aqui, o […]

SEM PARAR

A bolsa nunca mais vai fechar? O plano da Bolsa de Valores de Nova York para negociar ações 24 horas por dia, sete dias da semana

22 de abril de 2024 - 17:22

O tema esquentou nos últimos anos por conta da negociação de criptomoedas e também por concorrentes da Nyse, que tentam registro para funcionar sem intervalo

EXCLUSIVO

Gestor do Quasar Agro (QAGR11) acusa Capitânia de “estratégia predatória” em disputa sobre FII com mais de 20 mil cotistas na B3 

22 de abril de 2024 - 13:32

A Capitânia solicitou no mês passado uma assembleia para discutir uma possível troca na gestão do fundo imobiliário

MERCADOS HOJE

Bolsa hoje: Com Petrobras (PETR4) e Wall Street, Ibovespa fecha em alta; dólar cai e volta para o nível abaixo de R$ 5,20

22 de abril de 2024 - 6:54

RESUMO DO DIA: A Petrobras (PETR4) deu o tom do pregão mais uma vez e impulsionou o principal índice a bolsa brasileira, mas sem desprezar o apoio de Wall Street. O Ibovespa fechou em alta de 0,36%, aos 125.573 pontos. Já o dólar seguiu a trajetória de queda e fechou a R$ 5,1687, com baixa […]

ANOTE NO CALENDÁRIO

Agenda econômica: Inflação é destaque no Brasil e nos Estados Unidos na mesma semana dos balanços das ‘big techs’

22 de abril de 2024 - 6:20

Também nos EUA serão publicados dados do PIB do primeiro trimestre e diversos outros indicadores, como pedidos de bens duráveis e a balança comercial norte-americana

BOLSA NA SEMANA

Petz (PETZ3) zera as perdas do ano enquanto CVC (CVCB3) despenca quase 15% — veja o que foi destaque na bolsa na semana

20 de abril de 2024 - 12:50

Ibovespa teve uma sequência de seis quedas com a disparada do dólar em meio às incertezas sobre os juros nos EUA

APERTA O PLAY!

Barril de pólvora — e inflação. Como o conflito no Oriente Médio e os juros nos EUA mexem com a bolsa e o dólar

20 de abril de 2024 - 11:02

O podcast Touros e Ursos recebe João Piccioni, CIO da Empiricus Gestão, para comentar a escalada das tensões entre Irã e Israel e a pressão inflacionária nos EUA

VOLTOU ATRÁS

Vitória dos acionistas? Petrobras (PETR4) pode distribuir parte dos dividendos extraordinários após sinal verde de Lula

20 de abril de 2024 - 9:58

O pagamento dos proventos foi aprovado pelo conselho de administração e deve ser votado na assembleia geral na próxima semana

Market Makers

Vale (VALE3) é a mais barata do setor de mineração e sai ganhando com futuro promissor do minério de ferro

19 de abril de 2024 - 13:46

Eu, Matheus Soares, enxergo um grande potencial na commodity independentemente da crise de sua maior exportadora: a China — e a mineradora brasileira sai ganhando com isso

Fechar
Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Continuar e fechar