Risco político volta a aumentar e faz o dólar subir quase 2%; Ibovespa fecha em queda
O dólar à vista saltou mais de 10 centavos em relação ao fechamento de ontem, pressionado pelas tensões entre governo e STF. O Ibovespa caiu mais de 1% hoje, mas ainda acumula ganhos de 8% desde o começo de maio

O dólar à vista e o Ibovespa vinham numa onda de alívio, sustentados pela menor percepção de risco dos investidores. Pois, nesta quinta-feira (28), esse quadro mudou: notícias mais preocupantes voltaram ao radar dos mercados, especialmente no Brasil — e, como resultado, os ativos domésticos passaram por uma correção relevante.
A moeda americana fechou a sessão de hoje em alta de 1,97% no segmento à vista, cotada a R$ 5,3832 — um avanço de mais de 10 centavos em relação ao fechamento de ontem, quando a divisa valia R$ 5,27. Ainda assim, o dólar continua acumulando uma baixa de mais de 3% na semana e de cerca de 1% no mês.
Na bolsa, o Ibovespa permaneceu no campo negativo durante quase todo o pregão, terminando o dia em queda de 1,13%, aos 86.949,09 pontos. Assim como o dólar, o índice também continua com um saldo positivo mesmo com o desempenho de hoje: desde o começo de maio, ainda avança 8%.
- Eu gravei um vídeo para explicar melhor a dinâmica da sessão desta quinta-feira. Veja abaixo:
O comportamento do Ibovespa chama a atenção por ficar aquém dos demais índices acionários do mundo: na Europa, as principais praças avançaram mais de 1%; nos EUA, o Dow Jones (-0,58%), o S&P 500 (-0,21%) e o Nasdaq (-0,46%) tiveram baixas moderadas, após passarem boa parte do dia flutuando perto da estabilidade.
Esse tom mais pressionado na bolsa brasileira e no mercado doméstico de câmbio deixa claro que os fatores locais foram responsáveis por movimentar a sessão por aqui. E, em primeiro plano, apareceram as novas tensões em Brasília.
Governo e STF entraram em rota de colisão após a operação da Polícia Federal contra apoiadores da administração Bolsonaro. O presidente e seus aliados próximos elevaram o tom contra os ministros do Supremo, o que aumentou a percepção de risco político.
Leia Também
Esse novo episódio ressalta a sensibilidade dos mercados ao noticiário vindo de Brasília e deixa claro como o equilíbrio de forças entre os Três Poderes encontra-se fragilizado — uma situação que, evidentemente, coloca em risco os planejamentos econômico e de saúde pública numa situação de pandemia.
Obviamente, esse tom mais apreensivo visto no Brasil serviu como argumento perfeito para a realização de lucros: considerando o rali visto na bolsa e o forte alívio no câmbio, os investidores tiveram hoje uma oportunidade perfeita para desfazer parte de suas posições.
Exterior cauteloso
Em paralelo às questões domésticas, também tivemos uma certa prudência no exterior, com os EUA e a China trocando farpas cada vez mais intensas. O centro da disputa, agora, é a independência de Hong Kong — o governo chinês deseja retomar o controle administrativo da ilha, uma aliada americana na Ásia.
O anúncio de que o presidente dos EUA, Donald Trump, fará uma entrevista coletiva amanhã para falar sobre a China contribuiu para piorar o humor dos agentes financeiros externos, colocando Wall Street de vez no campo negativo e pressionando ainda mais o Ibovespa.
Assim, as bolsas de Nova York assumiram um comportamento mais defensivo nesta quinta-feira, destoando do otimismo visto na Europa — por lá, o pacote de auxílio financeiro e o processo de reabertura econômica continua injetando confiança nos mercados.
Desemprego avança
Voltando ao Brasil, os investidores também reagiram com cautela aos dados do mercado de trabalho: a taxa de desemprego no país subiu para 12,6% no trimestre encerrado em abril, atingindo 12,8 milhões de pessoas. Trata-se de mais um impacto gerado pela crise do coronavírus e que aumenta o pessimismo em relação à economia doméstica.
O aumento no desemprego e a fraqueza da economia abrem espaço para cortes mais acentuados na Selic, de modo a estimular a atividade — e, assim, os DIs fecharam em ligeira queda na ponta curta quanto na longa:
- Janeiro/2021: de 2,38% para 2,36%;
- Janeiro/2022: de 3,22% para 3,19%;
- Janeiro/2023: de 4,29% para 4,35%;
- Janeiro/2025: de 5,99% para 6,02%.
Top 5
Veja abaixo as cinco ações de melhor desempenho do Ibovespa no momento:
CÓDIGO | NOME | PREÇO (R$) | VARIAÇÃO |
IRBR3 | IRB ON | 8,13 | +5,58% |
USIM5 | Usiminas PNA | 6,00 | +5,26% |
BRKM5 | Braskem PNA | 29,00 | +5,07% |
VVAR3 | Via Varejo ON | 12,58 | +3,28% |
GGBR4 | Gerdau PN | 13,53 | +2,04% |
Confira também as maiores baixas do índice:
CÓDIGO | NOME | PREÇO (R$) | VARIAÇÃO |
IGTA3 | Iguatemi ON | 32,93 | -6,40% |
MULT3 | Multiplan ON | 21,30 | -5,50% |
YDUQ3 | Yduqs ON | 28,51 | -5,28% |
MRVE3 | MRV ON | 15,75 | -5,23% |
BRML3 | BR Malls ON | 9,95 | -4,88% |
Santander (SANB11) divulga lucro de R$ 3,9 bi no primeiro trimestre; o que o CEO e o mercado têm a dizer sobre esse resultado?
Lucro líquido veio em linha com o esperado por Citi e Goldman Sachs e um pouco acima da expectativa do JP Morgan; ações abriram em queda, mas depois viraram
Mexendo o esqueleto: B3 inclui Smart Fit (SMFT3) e Direcional (DIRR3) na última prévia do Ibovespa para o próximo quadrimestre; veja quem sai para dar lugar a elas
Se nada mudar radicalmente nos próximos dias, as duas ações estrearão no Ibovespa em 5 de maio
Alguém está errado: Ibovespa chega embalado ao último pregão de abril, mas hoje briga com agenda cheia em véspera de feriado
Investidores repercutem Petrobras, Santander, Weg, IBGE, Caged, PIB preliminar dos EUA e inflação de gastos com consumo dos norte-americanos
Azul (AZUL4) volta a tombar na bolsa; afinal, o que está acontecendo com a companhia aérea?
Empresa enfrenta situação crítica desde a pandemia, e resultado do follow-on, anunciado na semana passada, veio bem abaixo do esperado pelo mercado
Para Gabriel Galípolo, inflação, defasagens e incerteza garantem alta da Selic na próxima semana
Durante a coletiva sobre o Relatório de Estabilidade Financeira (REF) do segundo semestre de 2024, o presidente do Banco Central reafirmou o ciclo de aperto monetário e explicou o raciocínio por trás da estratégia
Quando o plano é não ter plano: Ibovespa parte dos 135 mil pontos pela primeira vez em 2025 em dia de novos dados sobre mercado de trabalho dos EUA
Investidores também se preparam para o relatório de produção e vendas da Petrobras e monitoram entrevista coletiva de Galípolo
Trump quer brincar de heterodoxia com Powell — e o Fed que se cuide
Criticar o Fed não vai trazer parceiros à mesa de negociação nem restaurar a credibilidade que Trump, peça por peça, vem corroendo. Se há um plano em andamento, até agora, a execução tem sido tudo, menos coordenada.
Tony Volpon: EUA, novo mercado emergente
Não tenham dúvidas: chegamos todos na beira do abismo neste mês de abril. Por pouco não caímos.
Azul (AZUL4) chega a cair mais de 10% (de novo) e lidera perdas do Ibovespa nesta segunda-feira (28)
O movimento de baixa ganhou força após a divulgação, na última semana, de uma oferta pública primária
Copom busca entender em que nível e por quanto tempo os juros vão continuar restritivos, diz Galípolo, a uma semana do próximo ajuste
Em evento, o presidente do BC afirmou que a política monetária precisa de mais tempo para fazer efeito e que o cenário internacional é a maior preocupação do momento
Planos pré-feriado: Ibovespa se prepara para semana mais curta, mas cheia de indicadores e balanços
Dados sobre o mercado de trabalho no Brasil e nos EUA, balanços e 100 dias de Trump são os destaques da semana
Ibovespa: Dois gatilhos podem impulsionar alta da bolsa brasileira no segundo semestre; veja quais são
Se nos primeiros quatro meses do ano o Ibovespa tem atravessado a turbulência dos mercados globais em alta, o segundo semestre pode ser ainda melhor, na visão estrategista-chefe da Empiricus
Se errei, não erro mais: Google volta com o conversor de real para outras moedas e adiciona recursos de segurança para ter mais precisão nas cotações
A ferramenta do Google ficou quatro meses fora do ar, depois de episódios nos quais o conversor mostrou a cotação do real bastante superior à realidade
OPA do Carrefour (CRFB3): de ‘virada’, acionistas aprovam saída da empresa da bolsa brasileira
Parecia que ia dar ruim para o Carrefour (CRFB3), mas o jogo virou. Os acionistas presentes na assembleia desta sexta-feira (25) aprovaram a conversão da empresa brasileira em subsidiária integral da matriz francesa, com a consequente saída da B3
Vale (VALE3) sem dividendos extraordinários e de olho na China: o que pode acontecer com a mineradora agora; ações caem 2%
Executivos da companhia, incluindo o CEO Gustavo Pimenta, explicam o resultado financeiro do primeiro trimestre e alertam sobre os riscos da guerra comercial entre China e EUA nos negócios da empresa
JBS (JBSS3) avança rumo à dupla listagem, na B3 e em NY; isso é bom para as ações? Saiba o que significa para a empresa e os acionistas
Próximo passo é votação da dupla listagem em assembleia marcada para 23 de maio; segundo especialistas, dividendos podem ser afetados
Vai dar zebra no Copom? Por que a aposta de uma alta menor da Selic entrou no radar do mercado
Uma virada no placar da Selic começou a se desenhar a pouco mais de duas semanas da próxima reunião do Copom, que acontece nos dias 6 e 7 de maio
Deixa a bolsa me levar: Ibovespa volta a flertar com máxima histórica em dia de IPCA-15 e repercussão de balanço da Vale
Apesar das incertezas da guerra comercial de Donald Trump, Ibovespa está a cerca de 2% de seu recorde nominal
Dona do Google vai pagar mais dividendos e recomprar US$ 70 bilhões em ações após superar projeção de receita e lucro no trimestre
A reação dos investidores aos números da Alphabet foi imediata: as ações chegaram a subir mais de 4% no after market em Nova York nesta quinta-feira (24)
Subir é o melhor remédio: ação da Hypera (HYPE3) dispara 12% e lidera o Ibovespa mesmo após prejuízo
Entenda a razão para o desempenho negativo da companhia entre janeiro e março não ter assustado os investidores e saiba se é o momento de colocar os papéis na carteira ou se desfazer deles