Enquanto se preparava para o acordo EUA-China, o Ibovespa foi nocauteado pelo varejo
O principal índice da bolsa brasileira teve mais um dia negativo, fechando em queda de 1,04% e voltando ao patamar dos 116 mil pontos, em meio aos dados frustrantes das vendas no varejo. O dólar à vista também sentiu o baque e foi a R$ 4,18

Há alguns anos, eu me aventurei numa academia de boxe. Foi uma experiência divertida, embora curta — logo ficou claro que eu não levava muito jeito para a coisa. Mas, nas poucas aulas que eu tive fôlego para encarar, guardei um chavão daquele universo:
"O golpe mais duro é aquele que você não sabe de onde veio"
Se você estiver atento aos movimentos do adversário, conseguirá se defender melhor dos ataques, por mais fortes que sejam. Mas, se você for pego desprevenido, qualquer soco despretensioso pode te desorientar e te levar à lona.
O Ibovespa estava com a guarda baixa na manhã desta quarta-feira (15), pensando apenas no oponente que enfrentaria no período da tarde. E foi exatamente nesse momento de descuido que o índice foi atingido por um petardo.
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Dando nome aos bois: o mercado passou os últimos dias treinando para ir ao ringue com a assinatura da primeira fase do acordo comercial entre Estados Unidos e China — e as eventuais surpresas que poderiam vir durante o evento.
O que os agentes financeiros não esperavam é que um dado da agenda econômica doméstica poderia causar estrago antes da aguardada cerimônia entre americanos e chineses. Mas eis que as vendas no varejo no país surgiram como quem não quer nada — e nocautearam o Ibovespa.
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Logo pela manhã, o índice rompeu a barreira do 1% de queda e não mais se recuperou: encerrou a sessão em baixa de 1,04%, aos 116.414,35 pontos. Não adiantou contar até 10.
O mercado de câmbio também saiu derrotado do ringue: o dólar à vista terminou em alta de 1,30%, a R$ 4,1843 — é a maior cotação de fechamento desde 5 de dezembro.
Golpe fulminante
Desde o início do pregão, os agentes financeiros mostravam decepção com a economia brasileira. Mais cedo, o IBGE divulgou que as vendas no varejo em novembro avançaram apenas 0,6% em relação a outubro.
Por mais que o resultado tenha sido positivo, o número veio abaixo da média das projeções de analistas ouvidos pelo Broadcast, que trabalhavam com uma expansão de 1,20% no período.
Assim, os dados do varejo somaram-se aos indicadores mais fracos da produção industrial na semana passada, criando dúvidas quanto à retomada da economia doméstica — e a as recentes pressões inflacionárias também contribuem para esfriar os ânimos por aqui.
"O que esta pesando é esse novo indicador ruim de atividade, ainda mais considerando que o varejo contava com a injeção de recursos do FGTS na economia e as promoções da Black Friday [em novembro]", me disse um analista, ao ser questionado a respeito do mau desempenho dos mercados domésticos.
A leitura de que a atividade ainda sofre para ganhar tração aumentou as apostas num novo corte da Selic pelo Banco Central, de modo a fornecer mais estímulo à economia. Assim, as curvas de juros terminaram a sessão em baixa, refletindo essa percepção.
Confira abaixo como ficaram os principais DIs:
- Janeiro/2021: de 4,44% para 4,39%;
- Janeiro/2023: de 5,66% para 5,56%;
- Janeiro/2025: de 6,38% para 6,32%;
- Janeiro/2027: de 6,75% para 6,71%.
Em resposta aos dados mais fracos que o esperado no varejo, a maior parte das ações de empresas do setor fecharam em baixa nesta quarta-feira. Foi o caso de Lojas Americanas PN (LAME4), em queda de 1,33%; de Magazine Luiza ON (MGLU3), com desvalorização de 0,63%; de Lojas Renner ON (LREN3), com perda de 0,66%; e de Cia Hering ON (HGTX3), com recuo de 3,27%.
O tom mais apreensivo também afetou as ações dos bancos, que desde o início do ano têm apresentado uma performance bastante fraca. Itaú Unibanco PN (ITUB4) caiu 1,23%, Bradesco PN (BBDC4) recuou 1,75%, Banco do Brasil ON (BBAS3) teve baixa de 1,83% e as units do Santander Brasil tiveram perda de 2,30%.
Vale lembrar, ainda, que ocorre hoje o vencimento de opções sobre o índice futuro do Ibovespa, fator que sempre traz volatilidade aos papéis de maior peso na composição da carteira — caso dos bancos.
Sem grandes surpresas
Mas e a assinatura do acordo entre Pequim e Washington? Não mexeu com os mercados?
Bem, a assinatura em si já tinha sido precificada pelos agentes financeiros. Assim, os investidores estavam de olho nas informações e sinais a serem emitidos pelas autoridades — e o pacote trouxe dados positivos e negativos.
Por um lado, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que, com a assinatura da primeira fase do acerto, a China se compromete a investir US$ 200 bilhões em serviços e produtos americanos. Desse montante, US$ 50 bilhões dizem respeito a itens agrícolas, e outros US$ 50 bilhões referem-se a suprimentos de energia.
Tais dados foram bem recebidos pelo mercado, que conseguiu quantificar o tamanho do acordo entre Washington e Pequim. Mas, por outro, a informação de que as tarifas impostas por ambas as partes até o momento continuarão valendo — as sobretaxações só serão retiradas numa segunda fase — contribuiu para trazer cautela às negociações.
Afinal, por mais que a primeira etapa do acordo tenha sido concluída, fica claro que o tema da guerra comercial está longe de ser resolvido. Assim, o alívio imediato veio acompanhado de uma preocupação no médio/longo prazo.
Ao fim do dia, o saldo foi positivo para as bolsas americanas: o Dow Jones fechou em alta de 0,31%, o S&P 500 subiu 0,19% e o Nasdaq teve ganho de 0,08% — ao longo do dia, os três índices tocaram novos recordes intradiários.
Top 5
Veja abaixo as cinco ações de melhor desempenho do Ibovespa nesta quarta-feira:
- Marfrig ON (MRFG3): +4,84%
- NotreDame Intermédica ON (GNDI3): +2,76%
- B2W ON (BTOW3): +2,57%
- IRB ON (IRBR3): +2,35%
- Suzano ON (SUZB3): +1,56%
Confira também as maiores perdas do índice hoje:
- Cogna ON (COGN3): -3,44%
- Cia Hering ON (HGTX3): -3,27%
- Rumo ON (RAIL3): -3,22%
- Cielo ON (CIEL3): -2,94%
- B3 ON (B3SA3): -2,69%
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