Tensão geopolítica pressiona os mercados e faz o Ibovespa cair 1,87% na semana
Depois dos sucessivos recordes atingidos em dezembro, o Ibovespa entrou numa onda de correção neste início de mês, influenciado pelos atritos entre EUA e Irã. Com esse pano de fundo, o índice teve hoje a sexta baixa seguida

2019 acabou com um céu de brigadeiro para os mercados: a guerra comercial entre EUA e China esfriou, a atividade global ganhava tração e a economia doméstica indicava o início de um ciclo virtuoso. Era como se nada pudesse dar errado por um longo tempo.
Pois em apenas 10 dias, 2020 mostrou que as coisas podem mudar muito rápido nos mercados. E olha que as variáveis citadas acima não tiveram grandes alterações: a diferença é que um novo fator de tensão entrou no radar dos investidores: o risco geopolítico.
E qual o efeito dessa mudança de cenário? Bem, o Ibovespa fechou o pregão desta sexta-feira (10) em baixa de 0,38%, aos 115.503,42 pontos — foi a sexta sessão consecutiva no campo negativo. Somente nesta semana, o índice acumulou perdas de 1,87%.
A preocupação também abalou o mercado de câmbio: o dólar à vista subiu 0,20% hoje, chegando a R$ 4,0934 — o maior nível desde 20 de dezembro. Na semana, a moeda americana avançou 0,93%.
O risco geopolítico se refere, é claro, às tensões entre Estados Unidos e Irã no Oriente Médio. A relação entre os países, que nunca foi muito amistosa, azedou de vez na semana passada, quando uma ação militar americana matou o general Qassem Suleimani, líder das tropas iranianas.
O Irã revidou, como era de se esperar: lançou ataques aéreos contra bases dos EUA no Iraque, elevando as turbulências no Oriente Médio e colocando o mercado na defensiva.
Leia Também
Mas a escalada militar na região, que parecia inevitável, acabou sendo interrompida a partir daí. O ataque iraniano não trouxe grandes danos às instalações dos EUA e não causou a morte de militares americanos, o que diminuiu o pânico global.
E a postura "amena" do presidente Donald Trump, evitando qualquer ação bélica e anunciando "apenas" sanções econômicas ao Irã, contribuiu para que os mercados financeiros respirassem aliviados. No entanto, isso não quer dizer que os riscos tenham desaparecido do radar.
Por mais que os mercados americanos tenham amortecido parte das perdas e o petróleo tenha devolvido boa fatia da disparada do início da semana, fato é que a situação no Oriente Médio continua nebulosa.
Ainda não é possível afirmar que o Irã não realizará novas ofensivas na região ou que deixará de perseguir a obtenção de armas nucleares. Além disso, as sanções econômicas impostas por Trump também podem ser interpretadas como um sinal de agressividade por parte de Washington.
Assim, o que vimos nessa semana foi um ajuste no nível de risco representado pelas tensões geopolíticas. Em determinado momento, o estresse chegou ao pico e, agora, está bem mais relaxado. Mas, ainda assim, os investidores seguem alertas ao noticiário: qualquer movimentação pode provocar efervescência nos ativos.
Economia em foco
Apesar do alívio imediato nas tensões entre Estados Unidos e Irã, o Ibovespa não conseguiu surfar a onda de recuperação vista no exterior. E muito disso se deve à agenda doméstica, que trouxe dados menos favoráveis ao longo da semana.
A começar pela produção industrial, que recuou 1,2% em novembro ante outubro, uma queda maior que a prevista pelos analistas — dado que caiu como um balde de água fria no mercado, que vinha animado com a perspectiva de ganho de tração da economia doméstica.
Além disso, a inflação medida pelo IPCA continua pressionada, avançando 1,15% em dezembro, ainda influenciada pelo choque de preços das carnes. Com isso, o índice terminou 2019 com alta acumulada de 4,31%, resultado ligeiramente acima do centro da meta, de 4,25%.
A pressão inflacionária já era esperada pelo mercado, mas a consumação dos números torna cada vez mais improvável um novo corte na taxa Selic, que fechou 2019 no piso histórico de 4,5% ao ano.
Por outro lado, ainda não há qualquer indício de que o Banco Central precisará elevar a taxa básica de juros. O IPCA, afinal, está confortavelmente dentro da meta, e é esperado que o choque de preços nos alimentos arrefeça nos próximos meses.
Top 5
Veja abaixo os cinco papéis de melhor desempenho do Ibovespa nesta sexta-feira:
- Tim ON (TIMP3): +2,64%
- Metalúrgica Gerdau PN (GOAU4): +2,17%
- Natura ON (NTCO3): +2,12%
- Weg ON (WEGE3): +2,04%
- Eletrobras ON (ELET3): +1,91%
Saiba também quais foram as maiores quedas do índice hoje:
- CVC ON (CVCB3): -3,11%
- Raia Drogasil ON (RADL3): -3,10%
- Banco do Brasil ON (BBAS3): -2,35%
- Hapvida ON (HAPV3): -2,13%
- Usiminas PNA (USIM5): -2,04%
O pior está por vir? As ações que mais apanham com as tarifas de Trump ao Brasil — e as três sobreviventes no pós-mercado da B3
O Ibovespa futuro passou a cair mais de 2,5% assim que a taxa de 50% foi anunciada pelo presidente norte-americano, enquanto o dólar para agosto renovou máxima, subindo mais de 2%
A bolsa brasileira vai negociar ouro a partir deste mês; entenda como funcionará o novo contrato
A negociação começará em 21 de julho, sob o ticker GLD, e foi projetada para ser mais acessível, inspirada no modelo dos minicontratos de dólar
Ibovespa tropeça em Galípolo e na taxação de Trump ao Brasil e cai 1,31%; dólar sobe a R$ 5,5024
Além da sinalização do presidente do BC de que a Selic deve ficar alta por mais tempo do que o esperado, houve uma piora generalizada no mercado local depois que Trump mirou nos importados brasileiros
FII PATL11 dispara na bolsa e não está sozinho; saiba o que motiva o bom humor dos cotistas com fundos do Patria
Após encher o carrinho com novos ativos, o Patria está apostando na reorganização da casa e dois FIIs entram na mira
O Ibovespa está barato? Este gestor discorda e prevê um 2025 morno; conheça as 6 ações em que ele aposta na bolsa brasileira agora
Ao Seu Dinheiro, o gestor de ações da Neo Investimentos, Matheus Tarzia, revelou as perspectivas para a bolsa brasileira e abriu as principais apostas em ações
A bolsa perdeu o medo de Trump? O que explica o comportamento dos mercados na nova onda de tarifas do republicano
O presidente norte-americano vem anunciando uma série de tarifas contra uma dezena de países e setores, mas as bolsas ao redor do mundo não reagem como em abril, quando entraram em colapso; entenda por que isso está acontecendo agora
Fundo Verde, de Stuhlberger, volta a ter posição em ações do Brasil
Em carta mensal, a gestora revelou ganhos impulsionados por posições em euro, real, criptomoedas e crédito local, enquanto sofreu perdas com petróleo
Ibovespa em disparada: estrangeiros tiveram retorno de 34,5% em 2025, no melhor desempenho desde 2016
Parte relevante da valorização em dólares da bolsa brasileira no primeiro semestre está associada à desvalorização global da moeda norte-americana
Brasil, China e Rússia respondem a Trump; Ibovespa fecha em queda de 1,26% e dólar sobe a R$ 5,4778
Presidente norte-americano voltou a falar nesta segunda-feira (7) e acusou o Brasil de promover uma caça às bruxas; entenda essa história em detalhes
Em meio ao imbróglio com o FII TRBL11, Correios firmam acordo de locação com o Bresco Logística (BRCO11); entenda como fica a operação da agência
Enquanto os Correios ganham um novo endereço, a agência ainda lida com uma queda de braço com o TRBL11, que vem se arrastando desde outubro do ano passado
De volta ao trono: Fundo imobiliário de papel é o mais recomendado de julho para surfar a alta da Selic; confira o ranking
Apesar do fim da alta dos juros já estar entrando no radar do mercado, a Selic a 15% abre espaço para o retorno de um dos maiores FIIs de papel ao pódio da série do Seu Dinheiro
Ataque hacker e criptomoedas: por que boa parte do dinheiro levado no “roubo do século” pode ter se perdido para sempre
Especialistas consultados pelo Seu Dinheiro alertam: há uma boa chance de que a maior parte do dinheiro roubado nunca mais seja recuperada — e tudo por causa do lado obscuro dos ativos digitais
Eve, subsidiária da Embraer (EMBR3), lança programa de BDRs na B3; saiba como vai funcionar
Os certificados serão negociados na bolsa brasileira com o ticker EVEB31 e equivalerão a uma ação ordinária da empresa na Bolsa de Nova York
Quem tem medo da taxação? Entenda por que especialistas seguem confiantes com fundos imobiliários mesmo com fim da isenção no radar
Durante o evento Onde Investir no Segundo Semestre de 2025, especialistas da Empiricus Research, da Kinea e da TRX debateram o que esperar para o setor imobiliário se o imposto for aprovado no Congresso
FIIs na mira: as melhores oportunidades em fundos imobiliários para investir no segundo semestre
Durante o evento Onde Investir no Segundo Semestre de 2025, do Seu Dinheiro, especialistas da Empiricus Research, Kinea e TRX revelam ao que o investidor precisa estar atento no setor imobiliário com a Selic a 15% e risco fiscal no radar
Ibovespa sobe 0,24% e bate novo recorde; dólar avança e termina dia cotado em R$ 5,4248
As bolsas norte-americanas não funcionaram nesta sexta-feira (4) por conta de um feriado, mas o exterior seguiu no radar dos investidores por conta das negociações tarifárias de Trump
Smart Fit (SMFT3) falha na série: B3 questiona queda brusca das ações; papéis se recuperam com alta de 1,73%
Na quarta-feira (2), os ativos chegaram a cair 7% e a operadora da bolsa brasileira quis entender os gatilhos para a queda; descubra também o que aconteceu
Ibovespa vale a pena, mas vá com calma: por que o UBS recomenda aumento de posição gradual em ações brasileiras
Banco suíço acredita que a bolsa brasileira tem espaço para mais valorização, mas cita um risco como limitante para alta e adota cautela
Da B3 para as telinhas: Globo fecha o capital da Eletromidia (ELMD3) e companhia deixa a bolsa brasileira
Para investidores que ainda possuem ações da companhia, ainda é possível se desfazer delas antes que seja tarde; saiba como
Os gringos investiram pesado no Brasil no primeiro semestre e B3 tem a maior entrada de capital estrangeiro desde 2022
Entre janeiro e junho deste ano, os gringos aportaram cerca de R$ 26,5 bilhões na nossa bolsa — o que impulsionou o Ibovespa no período