Legacy vê “repressão financeira” com juro baixo e aposta em carteira global de ações
Felipe Guerra, sócio da gestora que possui R$ 14,5 bilhões em patrimônio, acredita em recuperação em “V” da crise e aponta o teto de gastos como “pau de circo” para sustentar juro baixo no país
Questionado no fim do ano passado sobre as principais posições da Legacy Capital, Felipe Guerra respondeu com a curiosa sigla “BBBBB”. Era uma referência às posições compradas em ativos brasileiros como a bolsa e NTN-B (título público corrigido pela inflação).
Eu voltei a entrevistar o sócio da gestora que possui R$ 14,5 bilhões em patrimônio na semana passada. Como não podia ser diferente, o efeito coronavírus nos mercados acabou tirando alguns “bês” e acrescentando outras letras aos fundos.
O sócio da Legacy – gestora formada há dois anos por ex-profissionais da tesouraria do Santander – até segue com uma visão positiva para a bolsa brasileira. Mas diante das incertezas que seguem no radar aposta hoje em uma diversificação não não só de ativos, mas também geográfica.
Além da alocação “óbvia” na bolsa dos Estados Unidos, a Legacy detém ações nos mercados da Suíça, Alemanha e Japão. A ideia é não ficar exposto a um único país cuja economia pode eventualmente sofrer com um surto localizado de coronavírus.
O cenário de medidas mais duras de isolamento, contudo, não está no radar do gestor, pelo contrário. “O sarrafo para fazer lockdown está mais alto. A contaminação teria que piorar muito para termos que fechar novamente as economias.”
Após o baque global com a disseminação do vírus nos primeiros meses do ano, Guerra está no grupo dos que veem uma maior possibilidade de uma recuperação em “V” das economias. Aqui no Brasil a convicção dele é menor, mas os indicadores recentes têm sido animadores.
Leia Também
“Os dados de alta frequência da economia, como o movimento nas estradas, vendas de veículos e consumo de energia mostram uma recuperação clara em curso” — Felipe Guerra, Legacy Capital
Ao mesmo tempo, ele avalia que a injeção massiva de recursos pelos bancos centrais em boa parte compensa as perdas das economias no período de quarentena com o coronavírus.
Repressão financeira
A liquidez sem precedentes patrocinada pelos bancos centrais, em conjunto com as taxas de juros nas mínimas históricas, devem continuar empurrando os investidores para ativos de maior risco.
“O mundo e o Brasil estão passando por uma repressão financeira. Nesse novo mundo, ativos alternativos como crédito e bolsa ganham valor.”
Se a bolsa é a grande aposta hoje, quais papéis a Legacy tem na carteira? Guerra falou principalmente sobre setores que considera promissores, como os de marketing digital, biotecnologia, comércio eletrônico e meios de pagamento.
Com a reabertura e retomada das economias, ele também vê espaço para a valorização de produtores de commodities.
Quando eu perguntei especificamente sobre nomes, ele citou apenas uma ação: Petrobras. “A empresa continua no processo de venda de ativos e vem operando com margens maiores com a desvalorização do real.”
Dólar está caro, mas…
Ao falar sobre câmbio, o gestor da Legacy mais uma vez retomou o tema da repressão financeira ao dizer que hoje é difícil manter apostas contra o dólar.
Isso porque o atual cenário de juros baixos e liquidez farta deve levar o brasileiro a aumentar a alocação de recursos no exterior. “Toda vez que o dólar cair vai ter investidor local aproveitando para ter mais ativo em dólar.”
Do ponto de vista de fundamentos, porém, ele considera que o real está barato, diante dos atuais patamares de risco e de preços das commodities, principais produtos da pauta de exportação brasileira.
Por que então o câmbio tem oscilado tanto? Para Guerra, o mercado tem usado a moeda brasileira como proteção (hedge) em momentos de maior aversão a risco.
O movimento é um efeito colateral da queda da Selic, que torna o real mais vulnerável. “Quando a Selic estava a 14% era caro ficar vendido em real”, afirmou.
Por outro lado, nos momentos em que as dúvidas do mercado diminuem, essas posições contra a moeda brasileira são desmontadas, o que provoca a volatilidade do câmbio.
Pau de circo
Nesse cenário, Guerra também vê pouco espaço para ganhos no mercado de juros, que durante muito tempo foi a principal fonte de retorno para os fundos multimercados.
A expectativa dele é de que o ciclo de queda da Selic esteja muito perto do fim após o corte para 2,25% ao ano, se é que já não acabou. E a relação entre risco e retorno de ficar aplicado em taxas não compensa diante da alta volatilidade nos mercados. “Preferimos ter bolsa no Brasil do que renda fixa”
Para o sócio da Legacy, o próximo movimento relevante da Selic será para cima, principalmente se a perspectiva de retomada mais rápida da economia se confirmar.
Não que ele espere uma alta substancial dos juros no país. “A taxa está hoje abaixo do que seria compatível com a nossa economia, mas o juro estrutural hoje no país é mais baixo.”
Toda essa análise, contudo, depende de um fator: a manutenção do teto de gastos do governo. Guerra classificou a medida aprovada no governo Temer como o “pau de circo” que sustenta a economia.
“Enquanto o teto de gastos persistir os investidores de modo geral vão acreditar que as expectativas de inflação estão ancoradas e o juro médio tem como se manter mais baixo do que foi no passado.”
Maior risco
Ao ser questionado sobre o principal risco no horizonte, o sócio da Legacy não cita nem o lado fiscal e político nem a pandemia do coronavírus, e sim as eleições nos Estados Unidos.
Ainda que a escolha de Joe Biden tenha diminuído um pouco a possibilidade de uma guinada mais radical na política norte-americana, Guerra disse que uma vitória do democrata nas eleições deve ser ruim para a bolsa.
“Ele tem uma agenda bem focada na taxação de empresas, então a chance de haver um aumento de impostos é alta”, disse. Por isso ele acredita que o mercado acionário tende a cair caso a candidatura de Biden ganhe favoritismo.
Estreia em previdência
Assim como quase todo o mercado, a Legacy começou a crise do coronavírus no vermelho. O principal fundo da casa registrou perdas nos três primeiros meses de 2020, mas conseguiu se recuperar a partir de abril e fechou o semestre com retorno de 2,67%, acima do 1,75% do CDI, o indicador de referência.
A gestora reabriu os fundos para captação, mas deve voltar a fechá-los quando o patrimônio se aproximar dos R$ 15 bilhões, segundo Guerra. A novidade é que a gestora se prepara para lançar o primeiro fundo de previdência, que deve replicar a carteira principal com os devidos ajustes regulatórios.
Investidor estrangeiro minimiza riscos de manutenção do governo atual e cenários negativos estão mal precificados, diz Luis Stuhlberger
Na carta mensal do Fundo Verde, gestor afirmou que aumentou exposição às ações locais e está comprado em real
Após imbróglio, RBVA11 devolve agências à Caixa — e cotistas vão sair ganhando nessa
Com o distrato, o fundo reduziu ainda mais sua exposição ao setor financeiro, que agora representa menos de 24% do portfólio total
Efeito Flávio derruba a bolsa: Ibovespa perde mais de 2 mil pontos em minutos e dólar beira R$ 5,50 na máxima do dia
Especialistas indicam que esse pode ser o começo da real precificação do cenário eleitoral no mercado local, depois de sucessivos recordes do principal índice da bolsa brasileira
FII REC Recebíveis (RECR11) mira R$ 60 milhões com venda de sete unidades de edifício em São Paulo
Apesar de não ter informado se a operação vai cair como um dinheiro extra no bolso dos cotistas, o RECR11 voltou a aumentar os dividendos em dezembro
Ações de IA em alta, dólar em queda, ouro forte: o que esses movimentos revelam sobre o mercado dos EUA
Segundo especialistas consultados pelo Seu Dinheiro, é preciso separar os investimentos em equities de outros ativos; entenda o que acontece no maior mercado do mundo
TRX Real Estate (TRXF11) abocanha novos imóveis e avança para o setor de educação; confira os detalhes das operações
O FII fez sua primeira compra no segmento de educação ao adquirir uma unidade da Escola Eleva, na Barra da Tijuca (RJ)
O estouro da bolsa brasileira: gestor rebate tese de bolha na IA e vê tecnologia abrindo janela de oportunidade para o Brasil
Em entrevista exclusiva ao Seu Dinheiro, Daniel Popovich, gestor da Franklin Templeton, rebate os temores de bolha nas empresas de inteligência artificial e defende que a nova tecnologia se traduzirá em crescimento de resultados para as empresas e produtividade para as economias
Aura (AURA33): small cap que pode saltar 50% está no pódio das ações para investir em dezembro segundo 9 analistas
Aura Minerals (AURA33) pode quase dobrar a produção; oferece exposição ao ouro; paga dividendos trimestrais consistentes e negocia com forte desconto.
CVM suspende 6 empresas internacionais por irregularidades na oferta de investimentos a brasileiros; veja quais são
Os sites, todos em português, se apresentam como plataformas de negociação em mercados globais, com ativos como moedas estrangeiras, commodities, metais, índices, ETFs, ações, criptoativos e outros
Bolsa perdeu R$ 183 bilhões em um único dia; Itaú Unibanco (ITUB4) teve maiores perdas
Essa é a maior queda desde 22 de fevereiro de 2021, ainda período da pandemia, e veio depois que Flávio Bolsonaro foi confirmado como candidato à presidência pelo PL
Do céu ao inferno: Ibovespa tem a maior queda desde 2021; dólar e juros disparam sob “efeito Flávio Bolsonaro”
Até então, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, era cotado como o mais provável candidato da direita, na avaliação do mercado, embora ele ainda não tivesse anunciado a intenção de concorrer à presidência
Pequenas e poderosas: Itaú BBA escolhe as ações small cap com potencial de saltar até 50% para carteira de dezembro
A Plano & Plano (PLP3) tem espaço para subir até 50,6%; já a Tenda (TEND3) pode ter valorização de 45,7%
Ibovespa sobe 1,65% e rompe os 164 mil pontos em forte sequência de recordes. Até onde o principal índice da bolsa pode chegar?
A política monetária, com o início do ciclo de cortes da Selic, é um dos gatilhos para o Ibovespa manter o sprint em 2026, mas não é o único; calculamos até onde o índice pode chegar e explicamos o que o trouxe até aqui
Ibovespa vai dar um salto de 18% e atingir os 190 mil pontos com eleições e cortes na Selic, segundo o JP Morgan
Os estrategistas reconhecem que o Brasil é um dos poucos mercados emergentes com um nível descontado em relação à média histórica e com o múltiplo de preço sobre lucro muito mais baixo do que os pares emergentes
Empresas listadas já anunciaram R$ 68 bilhões em dividendos do quarto trimestre — e há muito mais por vir; BTG aposta em 8 nomes
Levantamento do banco mostra que 23 empresas já anunciaram valor ordinários e extraordinários antes da nova tributação
Pátria Malls (PMLL11) vai às compras, mas abre mão de parte de um shopping; entenda o impacto no bolso do cotista
Somando as duas transações, o fundo imobiliário deverá ficar com R$ 40,335 milhões em caixa
BTLG11 é destronado, e outros sete FIIs disputam a liderança; confira o ranking dos fundos imobiliários favoritos para dezembro
Os oito bancos e corretoras consultados pelo Seu Dinheiro indicaram três fundos de papel, dois fundos imobiliários multiestratégia e dois FIIs de tijolo
A bolsa não vai parar: Ibovespa sobe 0,41% e renova recorde pelo 2º dia seguido; dólar cai a R$ 5,3133
Vale e Braskem brilham, enquanto em Nova York, a Microsoft e a Nvidia tropeçam e terminam a sessão com perdas
Vai ter chuva de dividendos neste fim de ano? O que esperar das vacas leiteiras da bolsa diante da tributação dos proventos em 2026
Como o novo imposto deve impactar a distribuição de dividendos pelas empresas? O analista da Empiricus, Ruy Hungria, responde no episódio desta semana do Touros e Ursos
Previsão de chuva de proventos: ação favorita para dezembro tem dividendos extraordinários no radar; confira o ranking completo
Na avaliação do Santander, que indicou o papel, a companhia será beneficiada pelas necessidades de capacidade energética do país
