O Ibovespa iniciou esta semana de Natal em queda por conta do temor causado pela mutação do novo coronavírus (Sars-Cov-2) detectada no Reino Unido.
Mas depois de uma manhã e um início de tarde negativos - o índice chegou a cair 2,79%, a 114.730 pontos, na mínima do dia -, o principal indicador da B3 reduziu as perdas, chegando a cair menos de 1% no meio da tarde.
Perto do fechamento, porém, o Ibovespa voltou a aprofundar a queda, fechando em baixa de 1,86%, aos 115.822 pontos. Um dos motivos parece ter sido a discussão do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), com o líder do governo na Casa, Ricardo Barros (PP-PR), se negando a retirar da pauta uma proposta que aumenta os repasses da União para municípios. O aumento das transferências pode ter impacto de R$ 4 bilhões no caixa do Tesouro Nacional por ano.
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Os investidores começaram o dia preocupados com a identificação de uma nova variação do coronavírus, feita por cientistas do Reino Unido, que permite uma disseminação mais rápida da doença. A descoberta fez com que vários países europeus suspendessem voos provenientes de aeroportos britânicos.
Além de França, Itália, Bélgica, Áustria e Holanda, que suspenderam os voos durante o fim de semana, Índia e Hong Kong anunciaram, hoje, decisão semelhante. A Austrália divulgou, nesta segunda, que também detectou esta linhagem do vírus, que já havia sido identificado no Brasil, no mês de abril.
Com isso, as bolsas americanas abriram em forte baixa, com as ações de companhias aéreas caindo 4%. Mas, no início da tarde, os índices acionários de Wall Street reduziram bastante as perdas, depois que o diretor executivo do Programa de Emergências em Saúde da Organização Mundial da Saúde (OMS), Mike Ryan, disse ser improvável que a variante do coronavírus detectada no Reino Unido inviabilize as vacinas contra a covid-19.
O Dow Jones, então, virou para alta, fechando com ganho de 0,12%, enquanto o S&P 500 fechou em baixa de 0,39% e o Nasdaq fechou com leve recuo de 0,10%.
As bolsas europeias, por outro lado, fecharam com fortes perdas. Em Frankfurt, o DAX fechou em queda de 2,82%, enquanto o FTSE 100 de Londres perdeu 1,73%. O CAC 40 de Paris fechou em baixa de 2,43% e o FTSE MIB de Milão terminou o pregão em queda de 2,52%.
O dólar, por sua vez, passou o dia em alta, mas também reduziu o ritmo com os esclarecimentos sobre a nova cepa de coronavírus. A moeda americana finalmente fechou com avanço de apenas 0,78%, a R$ 5,1228, depois de passar boa parte do dia em alta superior a 1%, cotada a cerca de R$ 5,15. Na máxima do dia, a moeda chegou à casa dos R$ 5,22.
Os investidores agora estão de olho no novo pacote fiscal americano no valor de US$ 900 bilhões que deve finalmente ser aprovado nesta semana. Durante o fim de semana, os senadores americanos chegaram a um acordo que removia a última barreira para a aprovação do pacote. À tarde, o texto do projeto de Lei dos estímulos foi finalizado e deve ser submetido à votação às 22h de hoje.
Segundo o presidente do Tesouro americano, Steven Mnuchin afirmou em entrevista à CNBC, os americanos devem começar a receber o auxílio previsto no novo pacote já a partir de semana que vem. A perspectiva de novos estímulos contribui para a alta das bolsas e enfraquecimento do dólar em âmbito global.
Os juros futuros seguiram o dólar e operaram em alta até o início da tarde, mas à tarde passaram a desacelerar os ganhos, fechando perto da estabilidade. Confira o fechamento dos principais vencimentos:
- Janeiro/2021: de 1,91% para 1,92%;
- Janeiro/2022: de 2,965% para 2,97%;
- Janeiro/2023: de 4,405% para 4,42%;
- Janeiro/2025: de 5,91% para 5,92%.
Quem sobe, quem desce
A forte queda do petróleo com a notícia da nova variação de coronavírus no Reino Unido derruba as ações da Petrobras nesta segunda-feira. Os contratos WTI e Brent com vencimento em fevereiro de 2021 passaram boa parte do dia em queda de cerca de 3%, mas chegaram a cair 6% no início da sessão.
Assim, os papéis ordinários da Petrobras (PETR3) fecharam em queda de 3,70%, e os preferenciais (PETR4) tiveram baixa de 3,84%.
As ações de Gol (GOLL4), Azul (AZUL4), CVC (CVCB3) e Embraer (EMBR3) ficaram entre as maiores baixas do Ibovespa com as notícias de novas restrições de viagens da Europa, mesmo com a melhora nas bolsas.
As ações da Vale (VALE3) recuaram 1,07%, menos que o Ibovespa. Apesar da notícia do deslizamento de terra na mina de Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG), na sexta-feira - que matou um trabalhador e rendeu à Vale a suspensão do seu alvará de funcionamento da empresa no município por sete dias -, a alta do minério de ferro no porto de Qingdao, na China, ajuda a conter a queda das ações da mineradora.
Já as ações do Magazine Luiza (MGLU3) apresentam a maior alta do dia depois que a empresa anunciou a aquisição da instituição de pagamentos Hub Prepaid.
Confira as poucas altas e maiores baixas do Ibovespa nesta segunda:
Maiores altas
CÓDIGO | EMPRESA | PREÇO (R$) | VARIAÇÃO |
MGLU3 | Magazine Luiza | 25,00 | +1,96% |
GNDI3 | NotreDame Intermédica | 75,48 | +1,52% |
CSNA3 | CSN | 30,86 | +1,51% |
BPAC11 | BTG Pactual | 90,71 | +0,71% |
QUAL3 | Qualicorp | 34,60 | +0,29% |
Maiores baixas
CÓDIGO | EMPRESA | PREÇO (R$) | VARIAÇÃO |
GOLL4 | Gol | 23,95 | -4,77% |
EMBR3 | Embraer | 8,54 | -4,58% |
VVAR3 | Via Varejo | 16,15 | -3,98% |
CVCB3 | CVC | 19,78 | -3,93% |
PETR4 | Petrobras | 27,02 | -3,84% |