O fracasso do IPO do WeWork e a temporada de caça aos unicórnios
O que deveria ser o negócio do ano virou um gigantesco vexame. Seria o fiasco do WeWork um sinal de que as startups bilionárias não valem o quanto pesam?
Unicórnios existem. E você pode encontrá-los no seu telefone celular se tiver instalado aplicativos como 99, iFood ou Nubank.
No mundo corporativo, os seres mitológicos em forma de cavalo com chifre batizam as empresas novatas (startups) que atingiram uma avaliação de pelo menos US$ 1 bilhão – R$ 4,05 bilhões no câmbio de sexta-feira.
As companhias que surgiram na era do smartphone sem dúvida mudaram a forma como consumimos produtos e serviços. É bem provável que você esteja lendo esse texto do seu celular.
A escolha do termo unicórnio não foi à toa e deveria representar algo raro no mercado. Mas o que se viu nos últimos anos foi uma proliferação de unicórnios, a ponto de levantar a dúvida se na verdade não estaríamos dentro de outro fenômeno: uma bolha.
Não é de hoje que a Marina Gazzoni me pede para escrever um texto sobre o assunto, que costuma ser tema de amplos debates nas reuniões de pauta do Seu Dinheiro.
O tema voltou à tona depois da frustrada tentativa de abertura de capital do WeWork, a startup de escritórios compartilhados com unidades em várias cidades espalhadas pelo mundo, inclusive São Paulo.
Leia Também
O IPO (sigla em inglês para oferta pública inicial de ações) em Nova York era cercado de expectativa. O WeWork começou os preparativos para ir à bolsa avaliado em estratosféricos US$ 47 bilhões (R$ 190 bilhões).
Mas o que deveria ser o negócio do ano virou um gigantesco vexame. Abarrotada de dívidas e sem o dinheiro dos investidores no IPO, a própria sobrevivência da empresa agora é colocada em xeque.
Presságio ou caso isolado?
Seria o fiasco do WeWork um sinal de que as startups bilionárias não valem o quanto pesam? Há vários elementos para acreditar que se trata de um caso isolado, como as excentricidades do fundador – que voava pelo mundo com o jato particular da empresa e ainda cobrou a companhia pelo uso da marca “We”.
Mas várias das startups que ascenderam à condição de unicórnios têm pelo menos um ponto em comum com o WeWork: jamais deram lucro.
Para conquistar um espaço nos nossos celulares, as novas empresas ganharam uma espécie de “licença para perder dinheiro”, como disse recentemente o presidente do Itaú Unibanco, Candido Bracher.
Nessa disputa por um lugar ao brilho da tela vale oferecer frete grátis, serviços bancários sem cobrança de tarifas, descontos generosos ou créditos em compras futuras.
O resultado é que as startups se revelaram ótimas para nós como consumidores, mas ainda não se provaram um bom investimento para o acionista.
Ou melhor, até foram um bom negócio, mas só para quem chegou primeiro.
“Pirâmide do bem”
Para você entender melhor aonde quero chegar vou explicar melhor como funciona o ecossistema das startups.
De certo modo, a forma como essas empresas se financiam reverteu o que talvez seja o primeiro mandamento do capitalismo: a busca por resultados financeiros.
A palavra de ordem para as startups não é lucro, sim “crescimento”. Para sustentar a expansão das atividades mesmo no vermelho, as empresas precisam captar recursos de investidores dispostos a financiá-las.
Existem hoje fundos especializados em avaliar e investir nas diferentes fases de uma startup. Conforme o negócio se revela viável e cresce, novos investidores entram com dinheiro. E cada rodada de captação, a empresa é avaliada por um valor maior do que na anterior.
Os fundos que entraram nas primeiras rodadas muitas vezes aproveitam para vender com um bom lucro parte de sua participação aos investidores que entram. E os que entram por último esperam lucrar com a venda de suas ações no IPO da companhia na bolsa.
Esse tipo de operação lhe parece familiar? Sim, trata-se de um esquema não muito diferente de uma pirâmide financeira. Mas enquanto a pirâmide “tradicional” é um esquema fraudulento, em que o dinheiro dos novos investidores é usado para pagar os antigos, as startups têm um negócio real e que tem como objetivo de dar lucro em algum momento.
Posso citar o Facebook como um exemplo de startup que deu prejuízo durante muitos anos, passou pelo ciclo de crescimento sustentada por aportes de fundos e hoje é uma empresa bastante lucrativa na bolsa norte-americana.
Já a aposta no Uber até agora só se provou (bastante) lucrativa para quem investiu nas primeiras rodadas de captação. Os investidores que decidiram comprar as ações da empresa de transporte por aplicativo no IPO amargam uma perda de 34% do capital investido.
Então é bolha?
O vexame da tentativa de abertura de capital do WeWork deve ajudar a conter a euforia com os unicórnios. De todo modo, me parece claro que as startups têm seu valor. Afinal, quem pode imaginar um mundo hoje sem Uber ou mesmo um Nubank?
Uma característica em comum entre todas as bolhas é que, depois que elas estouram, todos os sinais de exagero que parecem naturais hoje se tornam evidentes.
Eu conversei com vários investidores profissionais sobre o que eles achavam da avaliação de US$ 10 bilhões (R$ 40,5 bilhões) obtida pelo Nubank na última rodada de captação. E ouvi argumentos apaixonados tanto em defesa como de crítica ao modelo de negócios da empresa de cartões, que conta com mais de 10 milhões de usuários, mas até hoje não conhece o significado da palavra lucro.
Eu pessoalmente acredito que devemos enxergar os unicórnios como eles são. Imagine cada um deles como cavalos em uma corrida, da qual certamente alguém vai sair vencedor. O segredo é tentar acertar quais cavalos vão cruzar a linha de chegada e quais ficarão pelo caminho.
E você, o que acha da ascensão das novas empresas de tecnologia? Deixe seu comentário logo abaixo.
Por que a Axia Energia (AXIA3), ex-Eletrobras, aprovou um aumento de capital de R$ 30 bilhões? A resposta pode ser boa para o bolso dos acionistas
O objetivo do aumento de capital é manter o equilíbrio financeiro da empresa ao distribuir parte da reserva de lucros de quase R$ 40 bilhões
Magazine Luiza (MGLU3) aposta em megaloja multimarcas no lugar da Livraria Cultura para turbinar faturamento
Com cinco marcas sob o mesmo teto, a megaloja Galeria Magalu resgata a memória da Livraria Cultura, cria palco para conteúdo e promete ser a unidade mais lucrativa da varejista
Dividendos e bonificação em ações: o anúncio de mais de R$ 1 bilhão da Klabin (KLBN11)
A bonificação será de 1%, terá como data-base 17 de dezembro e não dará direito aos dividendos anunciados
Dividendos e recompra de ações: a saída bilionária da Lojas Renner (LREN3) para dar mais retorno aos acionistas
A varejista apresentou um plano de proventos até 2030, mas nesta segunda-feira (8) divulgou uma distribuição para os acionistas; confira os prazos
Vale (VALE3) é a ação preferida dos investidores de commodities. Por que a mineradora não é mais a principal escolha do UBS BB?
Enquanto o banco suíço prefere outro papel no setor de mineração, Itaú BBA e BB-BI reafirmam a recomendação de compra para a Vale; entenda os motivos de cada um
Cemig (CMIG4) ganha sinal verde da Justiça de Minas para a venda de usinas
A decisão de primeira instância havia travado inclusive o contrato decorrente do leilão realizado em 5 de dezembro de 2024
Nubank (NU/ROXO34) pode subir cerca de 20% em 2026, diz BB Investimentos: veja por que banco está mais otimista com a ação
“Em nossa visão o Nubank combina crescimento acelerado com rentabilidade robusta, algo raro no setor, com diversificação de receitas, expansão geográfica promissora e a capacidade de escalar com custos mínimos sustentando nossa visão positiva”, escreve o BB Investimentos.
“Selic em 15% não tem cabimento”, diz Luiza Trajano. Presidente e CEO do Magazine Luiza (MGLU3) criticam travas ao varejo com juros nas alturas
Em evento com jornalistas nesta segunda-feira (8), a empresária Luiza Trajano voltou a pressionar pela queda da Selic, enquanto o CEO Frederico Trajano revelou as perspectivas para os juros e para a economia em 2026
IRB (IRBR3) dispara na bolsa após JP Morgan indicar as ações como favoritas; confira
Os analistas da instituição também revisaram o preço-alvo para 2026, de R$ 54 para R$ 64 por ação, sugerindo potencial de alta de cerca de 33%
SpaceX, de Elon Musk, pode retomar posto de startup mais valiosa do mundo, avaliada em US$ 800 bilhões em nova rodada de investimentos, diz WSJ
A nova negociação, se concretizada, dobraria o valuation da empresa de Musk em poucos meses
Localiza (RENT3) propõe emitir ações preferenciais e aumento de capital
A Localiza, que tem uma frota de 600.000 carros, disse que as novas ações também seriam conversíveis em ações ordinárias
Fitch elevou rating da Equatorial Transmissão e de suas debêntures; veja o que baseou essa decisão
Sem grandes projetos à vista, a expectativa é de forte distribuição de dividendos, equivalente a 75% do lucro líquido regulatório a partir de 2026, afirma a Fitch.
Correios vetam vale-natal de R$ 2,5 mil a funcionários, enquanto aguardam decisão da Fazenda
A estatal negocia uma dívida de R$ 20 bilhões com bancos e irá fazer um programa de desligamento voluntário
Por que o Itaú BBA acredita que há surpresas negativas na compra da Warner pela Netflix (NTFLX34)
Aquisição bilionária amplia catálogo e fortalece marca, mas traz riscos com alavancagem, sinergias e aprovação regulatória, diz relatório
3tentos (TTEN3): veja por que Bank of America, XP e BBA compartilham otimismo com a ação, que já avança 30% em 2025
Vemos a 3tentos como uma história de crescimento sólida no setor agrícola, com um forte histórico, como demonstrado pela sua expansão no MT nos últimos 4 anos, diz Bank of America
Petrobras (PETR4) diz que é “possível” assumir operação na Braskem, prepara projeto de transição energética e retomará produção de fertilizantes
A presidente da estatal afirmou que não há nada fechado, mas que poderia “exercer mais sinergias” entre a atividade de uma petroquímica, Braskem, com a de uma petroleira, a Petrobras
ANS nega recurso da Hapvida (HAPV3), e empresa terá de reapresentar balanço à agência com ajustes de quase R$ 870 milhões
A empresa havia contabilizado o crédito fiscal relacionado ao programa, que prevê a negociação com desconto de dívidas das empresas de saúde suplementar com o Sistema Único de Saúde (SUS)
Super ricaços na mira: Lifetime acelera a disputa por clientes que têm mais de R$ 10 milhões para investir e querem tratamento especial, afirma CEO
O CEO Fernando Katsonis revelou como a gestora pretende conquistar clientes ‘ultra-high’ e o que está por trás da contratação de Christiano Ehlers para o Family Office
Game of Thrones, Friends, Harry Potter e mais: o que a Netflix vai levar em acordo bilionário com a Warner
Compra bilionária envolve HBO, DC, Cartoon Network e séries de peso; integração deve levar até 18 meses
A guerra entre Nubank e Febraban esquenta. Com juros e impostos no centro da briga, quais os argumentos de cada um?
Juros, inadimplência, tributação e independência regulatória dividem fintechs e grandes instituições financeiras. Veja o que dizem
