Juro menor ajuda, mas é preciso reforma
Primeiro semestre foi pior do que se esperava e especialistas dizem que há espaço para novo corte na taxa básica de juros (Selic) na tentativa de estimular a economia

A queda da atividade do setor de serviços em março, anunciada ontem, reforçou que o primeiro trimestre foi pior do que se esperava. A retração acompanha resultados decepcionantes no mesmo período no comércio e na indústria. Com a economia ainda fraca, especialistas ouvidos pelo jornal 'O Estado de S. Paulo' dizem que há espaço para que o Banco Central (BC) corte a taxa básica de juros (a Selic), na tentativa de estimular a economia.
No início do ano, a maior parte dos economistas previa que o Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, só mexeria nos juros no ano que vem. O primeiro trimestre fraco, porém, mudou essa perspectiva. Ontem, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou que a atividade do setor de serviços recuou 0,7% em março ante fevereiro, terceiro mês seguido de queda.
O dado seguiu resultados negativos na indústria e de estagnação no comércio. Nas últimas semanas, bancos e consultorias começaram a revisar para baixo as perspectivas de crescimento do País este ano. O último Boletim Focus, do Banco Central, aponta que o País deve crescer abaixo de 1,5%.
Apesar da alta dos preços de combustíveis e alimentos no começo do ano, o cenário esperado é de inflação sob controle no segundo semestre, com o Índice de Preços ao Consumidor - Amplo (IPCA) ficando em torno de 4% este ano. Isso, na avaliação dos analistas, reabre a possibilidade do uso dos juros, hoje em 6,5% ao ano, para tentar reaquecer a economia.
"O BC tem espaço para reduzir de 0,75 a 1 ponto porcentual a Selic na segunda metade do ano, sem estrago na inflação", avalia o ex-diretor do Banco Central Alexandre Schwartsman. "Só que o investimento ainda deve ficar travado. A Selic ajuda um pouco, mas o investidor precisa saber se o País ainda vai resistir aos próximos quatro anos - uma segurança que só reformas estruturais podem dar."
Ele estima que o País cresça entre 1,0% e 1,5% este ano, no mesmo patamar de 2017 e 2018. "O que é grave, dado que saímos de uma recessão quando a queda foi de 8,0%. Só demonstra o quanto o processo de recuperação tem sido lento."
Leia Também
2º semestre. No dia 10, o Bradesco revisou a projeção de alta do PIB de 1,9% para 1,1% e passou a estimar a Selic em 5,75% ao ano no fim de 2019. O Itaú Unibanco também prevê que os juros básicos devam estar em 5,75% ao ano no fim de 2019. "A decisão poderia ser acelerada caso houvesse uma definição mais clara da reforma", afirma o economista-chefe do banco J. Safra, Carlos Kawall. "Um corte nos juros poderia vir no terceiro trimestre, em julho, mas isso dependeria que a reforma da Previdência fosse aprovada, pelo menos, na Câmara."
Já para José Ronaldo de Castro Souza Jr., do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), um eventual corte nos juros precisa esperar por uma clareza maior das pressões dos preços de alimentos e combustíveis na inflação. "É algo mais para o fim do ano mesmo."
"Com a reforma da Previdência encaminhada, o Copom poderia começar a baixar juros lá por outubro. Esse seria um movimento positivo, considerando a alta ociosidade da indústria", avalia Silvio Campos Neto, da Tendências Consultoria.
O também ex-diretor do Banco Central Luis Eduardo Assis, além de enxergar espaço para uma rodada de corte de juros agora, diz que essa seria uma medida necessária para o estímulo da economia, no momento em que o governo precisa dar "boas notícias". "A reforma nunca será uma medida popular, mas é mais fácil mexer na Previdência com a economia dando algum sinal de reação."
Já a economista-chefe da consultoria Rosenberg, Thaís Zara, concorda que a queda dos juros poderia dar um alívio para a atividade econômica. "É um movimento que sempre acaba ajudando, mas demora um pouco para se transmitir para a atividade econômica." Ela avalia que o impacto dos juros menores seria sentido com mais força apenas no ano que vem.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Quando o plano é não ter plano: Ibovespa parte dos 135 mil pontos pela primeira vez em 2025 em dia de novos dados sobre mercado de trabalho dos EUA
Investidores também se preparam para o relatório de produção e vendas da Petrobras e monitoram entrevista coletiva de Galípolo
Copom busca entender em que nível e por quanto tempo os juros vão continuar restritivos, diz Galípolo, a uma semana do próximo ajuste
Em evento, o presidente do BC afirmou que a política monetária precisa de mais tempo para fazer efeito e que o cenário internacional é a maior preocupação do momento
Planos pré-feriado: Ibovespa se prepara para semana mais curta, mas cheia de indicadores e balanços
Dados sobre o mercado de trabalho no Brasil e nos EUA, balanços e 100 dias de Trump são os destaques da semana
Agenda econômica: Balanços, PIB, inflação e emprego estão no radar em semana cheia no Brasil e no exterior
Semana traz IGP-M, payroll, PIB norte-americano e Zona do Euro, além dos últimos balanços antes das decisões de juros no Brasil e nos Estados Unidos de maio
Agenda intensa: semana tem balanços de gigantes, indicadores quentes e feriado
Agenda da semana tem Gerdau, Santander e outras gigantes abrindo temporada de balanços e dados do IGP-M no Brasil e do PIB nos EUA
FI-Infras apanham na bolsa, mas ainda podem render acima da Selic e estão baratos agora, segundo especialistas; entenda
A queda no preço dos FI-Infras pode ser uma oportunidade para investidor comprar ativos baratos e, depois, buscar lucros com a valorização; entenda
Normas e tamanho do FGC entram na mira do Banco Central após compra do Banco Master levantar debate sobre fundo ser muleta para CDBs de alto risco
Atualmente, a maior contribuição ao fundo é feita pelos grandes bancos, enquanto as instituições menores pagam menos e têm chances maiores de precisar acionar o resgate
Vai dar zebra no Copom? Por que a aposta de uma alta menor da Selic entrou no radar do mercado
Uma virada no placar da Selic começou a se desenhar a pouco mais de duas semanas da próxima reunião do Copom, que acontece nos dias 6 e 7 de maio
Deixa a bolsa me levar: Ibovespa volta a flertar com máxima histórica em dia de IPCA-15 e repercussão de balanço da Vale
Apesar das incertezas da guerra comercial de Donald Trump, Ibovespa está a cerca de 2% de seu recorde nominal
Bradesco dispara em ranking do Banco Central de reclamações contra bancos; Inter e PagSeguro fecham o pódio. Veja as principais queixas
O Bradesco saiu da sétima posição ao fim de 2024 para o primeiro colocado no começo deste ano, ao somar 7.647 reclamações procedentes. Já Inter e PagSeguro figuram no pódio há muitos trimestres
Tudo tem um preço: Ibovespa tenta manter o bom momento, mas resposta da China aos EUA pode atrapalhar
China nega que esteja negociando tarifas com os Estados Unidos e mercados internacionais patinam
Rodolfo Amstalden: Seu frouxo, eu mando te demitir, mas nunca falei nada disso
Ameaçar Jerome Powell de demissão e chamá-lo de frouxo (“a major loser”), pressionando pela queda da taxa básica, só tende a corromper o dólar e alimentar os juros de longo prazo
Agora 2025 começou: Ibovespa se prepara para seguir nos embalos da festa do estica e puxa de Trump — enquanto ele não muda de ideia
Bolsas internacionais amanheceram em alta nesta quarta-feira diante dos recuos de Trump em relação à guerra comercial e ao destino de Powell
Banco Central acionou juros para defender o real — Galípolo detalha estratégia monetária brasileira em meio à guerra comercial global
Em audiência na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, Gabriel Galípolo detalhou a estratégia monetária do Banco Central e sua visão sobre os rumos da guerra comercial
Bitcoin engata alta e volta a superar os US$ 90 mil — enfraquecimento do dólar reforça tese de reserva de valor
Analistas veem sinais de desacoplamento entre bitcoin e o mercado de ações, com possível aproximação do comportamento do ouro
Orgulho e preconceito na bolsa: Ibovespa volta do feriado após sangria em Wall Street com pressão de Trump sobre Powell
Investidores temem que ações de Trump resultem e interferência no trabalho do Fed, o banco central norte-americano
O preço de um crime: fraudes no Pix disparam e prejuízo ultrapassa R$ 4,9 bilhões em um ano
Segundo o Banco Central, dados referem-se a solicitações de devoluções feitas por usuários e instituições após fraudes confirmadas, mas que não foram concluídas
Powell na mira de Trump: ameaça de demissão preocupa analistas, mas saída do presidente do Fed pode ser mais difícil do que o republicano imagina
As ameaças de Donald Trump contra Jerome Powell adicionam pressão ao mercado, mas a demissão do presidente do Fed pode levar a uma longa batalha judicial
O mundo vai pagar um preço pela guerra de Trump — a bolsa já dá sinais de quando e como isso pode acontecer
Cálculos feitos pela equipe do Bradesco mostram o tamanho do tombo da economia global caso o presidente norte-americano não recue em definitivo das tarifas
Respira, mas não larga o salva-vidas: Trump continua mexendo com os humores do mercado nesta terça
Além da guerra comercial, investidores também acompanham balanços nos EUA, PIB da China e, por aqui, relatório de produção da Vale (VALE3) no 1T25