“Desigualdade tem de ser combatida no imposto de renda”, diz Orair
No primeiro trimestre deste ano, a desigualdade de renda dos trabalhadores brasileiros atingiu seu maior nível em pelo menos sete anos

Um dos maiores especialistas em tributação e desigualdade do País, o economista Rodrigo Orair, atualmente diretor da Instituição Fiscal Independente (IFI) do Senado, afirma que as propostas de reforma tributária que estão no Congresso até tocam na questão da desigualdade de renda.
Mas diz que, para tratar da concentração de forma efetiva, não há outro caminho a não ser mexer no Imposto de Renda (o que não está previsto nos textos da Câmara e do Senado).
No primeiro trimestre deste ano, a desigualdade de renda dos trabalhadores brasileiros atingiu seu maior nível em pelo menos sete anos, segundo levantamento do Ibre/FGV.
O índice de Gini do rendimento domiciliar per capita do trabalho subiu, pelo 17.º trimestre consecutivo, de 0,625 no final do ano passado para 0,627 nos primeiros três meses de 2019. O indicador mede a desigualdade numa escala de zero a um. Quanto mais perto de zero, menor a desigualdade.
A reforma tributária é o momento de se discutir a redução da desigualdade?
Sem dúvida nenhuma. A visão que se tinha até os anos 90 era de que a tributação tinha de se abster de objetivos distributivos. Isso teria de ser feito pelo gasto. Mas isso mudou no cenário internacional. O principal motivo é a evidência, em grande parte dos países, da concentração elevada no topo de distribuição de renda, principalmente depois da crise de 2008. Nos países europeus e nos Estados Unidos, a perspectiva é que a renda do topo já se recuperou, mas a renda do miolo e da base está em níveis menores, em termos reais, do que o pré-crise. Isso gera uma insatisfação muito grande.
Leia Também
China será a grande vencedora do desarranjo econômico global provocado por Donald Trump, diz Panamby Capital
Como a reforma poderia abordar essa questão?
Nas duas propostas que tramitam no Congresso (na Câmara e no Senado), o IVA (imposto sobre valor agregado, que substitui vários impostos) tem um impacto de redistribuição federativo muito bom. Os recursos vão ser arrecadados e distribuídos no destino, onde estão os consumidores. Hoje, o critério de repartição dos tributos privilegia muito a origem (onde estão instaladas as empresas). Por exemplo: Paulínia e Hortolândia (SP). Na primeira, mora pouca gente, demanda muito menos serviços públicos, mas como a cidade tem uma refinaria da Petrobrás, recebe um caminhão de recursos de ICMS. A cidade vizinha, Hortolândia, onde moram as pessoas, que demandam os serviços públicos, recebe bem menos recursos.
Mas como seria tratada a desigualdade num imposto único?
Se for implementado o IVA, as propostas que estão no Congresso preveem um mecanismo de devolução para a camada mais pobre. Algo parecido com o sistema de nota fiscal eletrônica, só que em escala nacional. Quando comprar no supermercado, o consumidor dá o CPF e automaticamente esse CPF gera um crédito. O governo faz um cruzamento de dados e vê que essa pessoa está no cadastro único (de beneficiários do Bolsa Família). Ela receberia o crédito via conta bancária ou no cartão do Bolsa Família.
A alíquota de 25% para esse imposto único não é muito alta?
O Brasil tem uma carga tributária de 32% do PIB, quase a metade de bens e serviços. Somos o País que mais tributa bens e serviços no mundo. Dado que temos um alto nível de informalidade, uma reforma tributária neutra do ponto de vista arrecadatório vai requer uma das maiores alíquotas do IVA do mundo. Pouquíssimos países europeus têm alíquota acima de 25%: Noruega e Hungria. Na Noruega, eles tributam muito tudo e prestam serviços sociais desde a creche até o asilo dos idosos. Na Hungria, eles tributam muito bens e serviços e pouco a renda, como no Brasil. Se formos por esse caminho, com certeza teremos uma das maiores alíquotas do mundo.
Para tratar a desigualdade é preciso mexer no Imposto de Renda?
É o instrumento por excelência, do lado tributário, para lidar com a concentração de renda. Há a equidade horizontal e a equidade vertical. A horizontal é exigir que duas pessoas com a mesma renda paguem a mesma alíquota. O problema da pejotização (quando os trabalhadores deixam de ser contratados como pessoa física e passam a prestar serviço como pessoa jurídica) é que o trabalhador com carteira assinada paga uma alíquota maior do que um colega a PJ. Tem de ter um modelo que lide com isso. A outra é equidade vertical. Alguns governos conservadores, como o de Trump, fizeram reformas que não só reduzem alíquotas do topo, mais também da base, com o objetivo de aquecer a economia. Teve governo progressista, como o de Obama, que tributou os mais ricos com o objetivo de canalizar os recursos. É um debate político.
A proposta do governo propõe uma redução na alíquota no topo, mas também ampliação da faixa de isenção. Isso diminuiria a desigualdade?
Em comparação com os outros países, as alíquotas efetivas cobradas no topo são baixas. Mesmo as nossas alíquotas marginais são baixas em comparação com os outros países. O efeito imediato é não: estou dando incentivo tributário para quem está no topo. A não ser que eu pense em efeitos de segunda ordem: vai gerar crescimento. Mas são apostas.
Mas e o Imposto de Renda negativo?
É uma ideia muito famosa dos liberais da década de 90, mas que foi pouco implantada no mundo, apenas em países do leste europeu. A ideia é que o governo entrega renda para os mais pobres e cobra mais de quem está no topo. Mas os países que adotaram esse modelo eram de renda homogênea. Num país desigual como o Brasil, se o limiar for alto, terá de distribuir renda para grande parte da população. Não sei como se adaptaria esse modelo aqui. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Já sabe quais os melhores investimentos até o fim do ano? Baixe de graça nosso eBook exclusivo com as melhores dicas.
Entregou a declaração com erro ou ficou faltando alguma informação? Veja como retificar
Aprenda a preencher a declaração retificadora e corrigir erros e omissões em declarações que já foram entregues, em um prazo de até cinco anos após o envio da declaração original
Mesmo investimentos isentos de Imposto de Renda não escapam da Receita: veja por que eles precisam estar na sua declaração
Mesmo isentos de imposto, aplicações como poupança, LCI e dividendos precisam ser informadas à Receita; veja como declarar corretamente e evite cair na malha fina com a ajuda de um guia prático
Investimento alternativo ou vitória judicial: veja como declarar precatórios no imposto de renda
Se você recebeu o pagamento de um precatório no ano passado ou se investe nesse tipo de ativo alternativo, veja como informar a situação na sua declaração
Planos pré-feriado: Ibovespa se prepara para semana mais curta, mas cheia de indicadores e balanços
Dados sobre o mercado de trabalho no Brasil e nos EUA, balanços e 100 dias de Trump são os destaques da semana
Tem offshore? Veja como declarar recursos e investimentos no exterior como pessoa jurídica no IR 2025
Regras de tributação de empresas constituídas para investir no exterior mudaram no fim de 2023 e novidades entram totalmente em vigor no IR 2025
Sem banquete: ‘Mudança no Imposto de Renda é aperitivo, faltou o prato principal’, diz economista
Para pesquisador do Ipea, proposta de reforma do Imposto de Renda enviada pelo governo ao Congresso não contempla mudança estrutural.
Receita Federal vai pagar lote residual de restituição do Imposto de Renda para mais de 279 mil contribuintes; veja como consultar
A consulta ao lote residual da Receita Federal já está liberado e o pagamento deve cair na conta dos contribuintes na próxima quarta-feira (30)
Como declarar recursos e investimentos no exterior como pessoa física no imposto de renda 2025
Tem imóvel na Flórida? Investe por meio de uma corretora gringa? Bens e rendimentos no exterior também precisam ser informados na declaração de imposto de renda; veja como
É investimento no Brasil ou no exterior? Veja como declarar BDR no imposto de renda 2025
A forma de declarar BDR é similar à de declarar ações, mas há diferenças relativas aos dividendos distribuídos por esses ativos
Agora 2025 começou: Ibovespa se prepara para seguir nos embalos da festa do estica e puxa de Trump — enquanto ele não muda de ideia
Bolsas internacionais amanheceram em alta nesta quarta-feira diante dos recuos de Trump em relação à guerra comercial e ao destino de Powell
Como declarar fundos de investimento no imposto de renda 2025
O saldo e os rendimentos de fundos devem ser informados na declaração de IR. Saiba como declará-los
Bitcoin engata alta e volta a superar os US$ 90 mil — enfraquecimento do dólar reforça tese de reserva de valor
Analistas veem sinais de desacoplamento entre bitcoin e o mercado de ações, com possível aproximação do comportamento do ouro
Orgulho e preconceito na bolsa: Ibovespa volta do feriado após sangria em Wall Street com pressão de Trump sobre Powell
Investidores temem que ações de Trump resultem e interferência no trabalho do Fed, o banco central norte-americano
Como declarar bitcoin e outras criptomoedas no imposto de renda 2025
Operações com criptoativos podem precisar ser informadas na declaração de imposto de renda, além de estarem sujeitas à tributação
Como declarar fiagros e fundos imobiliários (FIIs) no imposto de renda 2025
Fundos imobiliários e fiagros têm cotas negociadas em bolsa, sendo tributados e declarados de formas bem parecidas
Imposto de Renda 2025: 7 erros que podem levar investidores a perder dinheiro na restituição e como evitá-los
Regras de declaração do Imposto de Renda podem mudar para cada classe de ativos e confundir contribuintes; guia gratuito ensina como evitar erros
Lucro de 17% isento de Imposto de Renda e com ‘pinga-pinga’ mensal na conta: veja como investir em estratégia ‘ganha-ganha’ com imóveis
EQI Investimentos localiza oportunidade em um ativo com retorno-alvo de 17% ao final de 2025, acima da inflação e da taxa básica de juros atual
Caiu na malha fina? Receita libera consulta ao lote de restituição do Imposto de Renda na quarta-feira
Ao todo, 279,5 mil contribuintes receberão R$ 339,63 milhões, mas há quem receberá o pagamento do lote de restituição do Imposto de Renda antes
Imposto de Renda 2025: mais de 10,5 milhões de declarações já foram entregues à Receita Federal; saiba como declarar de forma fácil e sem erros
Entenda quem é obrigado a declarar, quem está isento e como evitar erros de preenchimento com o Guia do Imposto de Renda 2025 do Seu Dinheiro
Como declarar opções de ações no imposto de renda 2025
O jeito de declarar opções é bem parecido com o de declarar ações em diversos pontos; as diferenças maiores recaem na forma de calcular o custo de aquisição e os ganhos e prejuízos