Se meu Fusca falasse
O texto de hoje tem quatro partes diferentes. Virou uma colcha de retalhos, um mosaico de coisas desconexas, um Frankenstein, digno das lembranças dos movimentos societários de PDG, BR Brokers, Hypermarcas e Kroton anos atrás, quando essa turma saiu comprando todo mundo e tentou empacotar numa única empresa.
Adoraria ser coerente, coeso, circunspecto. Poderia ter outros atributos que não começassem com “c" também, sem problema. Lacônico e linear seriam uma boa. As ideias, porém, vão e vêm na hora, na forma e na velocidade que elas mesmas querem. O escritor tem por opção guardá-las para si ou expressá-las para fora.
Não consigo retê-las ou preservá-las para publicação em doses homeopáticas. Tenho medo de esquecer e, se anoto guardando para amanhã, sinto que não são apresentadas com o mesmo vigor e a mesma vitalidade.
A agenda dos trens do pensamento é errática, tem seus próprios intervalos e, em muitas vezes, independentemente de você esperar ou não na plataforma, marca um compromisso em cima do outro, lembrando o trânsito dos patinetes aqui na Faria Lima — ambos igualmente ridículos. Somos vividos por poderes que fingimos entender, nas palavras do poeta Wystan Auden. Ou na versão de Millôr Fernandes: não devemos resistir às tentações; elas podem não voltar.
O texto de hoje tem quatro partes diferentes. Virou uma colcha de retalhos, um mosaico de coisas desconexas, um Frankenstein, digno das lembranças dos movimentos societários de PDG, BR Brokers, Hypermarcas e Kroton anos atrás, quando essa turma saiu comprando todo mundo e tentou empacotar numa única empresa. Deu no que deu.
Bom, espero que ao menos alguma coisa se aproveite. Sempre tem a primeira vez.
Parte 1: Gamarra, que saudades desse homem!
Ontem, convidei os quatro leitores para participarem de uma Live entre mim e o grande gestor James Gulbrandsen sobre investimentos em small caps. Feliz ou infelizmente, sei lá, a participação foi muito maior do que supúnhamos e, mesmo tendo dedicado uma hora para o evento, não conseguimos responder nem a metade das dúvidas que chegaram. Peço desculpas por isso.
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Para tentar amenizar a questão, farei outra Live hoje, desta vez sozinho. Responderei — ou melhor, vou tentar responder — a todas as perguntas sobre investimentos, não me restringindo ao tema small caps. Estarei lá pronto para falar as besteiras de sempre, sobre qualquer coisa relacionada ao tema. Você está convidado.
Entre as várias coisas legais que o James falou ontem, destacaria a importância do controle do downside (potencial de desvalorização). Ganhei até camiseta e tudo mais. Nela está escrito: “Defense wins championships” (Defesa ganha campeonato). Esse é um tema caro para mim.
Poderia aqui resgatar Warren Buffett: “To succeed, you must first survive” (Para ser bem-sucedido, primeiro você precisa sobreviver). Taleb tem uma proposta semelhante: “Start looking from the tail” (Comece olhando pela cauda, ou seja, pelo evento extremo, sobretudo o negativo). Qual seu pior cenário possível? Você conseguiria sobreviver a ele? Um pouco de paranoia é saudável.
O que eu, Felipe, tento fazer aqui é formar um bonito casal entre Buffett e Taleb: todo o instrumental analítico clássico da Escola de Valor serviria para comprarmos coisas baratas; aqui, não no sentido de convergência do preço atual para o valor intrínseco (essa ideia de valor intrínseco é um platonismo absurdo), mas, sim, como uma tentativa de comprar a níveis de preço que minimizem o downside, pois já incorporam em grande medida um cenário negativo. Assim, as surpresas ficariam para o lado positivo. Compramos barato e esperamos um Cisne Negro (oi, Taleb!) positivo. É só e tudo isso que dá para fazer na minha opinião.
Parte 2: E se…
“Se és capaz de pensar — sem que a isso só te atires,
De sonhar — sem fazer dos sonhos teus senhores.
Se encontrando a desgraça e o triunfo conseguires
Tratar da mesma forma a esses dois impostores;
Se és capaz de sofrer a dor de ver mudadas
Em armadilhas as verdades que disseste,
E as coisas, por que deste a vida, estraçalhadas,
E refazê-las com o bem pouco que te reste;
(…)
Tua é a terra com tudo o que existe no mundo
E o que mais — tu serás um homem, ó meu filho!”
Se — Rudyard Kipling
Se eu fosse CEO de corretora, tivesse LinkedIn (ou Instagram) e fosse fazer uma postagem brincando com o Dia da Mentira, adoraria ter tido a ideia de criticar a poupança como reserva de valor. Seria espirituoso cobrar dos bancos um alerta para seus correntistas sobre as mazelas da famigerada caderneta. Ótima ideia! Com efeito, tem muita gente perdendo bastante dinheiro na poupança e esse pessoal merece ser avisado.
Agora, se eu fosse essa mesma pessoa nessas mesmas circunstâncias, não sugeriria para essas pessoas migrarem sua reserva de emergência da poupança para o Tesouro Direto, não.
Para haver o devido paralelismo com a poupança, a única alternativa possível seria o Tesouro Selic — se fosse comprar os demais títulos disponíveis no Tesouro Direto, ou seja, indexados ou prefixados, o investidor incorreria em risco de mercado (esses papéis são sensíveis à marcação diária de preços e, portanto, podem ensejar perda nominal ao investidor), de tal modo que essa opção deveria ser descartada quando falássemos de reserva de emergência. Em outras palavras, para igual nível de risco da poupança, só o Tesouro Selic mesmo.
O pequeno problema: o Tesouro Selic não é o melhor destino para o dinheiro dos brasileiros hoje aplicado na poupança. Aliás, muito pelo contrário. Na maior parte das vezes, o Tesouro Selic tem rendido menos do que a poupança.
A boa ideia mesmo para sua reserva de emergência seria o fundo DI do BTG Pactual Digital ou aquele da Órama — ambos com taxa de administração zero; a Órama deve também zerar sua taxa de custódia, já eliminada para o caso do BTG.
Se eu fosse CEO de corretora e apontasse nas minhas redes sociais a real melhor alternativa numa outra plataforma de investimento, aí, sim, eu poderia dizer que minhas indicações têm como única preocupação o investidor. Caso contrário, estaria só pagando de bom moço, jogando para a torcida. Talvez ainda pior, ao sugerir o Tesouro Direto como alternativa à poupança, poderia apenas estar entregando um mapa errado àqueles sob minha influência digital.
Por que insisto no assunto?
É um tema importante, que muita gente fala e poucos abordam com propriedade.
Qualquer construção patrimonial sólida passa necessariamente pela preservação de uma reserva de emergência, um colchão de liquidez para ser usado diante de uma situação ruim inesperada (sim, elas acontecem!) ou para aproveitar momentos em que o mercado, com sua natureza ciclotímica, assume momentos de total depressão (vez ou outra, aparece a oportunidade de comprar coisas a preços hediondos e é nessa hora que você pode ficar verdadeiramente rico).
Neste momento, estamos na iminência de ter uma dessas chances formidáveis. Luciana Seabra está preparando algo realmente especial e minha sugestão seria já para o leitor reservar uma liquidez para uma oportunidade única que virá nos próximos dias. Falta pouco. Podem me cobrar. E cobrar a Luciana também.
Parte 3: O bitcoin voltou? Os profetas do apocalipse não vão falar nada hoje?
Eu não sei o que vai acontecer com o bitcoin. Nunca soube e acho que nunca vou saber. Sou péssimo com tecnologia. Agora, há uma diferença gigante entre não saber e não agir, que inclusive antecede e sobrepuja o entendimento em larga escala. Eu andava de bicicleta muito antes de conhecer o Newton e entender as Leis da Mecânica. Também comecei a enxergar bem antes de entrar em contato com o livro de Ótica no segundo colegial. Vale a leitura do “Understanding is a poor substitute for convexity”.
Mesmo sem saber qualquer coisa sobre o bitcoin, eu comprei um bocado disso — inclusive relatei aqui quando o fiz, lá por agosto ou setembro de 2017 (sinceramente, não lembro o dia exato).
Por que você comprou algo sem entender? Ora, porque era convexo. O bitcoin pode ir a zero (e pode mesmo; aliás, o mais provável é que vá mesmo para zero e você precisa estar ciente disso), mas também pode se multiplicar por sei lá quantas vezes.
Mas não é muito arriscado? Ora, olhado isoladamente, pode até ser. Mas e se você colocar 0,2 por cento da sua carteira nisso, ainda é arriscado?
Eu comprei a cerca de 17 mil reais. Avisei aqui o dia em que comprei. Vendi metade por volta dos 35 mil — também falei aqui e sugeri que o assinante fizesse o mesmo. Então, não tinha mais como perder dinheiro. Dobrou, vendeu metade. A posição restante era lucro puro.
Nesse intervalo de tempo, houve críticas de toda a sorte. Profetas do apocalipse das criptomoedas se vangloriando pelo “fim do bitcoin”. Entre porradas de tudo que é lado, hoje ele ronda os 19,3 mil reais. Definitivamente, não posso reclamar. Bolha, especulação, pirâmide. Chorem o quanto quiserem. “Money talks, bullshit walks.”
Parte 4: Antecipe as férias de verão do Hemisfério Norte
Há bastante expectativa em torno do depoimento de Paulo Guedes na CCJ hoje. Supostamente, seria um balizador para os rumos da reforma da Previdência. Eu preferiria me apegar ao estrutural, sem ouvir tanto as notícias diárias e seus ruídos momentâneos. Vai haver troca de chumbo, choro e ranger de dentes. O que tem de herói em rede social hoje em dia é uma grandeza.
No fim, a reforma vai passar. Estou cada dia mais convencido disso. A melhor coisa a se fazer, a meu ver, é tirar férias agora, comprado em Bolsa e juro longo, e voltar só em agosto. Buy in April, and go away.
Mercados iniciam a quarta-feira em alta, refletindo bons dados da indústria chinesa, expectativa de avanços nas negociações comerciais entre EUA e China e algum otimismo, na margem, com a ida de Guedes à CCJ.
Agenda doméstica traz IPC-Fipe, dados da Fenabrave e fluxo cambial semanal. Nos EUA, saem ADP Employment e ISM Services.
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