Preço curto, prazo longo: É hora de investir no Brasil, mas não de captar recursos, diz fundo Carlyle
Fernando Borges, responsável no país pelo fundo americano que compra participações em empresas, diz que a próxima década será melhor do que a passada para a economia. Mas imagem do governo no exterior atrapalha

Você se tornaria sócio de uma empresa aérea pouco depois dos atentados de 11 de setembro? Ou investiria 3 bilhões de dólares na economia real do país em pleno governo de Dilma Rousseff? Responsável pelo fundo americano Carlyle no país, Fernando Borges não só investiu como ainda ganhou dinheiro em ambos os cenários.
Experiente executivo da indústria de fundos de private equity, que compram de participações em empresas para vendê-las depois com lucro, Borges investiu na Gol em janeiro de 2003. Dois anos depois, levou a empresa aérea para a bolsa valendo dez vezes mais.
Foi durante um evento no qual ele narrava o investimento na companhia aérea que eu conheci o executivo, que em 2009 se juntou ao escritório do Carlyle, então recém-chegado ao país. À frente do fundo americano, assinou a maior parte dos cheques justamente durante o governo Dilma. Inclusive o maior deles, de R$ 1,75 bilhão, por uma participação na Rede D'Or de hospitais, em maio de 2015.
Os fundos de private equity correm um risco maior do que os tradicionais porque investem normalmente em empresas de capital fechado. Ou seja, não têm como simplesmente vender as ações na bolsa no dia seguinte. Mas, como mostra o caso do investimento na Gol e outros fechados pelas gestoras, os retornos costumam compensar.
Pelo risco mais alto e a falta de liquidez, esses fundos geralmente são restritos aos investidores institucionais e profissionais, aqueles que têm mais de R$ 10 milhões para aplicar. Mas ouvir o que pensam os gestores é sempre bom para se ter um termômetro das perspectivas de longo prazo da economia.
Para quem já passou por tantas fases da economia, o atual cenário de incerteza política não assusta o executivo do Carlyle. "O momento é bom para investir no Brasil", disse Borges, que me recebeu no escritório da gestora.
Leia Também
Após fala de CEO, Magazine Luiza (MGLU3) faz esclarecimento sobre as projeções de faturamento para 2025
Com a típica visão de longo prazo que caracteriza um investidor de private equity, Borges me disse que vê os próximos dez anos no país melhores do que foi a década passada.
“Temos um governo com uma ótima equipe econômica e que é claramente pró-negócios”, afirmou.
Mal na fita
O negócio mais recente do Carlyle no país foi a compra de 23% da rede de restaurantes Madero, por R$ 700 milhões, em janeiro deste ano. Os recursos para o investimento vieram de fundos globais da gestora, que tem mais de US$ 200 bilhões em ativos em todo o mundo. A perspectiva é de que o dinheiro para os próximos negócios também venham de fora.
Mas se o momento é favorável para a compra, não seria oportuno, então, captar um novo fundo dedicado ao país para investir mais ativamente em outros negócios?
A resposta de Borges é “não”. Isso porque a imagem do Brasil segue negativa para os investidores estrangeiros, que são os principais cotistas do Carlyle.
“As notícias que chegam lá fora é que o governo quer desmatar a Amazônia e que o presidente não consegue receber uma homenagem em Nova York.”
Para o executivo, a agenda política do governo não cai bem entre os estrangeiros e não há muita expectativa de que isso mude. Mas ele espera que a pauta econômica também comece a ganhar espaço no exterior à medida que ela avance.
Um potencial gatilho para essa mudança de percepção seria a aprovação da reforma da Previdência. Aliás, o cenário positivo do gestor para o país nos próximos anos considera, é claro, que uma reforma robusta vai passar pelo Congresso.
Menos concorrência e câmbio favorável
De todo modo, o Brasil hoje surge como um mercado mais atraente para gestoras internacionais como o Carlyle, pelo menos na comparação com outros países emergentes.
Uma das razões é a menor competição. Nos anos de recessão da economia, várias firmas estrangeiras de private equity que aportaram no país, como Apax, KKR e TPG, fizeram as malas. Essa situação tem deixado vários negócios de fusões e aquisições praticamente sem competição.
A bolsa, que também costuma competir com os fundos pelas empresas, segue restrita para as ofertas públicas iniciais (IPO, na sigla em inglês). Neste ano, a empresa de varejo esportivo Centauro foi a única a abrir o capital na B3.
Por essa mesma razão, o gestor do Carlyle disse que não tem planos imediatos de levar nenhuma das empresas do portfólio para o mercado. A gestora tem vendido as ações das companhias do portfólio em operações pontuais. No ano passado, por exemplo, negociou 25% da rede de ensino Uniasselvi para o fundo americano Neuberger Berman.
Outra variável determinante para os fundos estrangeiros que investem por aqui é o câmbio. No ano passado, a incerteza eleitoral inibiu os negócios, já que o dólar poderia tanto subir para R$ 5 como cair para R$ 3 dependendo do resultado. Para Borges, a moeda americana nos patamares atuais parece ajustada, o que também favorece o investimento.
Todo esse otimismo para investir não significa que o gestor do Carlyle espera encontrar pechinchas no mercado. O fundo em geral investe em empresas mais maduras e consolidadas em seus setores.
“Não são companhias baratas, então não vou comprar na bacia das almas. Se estiver muito barato é porque tem algo errado”, afirmou.
Termômetro da economia real
Como os fundos de private equity participam ativamente das empresas investidas, os gestores costumam ter um bom pulso da chamada "economia real".
Borges me contou que as companhias investidas pelo fundo sentiram o baque da freada da economia no primeiro trimestre. Além do Madero e da Rede d'Or, o Carlyle é sócio de empresas como a rede de lojas de móveis e decoração Tok&Stok e a varejista de brinquedos Ri-Happy.
"Depois de um quarto trimestre muito bom, nossa expetativa era muito alta, mas ainda assim houve crescimento em relação a 2018", disse.
O ambiente melhorou no segundo trimestre, mas a comparação com o mesmo período do ano passado nesse caso fica mais difícil em razão da greve dos caminhoneiros em maio de 2018.
Queda de braço com a Receita
Apesar do otimismo com a economia, uma disputa com a Receita Federal pode frear o investimento de fundos que investem em empresas. O Fisco passou a autuar as gestoras por não revelar a identidade de seus investidores estrangeiros.
A Receita desconfia que entre os cotistas gringos dos fundos estão brasileiros que querem escapar da tributação, já que os estrangeiros são isentos de imposto de renda sobre o ganho de capital nos investimentos.
O problema é que as gestoras não têm essa informação, porque seus cotistas diretos são normalmente investidores institucionais, como fundos de pensão.
O gestor do Carlyle me disse que a situação prejudica o investimento dos fundos, mas não quis entrar em detalhes porque o tema é tratado pela Abvcap, a associação do setor.
As firmas de private equity veem a preocupação da Receita como legítima. Mas temem que, ao tratar genericamente todos como infratores, acabe inviabilizando o investimento em private equity no Brasil.
Seria uma perda considerável. Afinal, os fundos encerraram o ano passado com quase R$ 40 bilhões disponíveis para investir no Brasil, segundo um estudo feito pela Abvcap, em parceria com a KPMG.
Dados de clientes da Centauro são expostos, em mais um caso de falha em sistemas de cibersegurança
Nos últimos 10 meses, foram reportados ao menos 5 grandes vazamentos de dados de clientes de empresas de varejo e de instituições financeiras
Ataque hacker: Prisão de suspeito confirma o que se imaginava; entenda como foi orquestrado o maior roubo da história do Brasil
Apesar de em muito se assemelhar a uma história de filme, o ataque — potencialmente o maior roubo já visto no país — não teve nada de tão sofisticado ou excepcional
CVM facilita registro e ofertas públicas para PMEs; conheça o novo regime para empresas de menor porte
A iniciativa reduz entraves regulatórios e cria regras proporcionais para registro e ofertas públicas, especialmente para companhias com receita bruta anual de até R$ 500 milhões
Cinco ações empatam entre as mais recomendadas para o mês de julho; confira quais são
Os cinco papéis receberam duas recomendações cada entre as 12 corretoras consultadas pelo Seu Dinheiro
Abrasca defende revisão das regras do Novo Mercado e rebate críticas sobre retrocesso na governança
Executivos da associação explicam rejeição às propostas da B3 e apontam custos, conjuntura econômica e modelo de decisão como fatores centrais
Ação da Klabin (KLBN11) salta até 4% na bolsa; entenda o que está por trás dessa valorização e o que fazer com o papel
Pela manhã, a empresa chegou a liderar a ponta positiva do principal índice da bolsa brasileira
Megaprojeto da Petrobras (PETR4) prevê aporte de R$ 26 bilhões em refino com participação da Braskem (BRKM5). Mas esse é um bom investimento para a estatal?
Considerando todos os recursos, o investimento no Rio de Janeiro ultrapassa os R$ 33 bilhões; à Braskem caberá R$ 4,3 bilhões para a ampliação da produção de polietileno
Câmara chama Gabriel Galípolo para explicar possível aval do Banco Central à compra do Master pelo BRB
Operação já foi aprovada pela Superintendência-Geral do Cade e agora aguarda autorização da autoridade monetária
Oi (OIBR3) entra com pedido de recuperação judicial para duas subsidiárias
Segundo o fato relevante divulgado ao mercado, o movimento faz parte do processo de reestruturação global do grupo
Roubo do século: Banco Central autoriza C&M a religar os serviços após ataque hacker; investigações continuam
De acordo com o BC, a suspensão cautelar da C&M foi substituída por uma suspensão parcial e as operações do Pix da fintech voltam ao ar nesta quinta-feira
Embraer (EMBR3) ganha ritmo: entregas e ações da fabricante avançam no 2T25; Citi vê resultados promissores
A estimativa para 2025 é de que a fabricante brasileira de aeronaves entregue de 222 a 240 unidades, sem contar eventuais entregas dos modelos militares
Banco do Brasil (BBAS3) decepciona de novo: os bancos que devem se sair melhor no segundo trimestre, segundo o BofA
A análise foi feita com base em dados recentes do Banco Central, que revelam desafios para alguns gigantes financeiros, enquanto outros reforçam a posição de liderança
WEG (WEGE3) deve enfrentar um segundo trimestre complicado? Descubra os sinais que preocupam o Itaú BBA
O banco alerta que não há gatilhos claros de curto prazo para retomada da queridinha dos investidores — com risco de revisões negativas nos lucros
Oi (OIBR3) propõe alteração de plano de recuperação judicial em busca de fôlego financeiro para evitar colapso; ação cai 10%
Impacto bilionário no caixa, passivo trabalhista explodindo e a ameaça de insolvência à espreita; entenda o que está em jogo
Exclusivo: Fintech afetada pelo ‘roubo do século’ já recuperou R$ 150 milhões, mas a maior parte do dinheiro roubado ainda está no “limbo”
Fontes que acompanham de perto o caso informaram ao Seu Dinheiro que a BMP perdeu em torno de R$ 400 milhões com o ataque cibernético; dinheiro de clientes não foi afetado
Gol (GOLL54) encerra capítulo da recuperação judicial, mas processo deixa marca — um prejuízo de R$ 1,42 bilhão em maio; confira os detalhes
Apesar do encerramento do Chapter 11, a companhia aérea segue obrigada a enviar atualizações mensais ao tribunal norte-americano até concluir todas as etapas legais previstas no plano de recuperação
Vale (VALE3) mais pressionada: mineradora reduz projeção de produção de pelotas em 2025, mas ações disparam 2%; o que o mercado está vendo?
A mineradora também anunciou que vai paralisar a operação da usina de pelotas de São Luís durante todo o terceiro trimestre
Natura começa a operar com novo ticker hoje; veja o que esperar da companhia após mudança no visual
O movimento faz parte de um plano estratégico da Natura, que envolve simplificação da estrutura societária e redução de custos
Casas Bahia (BHIA3): uma luz no fim do túnel. Conversão da dívida ajuda a empresa, mas e os acionistas?
A Casas Bahia provavelmente vai ter um novo controlador depois de a Mapa Capital aceitar comprar a totalidade das debêntures conversíveis em ações. O que isso significa para a empresa e para o acionista?
Empresas do Novo Mercado rejeitam atualização de regras propostas pela B3
Maioria expressiva das companhias listadas barra propostas de mudanças e reacende debate sobre compromisso com boas práticas corporativas no mercado de capitais; entenda o que você, investidor, tem a ver com isso.