FMI vê perspectivas ruins para a economia na América Latina e diz que emprego e crédito não apresentam bons resultados
Previsão foi feita pelo chefe de divisão de Estudos Regionais do Hemisfério Ocidental do Fundo, Jorge Roldos

O cenário econômico para a América Latina não tem boas perspectivas para os próximos anos, de acordo com o chefe de divisão de Estudos Regionais do Hemisfério Ocidental do Fundo Monetário Internacional (FMI), Jorge Roldos.
Em palestra na Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP (FEA-USP), Roldos ponderou que os dois principais fatores que sustentam um crescimento econômico forte - emprego e demanda doméstica, evidenciada pelo crédito - não estão em um bom ponto.
"Na América Latina, os dois fatores que são importantes para suportar o crescimento não estão muito fortes. Um deles é a situação do mercado de trabalho. No Brasil, há problemas de criação de empregos formais, isso não suporta um crescimento sustentável", disse ele.
Além disso, ele apontou que "as condições financeiras domésticas neutras e o crescimento modesto do crédito também não devem aumentar significativamente a demanda doméstica".
Roldos ressaltou que o relatório Perspectiva Econômica Mundial apresentado pelo Fundo mostra um crescimento "modesto ou muito baixo", próximo de zero, para a América Latina. E destacou como principais riscos para a região no próximo ano a crise migratória na Venezuela e a guerra comercial entre Estados Unidos e China.
Ele salientou também que, desde abril, quando as tensões se acirraram entre as duas potências, a região da América Latina viu alguns números, como o fluxo de capital, "entrarem em colapso". Por outro lado, apontou que o FMI espera que a entrada de capital seja "relativamente moderada" no próximo ano. "Estamos frustrados pela incerteza", disse.
Leia Também
Roldos ponderou, no entanto, que a lentidão em implementar novas políticas que se adequem à nova realidade da economia global e dos países da região prejudica a entrada de investimentos na América Latina. Ele destacou que, no caso do Brasil e de outros países da região, não há muito espaço para políticas do lado fiscal, mas observou que há "algum espaço para progresso" no lado monetário.
Precisamos falar de reformas
Saber o momento exato de implementar uma reforma é a chave para suavizar efeitos negativos de mudanças estruturais. Essa é a opinião do economista do FMI Guzman Gonzalez-Torres, que também participou da palestra na FEA-USP. Segundo ele, algumas reformas, quando implantadas em épocas de crise, acabam gerando efeitos negativos no curto prazo. É o caso de reformas trabalhistas, por exemplo.
Em média, disse, estudo feito pelo Fundo mostra que reformas no mercado de trabalho em tempos de crise acabam gerando ainda mais desemprego no curto prazo. "Imagine que você tornou mais fácil contratar e demitir empregados. Em bons tempos, pessoas contratam mais e você tem mais efeito. Mas se você faz isso durante uma recessão, as empresas vão demitir. O efeito pode ser negativo no curto prazo", avaliou.
Ele ponderou, no entanto, que o estudo - que considerou reformas estruturais em 75 países - mostra que, em todos os casos, os efeitos negativos das mudanças são revertidos no longo prazo.
O economista destacou ainda que, em todos os casos, não há efeitos imediatos. "Leva um pouco para que efeitos apareçam, ao menos um par de anos", afirmou.
Gonzalez-Torres afirmou que é importante que os governos foquem em aplicar reformas em tempos de boa situação econômica. Caso contrário, precisam se assegurar de que os efeitos negativos sejam dirimidos para que o governo seguinte não desfaça as reformas feitas, sob o julgamento de que não funcionaram no curto prazo. "No caso do mercado de trabalho, por exemplo, você pode fazer com que novas regras só valham para novas contratações", disse.
Brasil
Roldos também afirmou nesta quarta que há indícios suficientes que sustentam previsões melhores para o crescimento no Brasil em 2020. Segundo ele, o fundo projeta que a atividade voltará a acelerar já no último trimestre deste ano.
"O Brasil está crescendo um pouco menos de 1% este ano, mas nós podemos ver um número de medidas que podem acelerar o crescimento no ano que vem. A passagem da reforma da Previdência, outras reformas que estão nos planos, os efeitos positivos da política monetária. Vemos prospectos para o crescimento acelerar, começando no último trimestre deste ano e em 2020", disse.
Chile
O chefe de divisão do FMI disse ainda que a economia chilena deve ser afetada pelos conflitos no país, mas que a América Latina como um todo deve ser menos afetada.
"É obvio, olhando alguns indicadores principais chilenos, que terá um impacto negativo na economia. Mas temos que ver quais medidas o governo vai tomar para ver toda a história, quando o ano acabar, e como vai afetar o próximo ano", disse, completando.
"O Chile representa apenas 5% do PIB da América Latina, então não esperamos que o impacto sobre a região seja grande. Em termos econômicos, diria que o 'choque Chile' para outras regiões não será muito grande", disse.
*Com Estadão Conteúdo.
Ilan Goldfajn vai deixar Credit Suisse para assumir diretoria do FMI
No novo cargo, Ilan será responsável pelo acompanhamento da política econômica dos países membros do FMI nas Américas, incluindo Estados Unidos e Brasil
Retomada desigual e dívida de emergentes podem causar instabilidade global, diz FMI
A diretora da instituição alertou para a eventual dificuldade no serviço da dívida em dólar de países mais pobres, uma vez que Fed eleve as taxas de juros nos EUA
Há riscos de inflação global maior e mais persistente, diz diretor do FMI
Segundo ele, a visão do Fundo é que o “salto” recente nas pressões inflacionárias reflete desequilíbrios entre a oferta e a demanda que são temporários, influenciados também por altas nos preços de commodities, ante uma base de comparação “muito fraca” no ano passado
Brasil gera 184 mil novos empregos formais em março, diz governo
No acumulado de 2021, foi registrado saldo de 837.074 empregos; Guedes elogiou desempenho
Previsão para PIB mundial sobe de 5,5% para 6,0% em 2021, aponta FMI
Contudo, a dinâmica do crescimento global é “incerta”, pois na corrida entre a vacinação e a multiplicação de variantes do coronavírus o cenário no curto prazo é incerto
G-7 concorda com injeção de recursos a países pobres por instrumento do FMI
A ajuda será feita por meio dos chamados Direitos Especiais de Saques (DES), ativos em reserva estrangeira emitidos pelo FMI para impulsionar as reservas de nações.
Mundo pode crescer em 2021 mais que 5,5% previstos em janeiro, diz FMI
Kristalina Georgieva também defendeu crédito para empresas e famílias, a partir das circunstâncias de cada país, até a crise de saúde ser superada.
Piora na covid-19 e vacinação lenta podem ameaçar América Latina em 2021, diz FMI
Entidade projeta que a América Latina e o Caribe registrem crescimento de 4,1% em 2021 e de 2,9% em 2022
Para FMI, zona do euro não deve retirar estímulos fiscais prematuramente
Kristalina Georgieva avalia que há incerteza no cenário econômico, com novas infecções de covid-19 atrapalhando a retomada
Crise de 2008 mudou postura na área fiscal do FMI e da OCDE
Nos dois órgãos internacionais, recomendação de austeridade foi substituída por preocupação com possíveis impactos sociais
Países devem encontrar espaço fiscal para amortecer os riscos, diz FMI
Georgieva destacou que, atualmente, depois do choque da covid-19, as nações avançadas têm muito mais margem para novos gastos do que as emergentes e as pobres
FMI defende alívio em dívida e novos financiamentos a países em dificuldade
Kristalina Georgieva também enfatizou a importância do setor privado participar do movimento e cobrou pressa para se avançar nesse ponto.
FMI aponta juros baixos no mundo como oportunidade para digitalizar economia
Sobre a crise na pandemia, o FMI ressaltou que o mundo conseguiu ter “estabilidade financeira”, e que, com o trabalho dos bancos centrais em coordenação com os governos, houve a injeção global de US$ 20 trilhões em apoios.
FMI e Banco Mundial adiam reuniões anuais para 2022 por conta da Covid-19
As reuniões do FMI e do Banco Mundial normalmente são realizadas por dois anos consecutivos em suas sedes, em Washington (EUA), e no terceiro ano em algum outro país-membro.
FMI vê País com a pior dívida entre emergentes
Situação fiscal ruim do Brasil só é superada por países menores, como Angola, Líbia e Omã
FMI: retomada econômica mais ágil pode somar US$ 9 tri à renda global
Kristalina Georgieva pediu a Estados Unidos e China que mantenham um forte estímulo econômico que possa ajudar a impulsionar a recuperação global
FMI estima que o Brasil terá rombo nas contas públicas até 2025
Nesse contexto de elevação de gastos oficiais, o déficit nominal – que leva em conta também o pagamento dos juros da dívida – aumentará de 6% do PIB em 2019 para 16,8% neste ano, marca bem superior aos 9,3% estimados em abril
FMI confirma contato do governo da Argentina com pedido de novo pacote de ajuda
Segundo a entidade, ambos discutiram os desafios da Argentina, inclusive no contexto da pandemia
Para FMI, novas ondas da covid-19 são risco e tornam perspectiva muito incerta
O FMI projeta uma contração de 12,8% neste ano na Espanha, com crescimento de 6,3% em 2021
EUA devem sofrer contração de 6,6% e necessitarão de mais medidas, diz FMI
Fundo diz que a economia americana deve crescer 3,9% em 2021; 3,3% em 2022; 2,3% em 2023