‘O Estado é um péssimo detentor de empresas’, diz presidente do BNDES
Gustavo Montezano estima que será possível levar a mercado as privatizações na área de saneamento em até 12 meses após a aprovação do novo marco regulatório do setor

Já assumindo o "novo papel" que vislumbra para a instituição de fomento, o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Gustavo Montezano, estima que será possível levar a mercado as licitações de desestatização na área de saneamento em até 12 meses após a aprovação do novo marco regulatório do setor, hoje em discussão no Congresso Nacional. Sete Estados (Acre, Amapá, Pará, Ceará, Pernambuco, Alagoas e Rio) procuraram o banco para modelar projetos.
Nesse novo papel, o BNDES será o "banco de serviços" dos governos das três esferas, elaborando projetos e coordenando privatizações de estatais, concessões e parcerias público-privadas. Montezano vê potencial para esse trabalho levar de "10 a 15 anos".
Qual é o novo papel do BNDES?
O banco se tornou egocêntrico, no sentido de que assumiu a função de desembolsar recursos, liberar dinheiro para as empresas. Imagina ter trilhões de reais para desembolsar? Não é fácil desembolsar a quantidade de dinheiro que este banco desembolsou. Fiz isso a minha vida inteira e te digo: não é fácil. Porém, quando se faz isso com um dinheiro muito subsidiado, todo o Brasil faz fila na sua porta. O banco pede a maior quantidade de garantias possível que o cliente tem para disponibilizar e, como tem o crédito mais barato, a empresa vai dar. Então, fica girando essa máquina, pedindo garantias e desembolsando recursos. Na minha visão, e a turma mais antiga do banco repete isso, o banco esqueceu um pouco qual seu propósito final. O propósito deste banco é desenvolver o Brasil, transformar o nosso País, melhorar a vida das pessoas. O crédito é uma ferramenta para atingir esse propósito. O quanto o banco está fazendo de lucro numa operação é secundário.
O crédito não é importante?
O crédito é uma ferramenta e estamos adicionando outra, que é o serviço. As duas juntas são muito poderosas. No mundo de 20 anos para cá, o mercado de capitais se desenvolveu muito. O próprio Brasil se desenvolveu muito no mercado de capitais. Há instrumentos financeiros que antes não víamos. São US$ 15 trilhões em juros negativos (nos mercado globais), que é o número que circula hoje. Então, o diferencial não está no capital, na grana. O diferencial está na sua capacidade de entender os mercados e o cliente.
Como será isso na prática?
O grande gargalo nosso são bons projetos. O Estado brasileiro, ao longo dos anos, teve uma cultura de acumulador de bens e empresas. Foi abrindo empresas e acumulando bens. E a verdade é que o Estado é um péssimo detentor de empresas, um péssimo gestor de ativos. Os ativos na mão do Estado vão sendo degradados, vão perdendo valor e viram até passivos. Uma instituição que tem conhecimento, neutralidade e capacidade de contratar com o poder público agrega muito valor. Vai lá, pega aqueles ativos, transforma em projetos, desenvolve esses projetos e os coloca à disposição para o capital privado irrigar e administrar. Preparamos os ativos, pelo lado de (prestação de) serviços, e, no lado de crédito, conseguimos apoiar quem vai comprar o ativo. Temos o pacote completo: desenvolve e apoia. Acredito que este banco tem uma missão de 10 a 15 anos fazendo isso, porque a quantidade de ativos na mão do Estado brasileiro hoje é enorme. E o Estado não tem capacitação técnica, dinheiro, tempo nem gente para isso.
O BNDES vai atrás dos governos?
Primeiro, entramos no cliente "taylor made" (sob medida), que é o governo federal, nossa prioridade hoje. Queremos e vamos apoiar todo o processo de privatização e concessões do governo federal. A segunda camada de clientes são os Estados. São 27, é (um trabalho) mais pulverizado, pois eles têm menos capacitação de fazer leis, de pagar recursos. A última camada, que chamo de varejo, são os municípios. Temos de nos preparar mais para fazer isso, porque é mais massivo, não podemos errar. E tem eleição municipal ano que vem, o que nos dará um tempo para poder preparar esse portfólio.
Leia Também
Quais as prioridades este ano?
A prioridade zero é saneamento. Saneamento é um gargalo relevantíssimo para o Brasil. Nossos índices são vergonhosos, até para países em desenvolvimento. Temos um marco regulatório em curso agora (projeto de lei que muda as regras de concessão no setor, em discussão no Congresso Nacional), que vai fazer toda a diferença. Não falta dinheiro. Assim que tivermos esse ponto de partida (o novo marco regulatório), já temos alguns mandatos na casa de privatização em saneamento (sete Estados procuraram o BNDES). Com o novo marco, o mercado começa a se desenvolver e o capital flui. O nó é político.
O novo marco regulatório está em discussão desde o governo Michel Temer. Agora sai?
Estou otimista, até porque o Brasil precisa. Adoraria que o saneamento fosse a nova (reforma da) Previdência. Fomos para a rua pedir (a reforma da) Previdência (em protestos a favor do governo Jair Bolsonaro, em maio). Por que não vamos para a rua pedir saneamento?
Aprovado o novo marco, quando os projetos vão ao mercado?
Em menos de 12 meses. Está tudo pronto. É só apertar o botão. E o que a gente espera é que mais Estados e municípios venham na esteira.
*Com informações do jornal O Estado de S. Paulo.
A crônica de uma saída anunciada: BNDES vende 12% de sua participação na JBS (JBSS3) e inicia desinvestimento
Operação de block trade ocorreu na manhã de hoje e movimentou R$ 2,66 bilhões
‘Não é função de um banco público ficar carregando R$ 120 bilhões em ações’, diz presidente do BNDES
Gustavo Montezano afirmou que banco seguirá vendendo participações em empresas, hoje estimadas em R$ 70 bilhões, e redirecionará recursos para financiar projetos de infraestrutura e de apoio a micro e pequenas empresas
BNDES abre linha de mais de US$ 500 milhões para financiar exportação de 24 jatos da Embraer
A entrega dos jatos à SkyWest Airlines começou em agosto do ano passado e deve se estender até abril do ano que vem
AES Brasil (AESB3) levanta R$ 1,1 bilhão em oferta restrita de ações
Oferta poderia ter ultrapassado a marca de R$ 1,5 bi, mas lote secundário acabou retirado a pedido do BNDESPar
BNDES vira ‘sócio’ da Mesbla e de outras empresas que não existem mais
O BNDES ressaltou que as ações de firmas “em processos de recuperação ou falência ou outras situações inoperantes” foram “incorporadas” ao balanço da BNDESPar, a empresa de participações do banco, “sem nenhum custo para sua aquisição”
Corrupção na Caixa? Após balanço, Bolsonaro diz que presidente do banco está ‘abismado’ com corrupção nas gestões passadas
Mais cedo, Pedro Guimarães contou que “problemas de gestões passadas”, provocaram um prejuízo de R$ 46 bilhões ao banco
Câmara dá início à sessão que discute privatização dos Correios; acompanhe
A venda da estatal está prevista no Projeto de Lei 591/21, do Poder Executivo; a proposta permite a transformação dos Correios em empresa de economia mista
Privatizações: BNDES quer Correios e Eletrobras prontas para venda no 1º semestre de 2022
O presidente do banco de fomento voltou a defender a estratégia de venda da carteira de participações acionárias da instituição
BNDES dá mais um passo para efetivar privatização da Eletrobras em fevereiro
Banco de fomento publicou o contrato do consórcio que vai conduzir a modelagem e a estruturação financeira do processo
Justiça do Rio suspende pregão eletrônico da Eletrobras
Com a decisão as avaliações da usina hidrelétrica de Itaipu e da Eletronuclear também devem ser feitas pelo BNDES
Expectativa do BNDES é mandar proposta de edital dos Correios ainda no 2º semestre
Plano do banco de fomento é levar empresa a leilão em janeiro ou fevereiro de 2022, mas novo marco regulatório ainda precisa ser aprovado
BNDES quer viabilizar privatização da Eletrobras e refazer leilão de bloco da CEDAE ainda este ano
Além disso, o banco de fomento trabalha em outros 120 projetos de desestatização que podem chegar a um investimento total de R$ 243 bilhões em obras
Lucro do BNDES cresce 78% e atinge R$ 9,8 bilhões no 1º trimestre
O Banco aproveitou o período próspero para antecipar um pagamento de R$ 38 bilhões e reduzir em 21% sua dívida com a União
Governador do RS diz que rodovias do Estado devem ir a leilão no 2º semestre
O governador gaúcho ainda ressaltou outros projetos de concessão que estão no radar
Conselho do BNDESPar aprova regras para venda de Units da Copel
O BNDESPar possui participação de 24% na Copel, e no final do ano passado, já havia anunciado sua intenção de se desfazer dos ativos
Cielo se junta ao BNDES para avançar no crédito para pequenas e médias empresas
A companhia e o banco de fomento constituíram um FIDC com R$ 529,4 milhões destinados a 56 mil empresas em busca de capital de giro
BNDES tem na fila mais cinco leilões de saneamento
Disputas devem ser realizadas até o primeiro semestre do ano que vem, e envolvem investimentos no valor de R$ 17 bilhões
BNDES tem lucro recorde de R$ 20,7 bi em 2020, após venda de ações de Vale e Suzano
Instituição pagará R$ 4,9 bilhões em dividendos referentes ao resultado do ano passado para o Tesouro Nacional
BNDES embolsa R$ 11 bi com venda das últimas ações que detinha na Vale
Desde agosto do ano passado, a instituição financeira vendeu um total de R$ 24 bilhões em ações da mineradora.
BNDES aguarda aprovação do PL da Eletrobras para iniciar estudos de privatização
Montezano reafirmou ainda que o BNDES continuará vendendo suas participações acionárias em grandes companhias