Em 2008, eu estava terminando o ensino médio quando a crise hipotecária dos Estados Unidos estourou; na época, eu nem sequer me preocupei em saber do que se tratava.
Meus pais eram servidores públicos concursados e, graças à estabilidade no emprego, o risco de alguma crise nos afetar era mínimo.
Mas me lembro de algumas coisas desse período, como do presidente Lula se pronunciando publicamente para falar da “marolinha”, e também que os brasileiros precisavam continuar consumindo porque a “roda da economia” precisava girar.
Outro fato marcante para mim foi quando um amigo do basquete chegou e disse: “A crise bateu na porta lá de casa”.
O pai dele tinha sido desligado da Vale devido aos cortes que a empresa precisava fazer para sobreviver aos novos tempos.
Naquele momento, comecei a pensar em como seria a minha vida se meu pai perdesse o emprego e aquilo me fez entender que a “marolinha” de que o ex-presidente Lula falava poderia, sim, dar um caldo em muita gente.
Da mesma forma, entendi que uma crise poderia afetar a vida de muita gente, apesar de não fazer muito sentido lá em casa.
Por isso, me preocupo muito com a situação em que nos encontramos hoje.
Posso até comprar juros negativos em uma parte do mundo, mas, em uma epidemia generalizada, onde os juros negativos reinam e o dinheiro vale mais hoje do que amanhã, eles me parecem totalmente bizarros.
A economia mundial está punindo os poupadores em detrimento daqueles que gastam?
O dinheiro barato para a recompra de ações e expansões faz com que as empresas tenham a “obrigação” de pegar dinheiro emprestado.
Não é mais o caso de pensar se vale a pena ou não tomar um empréstimo. A questão é onde se deseja gastar o dinheiro.
Já para aqueles que são poupadores, a lógica de que o dinheiro perde valor no tempo só nos faz pensar que guardar dinheiro debaixo do colchão ou em um cofre “is the new black”.
Quebramos a principal lógica do mercado financeiro: a de que os investidores precisam aplicar seu dinheiro para fazê-lo render, e os tomadores precisam de mais recursos do que possuem.
Os juros negativos indicam para o poupador que ele não deveria aplicar o seu dinheiro, porque não vai ter rendimento positivo lá na frente; e, para os tomadores, que mesmo que eles não precisem de dinheiro vale a pena tomar de terceiros.
Nessa nova lógica, me pergunto se esse “dinheiro” que o mundo todo utiliza tem algum valor de fato.
Como o valor da moeda é basicamente fiduciário e depende da fé daqueles que a usam, uma vez perdida essa crença, perde-se o valor.
E essa falta de fé já mostra os seus primeiros sinais, não apenas em moedas mais fracas, mas também no dólar.
Países do mundo todo seguem aumentando suas reservas de ouro, e alguns investidores mais atentos também.
Eu me incluo nesse grupo — com ouro em “mãos” — e aconselho que você também faça o mesmo.
Não dá para saber quando toda essa nova normal vai ruir.
Mas uma coisa é certa: a bolha, antes de estourar, pode sempre inflar mais.
No exemplo de Joe Kennedy, do engraxate que dá dicas de investimentos, a bonança pode se estender até o ponto em que ele (engraxate) começa a ganhar dinheiro de verdade e passa a ensinar sua mãe a investir também.
Ela, por sua vez, também pode ganhar dinheiro e ensinar a sua vizinha a fazer igual. Até o momento em que tudo isso começa a desmoronar.
E uma coisa é certa, quanto mais tempo demora para a crise chegar, mais aguda ela tende a ser.
Nesse mundo louco, ter ouro como segurança e bitcoin como opcionalidade é uma ótima pedida.