Três encruzilhadas
As mudanças radicais nas eleições deixam uma lição clara aos investidores: jamais tenham certeza de que determinada coisa acontecerá. Ou que não acontecerá. Ou que resultará nisso ou naquilo
Nas páginas 151 e 152 de meu livro Armadilha para Mkamba (Editora Rocco, 1998), dou minha versão sobre o desencadeamento anárquico dos fatos de acordo com a Teoria do Caos:
“Diz a teoria do caos que, se uma andorinha bate asas na China, esse singelo e ínfimo incidente pode provocar um furacão no Caribe.
Trata-se de uma lei científica, universalmente aceita. Provada por equações matemáticas, demonstrada por gráficos.”
Exemplo, ainda tirado dessa passagem do livro:
“ Uma andorinha bateu asas na China. Uma brisa se formou. De proporções tão diminutas que ninguém sentiu. Mas uma partícula de pólen voou. Uma árvore nasceu. Passaram-se muitas gerações de homens até que um raio caísse justamente naquela árvore. Formou-se um incêndio. Que destruiu a floresta. O clima tornou-se mais quente em milésimos de grau. Mas o suficiente para se formar um vento, que reagiu em cadeia, transformou-se em tempestade, que gerou o furacão no outro lado do mundo. O furacão da andorinha.”
Teoria do caos
Entre os fatos que resultaram na recente eleição de Jair Bolsonaro para a presidência da República, e dentro do conceito da Teoria do Caos, escolhi três que simbolizam a linha de raciocínio desta crônica.
Leia Também
Antes do regime militar implantado em abril de 1964, nas eleições presidenciais os votos dos vices não eram vinculados aos dos aspirantes à Presidência.
Só para fazer um parâmetro com as urnas de 28 de outubro deste ano, se o eleitor quisesse poderia votar, por exemplo, em Fernando Haddad para presidente e no general Olimpio Mourão para vice. Seria uma escolha meiononsense mas totalmente válida.
Pois bem, nas eleições de 3 de outubro de 1960 os candidatos à presidência eram três: Jânio Quadros, general Henrique Teixeira Lott e Adhemar de Barros. Para vice, também concorriam três: João (Jango) Goulart, que já ocupava o cargo no governo Juscelino Kubitschek, Milton Campos, ex-governador de Minas Gerais, e Fernando Ferrari, político gaúcho.
Os eleitores de Jânio se dividiam entre Campos e Ferrari, este segundo com mais apoio no sul do país.
Veio a contagem das urnas: João Goulart teve 36,1% dos votos, Milton Campos, 33,7 e Fernando Ferrari, 17%.
Como não havia 2º turno para a presidência (e muito menos, é claro, para vice), Jânio Quadros e João Goulart foram eleitos, numa chapa que o povo apelidou da Jan-Jan. Melhor dizendo: um presidente de direita e um vice de esquerda ligado ao movimento sindical e ao getulismo do Partido Trabalhista Brasileiro, PTB.
Se Ferrari tivesse desistido de sua candidatura, e muita gente lhe pediu para fazer isso, Milton Campos teria sido eleito.
Quando, em 1961, Jânio Quadros renunciou (provavelmente não o faria se Campos fosse seu vice), simplesmente não teria havido o golpe militar (ou Revolução, como queiram) de 1964.
Sucessão dos fatos
A teimosia de Fernando Ferrari foi o bater de asas da andorinha da História. Alterou completamente a sucessão dos fatos.
Em 1965, já estando o general Humberto de Alencar Castelo Branco na chefia do governo, deveria haver eleições diretas para a presidência em outubro. Na época, os principais candidatos eram Juscelino Kubitschek e Carlos Lacerda, governador do estado da Guanabara.
Um terceiro pretendente, Leonel Brizola, ex-governador do Rio Grande do Sul e cunhado de Jango, tivera seus direitos políticos cassados pelos militares e se refugiara no Uruguai.
Como surgiram rumores de que o mandato de Castelo seria prorrogado e que as eleições para sua sucessão seriam indiretas (o que garantia, na prática, um novo general no Planalto, como realmente aconteceu – Costa e Silva), Lacerda pediu uma audiência a Castelo para protestar contra a medida.
“E quem me garante que o doutor Juscelino não será eleito?”, perguntou Castelo Branco para Carlos Lacerda. Este saiu do palácio furioso e se uniu com o próprio Juscelino e com Jango, criando a Frente Ampla, que, com perdão pelo trocadilho, fracassou amplamente.
A partir dessa encruzilhada, o agora vendaval da andorinha impôs os generais Artur da Costa e Silva, Emilio Garrastazu Médici, Ernesto Geisel e João Figueiredo, todos eleitos por um Congresso desfalcado de centenas de políticos cassados pela ditadura.
À era militar seguiu-se a da pouca vergonha, da roubalheira, do fisiologismo descarado, com raríssimos momentos de exceção, se é que os houve.
Paralelo
Vieram as eleições de 2018. De acordo com os institutos de pesquisa de intenção de votos, descartado Lula, o capitão Jair Bolsonaro era franco favorito no primeiro turno. Mas perdia para todos os adversários no segundo.
Quinta-feira, 6 de setembro. Ao participar de uma caminhada no Centro de Juiz de Fora, Minas Gerais, Bolsonaro é esfaqueado por um militante de esquerda fanático chamado Adélio Bispo, por iniciativa própria ou a soldo de alguém.
Se isso foi um fator determinante no resultado final da eleição, ou se ela aconteceria de qualquer modo, jamais se saberá. O certo é que não prejudicou a vitória do capitão.
Assim funciona a Teoria do Caos. Em cada uma das encruzilhadas citadas acima, o Brasil mudou radicalmente de trajetória.
Isso deixa uma lição importante para os investidores, especuladores, brokers e traders profissionais.
Jamais tenham certeza de que determinada coisa acontecerá. Ou que não acontecerá. Ou que resultará nisso ou naquilo.
No mercado não existem verdades absolutas.
Uma abelha talvez esteja roçando os carpelos de um jasmim em uma selva no Sudeste Asiático e alterando mais uma vez o curso da História, quem sabe daqui a 200 anos.
Aneel propõe devolver R$ 50,1 bi a consumidores em até cinco anos
Após processos judiciais que se arrastaram por mais de dez anos, a Justiça entendeu que a cobrança dos encargos era feita de forma irregular
Debate sobre autonomia do BC e auxílio emergencial são destaques do dia para o mercado
Auxílio emergencial, interferência na Petrobras e pacote de ajuda trilionário: o que você precisa saber hoje para estar preparado para o mercado
Petrobras conclui venda de participação na BSBios e recebe R$ 253 milhões
Além deste montante, serão mantidos mais R$ 67 milhões em conta vinculada para indenização de eventuais contingências e liberados conforme o previsto em contrato
Twitter registra alta de 87% em lucro do 4º trimestre; ação sobe
Número de usuários ativos diários monetizáveis do Twitter entre outubro e dezembro de 2020 subiu 27% e chegou a 192 milhões
Neoenergia tem lucro aos controladores de R$ 996 milhões, alta de 61%
No acumulado de 2020, o lucro atingiu R$ 2,809 bilhões, 26% superior em relação ao R$ 2,229 bilhões anotados no exercício anterior
O ‘robô’ vai vender R$ 1,5 bilhão aos tubarões
Com o Vinícius de férias, cá estou eu de volta nesta newsletter da manhã. Acho que nem deu tempo de você sentir saudade, afinal, passamos o sábado juntos. Espero não estar enferrujada. Eu sei que em dia de semana você está mais ocupado e é mais “responsa” trazer sugestões de leitura. Vamos lá… Há um […]
Reforma administrativa vai hoje à CCJ, afirma Lira
A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) prevê a reestruturação do chamado RH do Estado
Auxílio sem compromisso fiscal e interferência na Petrobras devem desanimar Bolsa hoje
Pegue seu guarda-chuvas (ou sua regata) e confira os principais destaques do dia: inflação, ajuda fiscal nos EUA e auxílio emergencial
Nascida com foco na pessoa física, Warren agora também mira grandes fortunas e institucionais
Corretora e distribuidora tem previsão de R$ 1,5 bilhão em ofertas a serem estruturadas ou coordenadas por seu segmento B2B, e pretende chegar ao fim deste ano com R$ 15 bilhões sob custódia
Projeto de autonomia do BC é fundamental para estabilidade monetária, diz Guedes
Ministro da Economia lembrou, inclusive, que a autonomia do Banco Central era algo previsto desde a criação da autarquia
IPO, imóveis ou bancos: qual a melhor forma de ganhar dinheiro em 2021?
Nesta segunda-feira (08), às 19h, você pode acompanhar ao vivo o debate mais quente sobre os temas do mercado financeiro no Seleção Empiricus.
Bolsonaro deve se reunir com presidente da Câmara para discutir novo auxílio emergencial
O auxílio começou com R$ 600, foi para R$ 300 e as discussões querem a volta dele, mas com parcelas de R$ 200
“Devo Investir no fundo Verde?”
A pergunta-título deste Day One tem chegado com certa frequência pra mim, virtual ou presencialmente. As razões são conhecidas. Depois de bastante tempo fechado para novas captações, o mitológico fundo Verde, de Luis Stuhlberger, volta a reabrir no varejo. Se você procura uma resposta objetiva, eu a antecipo: sim, entendo que seja uma boa alternativa […]
Mercado questiona transparência na política de preços da Petrobras
A estatal alterou de trimestral para anual a sua comparação de preços ao mercado internacional, mas a medida só foi comunicada seis meses depois
Modalmais anuncia aquisição da Eleven Research
Do ponto de vista operacional, ambas permanecem autônomas, com escritórios e times separados
Brasil supera 231 mil mortes e 9,5 milhões de infectados por covid-19
Em geral, os registros de casos e mortes são menores aos domingos e segundas-feiras em razão da dificuldade de alimentação dos dados pelas secretarias de Saúde nos finais de semana
Suzano, Renner, Usiminas e BB divulgam resultados; saiba o que esperar
Números a serem divulgados são do quarto trimestre, período marcado pela alta das expectativas de inflação e pelo ambiente político conturbado nos EUA, mas também pela retomada de alguns setores da economia
União Europeia quer Brasil engajado em pauta ambiental
A Europa aposta na chegada de Portugal à presidência do conselho rotativo da União Europeia para acelerar a negociação e sensibilizar o governo brasileiro
Quer investir no Verde? Então corra… mais de 1.500 pessoas levaram quase metade da capacidade da Vitreo no 1º dia e fundo pode fechar
Fundo Verde, que acumula valorização de 18.703% desde a sua criação, está fechado há anos e só faz aberturas pontuais (da última vez, durou dois dias); veja como investir
Visite a cozinha
Será que alguém já exerceu essa possibilidade? Pediu para ir ver como os alimentos são preparados, se o estabelecimento segue as normas de higiene?