A ação da Vale está valendo?
A Vale teve um resultado maravilhoso em 2018, digno de alegria para qualquer acionista. É uma boa comprar a ação da empresa?

A Vale (VALE3) optou por abrir seu release de resultados de 2018 com um laço de luto, menção às (muitas) vítimas da tragédia de Brumadinho. Já no primeiro parágrafo, uma breve descrição do ocorrido.
Os bons números, que vieram um pouco abaixo do esperado pelo mercado, ficaram ofuscados pelo peso da tragédia e há pouco o que se comemorar dentro da companhia, que perdeu colaboradores e boa parte de sua credibilidade enquanto viu Fabio Schvartsman, um dos mais respeitados executivos do país, deixar a cadeira de presidente vaga.
Olhando para os números, em 2018 a Vale vendeu pouco mais de 307 milhões de toneladas de minério de ferro para uma receita total de quase US$ 28 bilhões. O Ebitda, da sigla em inglês para lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização (ou “lucro antes de tudo que importa”, de acordo com Warren Buffett), ficou em US$ 16,6 bilhões – uma margem bem saudável de 45%.
Com o avanço da produção da unidade S11D em Carajás, o custo de produção segue caindo e encerrou o trimestre em US$ 12,8 por tonelada de minério (US$ 14,6 no último trimestre de 2017).
Sobem volumes e preços, custos caem e a Vale se torna cada vez mais rentável: a geração de caixa livre (caixa operacional líquido dos investimentos) ficou em US$ 10 bilhões. O número é importante porque dá a medida de quanto a empresa gera de caixa além do necessário para manter as operações e crescer.
Assim, o caixa livre tem esse nome porque é justamente o que sobra para a companhia pagar credores e remunerar seus acionistas – os US$ 10 bilhões dão um retorno de 14% sobre o valor de mercado (em dólares), nada mau em um mundo em que títulos da dívida alemã negociando com taxas negativas!
Leia Também
A mina de ferro se transformou em uma vaca que, mais do que leite, dá muito dinheiro.
Caminho interrompido
Com uma dívida sob controle e o fim de ciclo de investimentos, não há dúvidas de que, no médio prazo, a Vale caminhava a passos largos para se tornar uma boa pagadora de dividendos, por mais que previsibilidade seja um desafio, e tanto, quando falamos de commodities.
O problema é que, no meio do caminho tinha uma barragem. Na conferência de resultados, a companhia estima deixar de produzir cerca de 93 milhões de toneladas em 2019, afirma que já tem R$ 16 bilhões bloqueados em suas contas e avalia que de 80 mil a 100 mil pessoas terão direito a algum tipo de ressarcimento pelos estragos.
A queda esperada de produção é parcialmente compensada pela alta do minério – desde o rompimento da barragem de Brumadinho, o minério saiu de US$ 72 a tonelada e opera acima de US$ 80.
Além disso, a companhia tem capacidade ociosa e pode “apertar o passo” em outras minas e, também, acelerar o amadurecimento de S11D. No fim das contas, a perda nas receitas deve girar em torno de US$ 2 bilhões, mas com potencial para melhora das margens com menores custos – com efeito, o Ebitda esperado para 2019 é de US$ 17,9 bilhões, 6,5% maior do que o observado em 2018.
Prejuízos ainda não calculados
O que talvez ainda não tenha entrado na conta dos analistas das grandes casas é o impacto que as regras mais rigorosas terão sobre custos – nas palavras da própria companhia, o padrão de segurança mudou e as autoridades estão mais rigorosas. Conseguir aprovações para operações e manter minas rodando deve ser mais custoso.
Achar alguém para assumir o comando da empresa também será uma tarefa dura: em depoimento à CPI de Brumadinho, Schvartsman foi bastante pressionado por deputados e chegou a receber ameaça de sair da comissão preso, caso não respondesse às perguntas honestamente.
Depois do que houve em Mariana e Brumadinho, é possível que nem mesmo a Vale e os técnicos do governo saibam avaliar adequadamente as condições das barragens brasileiras. Como, então, garantir que um outro desastre não vai ocorrer novamente? Até que ponto executivos bem estabelecidos e renomados aceitarão o desafio? Já foram confirmados 216 mortos e ainda há 88 desaparecidos, um fardo pesado demais para carregar nas cotas...
Não entro nem no mérito de um possível (provável?) desaquecimento da economia global, que poderia frustrar quem espera preços de minério estáveis ao longo do ano.
Sigo olhando o papel de fora, por mais que a operação tenha mostrado força, isso é absolutamente secundário frente às perdas das vítimas e as enormes incertezas que rondam o papel. Sim, a Vale teve um resultado maravilhoso em 2018, digno de alegria para qualquer acionista. É uma boa comprar a ação da empresa? Muito cedo para dizer. O resultado financeiro se tornou secundário perto do passivo ainda incalculado da tragédia de Brumadinho.
Multiplicação histórica: pequenas empresas da bolsa estão prestes a abrir janela de oportunidade
Os ativos brasileiros já têm se valorizado nas últimas semanas, ajudados pelo tarifaço de Trump e pelas perspectivas mais positivas envolvendo o ciclo eleitoral local — e a chance de queda da Selic aumenta ainda mais esse potencial de valorização
Itaú (ITUB4) tem lucro quase 14% maior, a R$ 11,1 bilhões, e mantém rentabilidade em alta no 1T25
Do lado da rentabilidade, o retorno sobre o patrimônio líquido médio atingiu a marca de 22,5% no primeiro trimestre; veja os destaques
Último credor da Gol (GOLL4) aceita acordo e recuperação judicial nos EUA se aproxima do fim
Companhia aérea afirma que conseguirá uma redução significativa de seu endividamento com o plano que será apresentado
Bradesco (BBDC4) salta 15% na B3 com balanço mais forte que o esperado, mas CEO não vê “surpresas arrebatadoras” daqui para frente. Vale a pena comprar as ações do banco?
Além da surpresa com rentabilidade e lucro, o principal destaque positivo do balanço veio da margem líquida — em especial, o resultado com clientes. É hora de colocar BBDC4 na carteira?
Muito acima da Selic: 6 empresas pagam dividendos maiores do que os juros de 14,75% — e uma delas bateu um rendimento de 76% no último ano
É difícil competir com a renda fixa quando a Selic está pagando 14,75% ao ano, mas algumas empresas conseguem se diferenciar com suas distribuições de lucros
Ambev (ABEV3) tem lucro estável no 1º trimestre e anuncia R$ 2 bilhões em dividendos; ações saltam na B3
Lucro no 1T25 foi de R$ 3,8 bilhões, praticamente estável na comparação anual e em linha com o consenso de mercado
Não há escapatória: Ibovespa reage a balanços e Super Quarta enquanto espera detalhes de acordo propalado por Trump
Investidores reagem positivamente a anúncio feito por Trump de que vai anunciar hoje o primeiro acordo no âmbito de sua guerra comercial
Itaú Unibanco (ITUB4) será capaz de manter o fôlego no 1T25 ou os resultados fortes começarão a fraquejar? O que esperar do balanço do bancão
O resultado do maior banco privado do país está marcado para sair nesta quinta-feira (8), após o fechamento dos mercados; confira as expectativas dos analistas
Mesmo com apetite ao risco menor, Bradesco (BBDC4) supera expectativas e vê lucro crescer quase 40% no 1T25, a R$ 5,9 bilhões
Além do aumento na lucratividade, o banco também apresentou avanços na rentabilidade, com inadimplência e provisões contidas; veja os destaques
Conselho de administração da Mobly (MBLY3) recomenda que acionistas não aceitem OPA dos fundadores da Tok&Stok
Conselheiros dizem que oferta não atende aos melhores interesses da companhia; apesar de queda da ação no ano, ela ainda é negociada a um preço superior ao ofertado, o que de fato não justifica a adesão do acionista individual à OPA
Balanço fraco da RD Saúde (RADL3) derruba ações e aumenta pressão sobre rede de farmácias. Vale a pena comprar na queda?
Apesar das expectativas mais baixas para o trimestre, os resultados fracos da RD Saúde decepcionaram o mercado, intensificando a pressão sobre as ações
Analista revela 5 ações para buscar dividendos em maio diante de perspectiva de virada no mercado
Carteira gratuita de dividendos da Empiricus seleciona papéis com bom potencial de retorno em maio
Bola de cristal monetária: Ibovespa busca um caminho em dia de Super Quarta, negociações EUA-China e mais balanços
Investidores estão em compasso de espera não só pelas decisões de juros, mas também pelas sinalizações do Copom e do Fed
Méliuz (CASH3): assembleia não consegue quórum mínimo para aprovar investimento pesado em bitcoin (BTC)
Apesar do revés, a companhia fará uma segunda convocação, no dia 15 de maio, quando não há necessidade de quórum mínimo, apenas da aprovação das pautas de 50% + 1 dos acionistas.
Balanço da BB Seguridade (BBSE3) desagrada e ações caem forte na B3. O que frustrou o mercado no 1T25 (e o que fazer com os papéis agora)?
Avaliação dos analistas é que o resultado do trimestre foi negativo, pressionado pela lucratividade abaixo das expectativas; veja os destaques do balanço
Rafael Ferri vai virar o jogo para o Pão de Açúcar (PCAR3)? Ação desaba 21% após balanço do 1T25 e CEO coloca esperanças no novo conselho
Em conferência com os analistas após os resultados, o CEO Marcelo Pimentel disse confiar no conselho eleito na véspera para ajudar a empresa a se recuperar
É recorde: Ações da Brava Energia (BRAV3) lideram altas do Ibovespa com novo salto de produção em abril. O que está por trás da performance?
A companhia informou na noite passada que atingiu um novo pico de produção em abril, com um aumento de 15% em relação ao volume visto em março
Expectativa e realidade na bolsa: Ibovespa fica a reboque de Wall Street às vésperas da Super Quarta
Investidores acompanham o andamento da temporada de balanços enquanto se preparam para as decisões de juros dos bancos centrais de Brasil e EUA
Onde investir em maio: Petrobras (PETR4), Cosan (CSAN3), AT&T (ATTB34) e mais opções em ações, dividendos, FIIs e BDRs
Em novo episódio da série, analistas da Empiricus Research e do BTG Pactual compartilham recomendações de olho nos resultados da temporada de balanços e no cenário internacional
Fundo imobiliário TRXF11 anuncia a maior emissão de cotas da sua história, para captar R$ 1 bilhão
Segundo a gestora TRX Investimentos, valor pode chegar a R$ 1,25 bilhão e cerca de 85% do montante já está praticamente garantido