Selic vai mesmo parar de subir? Saiba se é finalmente hora de comprar títulos prefixados no Tesouro Direto
Com fim da alta dos juros, prefixados parariam de se desvalorizar, passando a subir quando a Selic finalmente começasse a cair. Mas já está na hora de assumir essa posição?

Desde o começo do ano, o investidor brasileiro está na expectativa pelo fim do atual ciclo de alta da taxa Selic. Quando parecia que os juros estavam finalmente chegando ao topo, um novo problema de ordem macroeconômica ou um novo dado de inflação mostrando a persistência da alta de preços fazia o Banco Central subir a taxa um pouco mais.
Mas agora, ao que tudo indica, o ciclo de aumento dos juros brasileiros está mesmo chegando perto do fim. O mercado, no geral, espera mais duas altas - uma nesta quarta-feira (15), da ordem de 0,50 ponto percentual, e mais 0,50 nas próximas reuniões do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom), de uma só vez ou em dois aumentos de 0,25 ponto.
De todo modo, a Selic deve subir hoje para 13,25% ao ano, finalizando o seu ciclo de alta em 13,50% ou 13,75%, ainda neste ano. Saberemos o que esperar, com um pouco mais de clareza, hoje à noite, quando o Copom divulgar a nova meta da taxa de juros e seu tradicional comunicado, onde geralmente já dá uma pista dos próximos passos.
Para os investidores, o topo do ciclo de alta de juros pode representar uma oportunidade de comprar títulos de renda fixa prefixados ou atrelados à inflação com as melhores remunerações possíveis, travando essa alta rentabilidade por vários anos.
No caso dos títulos públicos, que têm liquidez diária e marcação a mercado de acordo com as perspectivas para as taxas de juros, a aquisição de prefixados e indexados à inflação no topo do ciclo de alta da Selic representa ainda uma oportunidade de ter bons lucros com a valorização dos papéis.
Isso porque esses títulos, negociados pelo Tesouro Direto, se desvalorizam quando os juros futuros ainda estão subindo, precificando novas altas para a Selic; mas quando novas altas deixam de ser precificadas, seus preços param de cair; e quando os juros futuros passam a recuar, diante da perspectiva de queda na Selic, esses papéis se valorizam.
Leia Também
Todo cuidado é pouco: bolsa pode não estar tão barata como parece — saiba por que gestor faz esse alerta agora
FIIs: confira os melhores fundos imobiliários para investir em maio, segundo o BTG
Com a alta dos prefixados e títulos atrelados à inflação, o investidor pode simplesmente vendê-los com lucro, antecipando os ganhos previstos em vários anos. E é de fato possível obter rentabilidades formidáveis com essa estratégia. Conheça as duas formas de se ganhar dinheiro com títulos públicos.
Assim, as questões que se colocam agora são: o ciclo de alta da Selic está de fato chegando ao fim desta vez? E, em caso positivo, trata-se de um bom momento para comprar títulos prefixados, que são os que mais se beneficiariam de uma futura queda nos juros?
A Selic vai mesmo parar de subir?
Não dá para cravar uma resposta a esta pergunta, até porque não é a primeira vez, no atual ciclo de aperto monetário, que o mercado tem a expectativa de que a alta dos juros esteja perto do fim.
No início de fevereiro, por exemplo, o BC já dava esse indicativo, tanto que publicamos, aqui mesmo no Seu Dinheiro, uma matéria com a mesma pegada, questionando se era hora de se posicionar em prefixados.
Na ocasião, os títulos prefixados de prazos mais curtos eram considerados aqueles com a melhor relação risco-retorno, mas ainda assim eram vistos, pelos especialistas consultados, como arriscados.
O prefixado mais curto disponível para compra na época, o Tesouro Prefixado 2024, valorizou 0,60% desde então, enquanto todos os demais vencimentos disponíveis no Tesouro Direto tiveram queda.
Pois bem, em fevereiro deste ano a Selic estava a 10,75% ao ano, e a expectativa, segundo o boletim Focus do BC, era de que terminasse 2022 em 12,00%. Só que depois vieram a guerra da Ucrânia, os novos lockdowns na China por conta da covid-19 e as seguidas surpresas para cima na inflação americana, e o resto é história.
Na época, porém, a sinalização de que a inflação brasileira estivesse em vias de ser controlada era mais fraca. Agora, os sinais são um pouco mais fortes, com o último dado do IPCA tendo vindo realmente abaixo do esperado.
Além disso, a Selic agora já subiu bastante, e é fato que há uma série de fatores que afetam o IPCA e que infelizmente fogem da alçada da política monetária brasileira, como a própria guerra da Ucrânia, que pressiona os preços do petróleo e dos grãos, e a questão da covid na China, que contribui ainda mais para desorganizar as cadeias internacionais de produção.
Isso fora a inflação dos países desenvolvidos, que cabe aos seus respectivos bancos centrais combater, mas que acaba respingando por aqui.
“O BC admite que talvez precise dar uma pausa [no ciclo de alta dos juros] para ver o efeito [do aperto monetário atual] na economia. O que ele quer dizer é que a inflação ainda está alta, mas os juros já subiram demais, então é preciso esperar para ver se é suficiente”, diz Ulisses Nehmi, sócio da gestora Sparta, especializada em renda fixa.
Sendo assim, desta vez o mercado, no geral, espera que o ciclo de aperto monetário brasileiro esteja sim perto do fim, com uma alta de 0,50 ponto percentual hoje e talvez mais uma ou duas altas de 0,25 nas próximas duas reuniões, ou então uma única alta de 0,50 em agosto.
É hora de comprar prefixados?
No entanto, apesar de os juros estarem aparentemente se aproximando do topo, ainda pode não ser hora de se posicionar em títulos prefixados.
Primeiro porque, dado o cenário internacional incerto - com guerra, pandemia e uma inflação pesada nos EUA, que pode culminar num aperto monetário agressivo e até em uma recessão - e as eleições presidenciais prestes a acontecer no Brasil, o Banco Central não deve fechar a porta para a possibilidade de novas altas no futuro próximo.
“Não vejo ganhos para o Banco Central em fechar a porta para novas altas de juros nesta quarta, dadas as incertezas à frente. Os preços dos combustíveis, por exemplo, podem sofrer novos reajustes, e isso acaba batendo no IPCA”, diz Laís Costa, analista de renda fixa da Empiricus.
Em segundo lugar, explica Ulisses Nehmi, porque os prefixados tendem a ficar realmente atrativos quando já se tem uma inflação controlada ou em baixa, com uma perspectiva já visível de queda de juros à frente.
“O que estamos vendo no momento ainda não é exatamente isso. Estamos num passo anterior”, diz o gestor. “Historicamente, em alguns momentos o momento ideal para comprar prefixados foi até seis meses depois do fim do ciclo de alta da Selic. Que é quando vira a chave, quando está consumado que a inflação de fato cedeu.”
Assim, ele ainda prefere os pós-fixados, que são os títulos atrelados à Selic ou ao CDI. No Tesouro Direto, eles são representados pelo Tesouro Selic.
“Em algum momento pode começar a ficar bom para investir em prefixados, mas neste momento, para quem é conservador, o melhor é continuar nos pós-fixados. A Selic já está num patamar elevado, que embute um juro real [retorno acima da inflação] significativo”, explica o gestor.
Agora, se o investidor achar que o pior da inflação já passou e que os juros podem começar a cair em breve, diz Nehmi, já pode se posicionar nos títulos pré. “Mas aí é uma aposta bem arrojada”, alerta.
Para Laís Costa, os prefixados até estão atrativos, mas ainda embutem bastante risco. Mesmo assim, para quem quiser se posicionar, o melhor é investir em títulos de prazos mais longos, como cinco ou sete anos, sendo a alternativa de cinco anos a menos arriscada.
“Até o segundo semestre do ano que vem é muito improvável que haja corte de juros. Então para prazos de até dois anos, acho muito arriscado um prefixado. Talvez ele não tenha muito ganho frente a um pós-fixado, pois a Selic vai continuar alta [no curto prazo]. Não teria por que comprar um pré. Mas o prefixado um pouco mais longo já fica interessante”, diz a analista.
Atualmente, todos os prefixados oferecidos pelo Tesouro Direto estão pagando mais de 13% ao ano. Os de prazo maior que cinco anos são o Tesouro Prefixado 2029 e o Tesouro Prefixado com Juros Semestrais 2033.
A boa mesmo ainda é o Tesouro IPCA+
Tanto Laís Costa quanto Ulisses Nehmi, porém, acreditam que, para apostas menos conservadoras, os títulos atrelados à inflação (Tesouro IPCA+, também chamados de NTN-B) ainda são as melhores pedidas no momento, com uma melhor relação risco-retorno que os prés.
Costa, por exemplo, os considera menos arriscados neste momento de inflação ainda alta, tendo em vista que os juros ainda devem demorar a ceder.
Assim, o investidor garante uma proteção contra a inflação e ainda pode se beneficiar de uma eventual valorização do título quando os juros futuros começarem a cair, mesmo que antes do previsto, pois as NTN-B têm uma parte da sua remuneração prefixada.
“Conceitualmente, o investidor deve sempre buscar o juro real [um retorno acima da inflação]. Se você tem taxas de juros reais tão altas como as atuais, você deveria, em tese, optar por elas”, explica a analista.
Ela acredita que este seja um bom momento para comprar NTN-B de prazos longos e garantir as altas taxas atuais por um bom tempo. As remunerações desses papéis estão beirando os 6% ao ano mais a variação do IPCA.
Ulisses Nehmi também acha que, para as posições mais arrojadas, a relação risco-retorno dos indexados à inflação está melhor que a dos prefixados. Ele gosta das NTN-B de prazos mais curtos, até cinco anos, por estarem com taxas gordas e terem volatilidade menor, tendo em vista que temos eleição à frente e muitas incertezas internacionais.
Mas o gestor também admite que comprar NTN-B de prazos longos em momentos de estresse nas taxas de juros, para garantir altas taxas reais por muitos anos, também é uma boa estratégia para o momento. “Só é melhor evitar entrar de uma vez. O mais indicado é tentar alongar os prazos aos poucos, em momentos de estresse pontuais”, diz.
Ibovespa bate máxima histórica nesta quinta-feira (8), apoiado pelos resultados do Bradesco (BBDC4) e decisões da Super Quarta
Antes, o recorde intradiário do índice era de 137.469,27 pontos, alcançado em 28 de agosto do ano passado
Muito acima da Selic: 6 empresas pagam dividendos maiores do que os juros de 14,75% — e uma delas bateu um rendimento de 76% no último ano
É difícil competir com a renda fixa quando a Selic está pagando 14,75% ao ano, mas algumas empresas conseguem se diferenciar com suas distribuições de lucros
Trump anuncia primeiro acordo tarifário no âmbito da guerra comercial; veja o que se sabe até agora
Trump utilizou a rede social Truth Social para anunciar o primeiro acordo tarifário e aproveitou para comentar sobre a atuação de Powell, presidente do Fed
Não há escapatória: Ibovespa reage a balanços e Super Quarta enquanto espera detalhes de acordo propalado por Trump
Investidores reagem positivamente a anúncio feito por Trump de que vai anunciar hoje o primeiro acordo no âmbito de sua guerra comercial
Fundo imobiliário campeão perde espaço e oito FIIs ficam entre os favoritos para investir em maio; confira o ranking
A saída de um gigante de shoppings abriu uma oportunidade única para os investidores: os dez bancos e corretoras procurados pelo Seu Dinheiro indicaram cinco fundos de tijolo e três FIIs de papéis neste mês
Retorno da renda fixa chegou ao topo? Quanto rendem R$ 100 mil na poupança, em Tesouro Selic, CDB e LCI com a Selic em 14,75%
Copom aumentou a taxa básica em mais 0,50 ponto percentual nesta quarta (7), elevando ainda mais o retorno das aplicações pós-fixadas; mas ajuste pode ser o último do ciclo de alta
Selic chega a 14,75% após Copom elevar os juros em 0,5 ponto percentual — mas comitê não crava continuidade do ciclo de alta
Magnitude do aumento já era esperada pelo mercado e coloca a taxa básica no seu maior nível em quase duas décadas
Bitcoin (BTC) sobrevive ao Fed e se mantém em US$ 96 mil mesmo sem sinal de corte de juros no horizonte
Outra notícia, que também veio lá de fora, ajudou os ativos digitais nas últimas 24 horas: a chance de entendimento entre EUA e China sobre as tarifas
Não vai meter a colher onde não é chamado: Fed mantém taxa de juros inalterada e desafia Trump
Como era amplamente esperado, o banco central norte-americano seguiu com os juros na faixa entre 4,25% e 4,50%, mas o que importa nesta quarta-feira (7) é a declaração de Powell após a decisão
Bola de cristal monetária: Ibovespa busca um caminho em dia de Super Quarta, negociações EUA-China e mais balanços
Investidores estão em compasso de espera não só pelas decisões de juros, mas também pelas sinalizações do Copom e do Fed
Como ver a Aurora Boreal? Especialistas detalham a viagem ideal para conferir o fenômeno
Para avistar as luzes coloridas no céu, é preciso estar no lugar certo, na hora certa — e contar com a sorte também
Magalu (MGLU3) e Casas Bahia (BHIA3) devem ter resultados “decentes”, enquanto Mercado Livre (MELI34) brilhará (de novo)
O balanço das varejistas nacionais no 1T25 pode trazer um fio de esperança para Magazine Luiza e Casas Bahia, que têm sofrido nos últimos trimestres
Luiz Fernando Figueiredo, ex-diretor do BC, explica por que o Copom não vai antecipar seus próximos passos na reunião de hoje
O executivo, que hoje é chairman da JiveMauá, acredita em um aumento de meio ponto percentual nesta reunião do Copom, sem nenhuma sinalização no comunicado
Onde investir na renda fixa em maio: Tesouro IPCA+ e CRA da BRF são destaques; indicações incluem LCA e debêntures incentivadas
Veja o que BB Investimentos, BTG Pactual, Itaú BBA e XP Investimentos recomendam comprar na renda fixa em maio, especialmente entre os ativos isentos de IR
CDI+5% é realista? Gestores discutem o retorno das debêntures no Brasil e destacam um motivo para o investidor se preocupar com esse mercado
Durante evento, gestores da JiveMauá, da TAG e da Polígono Capital destacam a solidez das empresas brasileiras enquanto emissoras de dívida, mas veem riscos no horizonte
Copom deve encerrar alta da Selic na próxima reunião, diz Marcel Andrade, da SulAmérica. Saiba o que vem depois e onde investir agora
No episódio 221 do podcast Touros e Ursos, Andrade fala da decisão de juros desta quarta-feira (7) tanto aqui como nos EUA e também dá dicas de onde investir no cenário atual
Selic em alta atrai investidor estrangeiro para a renda fixa do Brasil, apesar do risco fiscal
Analistas também veem espaço para algum ganho — ou perdas limitadas — em dólar para o investidor estrangeiro que aportar no Brasil
Expectativa e realidade na bolsa: Ibovespa fica a reboque de Wall Street às vésperas da Super Quarta
Investidores acompanham o andamento da temporada de balanços enquanto se preparam para as decisões de juros dos bancos centrais de Brasil e EUA
Banqueiros centrais se reúnem para mais uma Super Quarta enquanto o mundo tenta escapar de guerra comercial permanente
Bastou Donald Trump sair brevemente dos holofotes para que os mercados financeiros reencontrassem alguma ordem às vésperas da Super Quarta dos bancos centrais
Em viagem à Califórnia, Haddad afirma que vai acelerar desoneração de data centers para aumentar investimentos no Brasil
O ministro da Fazenda ainda deve se encontrar com executivos da Nvidia e da Amazon em busca de capital estrangeiro para o País