O falso elixir do estresse: por que o drink de cortisol é mais perigoso do que parece
A ciência e os riscos por trás dos coquetéis virais que prometem regular o hormônio do estresse
Há uma promessa recente de bem-estar rodando nos vídeos de TikTok: o “drink de cortisol”, prometido como um “remédio natural” contra o estresse. A receita viral do momento é simples: água de coco, suco de laranja, uma pitada de sal e magnésio. Um combinado que, supostamente, é capaz de regular o hormônio do estresse e devolver a calma instantânea, dar energia e equilibrar o humor. Só tem um problema: a promessa não tem fundamento científico.
Dá para entender por que uma receita caseira viraliza. Bonito no vídeo e convincente no discurso, parece uma fórmula mágica para ao menos 1 bilhão de pessoas no mundo todo, que sofrem com ansiedade e estresse, de acordo com dados da Organização da Saúde (OMS). Porém não existe fórmula mágica: “Não há, até o momento, nenhuma evidência científica robusta de que isso seja possível”, afirma a nutricionista Renata Rodrigues de Oliveira, de São Paulo.
Essa história não é isolada. Pouco tempo antes desta reportagem, o órgão regulador britânico Advertising Standards Authority (ASA) baniu um anúncio da marca TRIP por fazer alegações de saúde sem respaldo científico. A novidade era uma bebida “calmante” que prometia ajudar na ansiedade. É o mesmo mecanismo da “economia do bem-estar”: vender alívio emocional em frascos, pós e cápsulas, enquanto a ciência continua sendo tratada como burocracia.
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A ciência além do like
Antes de embarcar na proposta de equilíbrio químico que aparece nos seus stories, vale entender a ciência dentro do copo. O que sustenta as alegações, na verdade, são interpretações de alguns estudos disponíveis.
Por exemplo: um trabalho publicado na Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism indicou que a vitamina C pode ajudar a reduzir os níveis de cortisol em resposta ao estresse. No entanto, os resultados são mais focados na suplementação de vitamina C isolada do que no suco de laranja, especificamente.
Já a água de coco, por outro lado, é rica em eletrólitos e pode ajudar na hidratação, o que é essencial para o funcionamento adequado do corpo sob estresse. A desidratação pode aumentar os níveis de cortisol. No entanto, pesquisas diretas sobre sua capacidade de reduzir cortisol, especificamente, são limitadas.
Por fim, estudos têm mostrado que o magnésio pode estar relacionado ao controle de estresse e depressão, inferindo indiretamente que isto possa diminuir os níveis de cortisol. Porém, não há nenhum estudo direto comprovando que a suplementação de magnésio reduza ou module diretamente os níveis de cortisol.
Ou seja, combinar esses ingredientes, com essa pequena dúvida em forma de benefício, está sendo tratado como um elixir. E, aqui, vale entender o que dizem os especialistas de verdade.
O risco com gelo e canudo
A combinação de água de coco e suco de laranja fornece muito mais açúcar e potássio do que o corpo precisa, especialmente se consumida todos os dias. E o sal, que teoricamente ajudaria a repor eletrólitos, como pregam as pessoas que divulgam sem restrição o drink de cortisol, pode ser uma bomba-relógio para quem tem pressão alta ou problemas cardíacos.
“Adultos devem consumir menos de 2g de sódio por dia, o equivalente a uma colher de chá de sal”, alerta Renata. “O consumo excessivo pode piorar casos de hipertensão e doenças cardiovasculares.”
De acordo com a nutricionista, o magnésio, estrela da mistura viral, é um nutriente bem comum por aí. “O magnésio é amplamente encontrado em alimentos como café, chás, cacau, nozes, leguminosas e cereais integrais. Portanto, atingir a recomendação diária é extremamente fácil.” Logo, a chance de você precisar suplementar magnésio, colocando em uma bebida diária, é pequena. Já a de exagerar, enorme.
“O consumo excessivo desse mineral pode causar toxicidade, principalmente para pessoas com a função renal prejudicada. além disso, o consumo excessivo de sais de magnésio (entre 3g e 5g), como o MgSO4 pode ter efeitos como diarreia e desidratação. Outros sinais, como náuseas, ruborização, visão dupla, gagueira e fraqueza geralmente aparecem em concentrações no plasma de 9 a 12mg/dL. Paralisia muscular e falha cardíaca ou respiratória são associadas a concentrações de magnésio no plasma acima de 15 mg/dL”, alerta.

Onde entra o cortisol?
O maior mito do drink de cortisol, no entanto, está no coração da proposta: a ideia de que a mistura possa “regular” o famoso hormônio do estresse. E aqui não há espaço para rodeios: não existe comprovação científica.
“Uma revisão de estudos publicada na Journal of Nutrition sugere que a suplementação de magnésio pode reduzir a resposta ao estresse e, por consequência, os níveis de cortisol, mas as evidências são variáveis e nem todos os estudos mostram resultados significativos”, comenta Laura Frontana, endocrinologista do HCor, em São Paulo.
Embora o magnésio seja essencial, Laura endossa que a suplementação sem deficiência comprovada pode causar distúrbios de eletrólitos e interagir com medicamentos como antibióticos e anti-hipertensivos, reduzindo sua eficácia.
“É sempre recomendável consultar um profissional de saúde antes de iniciar qualquer suplementação, incluindo de magnésio. Um médico pode realizar exames apropriados para determinar a necessidade e a dosagem ideal, prevenindo assim possíveis complicações”, orienta.
Se a ideia é controlar o cortisol e aliviar o estresse, o caminho é bem mais simples e muito menos instagramável. Sono adequado, hidratação constante, exercícios regulares e alimentação equilibrada continuam sendo os pilares que realmente funcionam. “Uma dieta saudável, rica em alimentos naturais, garante a ingestão de vitaminas e minerais sem precisar de suplementação”, explica Laura.
Abaixo, a endocrinologista indica algumas práticas mais seguras para controlar o cortisol:
Dieta rica em nutrientes
Inclua uma variedade de alimentos ricos em nutrientes, como frutas, vegetais, grãos integrais, proteínas magras e gorduras saudáveis (como abacate, nozes e azeite de oliva).
Redução de açúcares e processados
Evite alimentos ricos em açúcares refinados e carboidratos processados, que podem causar picos de glicose e, consequentemente, aumento de cortisol.
Hidratação adequada
Manter-se bem hidratado é fundamental. A desidratação pode aumentar os níveis de cortisol. Beba água regularmente ao longo do dia.
Rotina de sono
Estabeleça uma rotina regular de sono, indo para a cama e acordando sempre no mesmo horário. Isso ajuda a regular o ciclo circadiano e os hormônios associados. Manter um ambiente de sono relaxante, controlando a luz, o ruído e a temperatura. Evite telas horas antes de dormir.
Técnicas de relaxamento
Técnicas de gerenciamento do estresse, como meditação, yoga, respiração profunda e exercícios de mindfulness, terapia com profissional habilitado, quando necessário.
Atividade física regular
O exercício regular é uma excelente forma de reduzir o estresse e os níveis de cortisol. Atividades como caminhada, corrida, natação e dança ajudam a liberar endorfinas, que promovem uma sensação de bem-estar.
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