De iPhone ultrafino a roupas com sensores: especialistas refletem sobre o futuro dos dispositivos pessoais
De olho no AppleDay da última semana, especialistas em design e inovação debatem o estado da tecnologia de dispositivos pessoais hoje e o que esperar dos avanços nos próximos cinco anos

Passamos o meio da década de 2020. E, quando o assunto são dispositivos pessoais, é comum certa sensação de nostalgia de novidade. Principalmente para quem viveu a década de 2000 a 2010, quando invenções como o iPhone, rede de telefonia móvel 3G e até mesmo câmeras digitais aconteciam a cada mês.
Descartada a estreia da inteligência artificial generativa e ferramentas integradas, como o ChatGPT, em 2022, há certa sensação de desalento com os avanços da tecnologia para o usuário nos últimos cinco anos. Na última semana, o Apple Day dividiu quem tinha altas expectativas.
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Na ocasião, a big tech apresentou sua nova geração de produtos, incluindo o iPhone 17, o Apple Watch Series 11 e os AirPods Pro 3. A maior inovação se concentrou em aspectos no modelo ultrafino iPhone Air, com 5,6 mm de espessura, além de alguns avanços em funções de monitoramento de saúde e na tradução simultânea nos fones.
Entre especialistas e investidores
Para Carlos Rafael Gimenes das Neves, professor do curso de Ciências de Dados e Negócios da ESPM, este último, do ponto de vista técnico, deveria impressionar: “AirPods que traduzem sozinhos, cientificamente e tecnologicamente falando, são fantásticos. Dá um baita trabalho fazer esse tipo de coisa”, afirma.
No entanto, parece que para o mercado, as expectativas foram frustradas. As ações da Apple, por exemplo, caíram mais de 1% após o evento.
Para Filipe Santos, professor no MBA em IA na Faculdade Exame, mentor de hackathon (competição de inovação) da Nasa Space Apps e Chief AI Officer no MakeOne Lab, especializado em soluções de IA, o recado é claro: “saímos da fase da IA-espetáculo rumo a uma IA realmente útil para o usuário”.
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“Fica claro que a corrida dos gadgets não é mais sobre potência bruta, e sim sobre experiências costuradas pela Inteligência Artificial. O consumidor compara menos especificações e mais resultados em saúde, produtividade e autonomia no dia a dia.”
A convite do Seu Dinheiro, especialistas da área de design e inovação se reuniram para debater o estado da tecnologia de dispositivos pessoais hoje e o que esperar dos avanços nos próximos cinco anos. Um exercício de futurologia para entender quais novidades esperar para os aparelhos onipresentes em nossos bolsos e mãos.
Antes de mais nada, como chegamos até aqui?
Falando apenas de dispositivos pessoais, a diferença dos últimos 25 anos é um abismo. No Brasil, aparelhos móveis ainda eram raros e, se a computação era feita em grandes trambolhos, a telefonia era fixa.
Hoje, é tudo praticamente invisível. Como aponta o professor Carlos Rafael, o principal ponto de virada foi a miniaturização de todos os componentes eletrônicos. O processo teve seu auge com o surgimento dos primeiros celulares, smartphones, a partir do final dos anos 1990 e início dos anos 2000.
Foi a partir desta inovação que evoluímos para a atual era da hiperconectividade. Nela, como o nome já indica, pessoas, dispositivos e sistemas estão conectados de forma contínua, instantânea e global.
“Até o nascimento destes dispositivos, a gente viveu um período de PCs, personal computers, desktops, e mesmo os notebooks. O tamanho era um pouco elevado para caber no bolso. Esquentavam muito, eram super pesados e a bateria não durava. Era uma computação móvel, mas não tão móvel assim”, relembra Carlos. “Hoje, a gente está mesmo numa era com tudo conectado, porque está tudo no teu bolso.”
O meio como a mensagem
Já do ponto de vista do consumidor, a busca por tecnologia que facilite a rotina é o que tem desenhado a hiperconectividade. Telefones e gadgets deixaram de ser meros utilitários e se tornaram lifestyle.
Isso é o que aponta Diego Aristides, CEO e cofundador do The Collab, hub de deep tech: “O usuário não compra mais um aparelho, ele compra uma extensão do seu estilo de vida e de sua identidade digital.”
É um movimento que hoje extravasa o universo digital e atinge até mesmo a publicidade ou a moda, por exemplo. É o que aponta o próprio Aristides ao relembrar a campanha recente da Nike, que substituiu o icônico slogan “Just Do It” por “Why do it”.
“Essa troca reflete exatamente o espírito desta era: não basta ter acesso ou executar uma ação. É preciso dar sentido, contexto e propósito àquilo que fazemos.” De acordo com Aristides, portanto, a tecnologia está assumindo esse papel de mediação, ajudando o consumidor a entender o “porquê” de cada escolha. Tudo isso, conectado ao seu estilo de vida.
O propósito refletido em saúde
Inovações recentes em design, como a espessura ultrafina do novo iPhone, ou até mesmo telas dobráveis vistas em smartphones da Samsung e da Huawei, por exemplo, têm trazido um refresh no quesito da estética. O Huawei Mate XT Ultimate Design, por exemplo, lançado em junho deste ano, virou destaque mundial como o primeiro com tela triplamente dobrável. Não por acaso, se tornou o celular mais caro do Brasil, vendido por R$ 32.999.

No entanto, são os dispositivos pessoais inteligentes ligados à saúde que têm fisgado os consumidores. Neste ano, um relatório da MarketsandMarkets reportou que o mercado de wearables deste nicho (rastreadores, smartwacthes e adesivos) foi avaliado em US$ 45,29 bilhões (aproximadamente R$ 242,75 bilhões).
A projeção é de que o setor atinja US$ 75,98 bilhões (cerca de R$ 407,25 bilhões) até 2030. “Saúde e longevidade consolidam-se como valores centrais. Eles favorecem formatos discretos, como os próprios anéis e fones, aliás, e dão insights que mudam o comportamento”, afirma Filipe Santos.
É a busca por esse interesse que tem movido investimentos em direção a empresas como a fabricante finlandesa Oura, por exemplo. Além do sono, seus anéis inteligentes monitoram frequência cardíaca e respiratória, bem como temperatura corporal.
No final do ano passado, a companhia recebeu US$ 200 milhões (aproximadamente R$ 1.072 bilhão) em uma nova rodada de investimentos, que elevou sua avaliação de mercado para US$ 5,2 bilhões (cerca de R$ 27,85 bilhões).

Avanços recentes em saúde
No varejo, é algo visto na nova geração do Apple Watch, que, por sua vez, também traz recursos como análise análise detalhada do sono (Sleep Score). Além disso, o gadget implementou alertas de pressão alta com base em dados coletados durante 30 dias.
“Os recursos de saúde criam lealdade emocional. Afinal, quando um dispositivo monitora a sua saúde e potencialmente salva a sua vida, ele deixa de ser apenas um gadget e passa a ser indispensável”, explica Diego Aristides, do The Collab.
O futuro com companheiros inteligentes
Hoje, os gadgets são aliados para cuidar da saúde. Amanhã, serão verdadeiros amigos inteligentes. “As empresas perceberam que não basta a IA ser poderosa, ela precisa ter identidade, voz e até estética”, diz Aristides. De acordo com o especialista, estudos projetam que até 2027 mais de 750 milhões de dispositivos com IA embarcada estarão em uso no mundo. Isso sinalizaria uma nova era.
A contratação de Jony Ive pela OpenAI, anunciada em maio deste ano, já é um indicativo deste futuro. O designer, responsável por dar forma ao iPhone, se junta à dona do ChatGPT para liderar a criação e o design de novos dispositivos de hardware (ou seja, equipamentos físicos) com inteligência artificial. Aristides traduz o movimento como uma tentativa de fazer IA ganhar “vida” em termos de experiência, interface e presença no dia a dia das pessoas, por exemplo.
Ecossistema de microdispositivos
Essa vida, como aponta o especialista, tende até mesmo superar os limites físicos de um único objeto e dominar o ambiente. “Em vez de um único smartphone, teremos um ecossistema de microdispositivos integrados ao corpo e ao ambiente como óculos inteligentes, roupas com sensores, implantes médicos não invasivos. A experiência deixa de estar centrada na tela e passa a ser ambiental.”
Até 2030, ele prevê a existência de dispositivos pessoais capazes não apenas de monitorar, mas de diagnosticar e prevenir doenças em tempo real, criando uma revolução em saúde de precisão.
Se estamos falando de uma companhia tecnológica, principalmente em meio a esse boom do wellness, a personalização será a cereja do bolo. E ela que permitirá a construção de um verdadeiro especialista que não só entenda a fundo o ser humano, mas faça indicações precisas do que ele precisa.
“O consumidor já não aceita recomendações genéricas, espera que a tecnologia compreenda seu contexto, preferências e até estado emocional. Para o futuro, ele não quer apenas gadgets, mas experiências que ampliem sua humanidade com tecnologias capazes de potencializar capacidades humanas, preservar saúde mental e física, respeitar valores individuais e coletivos”, conclui.
*Com informações do G1 e do TechMundo
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