Como os fundos de pensão brasileiros estão lidando com a pauta sustentável — e por que isso mexe com o seu bolso
Grandes entidades já incorporam critérios ESG nas decisões de investimento, mas o setor enfrenta desafios de métricas, dados confiáveis e disseminação entre as entidades menores

Você já parou para pensar onde está investido o dinheiro que garante a aposentadoria de milhões de trabalhadores no Brasil — incluindo, talvez, a sua própria?
Boa parte desse dinheiro é administrada pelos fundos de pensão, também conhecidos como Entidades Fechadas de Previdência Complementar (EFPC).
- E-BOOK GRATUITO: O evento “Onde Investir no 2º Semestre” reuniu as melhores apostas para a segunda metade de 2025 — baixe o resumo com todos os destaques
Esses fundos são responsáveis por investir as contribuições feitas mensalmente por funcionários de empresas públicas e privadas. Cada um deles conta com uma equipe de gestores profissionais, que decide onde aplicar os recursos, sempre buscando maior rentabilidade e segurança de longo prazo para os participantes.
Assim como ocorre em economias desenvolvidas, os fundos de pensão exercem um papel estratégico na economia brasileira, movimentando cifras bilionárias e investindo em setores fundamentais, como infraestrutura, energia, mercado imobiliário, crédito privado e ações de empresas listadas na bolsa.
Atualmente, segundo dados da Abrapp (Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar), os fundos de pensão brasileiros administram cerca de R$ 1,3 trilhão em ativos — o equivalente a 11% do PIB nacional.
Entre as maiores entidades de previdência do país estão a Previ (dos funcionários do Banco do Brasil), a Petros (da Petrobras) e a Funcef (da Caixa Econômica Federal).
Leia Também
Banco Genial informa que não é investigado na Operação Carbono Oculto e renuncia a administração de fundo citado
Como vai funcionar o novo vale-gás, lançado hoje pelo governo Lula
Aos poucos, a agenda ESG — que considera critérios ambientais, sociais e de governança corporativa — tem ganhado espaço nas decisões de investimento desses fundos de pensão. Mas, segundo Devanir Silva, diretor-presidente da Abrapp, esse avanço ainda acontece de forma desigual e enfrenta obstáculos importantes.
Detalhe: essas escolhas afetam diretamente o bolso dos participantes dos planos de previdência complementar e também o mercado financeiro como um todo, já que boa parte dos investimentos em infraestrutura, ações e crédito no Brasil passa pelas mãos desses fundos.
ESG avança entre os grandes, mas adesão ainda é desigual
Devanir Silva observa que há uma disparidade na adesão de práticas ESG no setor de fundos de pensão a depender do porte das entidades.
De acordo com o executivo, apenas 51% das entidades fechadas de previdência complementar de menor porte — aquelas com patrimônio de até R$ 2 bilhões — aplicam critérios ESG em seus investimentos.
- VEJA TAMBÉM: Quer saber qual é a carteira ideal para você? Ferramenta simula carteira de acordo com seu perfil, objetivo e valor inicial; confira aqui
Já entre os fundos com patrimônio acima de R$ 10 bilhões, 82,1% possuem abordagem formalizada de investimento responsável — alta de 10,2 pontos percentuais desde 2020, de acordo com o Relatório de Sustentabilidade do Setor, publicado pela Abrapp em 2024.
No entanto, apenas 16,7% dos fundos de grande porte possuem um documento específico dedicado ao tema ESG, embora a maioria já trate do assunto nas políticas gerais de investimento. Esse número, apesar de pequeno, representa um avanço: em 2020, eram só 9,1%.
A integração acontece de três formas principais:
- Na seleção de ativos: os critérios ESG ajudam a escolher onde alocar recursos, priorizando negócios mais sustentáveis e que tragam menos riscos reputacionais e financeiros no longo prazo.
- No engajamento com as empresas investidas: conselheiros indicados pelos fundos participam dos conselhos de administração e fiscal de grandes companhias, pressionando-as a seguir boas práticas.
- Na governança interna das entidades: há um esforço de capacitação para que gestores e conselheiros saibam analisar e cobrar ESG tanto nas empresas investidas quanto na própria gestão dos fundos.
Falta de dados e padronização ainda trava a agenda ESG
Um dos principais obstáculos apontados por Silva para a ampliação da agenda de sustentabilidade no setor de previdência fechada é a carência de dados ESG confiáveis e de métricas padronizadas no Brasil.
Segundo o executivo, mesmo com os avanços recentes, as informações disponíveis ainda são heterogêneas, fragmentadas e, muitas vezes, qualitativas demais para orientar decisões consistentes de investimento.
- Quer investir como um C-Level? Felipe Miranda, CIO da Empiricus, compartilha gratuitamente sua carteira de ações para multiplicar e proteger patrimônio
“Nós carecemos de dados padronizados, de informações consistentes, principalmente para as entidades menores, que têm menos estrutura para produzir análises próprias”.
Silva destacou que essa falta de parâmetros comuns prejudica a uniformização das práticas ESG no setor e dificulta a integração completa desses fatores nos processos decisórios.
Como parte desse movimento de amadurecimento, ele revelou na entrevista ao Seu Dinheiro que a Previc (Superintendência Nacional de Previdência Complementar), órgão supervisor dos fundos de pensão, já está se movimentando para regulamentar a Resolução 5202/2025 de forma mais detalhada.
“A Previc já começou a chamar os fundos de acordo com seu porte patrimonial para reuniões e conversas técnicas, envolvendo os comitês de investimentos e de contabilidade”, disse o executivo.
O objetivo é emitir normativas complementares que padronizem os critérios de reporte e avaliação ESG, estabelecendo procedimentos e formatos mínimos para relatórios e análises, o que deve reduzir a disparidade entre os grandes e pequenos fundos.
A Resolução nº 5202/2025 foi aprovada em março pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) e definiu novas regras de investimentos para as entidades fechadas de previdência complementar.
Entre outras resoluções, a norma fortaleceu a inclusão dos aspectos ambiental, social e de governança na análise de risco dos investimentos das entidades de previdência complementar fechada. Também indicou a necessidade de dar transparência a tais impactos sobre as carteiras de investimentos.
Na prática, isso significa que os fundos precisarão mostrar como estão lidando com riscos como mudanças climáticas, práticas trabalhistas inadequadas ou problemas de governança corporativa nas empresas onde investem.
Além disso, a resolução do CMN incluiu a possibilidade das entidades de previdência investirem em créditos de descarbonização (CBIOs) até o limite de 3% dos recursos destinados a segmentos estruturados — uma medida de incentivo à substituição de combustível fóssil por biocombustíveis.
Casos Previ e Petros: referências nacionais
Silva aponta a Previ, fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, como o exemplo mais avançado no Brasil de adoção de critérios ESG no setor.
Maior fundo de pensão da América Latina, a Previ administra cerca de R$ 260 bilhões e possui uma área exclusiva dedicada à gestão ESG.
“A Previ desenvolveu metodologia própria, criou banco de dados e estabeleceu critérios objetivos para temas como trabalho infantil, indústria de armas e diversidade”.
- VEJA MAIS: Quer investir melhor? Faça parte do clube de investidores do Seu Dinheiro gratuitamente e saiba tudo o que está rolando no mercado
Segundo o executivo, a Previ está dialogando com a Abrapp sobre compartilhar sua metodologia ESG estruturada com outros fundos, como forma de acelerar a profissionalização do setor.
“É um modelo que gostaríamos de ver disseminado entre todas as associadas da Abrapp”, disse Silva.
Outro exemplo citado pelo presidente da Abrapp é a Petros, segundo maior fundo de pensão do país, com um patrimônio de mais de R$ 130 bilhões. Em nota enviada ao Seu Dinheiro, a entidade afirma estar comprometida com a incorporação de critérios ESG em seus processos de análise, decisão e monitoramento de investimentos.
Segundo a entidade, “as companhias que adotam as melhores práticas tendem a ser mais bem-sucedidas e proporcionam desempenho sustentável, perenidade e melhor relação risco-retorno”.
Para o futuro, Silva diz acreditar que a pauta ESG não será apenas uma obrigação regulatória universal, mas um diferencial competitivo estratégico entre os fundos de pensão. Ou seja, quem estruturar boas práticas e integrá-las de forma consistente aos seus investimentos terá vantagem sobre os demais.
Por que isso importa para o seu bolso
Ainda existe o mito de que investimentos ESG sacrificam rentabilidade. Silva rebate essa ideia:
“Plano de previdência é sinônimo de sustentabilidade. E sustentabilidade se constrói com boa governança, padrões justos e responsabilidade ambiental. Não queremos investir em ativos com data de validade. Queremos investimentos duradouros, que tragam retorno e alavanquem uma economia saudável para todos”.
Ele lembra que, no ambiente atual de juros elevados no Brasil, boa parte do dinheiro das entidades está aplicada em títulos públicos, mas que isso é circunstancial.
Para preservar e valorizar os recursos no tempo certo — ou seja, no momento da aposentadoria —, diversificação e investimentos responsáveis são fundamentais.
“Os fundos de pensão são parceiros naturais das grandes empresas brasileiras. E, nesse papel, podem e devem exigir padrões adequados de governança e responsabilidade socioambiental”.
Quando fundos de pensão investem mal, o prejuízo recai sobre os participantes pessoa física — que são os verdadeiros “donos do dinheiro”. Um investimento de risco ignorado ou mal gerido hoje pode comprometer o benefício de quem vai se aposentar amanhã.
Garantir que os critérios ESG sejam levados a sério é, antes de tudo, uma forma de proteger o patrimônio acumulado e assegurar o benefício no futuro. E como participante, você tem o direito — e o dever — de acompanhar, fiscalizar e cobrar isso.
Silva destaca os canais diretos de fiscalização para participantes de planos de previdência complementar: eles elegem representantes para conselhos deliberativo e fiscal, tendo acesso a informações de gestão e investimentos.
Se você participa de um fundo de pensão, vale:
- acompanhar os relatórios anuais de sustentabilidade e investimentos;
- participar dos processos eleitorais e assembleias;
- e cobrar transparência sobre políticas ESG e desempenho das carteiras.
A saúde financeira do seu benefício futuro e a proteção do seu patrimônio estão diretamente ligadas a essas decisões.
BofA vê espaço para Banco Central cortar a Selic ainda em 2025: “Os astros estão se alinhando”, diz David Beker
Economista-chefe do Bank of America acredita que a probabilidade de um corte já em novembro é maior do que em março de 2026, embora o cenário-base do banco seja de uma redução em dezembro
Como o consumo das famílias transformou-se em motor do PIB brasileiro mesmo com a taxa de juros mais alta em quase 20 anos
Consumo das famílias impulsiona o crescimento do PIB brasileiro, apesar da alta taxa de juros; saiba como o mercado e a política fiscal influenciam os resultados econômicos
Centrão quer mexer na autonomia do Banco Central — e isso tem tudo a ver com a venda do banco Master
Aumentam as pressões sobre o BC em meio à espera pela palavra final sobre a venda da instituição financeira ao BRB
Pedimos ao ChatGPT um palpite para a Lotofácil da Independência 2025; confira aqui os números
IA sugere 15 números e dá dicas estratégicas para quem quer participar do concurso especial da Caixa
Uma aposta leva sozinha o prêmio de mais de R$ 10 milhões da Quina 6816
Depois de acumular por cinco concursos consecutivos, prêmio principal da Quina saiu para uma aposta simples do interior de Minas Gerais
Mega-Sena 2909 acumula e prêmio dispara, mas nem chega perto da +Milionária, que pode pagar mais de R$ 150 milhões hoje
O prêmio principal da Mega-Sena saiu três vezes em agosto, mas entrou em setembro acumulando
Suzano (SUZB3) é a nova queridinha dos analistas na corrida por proteção e valorização; veja o ranking das ações recomendadas para setembro
Embora haja riscos no radar, a Suzano conquistou a medalha de ouro nas indicações para investir em setembro
Lotofácil da Independência 2025: aposta simples ou bolão, qual vale mais a pena?
Com o prêmio milionário da Lotofácil da Independência 2025 em jogo, muitos apostadores se perguntam: vale mais a pena jogar sozinho ou em grupo? Explicamos os prós e contras de cada estratégia
Restituição do IR 2025: Receita antecipa pagamento do quinto lote
Receita Federal concluiu a restituição do IR 2025 antes do prazo previsto e já liberou R$ 36,9 bilhões aos contribuintes neste ano
Quina 6815 sai de novo com todos os números pares e acumula; Mega-Sena 2909 pode pagar R$ 14 milhões hoje na faixa principal
Pelo segundo concurso consecutivo, todos os cinco números sorteados pela Quina foram pares; prêmio acumulado agora passa de R$ 10 milhões.
Lotofácil da Independência: veja os números mais e menos sorteados desde 2012 — e se vale a pena apostar neles
Confira quais números saíram mais e menos vezes desde a primeira edição da Lotofácil da Independência e se vale apostar neles para tentar o prêmio milionário de R$ 220 milhões
Trump ladra, mas não morde? As previsões da Moody’s para o PIB do Brasil, da China e dos EUA após a taxação
Agência avalia que a incerteza comercial diminuiu com o passar dos meses, mas ainda espera desacelerações pontuais em algumas economias
Quem são os 10 maiores bilionários do agro brasileiro segundo a Forbes
Jorge Paulo Lemann lidera o ranking de bilionários com uma fortuna de R$ 88 bilhões
Agenda econômica conta com feriado nos EUA, payroll, Livro Bege e mais; confira os principais indicadores que agitam os mercados
Os próximos dias contam com a publicação da balança comercial e PIB do segundo trimestre do Brasil e da zona do euro
Contando os dias para a Lotofácil da Independência de 2025? Veja como apostar
O sorteio milionário acontece em 6 de setembro e ainda é possível registrar apostas em qualquer lotérica ou pelo app da Caixa
O que Haddad diz sobre as tarifas de Trump aos produtos brasileiros? Veja as críticas do ministro ao tarifaço dos EUA
À Band, o ministro da Fazenda relatou cancelamento de reunião pelo Tesouro americano e comentou sobre a retaliação do Brasil
Fundos de investimento sustentáveis ganham força, mas presença dos IS ainda é tímida no Brasil, diz Anbima
Apesar do crescimento expressivo, os fundos IS ainda representam menos de 1% do patrimônio total da indústria financeira; entenda
Dá para se aposentar com R$ 1 milhão? Quanto é preciso para viver de renda, disputa de bancos e ação ‘maltratada’ na B3: as mais lidas da semana no Seu Dinheiro
O tão desejado sonho de viver de renda foi destaque no Seu Dinheiro, mas outros assuntos dividiram a atenção dos leitores; veja as matérias mais lidas da última semana
Nada de aluguel: o sonho da casa própria continua firme com a geração Z, revela pesquisa
Apesar de preços altos e juros elevados, a geração Z mantém firme a meta de comprar um imóvel
A Lotofácil da Independência acumula? Entenda como funciona o rateio do prêmio
Na Lotofácil da Independência, o prêmio histórico de R$ 220 milhões não acumula: saiba como funciona a distribuição do valor