Não existe almoço grátis no mercado financeiro: verdades e mentiras que te contam sobre diversificação
A diversificação é uma arma importante para qualquer investidor: ajuda a diluir os riscos e aumenta as chances de você ter na carteira um ativo vencedor, mas essa estratégia não é gratuita

Você também recebe uma infinidade de emails inúteis todos os dias?
Pois bem, isso não acontece só com você, e depois de um tempo me estressando para “zerar” a caixa de entrada todos os dias, eu simplesmente passei a ignorá-los.
Para você não achar que estou mentindo, segue um print do meu inbox com exatamente 65.501 mensagens não lidas, e que não me tiram mais nem um segundo de sono.
Ou seja, para que eu abra um email, ele precisa realmente chamar muito a minha atenção, e foi assim que eu me deparei com uma das coisas mais absurdas que já li no mercado financeiro – a pior parte, é que ele veio de um grande banco.
- VEJA MAIS: Especialistas revelam os ativos mais promissores do mercado para investir ainda hoje; confira
Existe almoço grátis no mercado financeiro?
Você já deve ter ouvido falar que não existe almoço grátis no mercado. Qualquer ativo ou decisão que possa trazer um benefício financeiro terá um custo.
Nem uma opção baratinha de apenas um centavo será um almoço grátis, porque ela ainda te custou um centavo.
Leia Também
Para qual montanha fugir, Super Quarta e o que mexe com os mercados nesta terça-feira (16)
Felipe Miranda: A neoindustrialização brasileira (e algumas outras tendências)
Pois o tal email, escrito pela equipe de um dos maiores bancos do país, trazia a seguinte frase grifada em azul, para parecer um ensinamento importante para os investidores:
Diversificação continua sendo um dos poucos princípios incontestáveis em investimentos — o verdadeiro “almoço grátis” do mercado.
Será que diversificação é realmente um almoço grátis, ou seja, um benefício sem custo algum?
Diversificação é importante, mas não é grátis
Não me entenda mal, diversificação é sim uma arma importante para qualquer investidor. Ajuda a diluir os riscos e aumenta as chances de você ter na carteira um ativo vencedor, capaz de se multiplicar por várias e várias vezes.
O ponto é que essa estratégia não é gratuita. O tal email defendia a compra de bitcoin para diversificar, o que me parece um estratégia legal, mas poxa, vamos pensar um pouquinho: se você vai tirar dinheiro do bolso para comprar bitcoin, por definição isso já não se enquadra como um almoço grátis.
Veja que isso serve para qualquer ativo: ouro, dólar, bitcoin, ações, obra de arte, que seja… qualquer diversificação representará um custo adicional, e mesmo que traga retornos formidáveis no futuro, não é grátis!
- Leia também: Deixou no chinelo: Selic está perto de 15%, mas essa carteira já rendeu mais em três meses
Toda escolha é uma renúncia, e toda escolha tem um risco
Outro ponto importante é que toda diversificação é uma escolha, e toda escolha envolve renúncias e riscos.
Especificamente em finanças, toda vez que você decide colocar dinheiro em um ativo diferente, indiretamente você está escolhendo não aumentar a posição em um outro ativo que você já possui na carteira.
E se esse ativo que você já tinha subir muito mais do que o que você acabou de comprar, você deixará de ganhar dinheiro por conta da diversificação. Isso não me parece um almoço grátis.
Existe um cenário ainda pior. Pode acontecer de esse novo ativo despencar e fazer você perder muito dinheiro. Isso parece um almoço grátis para você? Nem um pouco.
Ou seja, a diversificação tem sim as suas vantagens, mas está longe de ser uma estratégia infalível no mercado — várias pesquisas importantes mostram que diversificar demais tende a atrapalhar os retornos.
- E MAIS: A isenção de IR para quem ganha até R$ 5 mil ainda não vale em 2025 - quais são as regras para declarar neste ano e quem precisa prestar contas ao Leão?
Verdades do mercado: diversificar demais é ruim
Diversificar exageradamente pode se tornar um problema, porque você deixa de investir em ativos que têm mais confiança para, no limite, comprar qualquer porcaria que passar na sua frente.
Existem diversos estudos sobre diversificação e sobre qual seria a quantidade ideal de ativos em um portfólio. Não há uma resposta exata para esse problema, mas a maioria desses estudos apontam que uma diversificação exagerada é prejudicial para o retorno da sua carteira.
Um dos artigos mais famosos sobre o assunto é de Evans e Archer, e é resumido pelo gráfico abaixo.
Segundo eles, a partir de uns 20 ativos, as particularidades de cada ação começam a perder importância para assuntos mais sistêmicos.
Por exemplo, se você tem oitenta ações na carteira, pouco importa se a Vivara (VIVA3) soltou um excelente resultado e subiu 8%. Com tantos ativos, é bem provável que uma fala do presidente ou uma decisão sobre tarifas nos Estados Unidos tenha muito mais influência na sua carteira do que a melhora dos fundamentos das suas ações.
E nesse caso, seria muito mais fácil e barato ter comprado ETFs do índice (BOVA11 ou BOVX11) do que ter gastado tempo comprando 80 ações diferentes.
Voltando à sugestão de diversificar o seu portfólio com bitcoin, eu também sou à favor dessa estratégia, e inclusive deixo aqui essa lista exclusiva de criptomoedas encontradas pela equipe da Empiricus Research.
Apenas lembre-se que diversificação não é um almoço grátis, e desconfie toda vez que escutar essa expressão.
Um abraço e até a próxima semana!
Ruy
Rodolfo Amstalden: Cuidado com a falácia do take it for granted
A economia argentina, desde a vitória de Javier Milei, apresenta lições importantes para o contexto brasileiro na véspera das eleições presidenciais de 2026
Roupas especiais para anos incríveis, e o que esperar dos mercados nesta quarta-feira (10)
Julgamento de Bolsonaro no STF, inflação de agosto e expectativa de corte de juros nos EUA estão na mira dos investidores
Os investimentos para viver de renda, e o que move os mercados nesta terça-feira (9)
Por aqui, investidores avaliam retomada do julgamento de Bolsonaro; no exterior, ficam de olho na revisão anual dos dados do payroll nos EUA
A derrota de Milei: um tropeço local que não apaga o projeto nacional
Fora da região metropolitana de Buenos Aires, o governo de Milei pode encontrar terreno mais favorável e conquistar resultados que atenuem a derrota provincial. Ainda assim, a trajetória dos ativos argentinos permanece vinculada ao desfecho das eleições de outubro.
Felipe Miranda: Tarcisiômetro
O mercado vai monitorar cada passo dos presidenciáveis, com o termômetro no bolso, diante da possível consolidação da candidatura de Tarcísio de Freitas como o nome da centro-direita e da direita.
A tentativa de retorno do IRB, e o que move os mercados nesta segunda-feira (8)
Após quinta semana seguida de alta, Ibovespa tenta manter bom momento em meio a agenda esvaziada
Entre o diploma e a dignidade: por que jovens atingidos pelo desemprego pagam para fingir que trabalham
Em meio a uma alta taxa de desemprego em sua faixa etária, jovens adultos chineses pagam para ir a escritórios de “mentirinha” e fingir que estão trabalhando
Recorde atrás de recorde na bolsa brasileira, e o que move os mercados nesta sexta-feira (5)
Investidores aguardam dados de emprego nos EUA e continuam de olho no tarifaço de Trump
Ibovespa renova máxima histórica, segue muito barato e a próxima parada pode ser nos 200 mil pontos. Por que você não deve ficar fora dessa?
Juros e dólar baixos e a renovação de poder na eleição de 2026 podem levar a uma das maiores reprecificações da bolsa brasileira. Os riscos existem, mas pode fazer sentido migrar parte da carteira para ações de empresas brasileiras agora.
BRCR11 conquista novos locatários para edifício em São Paulo e reduz vacância; confira os detalhes da operação
As novas locações colocam o empreendimento como um dos destaques do portfólio do fundo imobiliário
O que fazer quando o rio não está para peixe, e o que esperar dos mercados hoje
Investidores estarão de olho no julgamento da legalidade das tarifas aplicadas por Donald Trump e em dados de emprego nos EUA
Rodolfo Amstalden: Se setembro der errado, pode até dar certo
Agosto acabou rendendo uma grata surpresa aos tomadores de risco. Para este mês, porém, as apostas são de retomada de algum nível de estresse
A ação do mês na gangorra do mundo dos negócios, e o que mexe com os mercados hoje
Investidores acompanham o segundo dia do julgamento de Bolsonaro no STF, além de desdobramentos da taxação dos EUA
Hoje é dia de rock, bebê! Em dia cheio de grandes acontecimentos, saiba o que esperar dos mercados
Terça-feira terá dados do PIB e início do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, além de olhos voltados para o tarifaço de Trump
Entre o rali eleitoral e o malabarismo fiscal: o que já está nos preços?
Diante de uma âncora fiscal frágil e de gastos em expansão contínua, a percepção de risco segue elevada. Ainda assim, fatores externos combinados ao rali eleitoral e às apostas de mudança de rumo em 2026, oferecem algum suporte de curto prazo aos ativos brasileiros.
Tony Volpon: Powell Pivot 3.0
Federal Reserve encara pressão do presidente dos EUA, Donald Trump, por cortes nos juros, enquanto lida com dominância fiscal sobre a política monetária norte-americana
Seu cachorrinho tem plano de saúde? A nova empreitada da Petz (PETZ3), os melhores investimentos do mês e a semana dos mercados
Entrevistamos a diretora financeira da rede de pet shops para entender a estratégia por trás da entrada no segmento de plano de saúde animal; após recorde do Ibovespa na sexta-feira (29), mercados aguardam julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, que começa na terça (2)
O importante é aprender a levantar: uma seleção de fundos imobiliários (FIIs) para capturar a retomada do mercado
Com a perspectiva de queda de juros à frente, a Empiricus indica cinco FIIs para investir; confira
Uma ação que pode valorizar com a megaoperação de ontem, e o que deve mover os mercados hoje
Fortes emoções voltam a circular no mercado após o presidente Lula autorizar o uso da Lei da Reciprocidade contra os EUA
Operação Carbono Oculto fortalece distribuidoras — e abre espaço para uma aposta menos óbvia entre as ações
Essa empresa negocia atualmente com um desconto de holding superior a 40%, bem acima da média e do que consideramos justo