É preciso dar um jeito, meu amigo: o governo ainda precisa acertar a rota urgentemente
O otimismo para 2025 está centrado em uma verdade fundamental: este ano é uma ponte para 2026. Em algum momento, os investidores começarão a ajustar suas perspectivas, percebendo a proximidade de um possível ponto de inflexão no ciclo eleitoral. Essa antecipação, por si só, pode ser transformadora

Espero que todos tenham aproveitado as celebrações de fim de ano, pois 2025 já se apresenta como um período carregado de desafios e incertezas. O ano começa com grande expectativa pelo retorno de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos, com a posse marcada para o dia 20 de janeiro.
No campo cambial, o dólar segue em trajetória de fortalecimento, complicando ainda mais a situação do real. A moeda brasileira registrou um desempenho alarmante em 2024, com uma desvalorização de quase 30%, marcando o pior resultado desde 2021.
Embora parte desse movimento reflita a força do dólar após a vitória de Trump, o declínio acentuado do real é também consequência de problemas domésticos persistentes, principalmente relacionados à crise fiscal.
Nem mesmo as intervenções do Banco Central, que promoveu uma queima recorde de reservas internacionais, foram suficientes para conter a desvalorização da moeda. As reservas encolheram 8,46% apenas em dezembro, marcando a maior retração mensal. Em termos nominais, as reservas caíram de US$ 363 bilhões para US$ 332 bilhões, o menor patamar desde fevereiro de 2023.
Fatores externos e internos: uma combinação explosiva para a aversão ao risco
O pessimismo em relação ao Brasil permanece evidente, mesmo após o Ibovespa ter encerrado 2024 com uma queda superior a 10%, marcando seu pior desempenho desde 2021, quando recuou 11,93%.
Esse resultado é reflexo de um cenário desafiador, caracterizado pela ausência de compradores locais e pela retirada consistente de investidores estrangeiros, que sacaram R$ 32,1 bilhões da bolsa brasileira ao longo do ano. Esse fluxo representa a maior fuga de capital desde 2020, no início da pandemia de Covid-19, quando o saldo líquido foi negativo em R$ 40,1 bilhões.
Leia Também
Ninguém vai poder ficar em cima do muro na guerra comercial de Trump — e isso inclui o Brasil; entenda por quê
Rodolfo Amstalden: Falta pouco agora
A combinação de fatores internos e externos agravou a aversão ao risco. No plano doméstico, os riscos fiscais persistentes e a manutenção de uma taxa Selic elevada travaram o consumo e os investimentos. No cenário externo, o protecionismo econômico reforçado por Donald Trump adicionou mais pressão, afastando ainda mais o capital estrangeiro.
O cenário que se desenha para 2025
O cenário que se desenha para 2025 mantém os holofotes voltados para Brasília, onde há uma urgente necessidade de medidas concretas e eficazes que possam alterar a direção da economia e restaurar a confiança do mercado.
É preciso dar um jeito urgentemente.
Ao mesmo tempo, embora o cenário seja desolador, os ativos brasileiros já refletem uma posição técnica extremamente negativa em relação ao país. Isso pode sugerir uma estabilização temporária no curto prazo.
Nas palavras de Felipe Miranda: “Estão todos pessimistas para 2025 no Brasil. E essa é a primeira coisa que me anima.”
Por mais que o pessimismo seja justificado, ele também pode ser o ponto de partida para oportunidades.
Com uma Selic acima de 15% e uma inflação de 6%, o consumo e os investimentos estão fortemente reprimidos, e uma recessão técnica no segundo semestre é uma possibilidade real.
O mercado financeiro já antecipou essa deterioração, como é típico. Quando as expectativas são de piora, os investidores vendem antes.
O sentimento geral é de aversão ao "Kit Brasil". O sell side está amplamente posicionado underweight (abaixo da média) em ações brasileiras, enquanto o buy side enfrenta resgates constantes, forçando vendas adicionais.
Parte da pressão recente de vendas pode ser atribuída aos resgates em fundos ocorridos no final de novembro e início de dezembro, um período marcado pela recepção negativa ao fraco e medíocre pacote fiscal apresentado pelo governo.
Sem uma sinalização clara de melhorias nas contas públicas, a espiral negativa pode continuar, pressionando ainda mais a taxa de juros, que pode ultrapassar os já elevados 15%.
Convido você a conferir mais sobre minhas perspectivas para 2025 no podcast que gravei com os Market Makers ao lado de José Faria Jr. no final do ano passado. Para assistir, clique aqui.
- VEJA MAIS: Evento gratuito do Seu Dinheiro com especialistas da Empiricus, BTG Pactual, Pátria, EQI Research e outros gigantes ajuda a preparar carteira para 2025; retire seu ingresso aqui
Investimentos: como entrar 2025 bem posicionado?
Neste contexto, recomendo manter uma posição sólida em caixa, priorizando instrumentos pós-fixados, como Tesouro Selic, CDBs de grandes bancos com liquidez imediata ou Fundos DI com taxa zero.
Conserve também uma exposição robusta a moedas fortes, especialmente o dólar, alocando cerca de 30% da carteira no exterior (pelo menos 15%). Considere, ainda, incluir um hedge em ouro e destinar uma pequena parcela, como 1%, para criptomoedas.
Ao mesmo tempo, estenda seu horizonte temporal até o final de 2026 e mantenha posições estratégicas em ativos de risco brasileiros. Porém, evite alocações em empresas altamente alavancadas, turnarounds frágeis ou operações distressed, que apresentam elevado risco de insustentabilidade no curto prazo.
O otimismo para 2025 está centrado em uma verdade fundamental: este ano é uma ponte para 2026. Em algum momento, os investidores começarão a ajustar suas perspectivas, percebendo a proximidade de um possível ponto de inflexão no ciclo eleitoral. Essa antecipação, por si só, pode ser transformadora.
A expectativa de mudança política não surge isolada.
- LEIA TAMBÉM: O porrete monetário, sozinho, não será suficiente: é necessário um esforço fiscal urgente
A dança das cadeiras na política
Em 2024, observamos um padrão consistente de alternância de poder em diversos países, refletindo uma crescente insatisfação com governos incumbentes.
O caso mais recente é o do Canadá, onde Justin Trudeau renunciou ao cargo de primeiro-ministro, encerrando mais de nove anos no poder. Trudeau, que no início de seu mandato colhia os frutos de uma gestão popular, hoje deixa o cargo desgastado por crises econômicas e perda de apoio político.
Sua saída abre caminho para o retorno dos Conservadores, liderados por Pierre Poilievre, que prometem implementar reformas ambiciosas. Há uma possibilidade de que as eleições, originalmente previstas para o final de 2025, sejam antecipadas.
Se confirmada, essa transição reforçará a tendência global de deslocamento político em direção a líderes pró-mercado e alinhados com reformas estruturais.
O Canadá é apenas um exemplo de um fenômeno mais amplo. Países como Chile, Alemanha e Austrália também demonstram sinais de mudança política, com expectativas de liderança mais voltada ao mercado.
Ainda na América Latina, a Argentina realizará eleições de meio de mandato que servirão como termômetro para as reformas conduzidas pelo presidente Javier Milei.
Esse movimento de pêndulo político global pode ser um prenúncio do que ocorrerá no Brasil em 2026. Uma rejeição aos governos incumbentes, frequentemente agravada por dificuldades econômicas, tende a estimular realinhamentos políticos e econômicos significativos.
Adotar uma perspectiva de longo prazo em 2025 revela-se uma estratégia prudente e sensata. Mesmo que o ano não entregue resultados concretos e positivos de imediato, ele poderá desempenhar um papel crucial como alicerce para um ciclo prolongado de recuperação econômica e crescimento futuro.
Enquanto isso, manteremos segurança com posições sólidas em caixa, exposição ao dólar e proteções adequadas. Tudo será conduzido com o devido dimensionamento das alocações, respeitando o seu perfil de risco e garantindo uma diversificação eficiente da carteira, sempre acompanhada das proteções necessárias.
Conheça os 50 melhores bares da América do Norte
Seleção do The 50 Best Bars North America traz confirmações no pódio e reforço de tendências já apontadas na pré-lista divulgada há algumas semanas
Alguém está errado: Ibovespa chega embalado ao último pregão de abril, mas hoje briga com agenda cheia em véspera de feriado
Investidores repercutem Petrobras, Santander, Weg, IBGE, Caged, PIB preliminar dos EUA e inflação de gastos com consumo dos norte-americanos
Nova Ordem Mundial à vista? Os possíveis desfechos da guerra comercial de Trump, do caos total à supremacia da China
Michael Every, estrategista global do Rabobank, falou ao Seu Dinheiro sobre as perspectivas em torno da guerra comercial de Donald Trump
Donald Trump: um breve balanço do caos
Donald Trump acaba de completar 100 dias desde seu retorno à Casa Branca, mas a impressão é de que foi bem mais que isso
Trump: “Em 100 dias, minha presidência foi a que mais gerou consequências”
O Diário dos 100 dias chega ao fim nesta terça-feira (29) no melhor estilo Trump: com farpas, críticas, tarifas, elogios e um convite aos leitores do Seu Dinheiro
Ironia? Elon Musk foi quem sofreu a maior queda na fortuna nos primeiros 100 dias de Trump; veja os bilionários que mais saíram perdendo
Bilionários da tecnologia foram os mais afetados pelo caos nos mercados provocado pela guerra tarifária; Warren Buffett foi quem ficou mais rico
Trump pode acabar com o samba da Adidas? CEO adianta impacto de tarifas sobre produtos nos EUA
Alta de 13% nas receitas do primeiro trimestre foi anunciado com pragmatismo por CEO da Adidas, Bjørn Gulden, que apontou “dificuldades” e “incertezas” após tarifaço, que deve impactar etiqueta dos produtos no mercado americano
Quando o plano é não ter plano: Ibovespa parte dos 135 mil pontos pela primeira vez em 2025 em dia de novos dados sobre mercado de trabalho dos EUA
Investidores também se preparam para o relatório de produção e vendas da Petrobras e monitoram entrevista coletiva de Galípolo
Trump quer brincar de heterodoxia com Powell — e o Fed que se cuide
Criticar o Fed não vai trazer parceiros à mesa de negociação nem restaurar a credibilidade que Trump, peça por peça, vem corroendo. Se há um plano em andamento, até agora, a execução tem sido tudo, menos coordenada.
Tony Volpon: EUA, novo mercado emergente
Não tenham dúvidas: chegamos todos na beira do abismo neste mês de abril. Por pouco não caímos.
Trump vai jogar a toalha?
Um novo temor começa a se espalhar pela Europa e a Casa Branca dá sinais de que a conversa de corredor pode ter fundamento
S&P 500 é oportunidade: dois motivos para investir em ações americanas de grande capitalização, segundo o BofA
Donald Trump adicionou riscos à tese de investimento nos EUA, porém, o Bank Of America considera que as grandes empresas americanas são fortes para resistir e crescer, enquanto os títulos públicos devem ficar cada vez mais voláteis
Acabou para a China? A previsão que coloca a segunda maior economia do mundo em alerta
Xi Jinping resolveu adotar uma postura de esperar para ver os efeitos das trocas de tarifas lideradas pelos EUA, mas o risco dessa abordagem é real, segundo Gavekal Dragonomics
Bitcoin (BTC) rompe os US$ 95 mil e fundos de criptomoedas têm a melhor semana do ano — mas a tempestade pode não ter passado
Dados da CoinShares mostram que produtos de investimento em criptoativos registraram entradas de US$ 3,4 bilhões na última semana, mas o mercado chega à esta segunda-feira (28) pressionado pela volatilidade e à espera de novos dados econômicos
Huawei planeja lançar novo processador de inteligência artificial para bater de frente com Nvidia (NVDC34)
Segundo o Wall Street Journal, a Huawei vai começar os testes do seu processador de inteligência artificial mais potente, o Ascend 910D, para substituir produtos de ponta da Nvidia no mercado chinês
Próximo de completar 100 dias de volta à Casa Branca, Trump tem um olho no conclave e outro na popularidade
Donald Trump se aproxima do centésimo dia de seu atual mandato como presidente com taxa de reprovação em alta e interesse na sucessão do papa Francisco
Planos pré-feriado: Ibovespa se prepara para semana mais curta, mas cheia de indicadores e balanços
Dados sobre o mercado de trabalho no Brasil e nos EUA, balanços e 100 dias de Trump são os destaques da semana
7 livros ainda não editados em português e por que ler já, de Murakami a Laurie Woolever
De bastidores políticos à memórias confessionais, selecionamos títulos ainda sem tradução que valem a leitura
Agenda econômica: Balanços, PIB, inflação e emprego estão no radar em semana cheia no Brasil e no exterior
Semana traz IGP-M, payroll, PIB norte-americano e Zona do Euro, além dos últimos balanços antes das decisões de juros no Brasil e nos Estados Unidos de maio
Agenda intensa: semana tem balanços de gigantes, indicadores quentes e feriado
Agenda da semana tem Gerdau, Santander e outras gigantes abrindo temporada de balanços e dados do IGP-M no Brasil e do PIB nos EUA