Corte de juros em dezembro? O Fed diz talvez, o mercado jura que sim
Embora a maioria do mercado espere um corte de 25 pontos-base, as declarações do Fed revelam divisão interna: há quem considere a inflação o maior risco e há quem veja a fragilidade do mercado de trabalho como a principal preocupação
Após um período de maior volatilidade nos ativos norte-americanos, a semana começou com um movimento de acomodação e melhora no sentimento dos investidores. Esse alívio foi impulsionado principalmente pelas declarações de dirigentes do Federal Reserve, que passaram a sinalizar apoio explícito a um corte de 25 pontos-base na reunião de dezembro.
A virada de tom ganhou força na sexta-feira passada, com as falas de John Williams (Fed de Nova York) e Mary Daly (Fed de São Francisco), e foi reforçada nesta semana por Christopher Waller.
Essas falas ampliaram para cerca de 80% a probabilidade de redução dos juros — uma reversão significativa em relação ao ceticismo observado no mês passado, quando o shutdown paralisou a divulgação de dados oficiais e aumentou a incerteza sobre o rumo da política monetária.
Esse reposicionamento se somou a indicadores mais fracos de emprego, vendas no varejo e confiança do consumidor, elevando para quase 85% as apostas, no pregão de ontem, de que o Fed promoverá um corte já em dezembro.
O cenário de possível flexibilização monetária deu sustentação às bolsas globais, com ganhos nos EUA, no Brasil — particularmente sensível aos movimentos dos juros americanos — e também nas praças europeias e asiáticas. Entre os dados recentes, a confiança do consumidor recuou ao maior ritmo em sete meses, atingindo 88,7 pontos, bem abaixo dos níveis observados logo após a vitória de Trump no ano passado.
- LEIA TAMBÉM: Conheça as análises da research mais premiada da América Latina: veja como acessar os relatórios do BTG Pactual gratuitamente com a cortesia do Seu Dinheiro
Juros nos EUA vai ou não vai cair?
A paralisação do governo, a fragilidade do mercado de trabalho e a persistência da inflação estão entre os principais fatores apontados para esse enfraquecimento. Já as vendas no varejo de setembro subiram apenas 0,2% na comparação com agosto — um resultado mais fraco que o avanço de 0,6% do mês anterior e aquém das expectativas.
Leia Também
A decisão de Natal do Fed, os títulos incentivados e o que mais move o mercado hoje
Rodolfo Amstalden: O mercado realmente subestima a Selic?
Ao mesmo tempo, porém, com a temporada de compras de fim de ano começando, pesquisas mostram que grande parte dos consumidores pretende manter seu nível de gastos — um sinal de que a deterioração do sentimento ainda não se materializou em queda efetiva da demanda.
A Black Friday desta semana, em um calendário encurtado pelo feriado de quinta-feira nos EUA, deve funcionar como termômetro importante dessa resiliência do consumo. Ainda assim, mesmo que ocorra um corte de juros em dezembro — cenário no qual continuo acreditando —, o ambiente para 2026 está longe de ser simples.
Seja como for, entendo que a bagunça dos dados econômicos mais recentes provavelmente não será suficiente para alterar a visão do Federal Reserve antes da reunião de dezembro, quando a autoridade monetária deverá cortar novamente os juros em 25 pontos-base, como o mercado espera.
Contudo, as declarações das autoridades revelam divisão interna: há quem considere a inflação acima da meta o maior risco e há quem veja a fragilidade do mercado de trabalho como a principal preocupação. Alguns dirigentes, inclusive, defendem adiar a decisão para janeiro, diante do atraso na divulgação de dados provocado pelo recente shutdown.
Não se trata de um quadro trivial. O índice de preços ao produtor subiu 0,3% em setembro, revertendo a queda de 0,1% em agosto, enquanto o núcleo avançou apenas 0,1%. As projeções para o PCE básico — a métrica favorita do Fed — sugerem alta de 0,2% ou 0,3% no mês, ainda compatível com uma inflação anual de cerca de 2,8%, acima da meta de 2%.
Já no lado da atividade, o modelo GDPNow do Fed de Atlanta estima um crescimento real de 4,2% no terceiro trimestre, enquanto o Nowcast do Fed de Nova York projeta 2,3% — ambos resultados acima da tendência.
Para 2025, a mudança no comando do Federal Reserve pode significar uma guinada moderadamente mais dovish, desde que o novo presidente mantenha o arcabouço técnico da instituição; qualquer politização seria desastrosa, como o próprio Fed reconhece ao lembrar os erros que aceleraram a inflação nos anos 1970.
Um mercado de trabalho persistentemente fraco poderia abrir espaço para mais um ou dois cortes responsáveis ao longo do próximo ano, permitindo flexibilidade para ajustes adicionais ou pausas conforme os dados evoluam. Por ora, um corte já em dezembro permanece no radar e deve continuar sustentando o otimismo dos mercados globais, como temos observado nas últimas semanas.
Hapvida decepciona mais uma vez, dados da Europa e dos EUA e o que mais move a bolsa hoje
Operadora de saúde enfrenta mais uma vez os mesmos problemas que a fizeram despencar na bolsa há mais dois anos; investidores aguardam discurso da presidente do Banco Central Europeu (BCE) e dados da economia dos EUA
CDBs do Master, Oncoclínicas (ONCO3), o ‘terror dos vendidos’ e mais: as matérias mais lidas do Seu Dinheiro na semana
Matéria sobre a exposição da Oncoclínicas aos CDBs do Banco Master foi a mais lida da semana; veja os destaques do SD
A debandada da bolsa, pessimismo global e tarifas de Trump: veja o que move os mercados hoje
Nos últimos anos, diversas empresas deixaram a B3; veja o que está por trás desse movimento e o que mais pode afetar o seu bolso
Planejamento, pé no chão e consciência de que a realidade pode ser dura são alguns dos requisitos mais importantes de quem quer ser dono da própria empresa
Milhões de brasileiros sonham em abrir um negócio, mas especialistas alertam que a realidade envolve insegurança financeira, mais trabalho e falta de planejamento
Rodolfo Amstalden: Será que o Fed já pode usar AI para cortar juros?
Chegamos à situação contemporânea nos EUA em que o mercado de trabalho começa a dar sinais em prol de cortes nos juros, enquanto a inflação (acima da meta) sugere insistência no aperto
A nova estratégia dos FIIs para crescer, a espera pelo balanço da Nvidia e o que mais mexe com seu bolso hoje
Para continuarem entregando bons retornos, os Fundos de Investimento Imobiliários adaptaram sua estratégia; veja se há riscos para o investidor comum. Balanço da Nvidia e dados de emprego dos EUA também movem os mercados hoje
O recado das eleições chilenas para o Brasil, prisão de dono e liquidação do Banco Master e o que mais move os mercados hoje
Resultado do primeiro turno mostra que o Chile segue tendência de virada à direita já vista em outros países da América do Sul; BC decide liquidar o Banco Master, poucas horas depois que o banco recebeu uma proposta de compra da holding Fictor
Eleição no Chile confirma a guinada política da América do Sul para a direita; o Brasil será o próximo?
Após a vitória de Javier Milei na Argentina em 2023 e o avanço da direita na Bolívia em 2025, o Chile agora caminha para um segundo turno amplamente favorável ao campo conservador
Os CDBs que pagam acima da média, dados dos EUA e o que mais movimenta a bolsa hoje
Quando o retorno é maior que a média, é hora de desconfiar dos riscos; investidores aguardam dados dos EUA para tentar entender qual será o caminho dos juros norte-americanos
Direita ou esquerda? No mundo dos negócios, escolha quem faz ‘jogo duplo’
Apostar no negócio maduro ou investir em inovação? Entenda como resolver esse dilema dos negócios
Esse número pode indicar se é hora de investir na bolsa; Log corta dividendos e o que mais afeta seu bolso hoje
Relação entre preço das ações e lucro está longe do histórico e indica que ainda há espaço para subir mais; veja o que analistas dizem sobre o momento atual da bolsa de valores brasileira
Investir com emoção pode custar caro: o que os recordes do Ibovespa ensinam
Se você quer saber se o Ibovespa tem espaço para continuar subindo mesmo perto das máximas, eu não apenas acredito nisso como entendo que podemos estar diante de uma grande janela de valorização da bolsa brasileira — mas isso não livra o investidor de armadilhas
Seca dos IPOs ainda vai continuar, fim do shutdown e o que mais movimenta a bolsa hoje
Mesmo com Regime Fácil, empresas ainda podem demorar a listar ações na bolsa e devem optar por lançar dívidas corporativas; mercado deve reagir ao fim do maior shutdown da história dos EUA, à espera da divulgação de novos dados
Rodolfo Amstalden: Podemos resumir uma vida em uma imagem?
Poucos dias atrás me deparei com um gráfico absolutamente pavoroso, e quase imediatamente meu cérebro fez a estranha conexão: “ora, mas essa imagem que você julga horripilante à primeira vista nada mais é do que a história da vida da Empiricus”
Shutdown nos EUA e bolsa brasileira estão quebrando recordes diariamente, mas só um pode estar prestes a acabar; veja o que mais mexe com o seu bolso hoje
Temporada de balanços, movimentos internacionais e eleições do ano que vem podem impulsionar ainda mais a bolsa brasileira, que está em rali histórico de valorizações; Isa Energia (ISAE4) quer melhorar eficiência antes de aumentar dividendos
Ibovespa imparável: até onde vai o rali da bolsa brasileira?
No acumulado de 2025, o índice avança quase 30% em moeda local — e cerca de 50% em dólar. Esse desempenho é sustentado por três pilares centrais
Felipe Miranda: Como era verde meu vale do silício
Na semana passada, o mitológico investidor Howard Marks escreveu um de seus icônicos memorandos com o título “Baratas na mina de carvão” — uma referência ao alerta recente de Jamie Dimon, CEO do JP Morgan, sobre o mercado de crédito
Banco do Brasil (BBAS3) precisará provar que superou crise do agro, mercado está otimista com fim do shutdown nos EUA no horizonte, e o que mais você precisa saber sobre a bolsa hoje
Analistas acreditam que o BB não conseguirá retomar a rentabilidade do passado, e que ROE de 20% ficou para trás; ata do Copom e dados de inflação também mexem com os mercados
Promovido, e agora? Por que ser bom no que faz não te prepara para liderar pessoas
Por que seguimos promovendo técnicos brilhantes e esperando que, por mágica, eles virem líderes preparados? Liderar é um ofício — e como todo ofício, exige aprendizado, preparo e prática
Novo nome da Eletrobras em nada lembra mercado de energia; shutdown nos EUA e balanço da Petrobras também movem os mercados hoje
Depois de rebranding, Axia Energia anuncia R$ 4 bilhões em dividendos; veja o que mais mexe com a bolsa, que bate recorde depois de recorde