Comércio global no escuro: o novo capítulo da novela tarifária de Trump
Estamos novamente às portas de mais um capítulo imprevisível da diplomacia de Trump, marcada por ameaças de última hora e recuos
Com os mercados globais abrindo a semana em tom levemente negativo, os investidores acompanham de perto a aproximação de uma data-chave no tabuleiro comercial internacional. O prazo final para a definição das chamadas tarifas recíprocas dos EUA se encerra nesta quarta-feira, 9 de julho — e, como já se tornou tradição, Donald Trump voltou a recorrer à velha fórmula de endurecer o discurso na reta final, direcionando ataques retóricos aos países que ainda não apresentaram contrapartida.
A combinação entre essa postura mais agressiva e a liquidez esvaziada típica do verão no hemisfério norte cria o cenário ideal para uma elevação pontual da volatilidade.
- VEJA MAIS: Já está no ar o evento “Onde investir no 2º semestre de 2025”, do Seu Dinheiro, com as melhores recomendações de ações, FIIs, BDRs, criptomoedas e renda fixa
Improviso tático ou estratégia bem definida?
Com escassez de sinais concretos e uma comunicação ruidosa vinda da Casa Branca, os investidores navegam às cegas, à espera do próximo movimento do presidente norte-americano. E é bom alinhar as expectativas: dificilmente veremos uma avalanche de acordos comerciais até o encerramento deste novo prazo indicado por Trump.
A reconfiguração do sistema comercial internacional ainda está longe de ser concluída. Por ora, apenas dois acordos foram formalmente firmados: um com o Reino Unido, ainda pendente de ajustes técnicos, e outro com o Vietnã, cujo peso é bastante limitado. No caso da China, o que houve foi uma espécie de armistício comercial temporário, concentrado em questões ligadas às terras raras.
Com essa lista modesta e um grau elevado de complexidade diplomática, tudo indica que Trump deverá, mais uma vez, postergar a implementação das tarifas. A expectativa é de que a maioria dos países acabe enquadrada em alíquotas-padrão de 10% a 20% — um desenho que parece mais um improviso tático do que uma estratégia comercial bem definida.
O secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, já preparou o terreno para mais um adiamento: as tarifas originalmente previstas para abril agora estão programadas para entrar em vigor em 1º de agosto.
Leia Também
Antes disso, Trump deve enviar até quarta-feira cartas a parceiros comerciais ainda sem acordo — no velho estilo “pegar ou largar”.
Em vez de clareza, o que se tem é mais um capítulo da política externa conduzida a gestos de força — cujo impacto real, como de costume, permanece cercado por incertezas.
- Leia também: Rumo a 2026 com a máquina enguiçada e o cofre furado
O padrão Trump
O mercado reconhece o padrão: estamos novamente às portas de mais um capítulo imprevisível da diplomacia de Trump, marcada por ameaças de última hora e recuos. Apesar do tom triunfalista — com Bessent prometendo uma avalanche de acordos antes do novo prazo —, os fatos contam outra história.
Enquanto isso, as conversas com os grandes blocos e países seguem travadas. O cenário, portanto, é menos sobre resolução e mais sobre adiamento.
Por trás da retórica inflamada, o governo norte-americano está apenas empurrando a crise para frente — uma prática já bastante comum na atual gestão. Como as tarifas só entrarão em vigor a partir de 1º de agosto, ainda há três semanas de respiro para negociações.
O Brasil, que até então pairava discretamente fora do radar, foi subitamente arrastado para o olho do furacão. E não por questões comerciais — já que possuímos um déficit comercial com os EUA e nossas pautas de exportação são complementares —, mas por discurso.
- E MAIS: Hora de ajustar a rota – o evento “Onde investir no 2º Semestre” reuniu gigantes do mercado financeiro com as principais oportunidades para o restante de 2025
A proximidade do governo Lula com o Brics foi lida como um sinal de “alinhamento antiocidental”, rótulo que a administração Trump não hesitou em carimbar. O preço: uma possível sobretaxa (não confirmada) de 10 p.p. sobre as importações.
A decisão é, no mínimo, estranha — até para os padrões erráticos da política externa trumpista. Afinal, o Brics está mais para um clube disfuncional do que para uma aliança estratégica: seus membros mal se suportam, divergem em quase tudo e, na prática, pouco colaboram entre si.
A cúpula recém-realizada no Brasil é a prova viva desse esvaziamento: sem Xi Jinping, sem Vladimir Putin e sem qualquer sinal de protagonismo real.
Trump enxerga no Brics um inimigo, mas, ao mirar contra o grupo, acaba acertando em cheio um alvo que já nasceu sem substância. A retórica geopolítica é ruidosa; o impacto prático, duvidoso. Saberemos mais em breve…
A sucessão no Fed: o risco silencioso por trás da queda dos juros
A simples possibilidade de mudança no comando do BC dos EUA já começou a mexer na curva de juros, refletindo a percepção de que o “jogo” da política monetária em 2026 será bem diferente do atual
Tony Volpon: Bolhas não acabam assim
Wall Street vivencia hoje uma bolha especulativa no mercado de ações? Entenda o que está acontecendo nas bolsas norte-americanas, e o que a inteligência artificial tem a ver com isso
As lições da Black Friday para o universo dos fundos imobiliários e uma indicação de FII que realmente vale a pena agora
Descontos na bolsa, retorno com dividendos elevados, movimentos de consolidação: que tipo de investimento realmente compensa na Black Friday dos FIIs?
Os futuros dividendos da Estapar (ALPK3), o plano da Petrobras (PETR3), as falas de Galípolo e o que mais move o mercado
Com mudanças contábeis, Estapar antecipa pagamentos de dividendos. Petrobras divulga seu plano estratégico, e presidente do BC se mantém duro em sua política de juros
Jogada de mestre: proposta da Estapar (ALPK3) reduz a espera por dividendos em até 8 anos, ações disparam e esse pode ser só o começo
A companhia possui um prejuízo acumulado bilionário e precisaria de mais 8 anos para conseguir zerar esse saldo para distribuir dividendos. Essa espera, porém, pode cair drasticamente se duas propostas forem aprovadas na AGE de dezembro.
A decisão de Natal do Fed, os títulos incentivados e o que mais move o mercado hoje
Veja qual o impacto da decisão de dezembro do banco central dos EUA para os mercados brasileiros e o que deve acontecer com as debêntures incentivadas, isentas de IR
Corte de juros em dezembro? O Fed diz talvez, o mercado jura que sim
Embora a maioria do mercado espere um corte de 25 pontos-base, as declarações do Fed revelam divisão interna: há quem considere a inflação o maior risco e há quem veja a fragilidade do mercado de trabalho como a principal preocupação
Rodolfo Amstalden: O mercado realmente subestima a Selic?
Dentro do arcabouço de metas de inflação, nosso Bacen dá mais cavalos de pau do que a média global. E o custo de se voltar atrás para um formulador de política monetária é quase que proibitivo. Logo, faz sentido para o mercado cobrar um seguro diante de viradas possíveis.
As projeções para a economia em 2026, inflação no Brasil e o que mais move os mercados hoje
Seu Dinheiro mostra as projeções do Itaú para os juros, inflação e dólar para 2026; veja o que você precisa saber sobre a bolsa hoje
Os planos e dividendos da Petrobras (PETR3), a guerra entre Rússia e Ucrânia, acordo entre Mercosul e UE e o que mais move o mercado
Seu Dinheiro conversou com analistas para entender o que esperar do novo plano de investimentos da Petrobras; a bolsa brasileira também reflete notícias do cenário econômico internacional
Felipe Miranda: O paradoxo do banqueiro central
Se você é explicitamente “o menino de ouro” do presidente da República e próximo ao ministério da Fazenda, é natural desconfiar de sua eventual subserviência ao poder Executivo
Hapvida decepciona mais uma vez, dados da Europa e dos EUA e o que mais move a bolsa hoje
Operadora de saúde enfrenta mais uma vez os mesmos problemas que a fizeram despencar na bolsa há mais dois anos; investidores aguardam discurso da presidente do Banco Central Europeu (BCE) e dados da economia dos EUA
CDBs do Master, Oncoclínicas (ONCO3), o ‘terror dos vendidos’ e mais: as matérias mais lidas do Seu Dinheiro na semana
Matéria sobre a exposição da Oncoclínicas aos CDBs do Banco Master foi a mais lida da semana; veja os destaques do SD
A debandada da bolsa, pessimismo global e tarifas de Trump: veja o que move os mercados hoje
Nos últimos anos, diversas empresas deixaram a B3; veja o que está por trás desse movimento e o que mais pode afetar o seu bolso
Planejamento, pé no chão e consciência de que a realidade pode ser dura são alguns dos requisitos mais importantes de quem quer ser dono da própria empresa
Milhões de brasileiros sonham em abrir um negócio, mas especialistas alertam que a realidade envolve insegurança financeira, mais trabalho e falta de planejamento
Rodolfo Amstalden: Será que o Fed já pode usar AI para cortar juros?
Chegamos à situação contemporânea nos EUA em que o mercado de trabalho começa a dar sinais em prol de cortes nos juros, enquanto a inflação (acima da meta) sugere insistência no aperto
A nova estratégia dos FIIs para crescer, a espera pelo balanço da Nvidia e o que mais mexe com seu bolso hoje
Para continuarem entregando bons retornos, os Fundos de Investimento Imobiliários adaptaram sua estratégia; veja se há riscos para o investidor comum. Balanço da Nvidia e dados de emprego dos EUA também movem os mercados hoje
O recado das eleições chilenas para o Brasil, prisão de dono e liquidação do Banco Master e o que mais move os mercados hoje
Resultado do primeiro turno mostra que o Chile segue tendência de virada à direita já vista em outros países da América do Sul; BC decide liquidar o Banco Master, poucas horas depois que o banco recebeu uma proposta de compra da holding Fictor
Eleição no Chile confirma a guinada política da América do Sul para a direita; o Brasil será o próximo?
Após a vitória de Javier Milei na Argentina em 2023 e o avanço da direita na Bolívia em 2025, o Chile agora caminha para um segundo turno amplamente favorável ao campo conservador
Os CDBs que pagam acima da média, dados dos EUA e o que mais movimenta a bolsa hoje
Quando o retorno é maior que a média, é hora de desconfiar dos riscos; investidores aguardam dados dos EUA para tentar entender qual será o caminho dos juros norte-americanos