🔴TRÊS ROBÔS CRIADOS A PARTIR DE IA “TRABALHANDO” EM BUSCA DE GANHOS DIÁRIOS – ENTENDA AQUI

A tarifa como arma, a recessão como colateral: o preço da guerra comercial de Trump

Em meio a sinais de que a Casa Branca pode aliviar o tom na guerra comercial com a China, os mercados dos EUA fecharam em alta. O alívio, no entanto, contrasta com o alerta do FMI, que cortou a projeção de crescimento americano e elevou o risco de recessão — efeito colateral da política tarifária errática de Trump.

24 de abril de 2025
6:08 - atualizado às 19:31
Donald Trump, presidente dos Estados Unidos
Silhueta de Donald Trump - Imagem: Shutterstock

Nos Estados Unidos, os mercados acionários encerraram a quarta-feira (23) em alta, embalados por sinais de que a Casa Branca estaria, ao menos por ora, disposta a atenuar sua retórica na escalada comercial com a China. A aparente guinada veio na esteira de um tom mais conciliador adotado por Donald Trump — ou, no mínimo, de uma tentativa de parecer menos beligerante do que de costume.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Apesar de renovar suas críticas ao Federal Reserve (Fed) por não acelerar os cortes de juros, o presidente americano afirmou, em conversa com jornalistas no Salão Oval, que não pretende demitir Jerome Powell, presidente da autoridade monetária.

A declaração soou como uma espécie de recuo ensaiado, típico de Trump: ameaça hoje, recua amanhã — e o mercado, já habituado ao ciclo de improviso e contenção, agarra-se a qualquer trégua retórica com entusiasmo proporcional ao desgaste recente.

O alívio também veio das palavras do secretário do Tesouro, Scott Bessent, que afirmou esperar uma redução das tensões comerciais entre EUA e China em breve.

A sinalização de que Washington pode finalmente abandonar o tom comercial belicoso soou como música para investidores ainda zonzos com a volatilidade das últimas semanas. Afinal, sugerir um corte abrupto nos laços comerciais entre as duas maiores economias do mundo é tão inviável quanto contraproducente.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Nesse contexto, o próprio Bessent tratou de desfazer qualquer leitura mais radical: o objetivo não é a dissociação econômica entre os países, mas sim uma recalibração das relações comerciais — forçada, talvez, pela insustentabilidade do cenário atual.

Leia Também

Pode ser uma aposta no bom senso com verniz pragmático. De todo modo, o simples fato de o governo soar menos destrutivo já foi suficiente para restaurar o fôlego dos mercados. Porque, convenhamos, neste ciclo errático de confronto e recuo, qualquer pausa no ruído já é tratada como rara janela de racionalidade.

O preço do método Trump de resolver as coisas

Como já destacamos diversas vezes por aqui, havia motivos legítimos para os EUA revisitarem sua inserção estratégica no comércio internacional e questionarem práticas que distorcem a competição global. O problema foi a forma escolhida para fazê-lo.

A escalada tarifária conduzida de maneira unilateral, sem qualquer traço de coordenação institucional, planejamento tático ou mínima diplomacia, revelou-se até agora muito mais prejudicial do que transformadora. Em vez de redesenhar o tabuleiro global, Washington tem apenas embaralhado as peças de maneira caótica.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Do outro lado do Pacífico, a China mantém o teatro diplomático, sinalizando abertura para negociações comerciais — desde que estas não sejam conduzidas sob o espectro da coerção. O Ministério do Comércio chinês foi direto ao afirmar que acordos firmados “às custas da China” encontrarão resistência inequívoca. 

Essa tensão entre as duas maiores economias do mundo ganha um significado ainda mais expressivo porque ocorre justamente durante as reuniões de primavera do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial, em Washington — evento que, em tese, deveria ser palco de discussões sobre cooperação global e estabilidade institucional. Em vez disso, vemos os protagonistas do sistema multilateral trocando farpas e tarifas, corroendo os próprios alicerces que ajudaram a construir.

E já que falamos nas instituições de Bretton Woods, vale registrar que o FMI aproveitou a ocasião para rebaixar suas expectativas quanto ao crescimento da economia americana. No Panorama Econômico Mundial divulgado também nesta semana, a projeção para o Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA em 2025 caiu de 2,7% para apenas 1,8%.

O motivo? As políticas comerciais de Trump, que têm gerado mais turbulência do que reequilíbrio, mais incerteza do que solução — e quase nenhum resultado concreto.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Segundo o Fundo Monetário Internacional, o pacote tarifário anunciado com fanfarra no Rose Garden em 2 de abril já é, por si só, um choque suficientemente severo para comprometer o crescimento econômico dos Estados Unidos.

Embora o FMI ainda não projete oficialmente uma recessão, a instituição elevou de 25% para 40% a probabilidade de que ela ocorra — uma revisão que, por si só, diz muito sobre o grau de incerteza que permeia o atual momento.

O pano de fundo global também não inspira entusiasmo. A estimativa de crescimento do PIB mundial em 2025 foi revisada para baixo, agora em 2,8%, frente aos 3,3% previstos no início do ano. Se confirmado, esse resultado representará a expansão mais fraca da economia global desde o tombo provocado pela pandemia de Covid-19 — e a segunda pior desde a crise financeira de 2009.

Fontes: Bloomberg e FMI

Relógio da confiança internacional perde tempo

O mais irônico, contudo, é que boa parte desse cenário adverso poderia ser revertida com medidas relativamente simples: uma moderação coordenada nas tensões comerciais, acompanhada de avanços ainda que graduais em temas como barreiras não tarifárias e subsídios disfarçados de política industrial.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Mas em vez disso, o mundo continua a arcar com os custos — econômicos e institucionais — de uma política comercial conduzida sem direção clara e com impacto difuso. Enquanto isso, o relógio da confiança internacional segue perdendo tempo.

No fim das contas, o que se desenha não é um plano de reposicionamento estratégico, mas um improviso ruidoso com consequências globais.

O governo americano, em vez de liderar com racionalidade, opta por testar os limites da credibilidade internacional com tarifas anunciadas como se fossem tweets — e com recuos tão frequentes quanto os próprios disparates. A fragilidade da retórica oficial é tamanha que o simples abandono momentâneo de ameaças já basta para reacender o apetite por risco.

É pouco — e perigosamente enganoso. Afinal, o que o mundo precisa é de previsibilidade, não de pirotecnia econômica embalada em nacionalismo apressado. A postergação de um colapso não é o mesmo que sua prevenção — e, se Washington não retomar a coerência, a conta dessa instabilidade será paga não só pelos EUA, mas por todos os que ainda acreditam em uma ordem global baseada em regras.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

Os ventos de Jackson Hole: brisa de alívio ou tempestade nos mercados?

21 de agosto de 2025 - 7:40

As expectativas em torno do discurso de Jerome Powell no evento mais tradicional da agenda econômica global divide opiniões no mercado

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: Qual é seu espaço de tempo preferido para investir?

20 de agosto de 2025 - 20:00

No mercado financeiro, os momentos estatísticos de 3ª ou 4ª ordem exercem influência muito grande, mas ficam ocultos durante a maior parte do jogo, esperando o técnico chamar do banco de reservas para decidir o placar

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Aquele fatídico 9 de julho que mudou os rumos da bolsa brasileira, e o que esperar dos mercados hoje

20 de agosto de 2025 - 8:16

Tarifa de 50% dos EUA sobre o Brasil vem impactando a bolsa por aqui desde seu anúncio; no cenário global, investidores aguardam negociações sobre guerra na Ucrânia

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

O salvador da pátria para a Raízen, e o que esperar dos mercados hoje

19 de agosto de 2025 - 8:11

Em dia de agenda esvaziada, mercados aguardam negociações para a paz na Ucrânia

EXILE ON WALL STREET

Felipe Miranda: Um conto de duas cidades

18 de agosto de 2025 - 20:00

Na pujança da indústria de inteligência artificial e de seu entorno, raramente encontraremos na História uma excepcionalidade tão grande

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Investidores na encruzilhada: Ibovespa repercute balanço do Banco do Brasil antes de cúpula Trump-Putin

15 de agosto de 2025 - 8:26

Além da temporada de balanços, o mercado monitora dados de emprego e reunião de diretores do BC com economistas

SEXTOU COM O RUY

A Petrobras (PETR4) despencou — oportunidade ou armadilha?

15 de agosto de 2025 - 6:01

A forte queda das ações tem menos relação com resultados e dividendos do segundo trimestre, e mais a ver com perspectivas de entrada em segmentos menos rentáveis no futuro, além de possíveis interferências políticas

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Tamanho não é documento na bolsa: Ibovespa digere pacote enquanto aguarda balanço do Banco do Brasil

14 de agosto de 2025 - 8:27

Além do balanço do Banco do Brasil, investidores também estão de olho no resultado do Nubank

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: Só um momento, por favor

13 de agosto de 2025 - 20:00

Qualquer aposta que fizermos na direção de um trade eleitoral deverá ser permeada e contida pela indefinição em relação ao futuro

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Cada um tem seu momento: Ibovespa tenta manter o bom momento em dia de pacote de Lula contra o tarifaço

13 de agosto de 2025 - 8:52

Expectativa de corte de juros nos Estados Unidos mantém aberto o apetite por risco nos mercados financeiros internacionais

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

De olho nos preços: Ibovespa aguarda dados de inflação nos Brasil e nos EUA com impasse comercial como pano de fundo

12 de agosto de 2025 - 8:13

Projeções indicam que IPCA de julho deve acelerar em relação a junho e perder força no acumulado em 12 meses

INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

As projeções para a inflação caem há 11 semanas; o que ainda segura o Banco Central de cortar juros?

12 de agosto de 2025 - 6:18

Dados de inflação no Brasil e nos EUA podem redefinir apostas em cortes de juros, caso o impacto tarifário seja limitado e os preços continuem cedendo

EXILE ON WALL STREET

Felipe Miranda: Parada súbita ou razões para uma Selic bem mais baixa à frente

11 de agosto de 2025 - 19:58

Uma Selic abaixo de 12% ainda seria bastante alta, mas já muito diferente dos níveis atuais. Estamos amortecidos, anestesiados pelas doses homeopáticas de sofrimento e pelo barulho da polarização política, intensificada com o tarifaço

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Ninguém segura: Ibovespa tenta manter bom momento em semana de balanços e dados de inflação, mas tarifaço segue no radar

11 de agosto de 2025 - 8:08

Enquanto Brasil trabalha em plano de contingência para o tarifaço, trégua entre EUA e China se aproxima do fim

VISÃO 360

O que Donald Trump e o tarifaço nos ensinam sobre negociação com pessoas difíceis?

10 de agosto de 2025 - 8:00

Somos todos negociadores. Você negocia com seu filho, com seu chefe, com o vendedor ambulante. A diferença é que alguns negociam sem preparo, enquanto outros usam estratégias. 

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Efeito Trumpoleta: Ibovespa repercute balanços em dia de agenda fraca; resultado da Petrobras (PETR4) é destaque

8 de agosto de 2025 - 8:22

Investidores reagem a balanços enquanto monitoram possível reunião entre Donald Trump e Vladimir Putin

SEXTOU COM O RUY

Ainda dá tempo de investir na Eletrobras (ELET3)? A resposta é sim — mas não demore muito

8 de agosto de 2025 - 7:01

Pelo histórico mais curto (como empresa privada) e um dividendo até pouco tempo escasso, a Eletrobras ainda negocia com um múltiplo de cinco vezes, mas o potencial de crescimento é significativo

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

De olho no fluxo: Ibovespa reage a balanços em dia de alívio momentâneo com a guerra comercial e expectativa com Petrobras

7 de agosto de 2025 - 8:21

Ibovespa vem de três altas seguidas; decisão brasileira de não retaliar os EUA desfaz parte da tensão no mercado

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: Como lucrar com o pegapacapá entre Hume e Descartes?

6 de agosto de 2025 - 19:59

A ocasião faz o ladrão, e também faz o filósofo. Há momentos convidativos para adotarmos uma ou outra visão de mundo e de mercado.

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Complicar para depois descomplicar: Ibovespa repercute balanços e início do tarifaço enquanto monitora Brasília

6 de agosto de 2025 - 8:22

Ibovespa vem de duas leves altas consecutivas; balança comercial de julho é destaque entre indicadores

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar