A queda da Nvidia: por que empresas fantásticas nem sempre são os melhores investimentos
Por mais maravilhosa que seja uma empresa — é o caso da Nvidia —, e por mais que você acredite no potencial de longo prazo dela, pagar caro demais reduz drasticamente as chances de você ter um bom retorno

A Nvidia perdeu US$ 500 bilhões de valor de mercado desde a semana passada, e o motivo você já deve saber qual é: o surgimento do DeepSeek e seu modelo de inteligência artificial inovador.
Mas eu não vou usar esse espaço para falar de IA e como o DeepSeek afeta o mundo dos investimentos, até porque já estou um pouco cansado desse assunto.
Na verdade, eu quero usar o exemplo da Nvidia para falar sobre um outro assunto: empresas que negociam por múltiplos exorbitantes, e por que elas exigem um cuidado especial na hora de investir.
- SAIBA MAIS: Esta ação brasileira é uma boa pagadora de dividendos, está barata e pode se beneficiar de incentivos do governo Trump; veja a tese completa do papel
Um exemplo simples
Uma empresa terá um lucro de R$ 1 milhão neste ano e fechará as portas logo em seguida. Quanto você pagaria por essa companhia?
Financeiramente, a resposta para essa questão seria algum valor menor que R$ 1 milhão, para ter alguma vantagem nesse investimento.
Por exemplo, o sujeito que investir R$ 900 mil nessa empresa terá um ganho líquido de R$ 100 mil depois de receber o lucro anual de R$ 1 milhão. Quem investir R$ 950 mil terá um lucro de R$ 50 mil. Por aí vai…
Leia Também
Para qual montanha fugir, Super Quarta e o que mexe com os mercados nesta terça-feira (16)
Felipe Miranda: A neoindustrialização brasileira (e algumas outras tendências)
Eu gosto dessa abordagem porque ela ajuda a entender melhor a avaliação por múltiplos. Não faz sentido pagar duas vezes o lucro de uma empresa que não vai durar mais do que um ano, não é mesmo?
Isso também nos ajuda a entender melhor por que algumas empresas negociam com múltiplos tão altos.
Voltando à Nvidia, por US$ 3 trilhões de valor de mercado a companhia negocia por aproximadamente 50 vezes os seus lucros anuais.
Usando a nossa analogia, é como se o mercado colocasse na conta que a Nvidia se manterá no negócio por várias décadas à frente – não apenas viva, mas lucrativa também.
A pergunta correta
Muita gente tenta entender os compradores dessas ações fazendo a seguinte pergunta: por que você acha que vale a pena pagar múltiplos tão altos?
No melhor dos casos, a resposta virá acompanhada de argumentos analíticos como vantagens competitivas, acesso ao capital, conhecimento tecnológico, entre outros fatores que garantirão à companhia décadas de supremacia.
Em outros casos, você ouvirá justificativas bem menos racionais, como “comprei porque não para de subir" ou “comprei porque cansei de ver meu cunhado se gabando de ganhar dinheiro”.
Seja como for, essa não me parece ser a abordagem correta para essas situações. Nesses casos, a pergunta deveria ser:
“O mercado está precificando pelo menos parte das coisas ruins que podem acontecer no meio do caminho ou, nos múltiplos atuais, ele está assumindo o melhor cenário possível?”
Veja, eu não estou dizendo que Nvidia será "disruptada", nem que ela terá concorrentes a altura, muito menos que ela não estará viva daqui 30 anos – ninguém consegue responder essas perguntas.
O que sabemos é que, nos múltiplos atuais, o mercado assume um cenário tremendamente otimista, que até pode acontecer, mas não deveria ser tomado como tão certo assim – o surgimento do DeepSeek apenas reforça essas dúvidas, e explica um pouco o tombo das ações.
- Leia também: A forte valorização da bolsa mesmo com a Selic subindo mostra como as ações estão baratas
Empresas fantásticas nem sempre serão investimentos fantásticos
Eu usei o caso da Nvidia, mas ela não é a única. Nesse bolo também temos fabricante de carro elétrico negociando por 100 vezes lucros, rede de farmácias negociando por 30 vezes, entre outros exemplos de investimentos que podem dar certo, mas que não me parecem oferecer uma assimetria interessante nos patamares atuais.
Por mais maravilhosa que seja uma empresa (é o caso da Nvidia), e por mais que você acredite no potencial de longo prazo dela, pagar muito caro reduz drasticamente as chances de você ter um bom retorno nesse investimento.
Enquanto os múltiplos dessas companhias seguem elevados demais para me animar, sigo apreciando a história delas de longe, esperando preços um pouco mais racionais.
Nesse meio tempo, existem diversas outras empresas fantásticas, pagando ótimos dividendos e negociando por menos de 10x lucros.
Eu não sei se o Itaú estará vivo daqui a 30 anos. Mas negociando por 7x lucros e com um dividend yield de quase 10%, o investidor do banco não depende de muitas premissas para conseguir um retorno interessante.
Além de Itaú, a Carteira Mensal de Dividendos tem vários outros papéis que se enquadram nessa mesma categoria e trouxeram um ganho de 9% somente em janeiro.
Se quiser conferir a lista de forma gratuita, deixo aqui o convite.
Um abraço e até a próxima semana!
Ruy
Rodolfo Amstalden: Cuidado com a falácia do take it for granted
A economia argentina, desde a vitória de Javier Milei, apresenta lições importantes para o contexto brasileiro na véspera das eleições presidenciais de 2026
Roupas especiais para anos incríveis, e o que esperar dos mercados nesta quarta-feira (10)
Julgamento de Bolsonaro no STF, inflação de agosto e expectativa de corte de juros nos EUA estão na mira dos investidores
Os investimentos para viver de renda, e o que move os mercados nesta terça-feira (9)
Por aqui, investidores avaliam retomada do julgamento de Bolsonaro; no exterior, ficam de olho na revisão anual dos dados do payroll nos EUA
A derrota de Milei: um tropeço local que não apaga o projeto nacional
Fora da região metropolitana de Buenos Aires, o governo de Milei pode encontrar terreno mais favorável e conquistar resultados que atenuem a derrota provincial. Ainda assim, a trajetória dos ativos argentinos permanece vinculada ao desfecho das eleições de outubro.
Felipe Miranda: Tarcisiômetro
O mercado vai monitorar cada passo dos presidenciáveis, com o termômetro no bolso, diante da possível consolidação da candidatura de Tarcísio de Freitas como o nome da centro-direita e da direita.
A tentativa de retorno do IRB, e o que move os mercados nesta segunda-feira (8)
Após quinta semana seguida de alta, Ibovespa tenta manter bom momento em meio a agenda esvaziada
Entre o diploma e a dignidade: por que jovens atingidos pelo desemprego pagam para fingir que trabalham
Em meio a uma alta taxa de desemprego em sua faixa etária, jovens adultos chineses pagam para ir a escritórios de “mentirinha” e fingir que estão trabalhando
Recorde atrás de recorde na bolsa brasileira, e o que move os mercados nesta sexta-feira (5)
Investidores aguardam dados de emprego nos EUA e continuam de olho no tarifaço de Trump
Ibovespa renova máxima histórica, segue muito barato e a próxima parada pode ser nos 200 mil pontos. Por que você não deve ficar fora dessa?
Juros e dólar baixos e a renovação de poder na eleição de 2026 podem levar a uma das maiores reprecificações da bolsa brasileira. Os riscos existem, mas pode fazer sentido migrar parte da carteira para ações de empresas brasileiras agora.
BRCR11 conquista novos locatários para edifício em São Paulo e reduz vacância; confira os detalhes da operação
As novas locações colocam o empreendimento como um dos destaques do portfólio do fundo imobiliário
O que fazer quando o rio não está para peixe, e o que esperar dos mercados hoje
Investidores estarão de olho no julgamento da legalidade das tarifas aplicadas por Donald Trump e em dados de emprego nos EUA
Rodolfo Amstalden: Se setembro der errado, pode até dar certo
Agosto acabou rendendo uma grata surpresa aos tomadores de risco. Para este mês, porém, as apostas são de retomada de algum nível de estresse
A ação do mês na gangorra do mundo dos negócios, e o que mexe com os mercados hoje
Investidores acompanham o segundo dia do julgamento de Bolsonaro no STF, além de desdobramentos da taxação dos EUA
Hoje é dia de rock, bebê! Em dia cheio de grandes acontecimentos, saiba o que esperar dos mercados
Terça-feira terá dados do PIB e início do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, além de olhos voltados para o tarifaço de Trump
Entre o rali eleitoral e o malabarismo fiscal: o que já está nos preços?
Diante de uma âncora fiscal frágil e de gastos em expansão contínua, a percepção de risco segue elevada. Ainda assim, fatores externos combinados ao rali eleitoral e às apostas de mudança de rumo em 2026, oferecem algum suporte de curto prazo aos ativos brasileiros.
Tony Volpon: Powell Pivot 3.0
Federal Reserve encara pressão do presidente dos EUA, Donald Trump, por cortes nos juros, enquanto lida com dominância fiscal sobre a política monetária norte-americana
Seu cachorrinho tem plano de saúde? A nova empreitada da Petz (PETZ3), os melhores investimentos do mês e a semana dos mercados
Entrevistamos a diretora financeira da rede de pet shops para entender a estratégia por trás da entrada no segmento de plano de saúde animal; após recorde do Ibovespa na sexta-feira (29), mercados aguardam julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, que começa na terça (2)
O importante é aprender a levantar: uma seleção de fundos imobiliários (FIIs) para capturar a retomada do mercado
Com a perspectiva de queda de juros à frente, a Empiricus indica cinco FIIs para investir; confira
Uma ação que pode valorizar com a megaoperação de ontem, e o que deve mover os mercados hoje
Fortes emoções voltam a circular no mercado após o presidente Lula autorizar o uso da Lei da Reciprocidade contra os EUA
Operação Carbono Oculto fortalece distribuidoras — e abre espaço para uma aposta menos óbvia entre as ações
Essa empresa negocia atualmente com um desconto de holding superior a 40%, bem acima da média e do que consideramos justo