O novo alvo de Elon Musk: após Powell dizer que não deixará a presidência do Federal Reserve, bilionário defende intervenção no BC dos EUA
O empresário, que investiu mais de US$ 130 milhões na campanha do Republicano, usou as redes sociais para endossar pedidos para que Trump “acabe com o Fed”

A declaração de Jerome Powell, presidente do Federal Reserve, de que não irá deixar o comando do BC dos Estados Unidos se solicitado por Donald Trump, que voltará à Casa Branca em 2025, provocou a ira dos aliados do republicano, incluindo o bilionário Elon Musk.
O empresário, que investiu mais de US$ 130 milhões na campanha de Trump, usou o X, rede social que pertence a ele, para endossar uma publicação na qual o senador Mike Lee pede o fim do Fed.
"O poder Executivo deve estar sob a direção do presidente, foi assim que a Constituição foi desenhada. O Federal Reserve é um dos muitos exemplos de como nos desviamos da Constituição nesse aspecto", diz a postagem, que termina com a hashtag #EndtheFed — acabe com o Fed, em tradução livre.
O texto foi republicado por Musk com um emoji que indica que o fundador da Tesla concorda com todas as afirmações de Lee.
Elon ministro de Trump?
Vale relembrar que, além de apoiar a campanha republicana, o bilionário também pode ter influência direta no futuro governo Trump.
Leia Também
Trump já comprou mais de US$ 100 milhões em títulos públicos e debêntures desde que chegou à Casa Branca
O que pensam os dois dirigentes do Fed que remaram contra a maré e votaram pelo corte de juros nos EUA
Não há nenhum anúncio oficial por enquanto, mas, no início de setembro, o então candidato anunciou a criação de um Departamento de Eficiência Governamental para auditar todo o governo federal, uma ideia que partiu do próprio Musk.
Se oficializado, o empresário tem grandes planos para a pasta: perguntando durante um comício sobre quanto achava que poderia ser cortado do orçamento federal, Musk respondeu que "pelo menos US$ 2 trilhões". A quantia é maior que o maior orçamento discricionário do governo federal norte-americano.
Com ou sem Musk, a relação entre Trump e Jerome Powell é tumultuada
Mesmo que Musk não tenha tanta influência no governo republicano para pedir uma intervenção no Federal Reserve, o histórico entre Trump e Powell já é tumultuado o suficiente para criar expectativas de um embate entre os presidentes dos EUA e do Fed.
Foi próprio Trump que escolheu Powell para comandar o banco central norte-americano. Mas a relação entre os dois desandou quando o Fed precisou interromper o ciclo de corte de juros. Atualmente o BC dos EUA também promove um novo afrouxamento monetário. No entanto, desacelerou o ritmo dos cortes na última semana.
Para tumultuar ainda mais o cenário, desde a campanha o republicano já vinha concedendo declarações indicando que não terá pudores em romper com uma tradição e interferir na política monetária norte-americana se for preciso.
Ele também chegou a afirmar que os presidentes devem ter "palavra" sobre a política de taxas de juros do Fed e sugeriu que seus membros agiram por razões políticas quando reduziram os juros em meio ponto percentual em setembro.
Dias antes da eleição, Trump baixou um pouco o tom — mas não deixou a vida de Powell mais confortável por isso. Em uma entrevista à Bloomberg News, o republicano disse que não deveria ordenar ao Fed o que fazer, mas que tinha o direito de comentar sobre a direção dos juros.
- Trump, 3T24 e dividendos: entenda a “mistura perfeita” que impulsionou as ações da Gerdau
Powell e o Fed têm como se proteger de Trump, mas até quando?
Ainda que tenha pegado mais leve sobre o Fed na reta final da campanha, a retórica de Trump alimenta especulações de que, como presidente dos EUA, ele pode tentar restringir a autonomia do banco central e acabar com décadas de independência da autoridade monetária.
Vale lembrar que, no primeiro mandato, Trump explorou a possibilidade de demitir Powell — uma decisão que teria sido sem precedentes na história recente dos EUA.
O Fed até tem proteções contra a interferência do chefe da Casa Branca. Os indicados do presidente norte-americano para o Conselho de Governadores do Fed devem, por exemplo, ser confirmados pelo Senado. Além disso, os comitês do Congresso supervisionam o banco central.
Mas a verdade é que Trump pode influenciar diretamente o Fed por meio de nomeações para cargos-chave a partir do próximo ano.
O mandato de Powell acaba em maio 2026, e o republicano já sinalizou que não deve reconduzi-lo ao comando do banco central norte-americano. O mandato da diretora Adriana Kugler também expira em 2026.
Além disso, a própria vaga de Powell como membro do Fed estará disponível a partir de janeiro de 2028. Com isso, Trump terá a oportunidade de nomear indicados para todas essas posições.
Confira abaixo a lista dos mandatos do Fed que devem vencer durante o governo Trump:
Membro do Fed | Cargo | Fim do mandato |
Adriana Kugler | Diretoria | Janeiro de 2026 |
Jerome Powell | Presidente | Maio de 2026 |
Jerome Powell | Diretoria | Janeiro de 2028 |
Michael Barr | Vice-presidente para supervisão | Julho de 2026 |
Philip Jefferson | Vice-presidente | Setembro de 2027 |
VEJA TAMBÉM — TRUMP ELEITO: E agora, o que será da maior economia do mundo?
De peças automotivas a assentos infantis: mais de 400 itens entram na lista de tarifas de 50% sobre aço e alumínio de Trump
Com critérios de seleção pouco transparentes, itens como plásticos, partes de móveis, motocicletas e utensílios de mesa estão passam a ser tarifados pelos EUA
Bolsas na Europa celebram chance de encontro entre Putin e Zelensky, mas há muito em jogo — inclusive para Trump
Os principais mercados europeus fecharam esta terça-feira (19) com ganhos — a exceção do setor de defesa, que recuou — mas pode ser cedo demais para comemorar qualquer avanço na direção do fim do conflito entre Rússia e Ucrânia
Decisão de Flavio Dino, do STF, deixa os bancos em “situação inédita, complexa, sensível e insolúvel”; entenda
Representantes de grandes instituições financeiras do país relataram um impasse entre a determinação do governo dos Estados Unidos e a da Suprema Corte brasileira
Esta cidade brasileira é o segundo destino preferido dos nômades digitais para conjugar trabalho e lazer
Tóquio liderou o terceiro ranking anual de destinos preferidos dos nômades digitais para o chamado workcation
Zelensky admite pela primeira vez que Ucrânia pode trocar territórios em acordo de paz com a Rússia
Mudança de postura marca semana decisiva para um acordo, com líderes europeus reforçando apoio à Ucrânia em Washington
Eleições na Bolívia testam resistência de 20 anos de hegemonia política
Crise econômica, racha no MAS e ausência de Evo Morales transformam a eleição deste domingo em uma disputa aberta e histórica
Efeito Trump sobre investimento verde deve ser temporário, mas há receios de retração
A Net-Zero Banking Alliance sofreu sucessivas baixas logo no começo de 2025 e ainda há o receio de possíveis mudanças das agendas de instituições multilaterais, como o Banco Mundial
Agenda de tarifas do Trump: próximas semanas reservam novas taxas sobre chips e aço que podem chegar a 300%
Presidente dos EUA fala em taxações que podem começar mais baixas e subir depois, mirando semicondutores e metais em setores estratégicos da economia
Trump e Putin não selam acordo sobre guerra na Ucrânia; Zelensky entrará nas negociações
Enquanto Trump tenta mostrar força como negociador e Putin busca legitimar seus ganhos de guerra, Zelensky chega a Washington para não perder espaço na mesa de conversas
Nem Apple, nem UnitedHealth: a maior posição da Berkshire Hathaway, de Warren Buffett, é outra
Documento regulatório divulgado na quinta-feira (14) mostrou as atualizações de carteira do megainvestidor e deu indícios sobre suas apostas
Cidadania australiana para brasileiros: caminhos, desafios e as novas regras para viver legalmente no país
Com taxas mais altas e regras mais duras, brasileiros precisam de estratégia para conquistar cidadania na Austrália
Trump volta a criticar Brasil e diz que país “tem sido um parceiro comercial horrível” para os EUA
Presidente norte-americano também classificou o processo contra Jair Bolsonaro como “execução política” e defendeu tarifa de 50% sobre produtos brasileiros
‘Guru’ de Warren Buffett vê sinais preocupantes no S&P 500 e volta a questionar: há uma bolha na bolsa americana?
Cofundador da Oaktree Capital analisa o otimismo em relação ao mercado de ações dos EUA e destaca porque é preciso ter cautela
Poderia ser irônico se não fosse verdade: encontro entre Trump e Putin chama atenção pelo local
Os dois líderes devem se reunir na sexta-feira (15) em uma tentativa de estabelecer um cessar-fogo na Ucrânia que leve ao fim da guerra, mas europeus não estão confiantes nos propósitos do presidente norte-americano
Vitória de Milei: inflação da Argentina cai para o menor nível desde 2020 e se mantém abaixo de 2% pelo terceiro mês seguido
Dado reflete a busca do governo argentino por estabilidade em meio a reformas profundas e acordo com o FMI
Lula e Moraes na mira: governo Trump acusa Brasil de censura e deterioração dos direitos humanos
Documento do Departamento de Estado dos EUA critica atuação do STF, menciona o presidente brasileiro e amplia pressão sobre Brasília em meio a mudanças na política externa norte-americana
Powell vai parar nos tribunais? Se depender de Trump, sim. Aqui está o motivo
O republicano disse nesta terça-feira (12) que está considerando permitir um grande processo contra o chefe do banco central norte-americano
Relógio de Trump faz “tic-taco” e China ganha mais tempo para negociar as tarifas com os EUA
O decreto foi assinado pelo republicano poucas horas antes da meia-noite, quando a pausa nas tarifas deveria expirar
Quem era Miguel Uribe, o pré-candidato de oposição ao governo da Colômbia morto após ser baleado em comício
Filho de uma família influente na política colombiana, Miguel Uribe buscava a indicação de seu partido para concorrer à presidência no ano que vem
Green Card, vistos e cidadania americana: o que mudou após Donald Trump?
Com cerco migratório como bandeira, Donald Trump mudou o jogo para quem quer obter vistos e cidadania nos EUA; saiba o que mudou, como se proteger e quais caminhos continuam abertos para morar e trabalhar legalmente no país