InterCement entra com pedido de recuperação judicial com dívidas que superam os R$ 29 bilhões; CSN encerra período de exclusividade para compra das ações
Desse montante, R$ 15 bilhões correspondem a dívidas entre empresas do próprio grupo InterCement. Ou seja, só com credores externos, a dívida total é de R$ 14,2 bilhões

A InterCement Brasil entrou com pedido de recuperação judicial na 1ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais da Comarca da Capital do Estado de São Paulo.
O montante total de créditos sujeitos à recuperação judicial é de R$ 29,2 bilhões, de acordo com documento enviado à CVM na noite da última terça-feira (3).
Desse montante, R$ 15 bilhões correspondem a dívidas entre empresas do próprio grupo InterCement. Ou seja, só com credores externos, a dívida total é de R$ 14,2 bilhões.
Vale mencionar que os créditos intercompany levam em conta um câmbio de R$ 6,0535 por dólar, de acordo com a PTAX do dia 29 de novembro de 2024. Isso porque a empresa tem uma parcela considerável da dívida em moeda estrangeira.
É preciso dizer que a InterCement chegou a entrar com um pedido de recuperação extrajudicial, mas as negociações enfrentaram uma série de litígios.
“A reestruturação pretendida pela via da recuperação extrajudicial se tornou impraticável”, escreve a empresa.
Leia Também
O que levou a InterCement para a recuperação judicial
O documento destaca uma sucessão de fatores para a empresa entrar com o pedido de recuperação judicial.
Recapitulando um pouco do histórico, a InterCement iniciou um processo de expansão das operações em 2010, embarcando no otimismo do mercado como um todo na mesma época.
A aquisição da Cimpor, uma das maiores cimenteiras do mundo, totalizou cerca de três bilhões de euros à época — mas também elevou significativamente o perfil da dívida da empresa. E a desvalorização do real frente ao dólar, o aumento dos custos de produção fizeram essa dívida crescer ainda mais.
Além disso, a desaceleração econômica a partir de 2015, com um desaquecimento do setor de construção civil e de obras de infraestrutura forçou a InterCement a reduzir sua capacidade produtiva e forçando o fechamento de algumas fábricas.
Por fim, a empresa destaca que o momento pós-pandemia — com o real ainda mais desvalorizado e uma taxa de juros elevada no Brasil — foi o golpe final na capacidade da empresa de honrar seus compromissos.
Paralelamente, a empresa enfrentou dificuldades em renegociar sua dívida com os credores, culminando no exercício da opção de venda de ações por parte do Bradesco BBI e em ações judiciais por parte de detentores de títulos (bondholders).
IPO frustrado — e reestruturação dos negócios
A InterCement Brasil ainda tentou fazer uma oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) da InterCement Participações S.A. (ICP).
A ideia inicial era de que a captação de recursos junto ao mercado acontecesse até dezembro de 2022 e que o montante seria utilizado para quitar as dívidas da Mover Participações, outra das divisões da empresa.
Contudo, a oferta não se concretizou, devido às “condições adversas do mercado de capitais”, escreve a empresa.
O Bradesco BBI chegou a fazer a subscrição de ações preferenciais da ICP em 2013. No entanto, o adiamento da oferta fez com que a divisão do banco exercesse o direito de exigir a recompra das ações a um preço pré-estabelecido, agravando os problemas financeiros do Grupo.
Dessa forma, o pedido de recuperação judicial visa reestruturar as dívidas da empresa junto aos credores e manter a atividade operacional da empresa.
CSN encerra período de exclusividade
Em setembro deste ano, a CSN (CSNA3) havia prorrogado o período de exclusividade para uma potencial compra da InterCement.
Porém, com o pedido de recuperação judicial, a siderúrgica encerrou automaticamente o processo de potencial aquisição do grupo, conforme comunicado enviado à CVM.
"Ato contínuo", diz a publicação, "a companhia informa que não está mais engajada neste processo e seguirá analisando outras oportunidades no segmento de cimentos."
*Matéria atualizada às 9h54 para incluir a informação do encerramento do processo de exclusividade de potencial compra pela CSN
Gol (GOLL54) encerra capítulo da recuperação judicial, mas processo deixa marca — um prejuízo de R$ 1,42 bilhão em maio; confira os detalhes
Apesar do encerramento do Chapter 11, a companhia aérea segue obrigada a enviar atualizações mensais ao tribunal norte-americano até concluir todas as etapas legais previstas no plano de recuperação
Vale (VALE3) mais pressionada: mineradora reduz projeção de produção de pelotas em 2025, mas ações disparam 2%; o que o mercado está vendo?
A mineradora também anunciou que vai paralisar a operação da usina de pelotas de São Luís durante todo o terceiro trimestre
Natura começa a operar com novo ticker hoje; veja o que esperar da companhia após mudança no visual
O movimento faz parte de um plano estratégico da Natura, que envolve simplificação da estrutura societária e redução de custos
Casas Bahia (BHIA3): uma luz no fim do túnel. Conversão da dívida ajuda a empresa, mas e os acionistas?
A Casas Bahia provavelmente vai ter um novo controlador depois de a Mapa Capital aceitar comprar a totalidade das debêntures conversíveis em ações. O que isso significa para a empresa e para o acionista?
Empresas do Novo Mercado rejeitam atualização de regras propostas pela B3
Maioria expressiva das companhias listadas barra propostas de mudanças e reacende debate sobre compromisso com boas práticas corporativas no mercado de capitais; entenda o que você, investidor, tem a ver com isso.
O roubo do século: Hacker leva mais de R$ 1 bilhão em ataque a empresa de software que presta serviços a bancos
Um ataque cibernético à empresa de software C&M, que presta serviços ao sistema financeiro, resultou em um roubo estimado em R$ 1 bilhão
Azul (AZUL4) ratifica pedido de recuperação judicial nos EUA e homologação de aumento de capital
Com isso, o número total de ações também foi ajustado para 3,025 bilhões de papéis, sendo 2,129 bilhões de ações ordinárias e 896 milhões de preferenciais
Tesla perde tração em 2025: ações e BDRs caem com desgaste da imagem de Elon Musk
A companhia tem enfrentado grandes desafios na disputa pela liderança global no setor de veículos elétricos com boicotes ao redor do mundo
BYD atrasa abertura de fábrica brasileira, mas diz que quer transformar a Bahia no “Vale do Silício da América Latina”
Chinesa fabricante de carros elétricos apresentou sua estrutura de produção no local onde um dia operou a Ford; montadora aguarda licenças para dar pontapé inicial
Raízen (RAIZ4) dá mais um passo para melhorar suas contas e anuncia cisão parcial da subsidiária Resa
Operação busca otimizar estrutura de capital e gestão, concentrando a participação societária em entidades no exterior
Banco Master nega irregularidades em venda de ativos ao BRB após reportagem sobre auditoria do BC
O colunista Lauro Jardim, do jornal O Globo, noticiou que autarquia teria identificado problemas nas transações realizadas desde o final de 2023
Embraer (EMBR3) lidera ganhos do Ibovespa depois de acordo multibilionário para venda de 45 jatos
A Embraer assinou acordo de US$ 4 bilhões com a Scandinavian Airlines (SAS) para a venda de 45 jatos E195-E2 da companhia brasileira
Agora é oficial! Nubank (ROXO34) anuncia chegada de Campos Neto para os cargos de diretor e conselheiro do banco
O ex-presidente do Banco Central irá atuar na expansão internacional e no relacionamento com reguladores globais
CSN (CSNA3) recebe ultimato do Cade para mostrar como pretende vender participação na Usiminas (USIM5)
Há onze anos, a CSN ganhou um prazo para vender sua fatia de quase 13% na rival. Ele não foi cumprido. Agora, ela tem 60 dias para apresentar um plano de venda das ações
Casas Bahia (BHIA3) avança em reestruturação financeira e fica mais perto de ter um novo controlador
Debenturistas aprovaram as alterações propostas pela varejista, mas ainda precisa do aval do Cade
Ambipar (AMBP3): CVM vê atuação coordenada de controlador, Tanure e Banco Master em disparada das ações
As compras em conjunto e a consequente valorização das ações da Ambipar têm relação com a privatização da EMAE, segundo a xerife do mercado; entenda o caso
Ações da Tecnisa (TCSA3) chegam a disparar 42% com negócio de R$ 450 milhões com a Cyrela (CYRE3)
A conclusão do negócio, anunciado na sexta-feira (27), depende da celebração dos documentos definitivos e de aprovação pelos órgãos societários da Windsor, além da obtenção dos consentimentos de credores
Fundos ESG no Brasil crescem 28% em 2025, mas segmento de ações perde espaço
Levantamento do Itaú BBA mostra que, no longo prazo, os fundos de ações ESG performam melhor em comparação com o mercado em geral
Cemig (CMIG4) paga R$ 1,8 bilhão em dividendos nesta segunda; veja se tem direito à bolada
Dividendos e JCP da Cemig (CMIG4) são referentes ao exercício fiscal de 2024 e serão distribuídos em duas partes
Eve Air Mobility: Fabricante do ‘carro voador’ da Embraer fecha acordo para até 50 aeronaves eVTOLs na Costa Rica
A operação tem como objetivo desenvolver um ecossistema de Mobilidade Aérea Avançada no país