A economia depende 100% da natureza, mas menos de 1% do PIB global é investido em iniciativas voltadas à conservação – e a Fundação Grupo Boticário quer mudar isso
No episódio da semana do Touros e Ursos, o gerente de economia da biodiversidade Guilherme Karam fala sobre os impactos do investimento em sustentabilidade e conservação e o que falta para a agenda ambiental avançar

Quando o assunto é meio ambiente, o mundo está diante de uma conta que não fecha: a economia é 100% dependente dos recursos naturais, mas os investimentos em conservação dos ecossistemas representam menos de 1% do PIB global. O resultado dessa equação já é bem conhecido. Eventos climáticos extremos são cada vez mais frequentes, afetando não só metrópoles e biomas, como também os negócios.
A Amazônia viveu um período de estiagem nunca antes visto na história, afetando o setor agropecuário e a logística, por exemplo. No Rio Grande do Sul, as chuvas torrenciais fizeram o estado parar em todos os aspectos, incluindo o econômico.
A solução não é fácil e nem individual, explica Guilherme Karam, gerente de economia da biodiversidade da Fundação Grupo Boticário, convidado do podcast Touros e Ursos desta semana.
As iniciativas de conservação dos recursos naturais deveriam receber cinco vezes mais dinheiro, ao menos US$ 1 trilhão por ano globalmente. O número mais recente é de apenas US$ 200 milhões, segundo reportado pela Organização das Nações Unidas (ONU).
Mas não são as instituições filantrópicas sozinhas que conseguirão atingir essa cifra.
“Mesmo que a filantropia faça o seu maior esforço e os órgãos públicos também façam, o setor privado tem que jogar junto”, diz Karam.
Leia Também
Qual o impacto da sustentabilidade na economia, em números concretos?
Na visão do executivo, as empresas precisam se preocupar com a questão ambiental por terem responsabilidade cada vez maior sobre o impacto que deixam para a sociedade.
Mais do que isso, ele ressalta que o desenvolvimento econômico e a conservação da natureza são interdependentes. E, no longo prazo, quem investe em sustentabilidade, acaba lucrando mais no final.
Regiões que são rapidamente degradadas podem até ter uma elevação do PIB local em um curto período de tempo. Mas, na medida em que não há cuidado no manejo das áreas ambientais, o esgotamento dos recursos naturais logo cobra a conta – e o crescimento econômico acaba.
Em contrapartida, os aportes financeiros em restauração ambiental têm o efeito inverso.
Um caso concreto é o do Parque Barigui, em Curitiba, que foi planejado considerando o impacto natural. Além de ser um espaço turístico amplamente visitado, o parque é uma importante planície de inundação, que contribui para minimizar os efeitos da chuva na capital paranaense. Um exemplo de Solução Baseada na Natureza, estratégia que precisa ser cada vez mais incorporada em planejamentos urbanos e empresariais.
Apresentando números concretos, a Fundação Grupo Boticário fez um estudo que comprovou que a cada R$ 1 investido no parque, foram gerados R$ 12,50 na economia local.
Assista ao episódio da semana do Touros e Ursos na íntegra:
O que está travando a agenda ambiental?
As consequências negativas da destruição da natureza são evidentes, tanto no cotidiano quanto nas pesquisas mais recentes.
Um estudo da Nature, divulgado no começo deste ano, mostra que o PIB global sofrerá uma queda de 20% até 2050 como resultado da elevação da temperatura do planeta.
Ainda assim, a agenda ambiental não avança como deveria.
“O que mais a sociedade precisa ver para acreditar que a gente tem que lidar com as mudanças climáticas e mudar nossa forma de agir como sociedade, como negócio e como instituição? As evidências já chegaram”, provoca Karam.
Novamente, não se trata de uma questão individual, de um só agente.
O executivo da Fundação Grupo Boticário ressalta que falta uma pauta ambiental forte nas agendas políticas e que os gestores precisam adotar uma visão de longo prazo, já que as soluções para evitar a degradação da biodiversidade são, por natureza, soluções de longo prazo.
Karam também reforça que o setor privado, por ter mais dinamicidade, é quem tem mais condições de avançar a agenda ambiental.
Um dos projetos da Fundação Grupo Boticário atua justamente nesse aspecto: o Natureza Empreendedora acelera empresários na região da Mata Atlântica que têm negócios de impacto socioambiental positivo.
O convidado da semana falou mais sobre este programa e outras iniciativas da instituição filantrópica no episódio do Touros e Ursos. Ouça no Youtube, dando play no vídeo abaixo, ou na sua plataforma de podcasts de preferência:
Na segunda parte do episódio, Guilherme Karam e os apresentadores, Vinicius Pinheiro e Marina Gazzoni, também elegeram os tradicionais touros e ursos da semana.
Entre os ursos, ganha destaque o Banco do Brasil, que teve resultado aquém dos pares no 3T24, justamente pelos impactos negativos no agronegócio, causados por eventos climáticos extremos.
Já no campo dos touros, um dos mencionados foi Joe Biden, o primeiro presidente norte-americano em exercício a visitar a Amazônia.
Gol (GOLL54) encerra capítulo da recuperação judicial, mas processo deixa marca — um prejuízo de R$ 1,42 bilhão em maio; confira os detalhes
Apesar do encerramento do Chapter 11, a companhia aérea segue obrigada a enviar atualizações mensais ao tribunal norte-americano até concluir todas as etapas legais previstas no plano de recuperação
Vale (VALE3) mais pressionada: mineradora reduz projeção de produção de pelotas em 2025, mas ações disparam 2%; o que o mercado está vendo?
A mineradora também anunciou que vai paralisar a operação da usina de pelotas de São Luís durante todo o terceiro trimestre
Natura começa a operar com novo ticker hoje; veja o que esperar da companhia após mudança no visual
O movimento faz parte de um plano estratégico da Natura, que envolve simplificação da estrutura societária e redução de custos
Casas Bahia (BHIA3): uma luz no fim do túnel. Conversão da dívida ajuda a empresa, mas e os acionistas?
A Casas Bahia provavelmente vai ter um novo controlador depois de a Mapa Capital aceitar comprar a totalidade das debêntures conversíveis em ações. O que isso significa para a empresa e para o acionista?
Empresas do Novo Mercado rejeitam atualização de regras propostas pela B3
Maioria expressiva das companhias listadas barra propostas de mudanças e reacende debate sobre compromisso com boas práticas corporativas no mercado de capitais; entenda o que você, investidor, tem a ver com isso.
O roubo do século: Hacker leva mais de R$ 1 bilhão em ataque a empresa de software que presta serviços a bancos
Um ataque cibernético à empresa de software C&M, que presta serviços ao sistema financeiro, resultou em um roubo estimado em R$ 1 bilhão
Azul (AZUL4) ratifica pedido de recuperação judicial nos EUA e homologação de aumento de capital
Com isso, o número total de ações também foi ajustado para 3,025 bilhões de papéis, sendo 2,129 bilhões de ações ordinárias e 896 milhões de preferenciais
Tesla perde tração em 2025: ações e BDRs caem com desgaste da imagem de Elon Musk
A companhia tem enfrentado grandes desafios na disputa pela liderança global no setor de veículos elétricos com boicotes ao redor do mundo
BYD atrasa abertura de fábrica brasileira, mas diz que quer transformar a Bahia no “Vale do Silício da América Latina”
Chinesa fabricante de carros elétricos apresentou sua estrutura de produção no local onde um dia operou a Ford; montadora aguarda licenças para dar pontapé inicial
Raízen (RAIZ4) dá mais um passo para melhorar suas contas e anuncia cisão parcial da subsidiária Resa
Operação busca otimizar estrutura de capital e gestão, concentrando a participação societária em entidades no exterior
Banco Master nega irregularidades em venda de ativos ao BRB após reportagem sobre auditoria do BC
O colunista Lauro Jardim, do jornal O Globo, noticiou que autarquia teria identificado problemas nas transações realizadas desde o final de 2023
Embraer (EMBR3) lidera ganhos do Ibovespa depois de acordo multibilionário para venda de 45 jatos
A Embraer assinou acordo de US$ 4 bilhões com a Scandinavian Airlines (SAS) para a venda de 45 jatos E195-E2 da companhia brasileira
Agora é oficial! Nubank (ROXO34) anuncia chegada de Campos Neto para os cargos de diretor e conselheiro do banco
O ex-presidente do Banco Central irá atuar na expansão internacional e no relacionamento com reguladores globais
CSN (CSNA3) recebe ultimato do Cade para mostrar como pretende vender participação na Usiminas (USIM5)
Há onze anos, a CSN ganhou um prazo para vender sua fatia de quase 13% na rival. Ele não foi cumprido. Agora, ela tem 60 dias para apresentar um plano de venda das ações
Casas Bahia (BHIA3) avança em reestruturação financeira e fica mais perto de ter um novo controlador
Debenturistas aprovaram as alterações propostas pela varejista, mas ainda precisa do aval do Cade
Ambipar (AMBP3): CVM vê atuação coordenada de controlador, Tanure e Banco Master em disparada das ações
As compras em conjunto e a consequente valorização das ações da Ambipar têm relação com a privatização da EMAE, segundo a xerife do mercado; entenda o caso
Ações da Tecnisa (TCSA3) chegam a disparar 42% com negócio de R$ 450 milhões com a Cyrela (CYRE3)
A conclusão do negócio, anunciado na sexta-feira (27), depende da celebração dos documentos definitivos e de aprovação pelos órgãos societários da Windsor, além da obtenção dos consentimentos de credores
Fundos ESG no Brasil crescem 28% em 2025, mas segmento de ações perde espaço
Levantamento do Itaú BBA mostra que, no longo prazo, os fundos de ações ESG performam melhor em comparação com o mercado em geral
Cemig (CMIG4) paga R$ 1,8 bilhão em dividendos nesta segunda; veja se tem direito à bolada
Dividendos e JCP da Cemig (CMIG4) são referentes ao exercício fiscal de 2024 e serão distribuídos em duas partes
Eve Air Mobility: Fabricante do ‘carro voador’ da Embraer fecha acordo para até 50 aeronaves eVTOLs na Costa Rica
A operação tem como objetivo desenvolver um ecossistema de Mobilidade Aérea Avançada no país