Petrobras (PETR4) sem dividendos extraordinários: queda merecida ou oportunidade de compra?
O mercado não puniu as ações da estatal porque só se importa com dividendos: a petroleira já gastou bilhões de dólares em ativos que não bateram a Selic e, em alguns casos, trouxeram prejuízos para a companhia — mas há chance dessa história ser diferente à frente
Você deve ter visto que as ações da Petrobras (PETR4) desabaram 10% na sexta-feira passada (8).
Apesar do resultado operacional sólido, das boas margens do segmento de refino e do lucro acima das expectativas, o mercado puniu severamente os papéis, após a companhia ter decidido reter mais de R$ 40 bilhões, ao invés de distribuí-los na forma de dividendos extraordinários.
Mas será que deixar de distribuir dividendos é tão ruim assim ou o mercado exagerou?
- 10 ações para investir neste mês: veja a carteira recomendada da analista Larissa Quaresma, baixando este relatório gratuito.
Alocação de capital: a decisão mais importante de uma empresa
Pouco se fala sobre alocação de capital, mas essa é de longe a decisão mais importante para o gestor de uma empresa.
O que fazer com o lucro: reinvestir ou distribuir para o acionista na forma de dividendos? Para falar a verdade, essa deveria ser uma decisão extremamente simples.
Suponha que a empresa tenha lucrado R$ 1 milhão, e está na dúvida do que fazer com esse montante.
Leia Também
Felipe Miranda: Como era verde meu vale do silício
A primeira alternativa seria usar esse dinheiro para montar uma nova fábrica, que nas estimativas do gerente financeiro traria um retorno de 20% ao ano sobre o investimento.
A outra alternativa seria distribuir esse montante para os acionistas utilizarem da maneira que preferirem.
Qual é o melhor? Tudo depende da Selic.
Pense comigo: se a taxa Selic fosse de 30% ao ano, por que uma empresa se arriscaria a investir em uma nova fábrica com retorno de 20% se seus acionistas conseguiriam algo muito maior sem risco algum?
Neste caso, a decisão mais sábia seria distribuir o montante para os acionistas na forma de dividendos.
Agora, se a Selic fosse apenas 10%, faria todo o sentido a empresa segurar os dividendos e investir em um ativo que vai gerar 20% de retorno. Na verdade, os acionistas deveriam ficar felizes com essa decisão.
O grande problema acontece quando a empresa decide reinvestir o lucro em ativos com retorno muito abaixo do que os acionistas conseguiriam no Tesouro Selic, e sem risco algum.
E assim voltamos à Petrobras.
- Leia também: A Oi (OIBR3) é uma pechincha? Se você quer ter um sono tranquilo e bons lucros, olhe para outra empresa do setor
Fantasmas do passado assombram a Petrobras
O mercado não puniu as ações da Petrobras na semana passada porque só se importa com dividendos.
O grande problema é que nas décadas passadas a Petrobras gastou bilhões e bilhões de dólares em ativos que além de não terem batido a Selic, em alguns casos trouxeram prejuízos enormes para a companhia.
Essa situação só começou a mudar quando a estatal passou a vender esses ativos e focar em Exploração & Produção (E&P) do pré-sal.
Sabe o que o pré-sal tem de tão especial? Um Retorno Sobre o Capital Investido muito maior do que a Selic.

Se o mercado tivesse certeza que a Petrobras iria segurar os dividendos para investir em ativos rentáveis como os campos do pré-sal, estou certo de que não veríamos esse tipo de reação.
O problema é que toda vez que sobrou muito dinheiro nas mãos da estatal, os recursos foram investidos em ativos com retornos subótimos, e é totalmente compreensível que os investidores não concedam o benefício da dúvida.
Mas há chances de que o mercado esteja exagerando na criatividade da companhia.
- [Carteira recomendada] 10 ações brasileiras para investir agora e buscar lucros – baixe o relatório gratuito
O que fazer com R$ 40 bilhões?
O medo do mercado é que a Petrobras invista todos os R$ 40 bilhões retidos e mais a geração de caixa futura em ativos com retorno ruim.
Mas será que tem tanta oportunidade assim? Apenas como curiosidade, se somarmos o capex dos últimos 12 meses de todas as 15 empresas do Índice de Energia Elétrica, os investimentos não chegam a R$ 25 bilhões.
Para começar, é difícil imaginar que a Petrobras consiga utilizar todo esse montante em novos investimentos, o que em minha visão pode significar que parte desse dinheiro retido ainda seja distribuído na forma de dividendos lá na frente.
Mas há um outro ponto aqui. Eu concordo que uma parcela dos investimentos realmente deve ser aplicada em ativos com retornos baixos (energia renovável, refinarias, etc), afinal de contas, o governo ainda dá as cartas na companhia, e para ele nem tudo é pensado com viés financeiro.
No entanto, existe sim a possibilidade de que uma parte desse dinheiro esteja sendo guardada para investimentos nas novas fronteiras exploratórias, como a Margem Equatorial, onde os retornos podem ser semelhantes aos do pré-sal, e que trariam ganhos muito maiores para os acionistas do que se fossem apenas distribuídos como dividendos.
Petrobras: à espera de uma maior clareza
Em resumo, pode até ser que a retenção dos dividendos seja uma boa notícia para os acionistas no futuro, mas para que isso aconteça é necessário que a companhia invista boa parte desse dinheiro em ativos com retornos elevados, especialmente de E&P, que é a sua especialidade.
O problema é que neste momento não temos como saber quais são as intenções do governo, e o histórico também não é favorável.
Além disso, como os múltiplos atuais não deixam tanta margem de segurança (o que fica claro com a queda de 10% em apenas um dia). Vamos esperar por um pouco mais de esclarecimentos antes de recomendar os papéis.
Enquanto aguardamos as definições sobre o futuro da Petrobras, na série Vacas Leiteiras preferimos investir em companhias que tenham uma política de alocação de capital bastante eficiente, e que conseguem combinar um longo histórico de remuneração (dividendos) com bom potencial de crescimento (investimentos) também.
O Itaú (ITUB4) talvez seja um dos melhores exemplos, mas há diversas companhias com grande potencial na carteira, que você pode conferir aqui.
- Veja as 5 melhores ações para investir agora em busca de dividendos na Bolsa, segundo Ruy Hungria. A carteira tem um dividend yield médio estimado em 5,3% para 2024 e pode ser acessada gratuitamente por qualquer investidor – basta clicar aqui.
Um grande abraço e até a semana que vem.
Ruy
FII escondido no seu dia a dia é campeão entre os mais recomendados e pode pagar dividendos; mercado também reflete decisão do Copom e aprovação da isenção de IR
BTGLG11 é campeão no ranking de fundos imobiliários mais recomendados, Copom manteve Selic em 15% ao ano, e Senado aprovou isenção de Imposto de Renda para quem recebe até R$ 5 mil
É bicampeão! FII BTLG11 volta ao topo do ranking dos fundos mais recomendados em novembro — e tem dividendos extraordinários no radar
Pelo segundo mês consecutivo, o BTLG11 garantiu a vitória ao levar quatro recomendações das dez corretoras, casas de análise e bancos consultados pelo Seu Dinheiro
Economista revela o que espera para a Selic em 2025, e ações ligadas à inteligência artificial sofrem lá fora; veja o que mais mexe com o mercado hoje
Ibovespa renovou recorde antes de decisão do Copom, que deve manter a taxa básica de juros em 15% ao ano, e economista da Galapagos acredita que há espaço para cortes em dezembro; investidores acompanham ações de empresas de tecnologia e temporada de balanços
O segredo do Copom, o reinado do Itaú e o que mais movimenta o seu bolso hoje
O mercado acredita que o Banco Central irá manter a taxa Selic em 15% ao ano, mas estará atento à comunicação do banco sobre o início do ciclo de cortes; o Itaú irá divulgar seus resultados depois do fechamento e é uma das ações campeãs para o mês de novembro
Política monetária não cede, e fiscal não ajuda: o que resta ao Copom é a comunicação
Mesmo com a inflação em desaceleração, o mercado segue conservador em relação aos juros. Essa preferência traz um recado claro: o problema deriva da falta de credibilidade fiscal
Tony Volpon: Inteligência artificial — Party like it’s 1998
Estamos vivendo uma bolha tecnológica. Muitos investimentos serão mais direcionados, mas isso acontece em qualquer revolução tecnológica.
Manter o carro na pista: a lição do rebalanceamento de carteira, mesmo para os fundos imobiliários
Assim como um carro precisa de alinhamento, sua carteira também precisa de ajustes para seguir firme na estrada dos investimentos
Petrobras (PETR4) pode surpreender com até R$ 10 bilhões em dividendos, Vale divulgou resultados, e o que mais mexe com seu bolso hoje
A petroleira divulgou bons números de produção do 3° trimestre, e há espaço para dividendos bilionários; a Vale também divulgou lucro acima do projetado, e mercado ainda digere encontro de Trump e Xi
Dividendos na casa de R$ 10 bilhões? Mesmo depois de uma ótima prévia, a Petrobras (PETR4) pode surpreender o mercado
A visão positiva não vem apenas da prévia do terceiro trimestre — na verdade, o mercado pode estar subestimando o potencial de produção da companhia nos próximos anos, e olha que eu nem estou considerando a Margem Equatorial
Vale puxa ferro, Trump se reúne com Xi, e bolsa bateu recordes: veja o que esperar do mercado hoje
A mineradora divulga seus resultados hoje depois do fechamento do mercado; analistas também digerem encontro entre os presidentes dos EUA e da China, fala do presidente do Fed sobre juros e recordes na bolsa brasileira
Rodolfo Amstalden: O silêncio entre as notas
Vácuos acumulados funcionaram de maneira exemplar para apaziguar o ambiente doméstico, reforçando o contexto para um ciclo confiável de queda de juros a partir de 2026
A corrida para investir em ouro, o resultado surpreendente do Santander, e o que mais mexe com os mercados hoje
Especialistas avaliam os investimentos em ouro depois do apetite dos bancos centrais por aumentar suas reservas no metal, e resultado do Santander Brasil veio acima das expectativas; veja o que mais vai afetar a bolsa hoje
O que a motosserra de Milei significa para a América Latina, e o que mais mexe com seu bolso hoje
A Argentina surpreendeu nesta semana ao dar vitória ao partido do presidente Milei nas eleições legislativas; resultado pode ser sinal de uma mudança política em rumo na América Latina, mais liberal e pró-mercado
A maré liberal avança: Milei consolida poder e reacende o espírito pró-mercado na América do Sul
Mais do que um evento isolado, o avanço de Milei se insere em um movimento mais amplo de realinhamento político na região
Os balanços dos bancos vêm aí, e mercado quer saber se BB pode cair mais; veja o que mais mexe com a bolsa hoje
Santander e Bradesco divulgam resultados nesta semana, e mercado aguarda números do BB para saber se há um alçapão no fundo do poço
Só um susto: as ações desta small cap foram do céu ao inferno e voltaram em 3 dias, mas este analista vê motivos para otimismo
Entenda o que aconteceu com os papéis da Desktop (DESK3) e por que eles ainda podem subir mais; veja ainda o que mexe com os mercados hoje
Por que o tombo de Desktop (DESK3) foi exagerado — e ainda vejo boas chances de o negócio com a Claro sair do papel
Nesta semana os acionistas tomaram um baita susto: as ações DESK3 desabaram 26% após a divulgação de um estudo da Anatel, sugerindo que a compra da Desktop pela Claro levaria a concentração de mercado para níveis “moderadamente elevados”. Eu discordo dessa interpretação, e mostro o motivo.
Títulos de Ambipar, Braskem e Raízen “foram de Americanas”? Como crises abalam mercado de crédito, e o que mais movimenta a bolsa hoje
Com crises das companhias, investir em títulos de dívidas de empresas ficou mais complexo; veja o que pode acontecer com quem mantém o título até o vencimento
Rodolfo Amstalden: As ações da Ambipar (AMBP3) e as ambivalências de uma participação cruzada
A ambição não funciona bem quando o assunto é ação, e o caso da Ambipar ensina muito sobre o momento de comprar e o de vender um ativo na bolsa
Caça ao Tesouro amaldiçoado? Saiba se Tesouro IPCA+ com taxa de 8% vale a pena e o que mais mexe com seu bolso hoje
Entenda os riscos de investir no título público cuja remuneração está nas máximas históricas e saiba quando rendem R$ 10 mil aplicados nesses papéis e levados ao vencimento