Ouro a US$ 3.000? Como os crescentes déficits dos EUA podem levar o metal precioso a níveis ainda mais altos que os recordes recentes
Com a credibilidade do dólar questionada em meio a uma gestão fiscal deficitária, investidores e governos buscam alternativas mais seguras para suas reservas
Havia alguma expectativa de que o elevado déficit orçamentário dos Estados Unidos finalmente começaria a se normalizar em 2024, após um período de intensas crises.
Isso porque, durante os anos de 2021 e 2022, a pandemia levou o país a registrar déficits alarmantes, atingindo picos de 18% do PIB, o que gerou uma pressão para reduzir os gastos excessivos e buscar um reequilíbrio fiscal.
No entanto, a realidade mostrou-se bastante diferente.
A média móvel de seis meses dos gastos federais permaneceu em níveis historicamente altos, comparáveis aos picos observados durante a crise pandêmica.
Além disso, o déficit orçamentário, que reflete a diferença entre o que o governo arrecada e o que gasta, continua acima de 6% do PIB.
Esse persistente desequilíbrio tem contribuído para uma escalada preocupante da dívida nacional, que chegou a US$ 35,77 trilhões e deve ultrapassar a marca de US$ 36 trilhões antes das eleições de novembro.
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Fonte: Bloomberg.
Nunca antes na história dos EUA
A constante inconsistência fiscal nos Estados Unidos tem exacerbado as pressões na curva de juros, espelhando um fenômeno já conhecido em mercados emergentes, como o Brasil.
Recentemente, as taxas das Treasuries de 10 anos ultrapassaram a marca de 4,10%, evidenciando uma crescente inquietação quanto à gestão das contas públicas do país.
Um dado particularmente preocupante é que, pela primeira vez na história americana, os gastos do governo com juros da dívida superaram as despesas com defesa.
Esse marco é mais do que simbólico, destacando um momento crítico para a economia dos EUA.
Historicamente, situações em que os encargos com a dívida ultrapassam despesas estratégicas têm precedido o declínio econômico de grandes impérios.
Esta relação foi cunhada pelo historiador Niall Ferguson como a "Lei de Ferguson", sugerindo que o crescimento descontrolado dos custos com a dívida pode ser um prenúncio de sérios problemas estruturais, colocando em risco a sustentabilidade financeira a longo prazo.
Fonte: FRED (Federal Reserve Economic Data).
Gastos com serviço da dívida dos EUA vão crescer mesmo com cortes de juros
Esses gastos com juros da dívida não apenas superam os gastos com Defesa, mas também ultrapassam as despesas com Segurança de Renda, Saúde, Benefícios para Veteranos e Medicare.
Hoje, os custos com juros se tornaram o segundo maior item de despesa do governo, ficando atrás apenas da Previdência Social, que exige aproximadamente US$ 1,5 trilhão por ano.
Dados recentes indicam que o país pode estar a caminho de alcançar uma marca histórica: US$ 1,3 trilhão em gastos com juros até o final do ano.
Isso deve ocorrer mesmo que o Federal Reserve siga adiante com novos cortes nas taxas de juros até 31 de dezembro.
Se essa tendência se mantiver, é provável que, até o final de 2024 ou início de 2025, os gastos com juros superem os da Previdência Social, tornando-se o maior componente do orçamento federal.
Esse cenário crítico tem repercussões importantes no mercado de ouro.
Em um contexto de descontrole fiscal e inflação persistente, os metais preciosos, como ouro e prata, tendem a se valorizar.
A explicação é simples: quando a credibilidade do dólar, a principal moeda de reserva global, é colocada em questão devido a uma gestão fiscal deficitária, investidores e governos buscam alternativas mais seguras para suas reservas.
O ouro, neste contexto, compete diretamente com os títulos do Tesouro dos EUA pelo status de "porto seguro".
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Ouro vem renovando recorde atrás de recorde
Ainda que um calote na dívida dos EUA seja improvável, qualquer aumento na percepção de risco é suficiente para impulsionar consideravelmente o preço do ouro.
Como consequência, o valor do metal ultrapassou US$ 2.700 por onça-troy, um recorde histórico que supera os picos anteriores de US$ 2.000/oz em 2020 e US$ 1.900/oz em 2011.
Ontem, por exemplo, o contrato futuro para dezembro fechou em US$ 2.738,90.
Nem Donald Trump nem Kamala Harris têm plano concreto para reduzir endividamento
A preocupação central é que nem Donald Trump nem Kamala Harris apresentam planos concretos para reduzir o endividamento.
Ambos sinalizam a intenção de manter os cortes de impostos de 2017, que expiram em dezembro de 2025, e suas políticas sugerem uma tendência de déficits crescentes para a próxima década.
Trump, em particular, tende a expandir os gastos sem contrapartidas, o que pode elevar o déficit para uma faixa entre 8% e 10% do PIB nos próximos dez anos, aprofundando a trajetória fiscal preocupante.
Harris, por sua vez, pretende aumentar impostos para as faixas de renda mais altas, mas ainda assim é provável que sua administração enfrente déficits elevados.
Estima-se que um governo Trump adicionaria cerca de US$ 15 trilhões à dívida, enquanto um governo Harris poderia aumentar a dívida em aproximadamente US$ 8 trilhões.
Um Congresso dividido pode limitar a capacidade de ambos os candidatos de implementar políticas fiscais expansionistas, especialmente fora do setor de defesa, impondo alguma restrição sobre seus planos.
No entanto, a dinâmica fiscal dos EUA parece destinada a permanecer desordenada, com uma perspectiva de gastos elevados que pressiona ainda mais a inflação.
O ouro vai chegar a US$ 3.000?
Nesse contexto, muitos posicionam o ouro como o "grande vencedor" do ciclo eleitoral atual.
Algumas projeções sugerem que o metal pode ultrapassar os US$ 3.000 por onça em um futuro próximo, algo plausível considerando a recente alta e a aproximação crescente desse patamar.
Adicionalmente, as políticas comerciais e de imigração de Trump podem trazer vetores inflacionários adicionais, ampliando a demanda por ativos seguros como o ouro.
Além disso, as tensões geopolíticas também continuam a sustentar a demanda pelo metal, tradicionalmente visto como um seguro contra a instabilidade política.
Apesar de não estar barato historicamente, o ouro ainda é uma escolha sólida em tempos de conflito e incerteza.
Se a posição dos EUA como líder global for questionada em um cenário cada vez mais polarizado, conflituoso e regionalizado, é provável que países optem por diversificar suas reservas em ouro em vez de dólares, um movimento observado recentemente, como no caso da Rússia.
Assim, as condições atuais são favoráveis para a continuidade do rali do ouro.
O metal permanece uma excelente opção para portfólios que buscam proteção contra incertezas econômicas e geopolíticas, oferecendo uma reserva de valor robusta em tempos de elevada volatilidade e risco.
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